I – Dr. Marco

4 de Julho, 2017.

—Visto que a minha necessidade de passar os meus momentos comigo mesmo tem se tornado mais constantes ultimamente, cheguei a conclusão de que a socialização para minha mente consiste em um ótimo passa tempo para análises comportamentais e conclusões objetivas sobre a mentalidade humana.
—Parece divertido para você os seus momentos de socialização. Creio que você não tenha um problema na socialização em si, mas a sua necessidade psíquica determina que você passe os seus momentos em silêncio refletindo sobre os seus momentos de euforia.
—Então você conclui que me divirto analisando as pessoas e isso é uma grande ferramenta evasiva para minha realidade monótona e as relações vazias que permeiam a minha vida?
—A sua conclusão é notável, o seu autoconhecimento não é comum das pessoas que me procuram, pequeno Ross.
—Uma vez alguém me disse que olhando para o seu passado, podendo fazer algo para muda-lo as chances de cometermos os mesmos erros se tornam nulas. A vida é uma questão de escolha, Dr. Marco.
—Eu me impressiono com a forma em que você vivência as coisas, sendo sincera eu esperava menos de você quando você chegou, Ross. Costumo atender a pacientes que estão perdidos demais para chegarem a conclusões, entretanto quando olho para você, observo que o seu problema é completamente o oposto, o seu conhecimento próprio gera um dano constante em sua psique, a sua concepção sobre a realidade determina como a sua forma evasiva de viver torna-se uma armadura emocional para os seus traumas.

—Dr. Marco, devo dizer que o fato mais impressionante nesta situação é o fato de você utilizar do meu modo evasivo para buscar retirar informações sobre os possíveis problemas que o Diretor Robert apresentou a você. Ele age de forma insensata, observando os fatos com um olhar extremamente eufórico, mas parece que a vida não ensinou o quanto as coisas importantes passam despercebida diante de nossos olhos.
—O seu autoconhecimento é uma ferramenta para manutenção do seu presente, mas pode ser uma grande causadora de danos no futuro, acredite em mim, você não conseguirá administrar todas as informações, você não poderá entender tudo ao seu redor com o vigor atual por muito tempo.
—Considero um grande desafio para minha mente, você acaba de despertar a minha curiosidade a respeito dos meus limites, o quanto a mente humana pode utilizar do meio em que ela coexiste para manipular as pessoas ao seu redor e mobilizar o seu futuro a seu favor? Quantas possibilidades e realidades alternativas encontramos em um mesmo espaço-tempo?
—Ross, não siga este caminho, acredito que não seja correto utilizar de sua sabedoria para explorar todos os limites de sua criação.

Naquele momento Ross pega a sua mochila e se levanta da cadeira, ele a encosta novamente a mesa, segue em direção a porta, Dr. Marco busca chama-lo novamente para tentar convence-lo a tornar diferente a sua realidade, entretanto a partir daquele momento Ross tomaria decisões que mudarão a sua vida e a vida de pessoas ao seu redor.

II – Ross

4 de Outubro, 2034

—Se eu soubesse que aquela teria sido a minha última chance, teria voltado atrás em minhas decisões, adotaria um modo diferente de ver a vida, perceberia que as minhas atitudes calculadas me tornariam alguém vazio, sem instinto e reação própria. Ao longo do tempo o meu calculismo me levou à ascensão, emprego, família, inteligência, mas... Em determinado ponto da minha vida eu percebi o quanto as minhas relações eram vazias, o quanto as minhas decisões se tornavam uma série de consequências pensadas, uma série de chances de VIVER foram desperdiçadas pela necessidade da manipulação do meio e das pessoas que se encontravam nele. -Ross diz para si mesmo-

A vida de Ross é considerada a típica vida efetiva na percepção americana, lutou pelos seus objetivos, vivou em pro da sua ascensão, a sua luta teve recompensas, seguiu a fundo o Filósofo Aristóteles, dizendo para si mesmo: “A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces.”. O que o tornou a realidade apresentada por Immanuel Kant: “O ser humano é aquilo que a educação faz dele.”
Ross é casado com uma mulher importante, uma colunista de um dos jornais mais famosos do mundo, tem duas filhas com todas as qualidades possíveis, extremamente parecidas com ele, a sua relação com elas era ótima no início, mas através dos anos a manutenção dessa relação foi sofrendo um desgaste, um desgaste não reparado e, após 10 anos, Karla e Rose não conseguiam sequer conversar com o pai, a socialização nunca foi o forte de nosso personagem, entretanto o que o frustrou foi a criação de uma possibilidade de mudança em sua mente que, com o tempo, foi bloqueada pelo mesmo graças aos seus medos e a sua necessidade de controlar os seus passos e a sua realidade ou longo de sua vida.

III- Diretor Robert

4 de Julho, 2017.

Eram três da tarde quando Diretor Robert observava pela janela de sua sala os alunos praticando as atividades físicas rotineiras, ele observou a movimentação da grande árvore que ficava a sua janela, a árvore de tronco grosso e galhos extensos repleto de ramificações embelezava a figura hostil e militar de seu escritório, tornando-o mais agradável aqueles que precisassem ir até o mesmo, até mesmo para o próprio Robert aquele “pequeno” elemento tornava o seu ambiente de trabalho mais confortável.

Naquele dia completavam-se exatos dois anos que ele entrara na nova escola após as férias do verão e o início do inverno ele iniciou o seu trabalho na escola Trinity, sendo grande destaque pelos seus trabalhos de motivações sociológicas, filosóficas e psicológicas em seu colégio, tornando-se referência para novos sistemas de ensino e estudos médicos relacionado a educação juvenil. Ele mesmo trouxera seu amigo Dr. Marco para fazer parte de sua inovadora equipe, tornando assim parte fundamental de sua gestão a manutenção da psique de seus alunos, tornando-os mais aberto ao questionamento filosófico e ao desenvolvimento do seu lado social.
Embora fosse um grande incentivador dessas relações humanas, o Diretor ainda era claro sobre o seu objetivo de desenvolver a estratégia, o raciocínio e a racionalidade dentro de seu sistema de ensino, quando o mesmo associou a Racionalidade e a Emoção foi alvo de grandes críticas pelas grandes escolas e universidades, entretanto ao ter destaque em competições estudantis em diversos âmbitos o seu sistema recebeu o destaque e perdeu a sua bagagem discriminatória, passando a ser aceito pela pedagogia e por aqueles que antes criticavam o seu método de ensino.
Entretanto existe uma relação triangular entre esse novo sistema, ele foi fundamento sobre a teoria de um estudioso contemporâneo, Marcelo Roscort, que buscou com o auxílio de profissionais desenvolver um método de ensino colegial revolucionário que fosse um real divisor de águas na vida dos jovens e adolescentes envolvidos no projeto.