De A a Z: História de amor escrita por flavia T


Capítulo 1
Capítulo 1 - Z




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1 e Z

Sentia uma dor de cabeça estrondosa. Minha cabeça latejava e estava com um enjoo horrível, quase como se eu tivesse bebido dois litros de álcool de baixa qualidade. Olhei para meu relógio e vi que já se passava das 9 da manhã e eu tinha de dar aula de 1 da tarde, isso significa que tenho exatamente 4 horas para tirar um morto do meu cérebro, pois alguma coisa estava errada ali. Brian já devia estar no trabalho e eu já deveria ter levantado. Tinha de ir ao médico, pois essa dor de cabeça não é normal. Tudo bem, estou exagerando.

Gemi, tropecei, cai e levantei. Coisas que sempre acontecem comigo. Na verdade, eu sou uma pessoa muito normal, tenho um emprego de professora em Teoria da História e metodologia em pesquisa no curso de História, um marido que é advogado e amigas que já tem filhos e eu sou aquela que ainda não tem, mas assim é a vida, não é?

Sou gordinha, estou com 20% mais gordura que o recomendado e isso quem diz é o google. Justamente por culpa desses 20% eu sou obrigada a  vestir roupas de número 44. Temos de combinar que até mesmo o 42 é considerado gordo hoje em dia. Tenho uma prima que é modelo e ela veste 36, ou seja, ela veste oito números menos que eu. Tenho inveja dela, pois quando chega em uma loja as vendedoras vão mostrar as roupas mais bonitas e para mim sobra as capas de botijão, coisa muito preconceituosa com as mulheres que comem pelo menos três vezes ao dia. (Coitada de minha prima, passa por cada aperto. Uma vez disseram que ela deveria emagrecer mais e eu queria socar essa pessoa. Como um ser humano manda uma mulher de 1,75, que pesa 50 quilos emagrecer? Cara doido! Depois minha prima morre e a culpa e da idiotice dela e dessas pessoas que só pensam em anorexia e bulimia)

De qualquer forma eu não deveria está pensando em minha prima, pois ainda tinha um morto na minha cabeça! O pior dessa ressaca é que eu não bebi, perdi todos os prazeres que a bebida pode propiciar e fiquei só com a parte ruim, é enxaqueca. Tombei até a cozinha e consegui um copo de água e um relaxante muscular.

Me deitei novamente, não sei se consegui chegar na cama ou se estava no sofá, pois minha cabeça estava leve e pesada ao mesmo tempo, tudo rodava e eu já podia sentir o gosto do vômito no fundo da garganta. A campainha tocou e amaldiçoei a pessoa que estava me atazanando, nem mesmo o Senhor de Mordor batendo chicote nas minhas costas me forçaria a abrir aquela porta.

— saia daqui – balbucie quando a campainha tocou novamente.

Fechei os olhos e pensei que realmente iria vomitar minhas tripas pra fora, mas supreendentemente uma hora depois eu me senti um pouco humana, estava me deszumbificando.

Tinha de chamar Brian e pedir uma tonelada de Paracetamol e talvez um pouco de morfina, quem sabe uma espada samurai pra arrancar fora meus miolos, que só me fazem sofrer! Pior de tudo é aquele médico babaca dizer que devo seguir o tratamento, mas esqueceu de dizer que aquela porcaria de remédio natural só serve pra me fazer raiva e me deixar com mais dor de cabeça. Se eu vomitasse bem na cara dele na próxima consulta eu poderia dizer que foi uma crise de enxaqueca relâmpago!

Existe algo muito gratificante em conspirar contra pessoas que nós não gostamos, na verdade eu até gosto do médico, mas apenas quando não estou com a doença que ele é pago pra me fazer ficar boa. Eu sei que não existe cura pra enxaqueca, mas isso não me impede de ficar brava com o tratamento do doutor Bundinha de bebê Leonard!

É, acho que hoje não vou pro trabalho. Que horror, odeio faltar, principalmente em fechamento de unidade, mas a não ser que eu fique boa em meia hora, nesse caso ainda vai dar tempo.

...

— Clínica Vidae, bom dia, em que posso lhe ajudar? – uma voz irritantemente e melodiosa falou

— Quero que você mande um recado para o médico Marverick Leonard, sim? – até me assustei com minha calma e educação. Não pense besteira, sempre sou muito educada, mas até eu sou um pouco bruta quando estou doente.

— claro senhora, qual seu nome?

— diga que não é saudável para os pacientes dele a compra do registro médico, que o tratamento com medicamento de mato não funcionou, que minha cabeça está explodindo e que se isso for um AVC eu não vou perdoar ele, sim? Ah meu nome é Elizabeth Mulier – Sim, eu sou uma cadela quando estou sentindo dor, supere.

— ahh... desculpa... eu posso marca um horário pra ele hoje de 2 horas. Isso seria bom para você, Senhora Mulier?

— Sim, isso se eu não morrer até lá. – Eu sou insuportável, tive que admitir até pra mim - Você é gentil moça, não ligue pra minha falta de educação, isso acontece quando estou doente. Não sei lidar com a dor.

— Sem problema Senhora Mulier! – Sua voz tinha um traço de sorriso, como se já tivesse me perdoado desde que abri a boca pela primeira vez. Já odeio essa mulher novamente.

...

— Veja bem Marverick – falei assim que coloquei minha bunda na cadeira – os remédio não funcionam. Algum dia vou morrer de uma crise de enxaqueca e vou te assombrar, juro que vou. Essa manhã minha cabeça pesava 2000 quilos! Isso acaba comigo. Como você acha que é ser professora, usar o cérebro, quando se tem um morto na cabeça? – eu estava indignada – Eu quero morfina, uma anestesia geral ou algo parecido quando tiver essas crises! Você tá rindo?! – falei quando percebi a cara daquele desalmado.

— Sr. Mulier, veja bem, as crises de enxaqueca são impossíveis de evitar. Meu objetivo é diminuir e tentar remédios que aliviem e afaste a dor o máximo possível. Não estou rindo de você, mas soube que você foi grossa com minha secretaria e vejo que realmente é verdade – talvez eu tenha ficado com um pouco de vergonha pelo meu comportamento.

— A culpa é totalmente sua – minhas bochechas estavam um pouco quente – Você me passou remédios de mato doutor, quero medicina moderna! Nós passamos pela revolução industrial faz tempo, quero remédio de verdade, entendeu? Faltei hoje no trabalho, isso é simplesmente inadmissível na minha profissão, principalmente por eu ser uma professora substituta e se você não me fizer ter menos ataques zumbis cranianos eu vou ser despedida, consecutivamente não posso pagar o plano de saúde e você vai virar um desempregado se sua clientela começar a se tornar sem tetos. – Eu sou uma vaca mesmo, mas tudo que disse é verdade.

— Sra. Mulier, eu não lhe digo como dá suas aulas então não me diga como exercer a medicina – ele falava duramente, mas não como se estivesse com raiva, mais como se estivesse explicando algo a uma criança, esse filho da puta – você é uma candidata ideal para o medicamento e tratamento que indiquei e não pense que existe um medicamento que vai ser perfeito. Seu emprego é estressante, você come mal e sinceramente é muito exaltada, compreende? Você tem que relaxar. Tente acupuntura ou ioga, ter mais calma sempre ajuda, nada vai se resolver magicamente com seu stress.

— Oh meu deus! Marverick – falei pausadamente - Você me chama de gorda sedentária e de estressada desvairada, assim?!

— Elizabeth, eu não disse isso. Você tem que compreender que o tratamento só vai ser efetivo se você colaborar. Não é uma questão de querer, mas de necessidade. Você precisa de exercícios físicos regulares e de calma em seu dia-a-dia. Isso é um fato.

— Você é budista, né? – pela expressão ele com certeza analisava se eu não precisava de um psiquiatra – Não gosto quando você tem razão, é calmo, compreensivo. Isso me faz ser a ignorante nesse relacionamento paciente-médico – falei apontando entre mim e ele – E só porque sou superior vou concordar com você.

Marverick estava parado, quase uma estatua, enquanto eu falava. Depois ele simplesmente riu de mim. Aparentemente ele não conseguia se controlar, passou um minuto rindo. Quando pensava que ele estava parando com esse comportamento boboca ele simplesmente tomava folego e ria mais. Riu tanto que chorou.

— eu espero que você desidrate, sabe? – falei enquanto via as lágrimas caindo dos olhos dele – eu estou saindo e você é um médico horrível Marverick, não sei como posso aguentar você. Sorte sua que o último médico era ainda pior! – nem esperei ele se recompor e já ia saindo – Essa conversa não valeu como consulta, viu?! – eu anunciei peremptoriamente.


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Notas finais do capítulo

Como eu sou nova nisso não sei como será a frequência de postagem, mas deixa sua mensagem para que eu saiba se está gostando.

Tchauzinho



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