Ponto Final escrita por Duquesa Mya


Capítulo 1
Capítulo Único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/745656/chapter/1

Como explicaria para Iason isso? Certamente eu morreria de apanhar antes de conseguir dizer sequer uma única palavra. Rikki desta vez ultrapassou o limite do tolerável, por mais que aquele blondie chamado Raoul  metido a besta merecesse aquele bigode feio pintado com carvão no quadro caro, sabíamos perfeitamente como aquilo acabaria.

— Rikki, o que diabos você fez?- questionei com a voz estranha

— Dando meu toque pessoal no quadro... – meu irmão respondeu em tom zombeteiro – ficou perfeito!

— Sim ficou mesmo – soltei uma risada nervosa- Mas sabemos que iremos apanhar como o cão hoje não sabe?

— Nós, não, eu apanharei que nem cão hoje...

— Rikki, você sabe que Iason vai me castigar também... – comentei triste – Minhas costas sequer cicatrizaram ainda e já vou levar açoite de novo.

— Iason faria isso?

— A frase certa seria: o que Iason não faria? – respondi cética – Ele é um blondie, é da natureza dele ser cruel e sem sentimentos humanos, Júpiter os criou para isto.

— Ele é líder do Sindicato.... Não faria sentido isso.

— Iason vai surtar quando ver isto... – suspirei – Vamos, consegui com que Katze pegasse para mim alguns anestésicos em capsulas.

— Anestésicos? – ele indagou

— Sim. Como você acha que estou andando hoje?

— Isso é perigoso... se você não sentir a dor, ele não vai parar até que ele perceba que seu corpo não aguenta mais.

— Meu corpo não aguentara mais, assim que eu desmaiar – comentei simplória.

O som das portas automáticas pode ser ouvido, a voz doce de Darly desejava um “Bem- Vindo, senhor Iason” e todo o meu ser temia sua reação. Iason não era uma pessoa fácil e maleável, se irritava fácil, e por algum objetivo pessoal, queria a todo custo nos submeter a seu poder, afinal somos mestiços vinda da periferia de Eos, temos orgulho, este que ele deseja tanto tirar.

O som das botas aumentava cada vez mais em nossa direção. Meu irmão tremia minimamente já eu estava a ponto de um colapso nervoso. Eu já estava pressentindo como seria a surra. E me peguei pensando em onde estavam os direitos humanos para mestiços? Sequer isto temos, logo não somo considerados pessoas segundo Júpiter. Malditos!

— Pets, Darly me contou da transgressão de vocês.

— Eu pixei o quadro. – Rikki pronunciou-se

Numa velocidade anormal, Iason desferiu um tapa extremamente forte, que fez com que Rikki cambaleasse desnorteado pelo impacto. Logo a pele do rosto do lado direito tornou-se avermelhada. Prendi a respiração, já estava esperando pelo meu, este que não veio.

— Não dei permissão para falar, Rikki – ele ditou sério, seus olhos fixaram em mim – Emma, o que tem a dizer sobre isto? – ele indagou enquanto apertava meu braço.

— Nada...-respondi baixo

 Num movimento brusco fui jogada contra a parede do quarto, senti minha cabeça latejar pelo encontro repentino com a parede. Grunhi de dor. Iason puxava meus cabelos de tal forma que chegava a doer. Rikki gritava para que ele me soltasse, mas nós dois sabíamos que ele não o faria até que terminasse. Que sua ira cessasse.

— Rikki, sabemos que foi você quem fez essa atrocidade com o quadro que Raoul  me presenteou, não é mesmo?

— Sim, fui eu. – Ele respondeu afoito – Solte-a, por favor.

— Não – ele ditou – Você é um Pet muito desobediente, já esta na hora de eu parar de pegar leve com você...

— Mas fui eu...

— Não importa. – falou zangado – Pegue na gaveta o Atrium 689, vamos acabar com essa rebeldia agora.

A contragosto Rikki buscou o chicote que fazia um barulho terrível quando tocava em algo, essa coisa era capaz de tortura fisicamente e psicologicamente. Iason certamente me bateria com isso, e ia causar um estrago e tanto. Os olhos azuis de Iason estavam fixos em mim, um olhar cortante por assim dizer, imponente seria a descrição exata.

Mesmo com os anestésicos que havia ingerido, ainda era possível sentir dores, pois os efeitos já estavam passando. Iason me arrastou até o centro do cômodo, onde havia um tipo de poste de ferro feito especialmente para punição. Magicamente surgiu algemas, estas que foram postas em meus pulsos já marcados pelas vezes anteriores.

Rikki estava desesperado com aquele chicote na mão. Ele sabia que Iason ficaria bravo, mas ele sempre punia o responsável, e não o ao contrário. Erámos praticamente escravos ali, afinal, fomos tirados de nossa cidade, trazidos para Eos, e “domados” por um blondie que insistia dizer que éramos seus bichinhos domésticos. Mas agora não é o melhor momento para divagar sobre o passado.

— Rikki, isto é para aprender a não mexer no que não lhe pertence... – ele começou a dizer com a voz forte – Toda vez que você persistir em me desobedecer e me desagradar, algo precioso para você vai receber seu castigo. – um sorriso sádico surgiu em seus lábio finos – Você... é quem irá aplicar a punição.

— N-Não... não por favor Iason, ela não fez nada...

— Obedeça. – ele andou até sua direção – Obedeça ou usarei o X 39 e sabemos muito bem que aquele ali sim pode mata-la...

Nem preciso comentar sobre o meu pavor com toda aquela situação. Estava ficando até com dores musculares devido a tensão que meu corpo estava sofrendo, pela apreensão. O som torturante do chicote estava lentamente provocando pavor em mim. Eu sabia muito bem como aquilo machucava.  Pude ouvir Iason ordenando que Rikki me chicoteasse, e meu irmão chorou de remorso, creio eu.

— Se eu perceber que não está colocando toda sua força, eu a matarei... e só irá parar quando eu disser, estamos entendidos Rikki?- o blondie falou, não vi seu rosto. Provavelmente estaria com um sorrisinho cínico brincando em seus lábios.

Gritei quando senti o primeiro golpe nas costas. Uma sucessão de golpes estalava na pele, rompendo-as. Abrindo feridas antigas e criando novas. Não há como descrever, ardia como se estivesse colocando álcool. Doíam por demais. Iason, não se compadeceu quando comecei a chorar. Naquele momento eu havia perdido todo e qualquer orgulho.

Eu já não sabia mais ao certo se o que eu escutava eram os gritos de Rikki ou os meus. A dor simplesmente estava interrompendo minha linha de raciocínio. A dor nublava minha visão... ou seriam minhas lagrimas que me impediam de enxergar? Foquei em Iason, lá estava ele sentado em sua poltrona vermelha. Seus cabelos longos e loiros caindo em cascatas, uma expressão nula de emoções, apoiando sua cabeça em seu punho enquanto a outra segurava uma taça com algum vinho.

O zunido do chicote ecoava dentro de minha cabeça, minha garganta já não aguentava mais gritar por clemência. Minhas costas ardiam como o inferno, a dor de cabeça surgiu como se fosse um brinde do diabo. Rikki também já não suportava mais também aplicar o castigo, fisicamente estava bem, talvez com dor nos braços, mas bem. Entretanto deveria estar se remoendo de culpa.

Quando pensei que desmaiaria Iason elevou a mão para cessar a seção de tortura, quis chorar quando o vi. Levantou-se gracioso de sua poltrona, ainda com a taça de vinho em mãos caminhou até nossa direção. Rikki respirava ruidosamente e soluçava, mas nada importava, tudo que eu sentia era dor. O blondie agachou de forma com que ficasse mais próximo de mim, afinal, no decorrer das chibatadas minhas pernas cederam.

— Emma... da próxima vez, impeça os atos imprudentes de Rikki, pois sempre que ele fizer algo do gênero, você quem irá pagar.

Eu nada respondi, não conseguia, e caso o pudesse algo bom de dentro de mim não viria, pois a raiva me consumia de tal forma que nem mesmo eu admitia sentia. Nunca na minha breve vida, senti tanto ódio de alguém. Iason para piorar meu estava soltou meus braços, estes que caíram “mortos”, e pelos cabelos fui arrastada até o outro cômodo. Rikki pensou em falar algo, mas bastou um olhar cortante vindo do loiro que Rikki aquietou-se amuado em seu canto.

O chão frio de piso incomodava ainda mais meus ferimentos, a dor no couro cabeludo de fato era a menor, mas ainda sim sentida. Iason, obviamente estava furioso e sedento de sadismo, mas justo eu?  A roupa era uma coisa do passado, pois os tecidos foram rasgados para a agressão. O “mestre” me largou jogada no chão de seu quarto, o que me causou desespero antes mesmo dele falar qualquer palavra. Ele sabia que eu era uma mestiça, cultura que não devemos sucumbir a homens que não pretendemos casar, não é uma imposição, mas uma escolha. Nós mestiças, não temos nada a oferecer a quem amamos, não possuímos dinheiro, muitas vezes sequer beleza devido a má nutrição, a única coisa que nós resta é dar tudo o que temos: nosso amor, devoção e respeito.

Iason estava disposto a ser cruel hoje, ele que prometeu jamais me desrespeitar como mestiça caso eu jurasse obediência, estava ali, pronto para destruir tudo o que eu tinha. A pureza prometida para um amor ainda não conhecido. Era triste e dolorido saber que ali eu não valia absolutamente nada.

— Vamos, levante! – ele ordenou com a voz em tom elevado – O castigo ainda não acabou.

Num agarro de aço ele circundou suas mãos em meus braços e me colocou de pé, contudo se ele quisesse com que assim eu permanecesse, Iason teria de me sustentar, pois sequer forças eu tinha. Por algum momento ele pareceu compadecer de minha dor e me levou até a cama e ali mês pôs sentada.

— Isso foi uma desobediência e tanta... – ele comentou – Rikki se superou desta vez...- ele sentou-se ao meu lado na cama de casal luxuosa – Sempre tolerei demais as transgressões que vocês faziam, mas não hoje... você me entende não é Emma?

— Iason... – sussurrei na medida em que minha voz permitia – Por favor... – pedi na esperança que por traz da raiva ainda estivesse a sombra do verdadeiro homem que ele era.

Num movimento brusco e que me causou ainda mais dor, ele me obrigou a deitar de costas para a cama, onde provavelmente cada pedacinho do lençol grudara nas feridas abertas. Meu corpo tremia, o pavor estava presente, só piorou quando o vi começar a tirar a parte de cima das vestes finas.

Seu corpo era escultural, cada músculo possuía sua graça, eram definidos e fortes, algo de tirar o folêgo. Seus olhos azuis tomaram uma coloração mais escura, olhos famintos, por assim dizer. Quando percebi, meu corpo tremia pelo medo, instintivamente fechei as pernas como se o ato fosse impedir algo que Iason pudesse fazer.

Nunca imaginei que seria assim, sabe? A primeira vez deveria ser algo especial, ou pelo menos que fosse feita com quem você realmente goste. Iason não se encaixava no meu par romântico, mas não era de todo desagradável, sempre fora muito carinhoso e atencioso quando queria, mas bastava Rikki aprontar algo ele se transformava nisso: um homem sem escrúpulos, violento e com um requinte de maldade.

Sua destra envolveu meu pulso num aperto de aço, a mão livre puxou meu cabelo, fazendo minha cabeça pender para trás. Foi um ato dolorido, o puxão permanecia, o couro gritava por alivio. Toque lentos e úmidos percorreram  minha clavícula, lentamente, beijos molhados e estalados, ruídos que causavam arrepios gostosos.

— Iason, por favor... – tentei pedir para que parece, mas bastou sua destra largar meu pulso e fixar em volta do meu pescoço para que eu me calasse, afinal aquilo era claramente um aviso.

— Quieta, animal! – ele respondeu

A cada beijo violento que era dado na região do pescoço, mais asco eu sentia, mas, nada poderia fazer contra o ato. A cada sinal de relutância o aperto aumentava, dificultando o básico, que era respirar. Aparentemente sem motivo algum Iason começou a me enforcar de verdade. O ar escasso tornou-se nulo, num desespero pela vida, debatia-me insanamente. Não vendo resultados apelei para a dor. Arranhei seus braços, peito e ombros, mas aquele monumento de homem sequer se afetava com minha imposição.

Minha visão perdia o foco gradativamente, meus olhos fixos nos azuis dele, por um momento pensei que eu tinha pena de Iason. Na verdade tenho muita pena, ele é um Blondie, fora criado para a perfeição. Perfeição, é uma palavra muito abstrata e improvável. Iason não era perfeito e ele infelizmente sabia disso, e se culpava por não ser o exemplo de líder de Sindicato centrado, calculista e controlado. Iason sempre demonstrou ser uma bomba relógio de emoções conflitantes. Iason é violento por não saber lidar. Iason não sabe lidar com imprevisto e esses sentimentos para com nós mestiços era um baita de um imprevisto POLÊMICO, o sindicato cobrava, Raoul  também, todos cobravam que ele se livrasse dos “ratos imundos” que éramos.

Tudo ficou preto e mudo. Nada via. Nada escutava. Eu desisti de lutar contra a força imensurável de Iason. Entre a consciência e inconsciência meu corpo tornou-se leve, apesar das dores do castigo aplicado. O oxigênio voltava pouco e pouco para meus pulmões, mas eu ainda não enxergava nada.

Senti golpes sendo desferidos contra meu rosto, tapas ardidos e furiosos. Meus olhos focaram em Iason que chorava copiosamente enquanto me agredia, estava tão... desesperado. O mesmo ao perceber que voltei a consciência parou os tapas, suas lagrimas escorriam pelo rosto bonito. Parecia um anjo caído: Belo e pecador.

Num esforço sobre humano, segurei suas mãos, subi-as para seu rosto e o forcei a vir para perto. Beijei seus lábios finos e o fiz deitar sua cabeça em meu peito. Acomodado entre minhas pernas e repousando em meu seio fiquei a acariciar seus cabelos loiros e compridos. Seu choro era livre, grossas lagrimam acompanhadas de soluços incontidos se faziam presentes.

— Iason? – o chamei, mas talvez por vergonha não ousou levantar o olhar para mim – Iason, preciso te dizer algo...

— Prossiga pet.

— Você foi criado por Júpter, supostamente espera-se que seja perfeito: em suas decisões, modo de viver, como se expressar... Mas ninguém cogitou que blondies são humanos... mais resistentes não nego, mas ainda humanos. Seu corpo e mente estão propensos a descontroles humanos e não há nada de errado nisso. – falava séria – Você se julga por ser diferente dos demais blondies, mas pense sempre que: apenas conhecemos aquilo que a pessoa quer nos mostrar. Talvez, é uma possibilidade, os demais sejam tão errôneos quanto você, apenas escondem isso. Por isso, não se sinta culpado.

— Me perdoe pet... – Iason sussurrou – Eu não devia ter te ameaçado daquela forma...

— Tudo bem, mestre.

— Eu tenho palavra, prometi nunca tocar-lhe e por estar cego de raiva, olhe isto, está tão machucada...- ele falava ainda mais angustiado.

— Iason, eu o perdoou, querido! – falei calma – Mas agora é tarde meu mestre... Tente ser mais paciente com o Rikki, por você, por mim e por ele.. sim?

— Tentarei. – ele soltou uma risadinha – Chamarei Darly para cuidar dos ferimentos...

— Não é necessário Iason... mas me prometa que vai aceitar que você é humano, isso é para o seu bem.

— Pet, chamarei Darly, está começando a delirar...- Iason levantou-se da cama e foi até a porta – parece que Rikki está aqui na porta esperando. – comentou

— Deixa eu ver meu irmão Iason?

— Seja tratada, depois o verá...

— Não, eu não o verei, por favor Iason, eu imploro!

— Tudo bem.- ele suspirou resignado

— Iason..

— O que desejas pet?

— Queiro que saiba que o que acontecer a partir de agora não é sua culpa entendido, Iason?

— Não compreendo.

Iason saiu assim que meu irmão entrou no quarto. Rikki estava bem abatido, arrependido e por que não dizer irritado. Seus olhos castanhos tão parecidos com os meus me fitavam. O chamei para senta-se junto a mim, na cama.

— Rikki

— Emma, me perdoe, nunca mais vou fazer algo parecido..- ele sentenciou

— Shii – pedi silêncio – Deite aqui e me abrace irmão.- pedi manhosa – Pode ser a ultima coisa que te peço Rikki.

— Emma... –Rikki já deixava a voz começar a embargar – Minha irmã... me perdoe...

Rikki aconchegou-se na cama e deitou ao meu lado. Me remexi o possível que minha dor permitia e escorei em meu irmão. Suas mãos vagavam por meus fios de forma lenta e carinhosa, rua respiração estava um tanto ruidosa, quase que ofegante, possivelmente resultado dos anos de nicotina e suas mil substâncias do cigarro.

Minha dor era grande, eu não aguentaria, pelo menos não até o próximo dia. No momento em que vi o blondie eu percebi que hoje seria o último suspirar de minha existência em Eos. Meu coração batia rápido, quase dolorido, minhas mãos apertaram o tecido da roupa de Rikki e me aproximei o máximo que a física permitia.

— Emma?

— Rikki, amanhã você terá que ser muito forte, não se abata e nem se culpe. Amanhã será um novo dia... não haverá mais dor para mim ou sofrimento, apenas peço para maneirar com Iason, ele tem problemas demais.

— Eu que tenho problemas, estou preso em Eos! – respondeu eufórico

— Iason é líder do sindicato, ele está perdendo seu carisma entre a elite Rikki. – comentei triste – Ter mestiços como pets não faz bem para a imagem de um líder. Somos a escória para eles. Somos tão odiados quanto pragas que trazem doenças. Somos consideração piores que insetos para essa elite.

— Ele quem insistiu nisso! Se apenas nos libertasse tudo isso acabava Emma.

— Alguma vez já se perguntou o porque Iason o “sequestrou”?

— Para obviamente mostrar seu poder e nos submeter.

— Iason se encantou com você Rikki, ele apenas não consegue admitir para si mesmo que o ama, meu irmão. – falei calma – Eu apenas vim de brinde, devido a situação.

— Isso é absurdo Emma!

— Rikki, apenas fique quieto, me abrace e permita que eu descanse por hoje, sim?

O silêncio permaneceu por longos minutos, meus olhos estavam pesados e meu corpo tornava-se dormente. Uma sonolência anormal me apoderava do meu ser. As coisas não faziam muito sentido. Luzes claras piscavam na escuridão formando um caminho, que davam num jardim bonito.

Minhas pernas moviam-se automaticamente em direção ao jardim, tudo estava calmo, de longe o canto dos pássaros era afável e reconfortante. No momento que pisei no jardim de cores vivas, uma dor no peito se fez presente, insisti e continuei, quando estava totalmente dentro do jardim, uma sensação de alívio veio. Era simplesmente estar livre ali... e assim de fato eu me sentia. Ao olhar para trás , eu via o quarto de Iason, onde Rikki e eu estávamos. Rikki parecia gritar em desespero, Iason apareceu em cena, seguido de um médico. Meus olhos viam tudo, mas eu já não mais podia sair do jardim.

Eles ficarão bem”- uma voz falou do nada

— Quem é?

Isso não importa, minha doce Emma. Rikki superará juntamente com Iason”

Eu sequer pude de fato me despedir, apenas falei palavras soltas para ambos.- comentei triste – Rikki está chorando.

Não há dor que o tempo não amenize” – a voz continuava a dizer dentro de minha cabeça – “Não se preocupe com eles Emma, descanse e aproveite aqui em cima, querida”

Fechei meus olhos e senti como se estivesse envolta a água, boiando calmamente num espaço deserto de tempo. Minhas pálpebras tremularam e consegui novamente abrir os olhos, eu estava deitada. Forças anormais foram necessárias para que eu pudesse me levantar.

Ao meu redor estava Rikki aos prantos, a direita estava Iason com os olhos tingidos de vermelho. Eu saí do corpo físico que outrora a mim pertencia e vaguei pelo quarto. Não poderia sair dali até ter certeza que ficariam bem.

— Emma! Emma! – Rikki começou a gritar pelo meu nome – Não me deixa Emma!

— Se acalme Rikki! – Iason correu para acudi-lo de seu desespero – Vai ficar tudo bem...

—Não, não vai! – ele protestava – Você a matou! – ele julgava – Esta morta por sua causa!

— Eu sinto muito Rikki!

— Sentir Muito não a trará de volta!

Estava nervosa, não era para eles se desentenderem! Eu queria poder fazer algo, mas como? Tentei tocá-los, obviamente não tive sucesso. Não havia o que fazer! Não me escutavam e sequer tocar em algo eu podia.

“Deixe-os e venha Emma. Sua missão na terra recebeu o ponto final”

Olhei para a porta de luz e adentrei sem hesitar. Como a voz disse, minha vida teve seu ponto final ali. Estou confusa, porém algo ruim não esta por vir, não temo esta voz aconchegante do além. Espero que Rikki e Iason fiquem bem.

Emma


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ahhh quis colocar para fora o sonho que tive com o Iason kkkk



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ponto Final" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.