D20 escrita por Liids River


Capítulo 1
One


Notas iniciais do capítulo

OLÁAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA INTERNET
como é que vcs estão hein
eu sei que tô devendo muitas coisas,mas de repente a faculdade resolveu cobrar 16237623723 trabalho pra fazer e eu nem comecei
essa ideia eu tive no trem e como eu tava sem tempo de escrever logo e postar,eu acabei demorando pra caramba pra terminar,mas está aqui
eu gostei demais porquê eu amo rpgs e eu sei bem o que ter que lidar com pessoas que tão ali no mesmo lugar que você por um interesse em comum,mas que na verdade são uns babacas
e eu uni duas coisas aqui,gostei do resultado ♥
então,eu vejo vcs la embaixoo



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Eu dei duas batidas na porta, sabendo que eu me arrependeria em menos de dois segundos, com toda cer-

Já estava arrependida.

Você deve se perguntar quem diabos eu sou e o que diabos eu estou fazendo, certo?

Annabeth Chase. Caloura de Arquitetura tentando entrar em uma das irmandades mais chatas e anti-tradicionais da faculdade.  Eu estava ingressando – finalmente – no primeiro semestre de Arquitetura e Urbanismo na Universidade da Califórnia. Com muito pesar na consciência, eu tinha finalmente conseguido juntar meus panos, colocado em uma mala e meia e saído da casa dos meus pais.

O lado bom?

Eu não tinha ninguém me cobrado mais. Eu fazia o que queria e na hora que queria.

O lado ruim?

Não tinha ninguém me cobrando. Eu fazia o que queria e na hora que queria.

Eu confesso que sentia falta dos meus pais. Apesar de estar no Campus por apenas três semanas,eu sentia muita falta dos meus pais. Sentia falta de comida caseira – já que eu estava sobrevivendo há três semanas na base de fast-foods e tacos.

Sentia falta da minha mãe,em especial. Apesar do seu jeito cobrador e muitas das suas atitudes me irritarem,ela sabia o que estava fazendo. Eu sentia falta de ter alguém que sabia o que estava fazendo,já que eu mesma não sabia.

A falta que eu sentia do meu pai... nem se eu escrevesse com quatro mil palavras, seria comparável ao sentimento real.

Ei, ficou melancólico do nada. Voltemos as minhas batidas na porta alheia.

Antes, você precisa saber de mais algumas coisas :

Quando eu saí da minha casa e resolvi vir ao campus da UCLA, eu tinha em mente que teria que dividir quarto com algumas garotas. Duas, para ser mais específica : Thalia e Piper.

Antes que você pergunte : Thalia era a garota mais engraçada que eu já tinha tido a oportunidade de conhecer. Ela conseguia me fazer rir até nos momentos em que eu não queria. Quando ficava melancólica e com falta de casa,ela me aparecia com tacos e 500 piadas sem graça. Eu conhecia Thalia há três semanas e já me pareciam três anos. Ela era do raro tipo de pessoa que conseguia entrar na sua vida sem ser muito invasiva : ela conseguia o espaço dela e explorava os outros esporadicamente.

E isso fazia de Thalia, a garota em quem eu sabia que poderia confiar.

Piper era mais reservada. Apesar de arrancar-me boas risadas e conversas, eu não me sentia tão confortável para falar de qualquer coisa com ela.

Com Thalia era fácil: falávamos até sobre a posição errada do banco embaixo da árvore de pinhas e como contávamos os minutos para vê-las caindo em cima da cabeça das pessoas.

Eu disse que pareciam anos.

Ainda não acho que vocês, aí do outro lado, estejam bem situados para podermos por fim, dar continuidade às minhas batidas nas portas alheias.

Se você não tem ideia do que diabos é uma “Irmandade/Fraternidade”, eu vou tentar explicar. Não,não é uma seita satânica ou algo do tipo...

...se bem que alguns filmes retratam bem assim.

Segundo o dicionário online :

fra·ter·ni·da·de 
(latim fraternitas, -atis)

substantivo feminino

Parentesco de irmãos ou irmãs. = IRMANDADE

afeto entre irmãos. = CONFRATERNIDADE

Amor ou .afeto em relação ao próximo. = FRATERNIZAÇÃO

Boa convivência ou harmonia entre as pessoas. = FRATERNIZAÇÃO

Eu não tenho certeza se algum desses significados tenha sido suficiente, então vamos ao informal (escrito por quem vos escreve agora mesmo) :

fra·ter·ni·da·de 
(latim fraternitas, -atis)

substantivo feminino

1 . Nos filmes, as fraternidades são descritas como locais de reunião entre os universitários onde eles : bebem, se pegam, se beijam, se esfregam, se amam, se embebedam juntos, embebedam uns aos outros, alguns se drogam e alguns criam redes sociais famosas (sim,eu tô falando do facebook); é isso,mas..;

Não é só isso : as fraternidades não são apenas lugares para tudo descrito no item 1. ;

As fraternidades são compostas por alunos de interesses em comum, seja o próprio curso ou qualquer outra coisa (hobbies,esportes,música...). Muitos alunos – eu estou neste grupo – procuram a fraternidade relacionada ao curso para que tenham um apoio maior estudantil.

As fraternidades são lugares legais e tem que espalhar amor.

Eu estava tentando entrar nos Deltas. Eu sei,os estudantes de Arquitetura não tinham a menor criatividade. Havia duas semanas que eu fazia testes e entrevistas com os representantes dos Deltas. Ao contrário do que eu tinha plantado na minha cabeça...

minha cabeça

Pessoas comportadas e estudiosas. Happy-hours às sextas.

... eles eram bem diferentes.

realidade

Happy-hours todos os dias. Pessoas bagunceiras e nada,nada estudiosas.

Porém,como eu já tinha começado o teste para os Deltas,eu não podia desistir agora – apesar dos apelos de Thalia para que eu me juntasse com ela aos Lambda Wars.

Não pergunte.

Eu sabia que tinha me metido em uma bela furada quando eu entrei no conselho de reunião três dias depois de ter mandando a minha ficha e ela estava sendo usada como suporte para a mesa do beer pong.

A minha confirmação,foi quando recebi as normas e regras da Irmandade :

Reuniões todos os dias. Tirar dúvidas com os colegas; ajudar os colegas com problemas nas matérias; apontamento de artigos; livros sobre o tema e às terças, quintas e sextas trazer Vodka.

Trazer Vodka todas as segundas também.

Pode trazer Vodka às quartas.

A multa por desperdício de Vodka é outra garrafa de Vodka.

Tudo que acontece na Fraternidade Delta, fica na Fraternidade Delta.

A multa por vazar informações sobre o que acontece na fraternidade, é uma garrafa de Vodka.

Não.Pergunte.

Além das normas e regras,tinha o teste final para finalmente, entrar para os Deltas...e se você me conhece bem,sabe que chegou o gancho para o ínicio da história mais uma vez.

...eu dei duas batidas na porta, sabendo que eu me arrependeria em menos de dois segundos, com toda cer-

Já estava arrependida.

Eu não estava pouco arrependida.

Eu estava arrependida desde o momento em que dobei minha primeira camiseta e coloquei dentro da mala.

Eu já estava arrependida desde este acontecimento.

O que fora proposto era bater na porta da fraternidade mais cheia e masculina de todo o campus e pedir uma xícara de açúcar. Você deve pensar que seria moleza,afinal, as melhores histórias de amor começam assim,certo?

Errado. Completamente errado.

Os Cyberpunks tem esse nome por alguma razão certo?

Os Cyberpunks.

A porta dos caras era feita de aço e led. Nem se eu esmurrasse com um exército de anões,os caras de lá ouviriam. E eles tinham esse nome por serem o grupo mais barra pesada de toda a história dos grupos barra-pesada. Haviam algumas teorias – estudadas há aos – que diziam que o chão de dentro da Fraternidade era feito de restos de computadores.

Se você quiser se situar melhor,leia este trecho :

Cyberpunk (de cyberne(tic) + punk) ou Cibernarquismo é um subgenero de ficção científica, conhecido por seu enfoque de "Alta tecnologia e baixa qualidade de vida" ("High tech, Low life") e toma seu nome da combinação de cibernética e punk. Mescla ciência avançada, como as tecnologias de informação e a cibernética junto com algum grau de desintegração ou mudança radical na ordem social.

Vou repetir apenas este ultimo trecho :

(...) mudança radical na ordem social.

Então era bem claro a curiosidade e medo – eu diria cagaço – de todos os outros estudantes em cima dos integrantes da Cyberpunk.

Por que não vamos até lá? – os mais velhos membros da Deltas,devem ter se perguntado.

Porque irmos até lá e levar um socão se podemos mandar os novatos e eles levarem o socão? – outro membro da Deltas deve ter respondido.

E isso me traz de volta a porta de led e aço.

Eu sentia a xícara bater no pires. Minhas mãos tremiam tanto que eu tive medo de quebrar tanto xícara quanto pires. Alguns dos membros mais velhos da Deltas havia dito que poucos que batiam na porta da Cyberpunk,voltavam. Alguns se uniam à eles e isso era motivo para mais uma ladainha de histórias sobre eles forçarem as pessoas a entrarem para a sua...fraternidade/gangue.

Eu deveria ter ficado no meu quartinho. Na minha cidade. Com as minhas roupas dobradas dentro do guarda-roupas e não na minha uma mala e meia.

— Anda logo, Annabelle – alguém murmurou atrás de uma moita, ao lado do grande chalé cyberpunk.

— É Annabeth! – gritei com raiva. – Não estão atendendo!

—Você precisa bater mais forte.

— Se eu quebrar um dedo, eu quebro vocês – reclamei baixinho,voltando a esmurrar a porta de aço. Eu ouvi alguns risinhos vindos das moitas.

Importante pontuar que a Cyberpunk era composta apenas por garotos. E que nunca, ninguém mandou uma garota até lá.

E bem,vejam só : lá estava eu esmurrando a porta deles.

Arrumei meu vestido no corpo,desejando infinitamente voltar para o meu quarto e botar uma calça. Qualquer situação ruim a qual você esteja passando,ou vai passar : ela fica um pouquinho (só um pouquinho) melhor,se você estiver de calças.

Inclinei-me para a moita da direita,revirando os olhos e assoprando uma mecha do meu cabelo do rosto :

— Escuta,pensa em alguma coisa menos... – revirei os olhos para a moita risonha – Menos vergonhosa e com alguma fraternidade ativa!

— Ou você pode tentar entrar em outra fraternidade e esquecer de vez os Deltas – a voz murmurou de volta. – E você sabe que somos os melhores!

Em quê?

Beber Vodka todos os dias?

Eu pensava seriamente em desistir desse teste e ir embora, mas as aulas começariam em menos de uma semana e eu precisava estar afiliada com alguma irmandade antes disso. Bati mais duas vezes na porta de aço, sentindo meus dedos latejarem mais uma vez.

E eu estava prestes a jogar a xícara no chão e ir embora,quando a porta de aço abriu e os leds verdes pararam de piscar.

Os leds pararam de piscar e meu coração parou junto.

Um garoto alto e um tanto pálido estava segundo a porta aberta como se ela não pesasse duas toneladas. Ele era magro e vestia uma camiseta do justiceiro combianndo com moletom igualmente preto. Os pés estavam escondidos por meias cinzas e ele bocejou olhando para mim.

—Quê? – ele perguntou,um tanto bruto.

O cabelo batia até um pouco abaixo da nuca,os olhos tão pretos quanto as roupas e um sorrisinho um tanto debochado no lado direito da boca.

Aquele era ele.

O cara das lendas antigas.

O dos primórdios.

Nico Di Angelo.

E bem,o nome estava escrito abaixo da caveira do Justiceiro.

— Oi! – sorri para ele. – Eu...açucar. Você tem açúcar? – perguntei tentando controlar minha respiração. Eu não era lá conhecida pelo meu altíssimo grau de sociabilidade.

Nico Di Angelo sorriu sarcástico e levantou a sobrancelha direita para mim.

—Quem traz açúcar para a fraternidade? – ele sussurrou,cerrando os olhos um pouquinho  e ficando extremamente assustador.

Eu senti meu rosto esquentar e as moitas ao lado do grande chalé Cyberpunk,se mexerem.

Estavam rindo de mim.

Desviei os olhos para o chão feito,sentindo-me estúida,pequena e envergonhada. As moitas ao lado do grande chalé se mexeram ainda mais.

— Hn...- o garoto pigarreou – Quer dizer,acho que todos tomam um café nas fraternidades,não é?

Levantei os olhos rapidamente para o garoto. Ele estava com as bochechas vermelhas e o rosto ainda mais entediado.

— Dá esse negócio aqui –ele puxou a xícara da minha mão e levantou o dedo indicador – Um minuto.

E sumiu dentro do chalé.

Eu não tinha certeza se estava processando as coisas direito,mas parecia que o meu objetivo seria cumprido mais rápido do que eu imaginava. Estalei os dedos e fiz um sinalzinho de arma para as moitas e estava prestes a fazer a dancinha da vitória, quando a minha visão ficou toda preta e eu me senti ser carregada para algum lugar.

...

..

.

— ... tira logo esse negócio da cabeça dela – alguém com uma voz mais madura e grave murmurou. O ambiente era bem geladinho e tinha cheiro de feijão recém-cozido. Eu senti alguma coisa gelada embaixo dos meus pés e me perguntei quando foi que haviam tirado as minhas sandálias.

— Mas isso quer dizer que eu estou dentro? – uma voz mais leve perguntou – Se não,a gente e pode deixar ela aqui mais um tempo.

— Vai matar a menina sem ar!

— Ela tá ouvindo tudo, vocês dois sabem disso né?

—Eu acho que sim – murmurei, bocejando um pouco – Tem quase meia hora que eles discutem sobre tirar esse negócio ou não.

Houve um momento de silêncio dentro do ambiente. Eu comecei a me fazer questionamentos bobos sobre quando seria minha próxima refeição ou se Thalia estaria se divertindo nos Lambda Wars.

Eu deveria ter ido pro Lambda Wars.

— Quem mandou você? – perguntou a primeira voz.

— Darth Vader – sussurrei, tentando imitar a respiração do pai do Luke.

Ouvi alguns risinhos baixos e um barulho de tapa.

—...ela é legal.

—...não ria disso.

Ouvi passos.

E você pode acreditar ou não, mas todos nós temos um sexto sentido. Todo mundo sente aquela mudança no ar, quer você acredite ou não.

Quer você esteja vendado em um ambiente diferente com vozes masculinas,ou não.

— Quem mandou você ? – perguntou a voz dessa vez mais perto. Eu senti o hálito de menta do rapaz em meu rosto. Conseguia sentir a quentura de seu olhar mesmo se conseguir vê-lo e conseguia tirar apenas uma conclusão daquilo : aquele não era Nico Di Angelo.

Levantei um pouco a cabeça, fingindo olhar para o meu sequestrador – obviamente falhando porque eu estava VENDADA.

— Darth Vader – sussurrei de novo.

Mais alguns risinhos foram ouvidos.

— Quem mandou você? – dessa vez, a voz estava exatamente em meu ouvido. Eu sentia o encostar da pele do meu sequestrador na minha e engoli em seco,tentando não estragar tudo e confessar que os Deltas só me aceitariam se eu tivesse entrado no chalé deles.

Continuei em silêncio.

—Tudo bem – a voz se afastou e eu agradeci mentalmente por poder respirar de novo – Ela não vai falar.

—É uma pena – ouvi a voz de Nico Di Angelo ao fundo e meu corpo relaxou um pouco – Ela parecia legal.

—Desovem o corpo atrás do chalé dos Beta – a primeira voz disse,afastando-se gradativamente.

Senti a cadeira a qual eu estava sentada se mexer e eu comecei a espernear como uma garotinha mimada. Todo o ar confortável, esquentou de repente com a possibilidade de ser DESOVADA ATRÁS DOS BETAS. Meu corpo que estava relaxado pela voz de Nico,voltou a  ficar tenso e eu lutava para manter-me no chão.

Eu não sabia se a primeira voz estava falando sério,mas eu não podia pensar na veracidade de ser DESOVADA ATRÁS DOS BETA.

Então...

— Os Deltas! – gritei,chutando alguma coisa na minha frente. – Foram os Deltas!

Reclamei com o impacto da minha cadeira sendo jogada novamente no chão e sussurrei alguns palavrões aos rapazes a minha volta.

—... eu sabia! – gritou Nico de algum lugar – Eles nunca mudam o truque do açúcar!

—Já podem tirar a venda dela. – a primeira voz gritou de longe.

Eu reclamei desde a primeira mão tirando a venda dos meus olhos até o ultimo segundo antes da venda estar finalmente fora dos meus olhos. Eu pisquei um pouco com a claridade do lugar,até conseguir observar tudo ao meu redor.

Haviam três rapazes.

Nico Di Angelo ergueu dois dedos,fazendo-me o “paz&amor”,antes de se virar,voltar os enormes headphones para os ouvidos e focar-se em sua máquina. Ao meu redor,dois garotos me observavam : um deles,tinha a pele mais escura e cabelos encaracolados. Os olhos eram castanhas escuros e ele tinha orelhas muito parecidas com as de elfo. Um sorrisinho malandro de canto de boca e ele era mais baixo que Nico,mas tão magro quanto.

Ele fez uma reverencia engraçada e sorriu um pouco mais :

—Leo Valdez – abaixou a cabeça e levantou-a rápido – Seu fiel sequestrador ao seu dispor.

— É um desprazer,conhece-lo Valdez – brinquei,revirando os olhos.

— O desprazer é todo meu – ele sorriu. – Pode me chamar de Novo Membro Oficial da Cyberpunk – pigarreou,olhando para Nico – Não é mesmo?

Mesmo de costas e com o headphone no ouvido,Nico levantou a mão direita com o polegar para cima.

O rapaz,Leo,fez uma comemoração digna de apresentação e sorriu para mim.

O outro rapaz também era magricela e mais baixinho,tinha os cabelos encaracolados também e um sorrisinho de canto mais tímido. Ele comia a unha do dedo mindinho e olhava nervosamente para Nico.

—Você também entrou, Gruuves — Nico murmurou – Agora pare de roer a unha,você está me desconcentrando.

O rapaz sorriu para mim,também fazendo uma reverência engraçada e apresentou-se como Grover Underwood.

Nenhum deles tinha a primeira voz. A voz que – tecnicamente – havia me feito perder minha chance na Deltas ( não que eu, nesta altura do campeonato, fizesse muita questão). Mas eu confesso que estava curiosa.

A parede a minha frente era toda cheia de leds verdes intercalados. Davam a iluminação ao redor de algumas linhas da parede reta. Haviam alguns notebooks e desktops enfileirados ao lado do computador de Nico. Algumas cadeiras de rodinhas e muito –mas muito mesmo – mais confortáveis do que a qual eu estava sentada,também estavam enfileiradas. Por dentro,o chalé dos Cyberpunks era bem maior do que por fora.

Eu ri por conta de uma piadinha interna da Fraternidade de Thalia.

Eu era muito tonta mesmo!

A parede a minha esquerda,tinham algumas fotos e rabiscos, desenhos e um grande mapa de Draenor, Azeroth e Outland : os mundos de World of Warcraft. Minha direita haviam dois degraus que davam para outro cômodo. A parede atrás de mim tinha um grande D20 feito de madeira rústica e vários nomes empilhados,também feitos da mesma madeira. Reconheci o nome de Nico ali e comecei a me questionar se não seria legal morar e compartilhar aquele espaço com aquelas pessoas.

Não era bagunçado.

Não tinha sujeira.

O chão era de madeira e sem riscos de radioatividade.

E eu não havia visto uma sequer garrafa de Vodka no cômodo.

—Então.. –pigareei,voltando a atenção de Leo e Grover para mim. E eles já discutiam sobre onde iriam dormir.

Bem,apesar de ter feito parte do teste deles para entrarem na fraternidade, eu estava feliz por terem conseguido.

— Eu acredito que já posso ir embora agora,certo? –perguntei,fazendo menção de me levantar. – Acho que,já que eu fui pega talvez seja hora de fazer testes de outras fraternidades.

—Eu acho que não – a primeira voz de todas murmurou,vindo do segundo cômodo a minha direita. Voltei a sentar-me e desviei os olhos para o rapaz alto que vinha em minha direção. Ele era mais forte que os outros ali presentes e definitivamente,tinha mais presença. O rapaz tinha a voz mais grave,a pele mais bronzeada e um sorrisinho debochado no canto esquerdo da boca. Os cabelos pretos e os olhos mais verdes que a malaquita mais bem extraída do universo.

Ele deu uma mordida na maçã que estava na mão direita,vindo e parando em minha frente.  Eu queria ser aquela maçã.

Apaixonei foi na hora, rapaziada.  Nem te conto!

Ele estava vestindo uma camiseta igual a de Nico,com as iniciais “P. J” embaixo da caveira. Uma calça se moletom azul escura e os pés também cobertos por meias cinzas. Com o frio que o ar-condiconado fazia dentro daquele chalé,eu até desejei meias.

Peter Joyote. Pedro Jesar. Podolviski Jotilovisky.

Abaixou-se o suficiente para que eu tivesse certeza de que ele estava naquela exata posição quando me perguntou quem havia me mandado até ali. De repente, nem o menor grau do ar-condicionado não era o suficiente para esfriar minhas bochechas.

— É um prazer conhece-la Darth Vader – ele zombou, mordendo a maçã de novo. Os caninos mais bonitos que eu já havia tido a oportunidade de ver em ação – Eu sou Percy Jackson – murmurou, levantando-se e dando duas batidinhas com o indicador na peça de madeira, com seu nome escrito, acompanhando o D20. – Representante dos Cyberpunk.

Eu só consegui respirar fundo e agradecer aos céus pela existência de Deus em minha frente.

— Você tem planos para hoje? – ele perguntou, dando mais uma mordida na maçã. Eu neguei duas vezes porque – aqui entre nós - mesmo que eu tivesse alguns planos, eu cancelaria só para poder ouvir seus dentes mordendo a maçã por mais uma vez. – Que bom.

Ele caminhou novamente para minha frente, abaixando-se e ajoelhando-se aos meus pés. Ele correu os dedos da mão esquerda pelo chão e puxou minhas sandálias para debaixo dos meus pés de novo.

— Se você quiser ir,fique a vontade – murmurou. Levantou a cabeça,olhando-me. As pupilas dos olhos tão dilatadas,como se ele estivesse olhando para a coisa mais bonita do universo.

Infelizmente,era só eu.

— Mas nós temos planos para que os Deltas nos deixem em paz e façam o mesmo com os calouros – ele sorriu, mordendo a maçã de novo. – E se você quiser se juntar a nós,você está bem convidada.

— Se eu me encrencar,eu vou até os conselheiros das fraternidades – resmunguei vendo-o fazer uma careta engraçada.

—Tudo bem – ele piscou – Eu acho que ele vai adorar recebe-la. – Percy Jackson caminhou de volta para o outro cômodo,um tanto...convencido.

Nico virou-se em sua cadeira e explicou :

—Ele é o conselheiro chefe da reunião das fraternidades também.

Levantei-me seguindo-o para o outro cômodo... como eu havia dito,eu não tinha planos mesmo.

..

.

Os rapazes de cabelos encaracolados foram pegar as malas para finalmente se instalarem dentro da fraternidade. Pensando comigo mesma,cheguei a conclusão de que mesmo se eu me afiliasse a alguma fraternidade,eu gostaria de ficar no prédio dormitório o qual eu estava. Eu já conhecia e gostava das minhas parceiras e quarto e...empacotar tudo de novo não era uma opção boa.

Eu acho.

— Aqui – Percy Jackson estendeu uma caneca com um líquido flamejante dentro – Eu que fiz.

— Café? – perguntei depois de dar um gole. Era café,mas não café-café. Tinha gosto de café ma snão só café.

Talvez depois eu faça um paragrafo sobre café.

— Veneno! – Nico gritou do cômodo onde estava. O rapaz em minha frente revirou os olhos enquanto adoçava a sua xícara. A cozinha era ampla e bem iluminada,com a mesma decoração do resto do chalé. Algumas fileiras de canecas nos armários e potinhos de tomar cereal no café da manhã. Algumas caixas em cima dos armários – eu não saberia identificar se eram cereais ou rpgs.

—Então – eu pigarreei,ficando na ponta dos pés para apontar as caixas – Nerds.

Percy Jackson tinha o sorrisinho de lado esquerdo mais bonito que eu já havia visto.

— Apreciadores de boas histórias,eu diria – ele murmurou, guardando o pote de açúcar e pegando um outro pote no armário.

Ele despejou alguns biscoitos em uma bandeja no balcão em que estávamos sentados e sorriu para mim, encorajando-me a comê-los.

— Qual o seu nome? – ele perguntou repentinamente curioso.

Tentei limpar meus dentes de cookies antes de falar com ele. Eu era conhecida por ser desastrada em todos os sentidos da minha existência.

— Annabeth Chase – eu sorri. – Você pode me chamar de Annie.

—Tudo bem, Annabeth – ele murmurou, entrelaçando os dedos. – Por que você estava tentando entrar para os Deltas?

Eu me sentia, de alguma forma, invadida. Os olhos verdes de Percy Jackson pareciam atravessar todas as camadas da minha epiderme e irem diretamente para o meu coração. Eu tinha quase certeza que ele podia ver e ouvir como meu coração estava acelerado. De repente,eu queria impressioná-lo. Queria que seus olhos ficassem em mim por mais tempo. Queria chamar sua atenção não por ser desastrada,como geralmente eu chamava.

— Hn.. – eu pigarreei,pegando mais um biscoito, apesar de não sentir mais fome. – Eu estudo arquitetura.

— E?

— Eu achei que seria legal entrar para aquela fraternidade – murmurei – Queria ter com quem conversar sobre, você sabe... – suspirei arrumando meu cabelo atrás da orelha – Sobre o que eu tenho aprendido. Alguém que possa me ajudar caso eu sinta alguma dúvida em relação as coisas.... eu pensei que seria legal.

— Você sabe... –ele inclinou a cabeça de lado e eu senti mais uma vez que meu rosto pegava fogo. O cabelo caiu um pouco em frente a testa e ele desviou os olhos para o próprio cabelo, ficando vesguinho rapidamente antes de tirá-lo da testa – A fraternidade, independente do curso que você escolheu, é o lugar e são as pessoas com as quais você pode ter certeza que pode contar independente de qualquer coisa –ele apontou com a cabeça para Nico,em seu computador – Ele cursa Direito.

—O que? – perguntei arregalando meus olhos.

Ele sorriu e assentiu.

—Exatamente. – Percy colocou mais café em sua xícara e virou-se de novo para mim. – Você vai conhece-los logo menos,mas Frank e Jason cursam Literatura –ele explicou – E o Luke cursa engenharia de produção – ele pigarreou,parecia desconfortável. Logo,mudou seu rosto para o sorriso amigável de novo e colocou a minha mecha de frente de testa,atrás da minha orelha.

Mais uma vez,meu rosto começou a esquentar.

—... os encaracolados de agora,fazem Arquitetura –ele murmurou. – Eu não deixei que eles tentassem lá, e eu posso te dizer que já ouvi história sobre os Deltas e eles não são o que você espera.

Apesar de não conhece-los direito,eu desejei cair na mesma turma que eles.

— Eu também. – murmurei sem querer. Os olhos de Percy Jackson se iluminaram um pouco e ele parecia genuinamente interessado em ouvir-me. – Eu.. – suspirei – Eu gosto dessa área,sabe?

—Eu imagino. – ele murmurou sorridente. – Eu aposto que não seria um sufoco para ninguém,além dos Deltas,ouvirem sobre a sua área.

—É,é bem legal – entrelacei meus dedos e olhei para ele de novo – E você? Você cursa o que?

Ele pulou do balcão rapidamente, pegando minha caneca vazia e colocando-a na pia junto com a sua. Ele bateu uma mão na outra e estendeu uma delas para me ajudar a descer do balcão. Agarrei seus dedos,sentindo-o colocar o outro braço atrás das minhas costas, ajudando-me a sair dali.

O meu coração batia mais rápido que toda a playlist de um baile funk.

— Eu faço engenharia da computação. –ele piscou um olho só e me puxou para fora da cozinha – Quem você acha que criou esse lugar?

—Não foi você – brinquei – Você não me parece tão velho assim.

—Tem razão – ele riu e deu de ombros – Ninguém nunca acredita.

Eu não conseguia parar de sorrir. Eu sentia que as minhas bochechas ficariam doendo depois. E isso era culpa de Percy Jackson.

Primeiro que : era a primeira pessoa pós-Thalia,que fazia com que eu me sentisse realmente confortável.

Segundo que : ele não havia largado a minha mão ainda.

— Então.. – eu sorri,puxando sua mão. Ele olhou para mim por um momento,soltando meus dedos, as bochechas ficando num tom mais avermelhado. – O que você pretende fazer aos Deltas?

Ele sorriu de lado,as bochechas ainda num tom avermelhado. Ele passou a mão nos cabelos,puxando um óculos de armação quadrada da mesinha de computadores, colocando-o no rosto.

Eu venderia minha alma a este demônio lindo de Deus.

Percy Jackson se sentou em uma das cadeiras confortáveis, pegando um notebook de cima da mesa, batendo na cadeira ao seu lado, para que eu me sentasse ali e puxando-a mais para trás. Eu me sentei ao seu lado, na minha cadeira menos confortável, observando enquanto Nico descia as escadas do segundo andar, seguido de três rapazes diferentes.

Eles acenaram para mim e para Percy Jackson.

Todos eles se sentaram em frente a algum computador, ligando-os e se posicionando em suas cadeiras.

— O que é isso? – brinquei observando a tela de seu notebook – A Vingança dos Nerds?

Percy Jackson desviou os olhos para mim, os olhos mais claros.

— Isso – ele apontou para a janela onde dava a vista do chalé dos Deltas – É o que fará você desistir de se unir a esses babacas. – ele estalou os dedos – Eu nem acredito vou quebrar as regras do conselho e fazer isso.

O que Percy Jackson não sabia, era que eu já havia desistido.

—Observe – ele murmurou mais baixo, apertando “enter” em seu computador, fazendo todas as luzes do cômodo desligarem, deixando apenas o verde dos leds iluminarem a sala. – E divirta-se.

Percy Jackson sorriu e eu só consegui pensar que : venderia mesmo mesmo mesmo a minha alma a este demônio lindo de Deus.

..

.

Percy Jackson não tinha acabado de entrar na faculdade. Não tinha como saber tanto,estando há três semanas naquele campus. Três semanas não-letivas,aliás.

Vou tentar descrever da forma mais simples,os acontecimentos pós-Percy-Jackson-sentando-se-em-sua-cadeira-parecendo-um-grande-mestre-da-computação-hacker-de-todos-os-mundos.

Os rapazes,Scott,James e George estavam devidamente posicionados em suas cadeiras confortáveis. O cômodo,agora parcialmente escurecido por conta dos leds,parecia a sala de controle de uma realidade virtual. Os quatro rapazes,incluindo Nico,estavam com suas mãos em seus mouses e esperavam os comandos de Percy...

... esse,que parecia o próprio Marcus Holloway de Watch Dogs 2.

O que?

Eu conheço alguns.

— Tem alguns meses que os Deltas vem nos enchendo o saco – ele explicava enquanto suas mãos não paravam de digitar alguma coisa em seu notebook – Eles “recrutam” alguns calouros para o teste ridículo deles,mas a maioria nem entra.

—Isso não é ruim para eles? – perguntei fascinada pelas suas mãos.

— Não – respondeu,ajeitando seus óculos no nariz – Na verdade,eles nem querem novos alunos na fraternidade.

— Isso não faz sentido,Percy.

—É claro que faz – ele sorriu de lado,revirando os olhos –Ter novos calouros significa ter mais trabalho com tudo. Alojamento,rotinas,apresentações..

— Ter novos calouros também é ter mais dinheiro –rebati.

Não que eu estivesse defendendo a fraternidade em si. Eu estava tentado defender o que eu havia imaginado que seria a fraternidade em si.

— Eles não ligam muito pra isso,Annabeth – ele murmurou,virando sua cadeira completamente para mim. O reflexo do computador em seus óculos o deixava com um ar e tom mais sério,apesar do sorriso de garoto – Para eles,não compensa ter mais dinheiro se isso significa ter que mudar toda a rotina já estabelecida.

— E por que os testes então? – perguntei.

Percy virou a cabeça de lado,ainda digitando. Ele desviava o rosto da tela para os rapazes sentados mais a frente. Olhava pelo vidro da janela em direção ao alojamento dos Deltas e sorria minimamente.

Como se realmente estivessem planejando isso há muito tempo. E talvez,até estavam.

— Eu tenho uma teoria – Nico falou mais alto,ainda com seu headphone nas orelhas. Ele virou um pouco a cadeira,olhando para nós : - Ninguém nunca passa,ou fica com eles de verdade. As pessoas acabam... se afiliando as fraternidades que eles jogam o desafio sobre.

— Isso é um convite? – brinquei,olhando rapidamente para Percy,ainda concentrado em seus dedos,porém assim como os meus, seus olhos dispararam rapidamente para mim e ele disfarçou mais um sorrisinho.

A minha alma estava implorando para ser vendida a este demônio.

— Bom,se você gostar de computadores –e ele gesticulou para sua máquina. – Bons jogos de role playing-games – ele apontou com o indicador para a cozinha (provavelmente referindo-se as caixas que eu havia visto) – E café ruim,você está convidada.

Eu sorri observando a careta de Percy.

—Meu café é ótimo –murmurou.

— Para senhorinhas de 87 anos,talvez – rebateu Nico,arrumando os cabelos para trás e voltando sua atenção para o computador – Pense com carinho,Annabeth.

Observei novamente o lugar : era do lado da área mais verde do campus. Apesar de ser repleto de garotos,não via cuecas e shorts jogados em todos os cantos. Apesar de ser repleta de garotos como aqueles garotos,não havia um pedaço de pizza jogado no piso feito de restos de computador. Não havia piso feito de restos de computador. Não havia nenhum estereótipo que eu havia escutado enquanto vagava pelos cantos do campus.

— Vocês não tem meninas aqui – comentei,sem ter certeza se Percy me ouvia,agora que ele havia colocado o seu headphone também. Com seu óculos e seu headphone de et,ele me parecia ainda mais um personagem de jogo.

—Não temos – ele pigarreou,desviando os olhos para a janela de novo – Então se te convidaram,talvez seja hora de pensar com carinho mesmo.

Eu tentei conter um sorriso imbecil no meu rosto. Era a primeira vez que um demônio lindo desses conseguia me fazer sorrir sem muito esforço.

— Vocês fazem todas as garotas que tentam ir para os Deltas se sentirem especiais assim?

Percy Jackson arrumou o cabelo embaixo do seu headphone e me encarou. Mais uma vez,eu sentia como se ele pudesse ver o sorrisinho idiota que se formava na boca idiota do meu coração idiota.

—Não –ele murmurou,encarando-me. Eu não lembro de já ter escutado tanta sinceridade antes. – E não costumam vir muitas garotas por aqui.

Eu desviei meus olhos para o chalé dos Deltas assim como ele.

— Isso só fica melhor e melhor –sussurrei.

— De qualquer forma – ele murmurou,ainda digitando em seu notebook – É pra se pensar.

O chalé dos Deltas estava lá,iluminado. Era uma das noites em que eles com certeza fariam um happy-hour, porquê todas as noites eram noites de happy-hour. As grandes janelas,abertas e as cortinas saiam para fora por conta da ventilação. Eu vi alguns não-membros entrarem no chalé e mais uma vez me questionei onde diabos eu estava com a cabeça quando inventei de fazer testes para eles.

Olhei para Percy Jackson mais uma vez,com sua pose líder e sua postura de garoto. Eu não tinha certeza do que eles iam fazer,mas não sabia se queria estar ali para ver também.

Levantei-me,chamando a atenção de todos os rapazes ali. Percy franziu a testa e apertou um botão em seu computador,fazendo duas luzes ligarem. Ajeitei meu vestido no corpo e de repente estava me sentindo mais tímida que o normal

Tanto por ter cinco garotos com os olhos grudados em mim.

Quanto por ter Percy Jackson com seus olhos grudados em mim.

— Eu preciso ir – murmurei,entrelaçando meus dedos. – Preciso começar a pensar na próxima fraternidade pra fazer teste,preciso desencaixotar minhas coisas caso eu não consiga uma até lá também...

— Mas-

—Eu preciso mesmo ir – murmurei,calçando minhas sandálias e acenando para os rapazes. Nico sorriu de lado e deu uma piscadinha com o olho.

—O Percy te acompanha até a porta – ele murmurou.

Percy sorriu para ele, deixou seu notebook e seu headphone na cadeira enquanto caminhávamos até a saída. Ele era pouco mais alto que eu. Ele tinha os dedos de um pianista : leve e suave. Posicionou uma das suas mãos em meu ombro enquanto me levava para fora.

— Eu espero que dê...- comecei a gesticular com as mãos,buscando um palavra para “a sua hackeação a outra fraternidade e tal”.— Tudo certo.

—Vai dar – ele sorriu,arrumando os cabelos. – Obrigado por participar.

—Eu só bati na sua porta atrás de açúcar – eu sorri revirando meus olhos para aquele ser humano lindo. – E eu nem peguei o açúcar.

—E eu nem vou buscar – ele se apoiou na cerca de saída. – É uma boa razão para que você volte – ele arrumou os óculos no rosto observando os alunos entrarem na irmandade rival.

Apoiei-me de costas na cerca ao seu lado, enquanto observava sua mão apoiada na bochecha.

— Eu pensei nos Lambda – murmurei. Não queria que ele pensasse que eu iria me juntar a eles. Eu não tinha o Perfil deles,por mais que ele me atraísse.

Quer dizer,a fraternidade.

Isso. A fraternidade me atraía.

— Eles são bons – ele sussurrou,virando-se para mim. Os olhos verdes limpos e cheios de animação. – Temos alguns trabalho em conjunto. Estão em dia com toda a documentação. – ele piscou – Não são os melhores,mas são bons.

—Legal – sussurrei,sentindo meu coração explodir a qualquer momento. Parecia mais uma vez que alguém fazia um batuque ali dentro. – Você sabe de tudo agora?

— Legal – ele concordou,aproximando-se. Ele colocou uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha e sorriu,provavelmente por causa da queimação do meu rosto. – Eu tenho alguns contatos – sorriu convencido . - Tenha em mente que quem perde,é quem não te tem.

Eu estava assinando o contrato de venda da minha alma.

Automaticamente,como se tivesse alguém atrás de mim me empurrando, eu me aproximei um pouco mais dele. Consegui sentir o cheiro de café e sabonete que vinha deste demônio.

— Você é bom com as palavras – sussurrei.

— Eu estava falando das fraternidades.

—Sei. –revirei os olhos e olhei para suas meias.

Ele riu, mordendo o lado de dentro da bochecha enquanto apoiava a mão direita na cerca,aproximando-se também.

— Escolha com sabedoria,Annabeth – ele sussurrou,enquanto parecia mais uma vez ver dentro da minha alma.

—Eu irei,Percy – respondi.

Ele assentiu sorrindo enquanto aproximava-se mais. Eu queria gritar para os meus pés : o que diabos vocês estão fazendo? Por que estamos ficando na pontinha dos dedos para alcançar o cara que eu acabei de conhecer?

Mas eu sabia porquê : eu estava fora de casa. Estava sozinha e era eu e eu agora. Eu tinha que decidir por mim e tinha que lidar com o que quer que fosse a minha escolha. E assim como com Thalia, Percy Jackson me transmitia a sensação que eu mais sentia falta ,desde que eu havia colocado as minhas coisas na minha “uma mala e meia”.

A sensação de casa. Estar em casa.

Ter conforto.

E eu o conhecia há menos de uma hora.

—Percy é hora! – alguém chamou da porta – Epa..

Percy se afastou rapidamente e eu, juntando minha dignidade que estava espalhada na ponta dos meus dedos dos pés,voltei para meu lugar e reuni forças para só coçar minha nuca e sorrir para o nada.

—Eu já vou entrar – ele murmurou baixo para o rapaz da porta. Os olhos presos em mim por um segundo se iluminaram e ele parecia uma criança animada quando olhou de volta para o rapaz – Arrume o displays de luz e eu já entro.

Não ouvi mais a voz do rapaz.

Era só Percy agora.

— Então... – ele coçou a nuca e apontou com o polegar para a porta – Eu vou lá.

— Vá lá – eu sorri,digirindo-me para as escadas – Acabe com o happy-hour deles,por mim.

Ele sorriu de lado,enquanto abria porta.

—Por você – ele piscou.

Eu balancei a cabeça,voltando a andar para o meu prédio dormitório,pronta para escrever todo o meu dia no meu diário. Lembrando antes que eu teria de achar uma papelaria aberta para comprar um diário.

—Annabeth?

Virei-me,vendo que Percy Jackson ainda com a mão na maçaneta,olhava-me. Por conta dos olhos de Percy Jackson,eu tinha certeza que verde seria a minha cor favorita a partir de agora.

— Sim?

— Tenha um bom ano – ele sorriu. – Eu tenho certeza que será.

Eu assenti sorrindo,vendo-o abrir a porta e entrar em seu alojamento.

E eu?

Bem,eu corri de volta ao meu prédio alojamento em busca de papel,caneta,um diário e um lugar para ficar.

Não necessariamente nessa ordem.

..

.

— ... e aí as eles ficaram presos lá por horas! – alguém atrás de mim murmurava. – E eu tenho quase certeza de que todo o equipamento deles queimou quando explodiu aquele flash de luz.

— Eles vão fazer os novos calouros pagarem – alguém respondia.

—Que novos calouros? – a outra voz respondia animada – Eles não tem nenhum. Vai sair tudo do bolso do representante.

Parecia que Percy Jackson e a sua estranha galera tinha conseguido o que queriam. E eu não digo isso só pela curiosa conversa que eu estava indevidamente,escutando. Eu havia passado na frente do alojamento dos Deltas e a única letra do letreiro deles que funcionava era o L.

Eu sorri igual uma idiota enquanto empilhava mais uma baixa de livros em meus braços e ia em direção ao alojamento dos Lambda. Thalia havia me convencido – não que eu estivesse fazendo uma resistência também – a levar minha inscrição e a única coisa que eu tive que responder como teste, fora três curiosidades sobre Van Helsing.

E ter que interromper a aula de Datashow,transmitindo um vídeo meu falando klingon.

Não que tenha sido um grande problema já que... eu sabia falar klingon.

A faculdade era exatamente o que eu esperava,pelo menos até então : haviam três dias que as aulas haviam começado e ao contrário do que eu achava, o pessoal da fraternidade adorava falar sobre isso. Alguns faziam o mesmo cursos que eu e os que não faziam,amavam ouvir sobre.

Eu entendi que você não precisa ter exatamente tudo igual para se ter amizades.

— Eu carrego isso para você.

Percy Jackson pegou a caixa das minhas mãos,enquanto passávamos pela grama verdinha da praça principal. Eu senti meu rosto esquentar só de vê-lo usando o boné que eu havia lhe dado de presente na primeira noite de RPG das duas fraternidades juntas.

Eu nem sabia que podia gostar tanto de histórias contadas pelos outros. Melhor dizendo : histórias contadas pelos outros que nem existem!

— Fico feliz que você tenha gostado do boné.

— Um bom mestre deve usar um bom chapéu – ele sorriu,dando de ombros. – Quando você tiver conhecimento o bastante para ser tornar um Mestre., você terá um chapéu fedora.

—Mas eu não tenho um chapéu fedora.

—Eu sei – ele sorriu convencido e empinando seu nariz,fazendo-me rir.

O alojamento Lambda estava mais a frente. Grande,cinzento e cheio de idiotas na frente. Os meus idiotas favoritos.

Thalia sorria enquanto colocava um tapete na porta. Francis passava um pano branco na grande janela cheia de cactos do ultimo membro que havia entrado : Erick. Thomas estava sentado na cerca,junto com mais duas garotas,segurando caixas dos novos afiliados. Ao mesmo tempo que eu me sentia pertencente à eles,eu me sentia estranhamente assustada.

—Ei – Percy inclinou a cabeça para mim,um sorrisinho de lado no rosto – O que eu te disse?

— O que quer dizer?

— Vai ser um bom ano,Annabeth Chase – ele sorriu,acenando com a cabeça para trás. Thalia acenou com as duas mãos,vendo que a minha ultima caixa estava ali nas mãos de Percy. Os outros,a medida que iam me vendo,iam acenando também. – Eu te disse que seria.

Você disse.

E você estava certo,Percy Jackson.

Eu sorri,pulando rapidamente e pegando seu boné. Coloquei-o na cabeça e pisquei para ele :

— Será um bom ano para você também, Nerd dos Computadores — eu sorri enquanto corria para o meu alojamento.

Minha fraternidade.

Minha casa,pelo menos,por enquanto.

E talvez seja a influência Percy Jackson mas se eu tivesse que definir minha sorte por ter conhecido essas pessoas e até por ter conhecido ele mesmo,em um D20...

... eu teria tirado 20.

Atrás de mim, meu Percy Jackson gritava :

— Devolve o meu boné, Darth Vader!


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Notas finais do capítulo

eu espero que vocês tenham gostado
essa fanfic eu dedico a única pessoa que me ajuda na faculdade e provavelmente a única amizade que eu tenho lá : menino erick.A gente é muito diferente em muitas coisas mas colegas de lá que se mostram ser bem parecidos comigo,não tem 1% do valor que ele tem.
Que me espera do lado de fora do banheiro,me espera pra gente não ficar sozinho no intervalo,rouba amoras comigo no pé de amora do caminho,rouba amoras comigo no pé de amora da faculdade, que faz palhaçada quando eu tô pilhada e que não me ajuda a não pirar nos trabalhos em grupo.
Na vdd ele pira comigo,mas ok.
A nossa amizade não vai ser daquelas que vai até a eternidade (eu sei disso). Mas vai ser aquela amizade que dura o suficiente e que vai ser boa enquanto dura.
E é isso.

um adendo aqui :
eu odeio primavera
a cidade fica linda cheia de flor mas e a minha saúde ela simplesmente some
tem três dias que eu só como fruta e bebo água,minha gente
qualquer outra coisa que eu como não é bem recebida no meu estômago
agora vou correr e tomar meu sorinho e fazer meus trabalhos
eh isto
bjãaao noces



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