Ardentemente escrita por helenabenett


Capítulo 1
A Guerreira


Notas iniciais do capítulo

A chegada de novos vizinhos deixam Longborn em alvoroço!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/745669/chapter/1

           O suor corria solto pelo rosto de Elizabeth, faltavam meses para o torneio, mas ela treinava intensamente. Por três anos ela havia participado dos jogos, e todas as vezes fora vitoriosa em alguma modalidade. Quando começou a se envolver nesse ramo foi ultrajada e julgada, afinal que tipo de filha de cavalheiro se enfia em jogos de guerreiros? Justas, espadas, arcos e combates corpo-a-corpo não eram coisas para mulheres e todos sabiam disso, quanto mais para mulheres de alguma posição social. Era compreensível que algumas camponesas esfomeadas se alistassem para uma competição ou outra, mas Elizabeth chocou a todos por ser a primeira dama da sociedade a entrar nesse jogo violento e masculino.

           Ela não dava a mínima para o que dissessem, seu objetivo era simples: ganhar dinheiro. E depois de três anos ganhando sucessivas competições ela tinha uma fortuna considerável, e apesar de não ser exatamente bem vista pela sociedade era bem aceita e até mesmo disputada por jovens de bom nome, mas em geral sem fortuna. A própria família de Eliza não tinha meios, com a herança afastada da linhagem feminina não haviam muitas opções para as meninas além de rezar por um bom casamento. No entanto, a moça sabia que isso era altamente improvável, visto terem baixas conexões e possuírem uma mãe particularmente tola. Ela se recusava a ser deixada ao próprio destino, e quando completou 18 anos convenceu seu pai a pagar sua inscrição aos jogos, e desde então não os abandonara mais.

           Mesmo na floresta, a quase uma milha de Longborn Elizabeth pode ouvir o escândalo de sua mãe com respeito a algum vizinho qualquer. Quase nada acontecia naquela região, e mesmo não querendo admitir nem a si mesma, ela estava curiosa para saber o que causara tamanho alvoroço. Embainhou a espada e a faca, colocou o arco nas costas e caminhou ansiosamente até a casa, a tempo de ouvir sua mãe dizer:

— Cinco mil libras, Mr. Bennet! O senhor deve visita-lo. Não se esqueça que se recusou a visitar o Conde Davies e por isso Lizzie acabou não se casando com ele, sei que foi por isso!

— Minha cara Mrs. Bennet, estou certo de que Lizzie não se casou por que não lhe aprouve. Nada tenho que ver com as decisões de minha filha.

— Por favor! Nem mesmo Elizabeth seria capaz de recursar um conde! Um conde, por Deus! É claro que foi por sua falta de educação que o conde foi embora sem propor.

— Um conde falido, minha cara, devemos lembrar disso. Ele apenas queria o dinheiro de Elizabeth e ela não tem interesse em dá-lo assim tão livremente.

— Oh, você fala essas coisas só para me provocar! Se pelo menos Elizabeth me ouvisse e se dispusesse a ceder parte da fortuna para servir de dote a suas irmãs, mas aquela menina ingrata não concorda de modo algum.

— Ela está certa, afinal que homem decente ela conseguiria subornar para desposar meninas tão tolas como as nossas? Talvez, quem sabe, ela deva anunciar algum dote a Jane. Mas se fizer isso terá de fazer a todas as outras.

— Isso não importa agora! Elizabeth é a que tem o dote, ela queira ou não. Precisamos arranjar-lhe um marido enquanto a sociedade ainda aguenta o tipo de pessoa que ela se tornou! Você deve visitar Mr. Bingley!

           Por mais que odiasse concordar com a esposa, Mr. Bennet pensou que ela nunca havia proferido uma sentença tão sensata. Os torneios haviam deixado as pessoas eufóricas, e por tal haviam aceito determinadas coisas que normalmente achariam detestáveis, como o fato da filha de um cavalheiro se considerar uma “amazona guerreira”. Os jogos haviam sido espalhados por ideia da rainha, e ela defendera a ideia de que os maiores e melhores eram aqueles que se superavam na arena e venciam os desafios. Isso havia sido colocado de tal modo na mente das massas que eles passaram a aceitar pessoas de nível obviamente inferiores em seus meios, contanto que se comportassem bem e que fossem ganhadores. Por isso Eliza ainda era bem aceita em sua sociedade, não sem murmúrios e fofocas, mas pelo menos era aceita. Quando essa euforia passasse, ou quando o capricho da rainha terminasse Elizabeth se tornaria uma pária, e nem mesmo o dinheiro ganho nos torneios seria suficiente para apagar tal mancha.

           Sua mulher tinha razão, Lizzie precisava se casar bem e com alguém bem alocado na sociedade, para que deste modo seus “pecados” fossem esquecidos. E de qualquer modo, de suas cinco filhas, ela era aquela que certamente tinha a maior possibilidade de efetuar bom casamento caso desejasse. A fortuna que Eliza havia conseguido nos jogos era maior que qualquer dote em toda a Inglaterra, e este era indubitavelmente um grande atrativo até para um homem com boa situação financeira.

— Eu irei, minha cara! Mas apenas por que sou um bom vizinho!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que apreciem.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ardentemente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.