Passo o resto desde fim de dia em meu quarto torcendo para que eu esteja confiando nas pessoas certa.
  Estou ansiosa pensando sozinha quando alguém bate a porta.
  - Entre - digo.
  - Esqueceu de descer para jantar? - me pergunta Azlan sorrindo.
  - Eu estava pensando em tudo que Beni me explicou - digo vendo a cara desagradável de Azlan - É tão estranho eu sempre tive medo de pensar sobre os conhecidos tratamentos e exames de Gaia, e de repente agora, aqui com vocês isso não me assusta mais e eu realmente quero confiar nisso.
  - Você realmente confia nisso? Está segura? - ele pergunta e eu assinto com a cabeça - Vamos descer contamos para o Beni lá.
  Depois de um jantar cheio de perguntas e esclarecimentos decido por fazer na manhã seguinte o procedimento. Praticamente não consigo dormir e assim que amanhece estou em uma maca e começam a fazer exames e coletar uma grande parte de meu sangue,  me deixando zonza.
    Após horas de exames e colocados vários dispositivos em meu corpo explicam como será o processo, é preciso retirar um amostra de minha medula, o que me causará uma dor questionável, e uma cerca dificuldade de movimentos após o procedimento, mas aceito que será por pouco tempo e me deixarão desacordada durante algum tempo caso seja necessário uma repetição. Irei acordar quando estiver tudo certo. Ao começar estamos todos posicionados, e então recebo minhas ultimas instruções.
   -Alana, agora você terá que ficar deitada sem se mexer, será aplicada uma anestesia e estarei ao seu lado até você acordar, não estará sozinha até acordar, estarei com você. Não vou deixar nada te machucar, iremos ajudar na recuperação e estará aqui para acompanhar os resultados – então Azlan me deita e segura minha mão enquanto vejo a luz branca do teto tornar-se fraca e ir escurecendo até que meu mundo escurece inteiramente, sinto meu corpo tornando-se leve, e chego à inconsciência.
                                   *                      *                      *                      *                     
    Abro os olhos, mas ainda é este o único movimento que consigo produzir, do meu corpo não sinto nada ainda, é uma sensação horrível e de impotência extrema. A sala parece vazia, olho para o lado, e vejo uma figura sentada em uma posição que parece muito desconfortável em uma cadeira não muito grande, Azlan. Parece estar dormindo, mas noto que está lendo algo em suas mãos então tento chama-lo, minha voz sai áspera e fraca, mas posso dizer que ele ouviu e veio rapidamente ao meu encontro.
   -Alana, querida, está tudo bem, tudo foi um sucesso, mas ainda precisamos analisar alguns resultados, o que pode demorar alguns dias, me falaram que você só recobraria os sentidos daqui algumas horas, sente alguma coisa? – faço que não com a cabeça – Vou chamar Beni para vê-la.
    Após alguns exames feitos e mais sangue ser coletado, trazem uma pequena refeição, que minha mobilidade motora não me permite comer sozinha, mas Azlan está como prometeu e me ajuda constantemente, me coloca sentada, e me ajeita depois de comer!     
    Passamos o dia conversando e Beni aparece para explicar como funciona tudo e como são obtidos os resultados, comprovando já que tenho realmente um tipo diferente de formação. E então ele pede licença e chama Azlan para uma conversa particular, Azlan sai por poucos minutos e volta com uma cara de más notícias, e penso no que deu algo errado!
   -Alana, eu realmente não gostaria de te falar isso, mas preciso que saiba que detectamos uma anormalidade na corrente sanguínea, você tem ingerido algo incomum há algum tempo? Qualquer coisa? – ele pergunta.
   -Não, permaneço com os mesmo hábitos desde que habitei em Gaia. Nunca notei nada de diferente, da minha infância não lembro muita coisa, talvez, mas nada que eu me recorde, e de quando vivia sozinha sabia me virar bem sozinha – respondo.
   -Vamos refazer os exames se você nos permitir, mas o que é apontado é algo  que está se acumulando em seu corpo há algum tempo, provavelmente não muito tempo, senão não estaria mais viva, mas o suficiente para deixar um rastro que poderia te comprometer – Beni explica vendo como estou confusa – Vamos refazer alguns exames e ver o que podemos fazer para que algumas substâncias saiam do seu corpo, sentimos muito mesmo mas é necessária uma intervenção para que você possa ser tratada, pretendemos fazer um processo não muito demorado, mas você sentirá muita dor e seu corpo precisará de muitos cuidados.
   -Mas não importa o que for acontecer eu continuarei aqui do seu lado Alana - Azlan me abraça agora que estou começando a entrar em choque, eles vão me matar, sei que vão, porque isso agora? Não estava tudo bem? Eu concordei em fazer os testes, será que só me queriam exclusivamente para isso e nada mais, e então agora sou totalmente dispensável, apenas permanecendo como objeto de pesquisas?
   -Quer dizer então que eu sou diferente mesmo? Porque querem mais exame então? Vocês querem me tornar fraca? –penso agora que talvez Naiad estivesse certa e eu estou sendo enfraquecida, para depois ser torturada e morta, mas Beni para meus pensamentos quando tenta me explicar.
    -Não é disso que estamos falando, foi detectada uma grande quantidade de arsênico em suas veias. –Beni olha baixo, mas ainda em meus olhos quando me diz isso. O efeito deve ter sido devastador quando ouço Azlan tentando me dizer o que me recuso a aceitar.
   -Alana – Azlan está calmo e segura minhas mãos agora – Você estava sendo envenenada