☯ Plagg ▪

Faltava apenas a ultima aula antes de finalmente termos o intervalo e fomos avisados de que a Ms. Mendeleiev estava atrasada e talvez nem chegasse a vir. Ao ouvir isso, alguns colegas saíram da sala em direção ao pátio, guardei meus materiais e antes que pudesse pensar em alguma outra coisa, ouço alguém me chamar.

—Hey, Plagg! –Olho para o lado e vejo Tikki esperando minha resposta.

—Sim?

—Eu estava pensando, quando eu cheguei aqui você não estava e a professora Bustier me disse que eu teria um colega com quem dividiria a carteira, a princípio eu achei que seria algum intercambista, quando perguntei a ela, a única resposta que tive foi: “Sim, mas ele está fazendo intercambio pra outro lugar.”. Por que todas as pessoas daqui parecem ser tão, sei lá, assim?

—Eu realmente não faço ideia, quando vim pra essa escola ainda era uma criança, não foi muito difícil fazer amizades, ainda mais quando no meu segundo ano na escola meu melhor amigo passou a estudar aqui, mas eu acho que isso esteja acontecendo pelo fato de você ser uma das poucas pessoas que não vieram pra cá quando crianças e não é intercambista.

—É, pode ser. –Ela não me pareceu muito satisfeita com a resposta e voltou a sua atenção para um caderno que estava sobre sua mesa.

—Olha, eu realmente não sou a pessoa certa pra responder esse tipo de pergunta, fiquei um bom tempo sem dirigir a palavra as pessoas que você vê nesse colégio todos os dias e quando achei que estava na hora de finalmente voltar a interagir com as pessoas, surgiu essa oportunidade de intercambio e eu fui pra Itália. Talvez...

—Você estava na Itália? –Ela me olha sorridente, como se nada do que disse antes importasse.

—Sim, estava.

—Bom, eu acho aquele lugar incrível! Toda aquela variedade de massas, pizzas e aah, eu amo aquele país.

—Realmente eles têm uma variedade de massas e pizzas muito grande. Não que eu seja um grande fã de pizza...

—Como assim você não é do tipo “fã de pizza”, Senhor dos Piercings?

—Você pode parar de me interromper?

—Responda!

—Eu gosto de pizza, calma. A questão é: Eu acho que existam comidas melhores, por exemplo, um bom hambúrguer com batatas fritas, ou até mesmo uma Lasanha À Bolonhesa.

—Eu faço a melhor lasanha do mundo! –Levanta o queixo como se fosse uma grande vitória, me fazendo rir.

—Ei? Do que está rindo? É sério, viu! Você está definitivamente convidado a comparecer na minha casa, para provar a minha lasanha.

—Nossa Joaninha, você é rápida hein?

—Quê?

—Primeiro me chama de gatinho e agora já ta me chamando para ir à sua casa, vamos com calma, tá bem? Você é muito gata, mas acabamos de nos conhecer.

—Como você é idiota, Plagg! –A vejo abrir a boca enquanto fica vermelha, até que finalmente revira os olhos, põe as mãos sobre os mesmos e solta um gritinho abafado. –AAAAH!

—Estou brincando com você! Mas aceito o convite para experimentar a “melhor lasanha do mundo”. –Solto uma risada e a observo me acompanhar.

—O convite só vai valer se você me falar quantos piercings tem.

—Só esses que você está vendo. Na orelha direita eu tenho três hélix* e o alargador, na esquerda o industrial* e outro alargador. –Observo-a fazer a contagem nos dedos e sigo citando os piercings. –Tenho esse na sobrancelha direita e no septo*. Com isso fechamos oito, se você contar os alargadores.

—E você pretende por mais algum?

—Pra falar a verdade, eu pretendo sim. Por um no canto da boca. Talvez mais algum, mas não tenho certeza.

—Eu tenho um hélix na orelha esquerda e queria por um no smile. –Enquanto falava ela pôs o cabelo para trás da orelha e pude visualizar o piercing.

—Sabe, eu acho que você ficaria muito bonita com um piercing assim, só um minuto. –Pego meu celular e procuro pelo piercing que estou pensando. –Aqui! Esse tipo se chama microdermal*, pode ser colocado em vários lugares do corpo, mas acho que uma pedrinha no rosto ficaria linda.

—É bonito, mas não sei se teria coragem e muito menos se meus pais deixariam.

—Não posso te dizer que sei como é, porque minha mãe não liga muito pra isso. E como eu trabalho já tem um tempo, não foi problema.

—Você trabalha com o quê?

—Ei, já chega de perguntas pra mim. Minha vez de perguntar.

—Sério?

—Sim! Deixe me ver, você não é Parisiense então de onde vem?

—Sou inglesa.

—Salve a Rainha! –Caímos na risada e nesse momento percebo que o sinal já ia tocar. –Acho melhor você guardar seu caderno, já está na hora do intervalo.

—Nossa, é verdade. Se você quiser ir encontrar seus amigos tudo bem, eu preciso entregar um livro na biblioteca e possivelmente nem vá chegar perto da cantina.

—Se você tem tanta certeza, eu vou indo. A fome sempre chega nesse horário.  -Antes de ir embora, peguei minha carteira e vi que ela pegava o livro que falou na mochila.

Mal cheguei ao pátio e os quatro já estavam me esperando.

—Antes que vocês digam alguma coisa, sim, eu falei com ela. Que é minha colega de classe e divide a carteira comigo. Ela é muito bonita, como vocês deveriam saber, gosta de joaninhas e é inglesa. Ah, ela também parece ser bem inteligente e gosta de ler.

—Sabe você até que daria um bom parceiro; - Alya sorri e eu apenas reviro os olhos.

—Sem mais perguntas, senhores e senhoras, preciso comer. –Caminho em direção à cantina e sou seguido por eles.

...

☯ Tikki  ▫

Logo que Plagg saiu da sala, percebi que ele havia deixado o celular sobre a mesa, achei melhor não mexer na sua mochila então o guardei no bolso e segui até a biblioteca.

—Olá! Vim deixar o livro que peguei na semana passada.

—Olá, querida! Tenho novidades, o livro que você queria já foi entregue e eu o reservei pra você.

—Nossa muito obrigada, posso leva-lo?

—Com certeza!

Em pouco mais de cinco minutos eu já havia saído da biblioteca. Passei na cantina e peguei apenas um café, ainda precisava achar Plagg para entregar esse celular. Estava distraída e esbarrei em alguém.

—Eu sinto muito, não te vi.

—Tudo bem. Tikki, certo?

—Certo e você é? –Levanto os olhos e acabo vendo um garoto que deve ter a minha idade, com olhos castanhos escuros, quase pretos e um sorriso largo e brilhante.

—Sou Thiago, somos da mesma turma.

—Desculpe, eu não sou muito espontânea e por isso evito os colegas.

—Evita os colegas, menos o Plagg. Vi vocês conversando hoje.

—Apenas perguntei onde ele havia feito o intercambio e quando ele me falou que era na Itália, comentei que gostava bastante de lá.

—Entendo. Bom, nos vemos por aí!

—Claro.

Assim que ele segue seu caminho e eu o meu, percebo que é um pouco estranho, mas prefiro me concentrar no meu café e em encontrar Plagg, o que não foi tão difícil, pois seus cabelos pretos são bem diferentes dos demais, isso inclui o de uma de suas amigas que tem o cabelo em tons de preto azulado.

—Plagg?

—E aí, Joaninha? Quer se juntar a nós? –Ele se vira no banco em que está sentado e da um leve sorriso pra mim.

—Obrigada pelo convite, mas não. Vim apenas lhe entregar isto. –Estendo a mão com o seu celular. –Estava em cima da nossa mesa, mas eu achei melhor lhe entregar, não gosto muito dessa coisa de salas de aula abertas no intervalo.

—Muito obrigado, eu estava quase surtando.

—Realmente estava, você não faz ideia. Sou Marinette, é um prazer!

—Tikki, o prazer é meu! Bom, eu preciso ir agora, até mais.

Definitivamente, eu não sei como me aproximar de pessoas estranhas, eles parecem ser bem legais, mas não acho que seria legal invadir o espaço deles. Pelo menos não assim, do nada.

Retorno à sala de aula e arrumo meu material para as próximas três aulas, enfim iniciando a leitura do meu livro, estava muito ansiosa para começar.

...