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Capítulo 1
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Notas iniciais do capítulo

oi oi tudo bem?

eu terminei de ler O navio dos mortos então é ?“BVIO que estou obcecado por Alex Fierro e FierroChase. Nothing but respect for my president.

essa one é bem curtinha e etc mas eu adoro esse AU. Quase escrevi algo parecido com Solangelo esses dias. É curtinha, mas de coração

boa leitura ♥



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Magnus tinha aprendido, com o tempo, a identificar eles. Não é muito difícil de perceber quando alguém está totalmente perdido.

E aquela pessoa em especial parecia terrivelmente perdida. Ou perdido? Perdide? Não tinha muita certeza de quais pronomes usar.

Normalmente era sua mãe quem iria falar com o individuo, mas Magnus pensou que seria uma boa ideia ele ir. Não que fosse bom com as palavras, apenas achou mais adequado.

E, por algum motivo, sentiu vontade de falar com ela. Pelo menos achava esse era o pronome correto.

Nem todo adolescente toma a devida iniciativa de chegar lá e dizer algo como “Olá! Meus pais acabaram de me expulsar de casa porque não sou hétero e/ ou cisgênero. Li na internet que vocês podem me fornecer uma cama quentinha pra dormir hoje. É verdade?”.

Alguns deles chegavam bem perto e simplesmente ficaram na frente da casa, querendo entrar, mas não querendo ao mesmo tempo. É complicado.

Magnus simplesmente tinha sorte de ter uma mãe incrível com iniciativa para ajudar os outros e um tio tão rico que concordou em financiar um projeto para apoiar LGBT’s, então não sabia como era estar naquela situação, mas conseguia imaginar.

— Oi.

A pessoa encarou Magnus imediatamente. Seus cabelos estavam cortados acima do ombro e tingidos em um tom de verde bem chamativo. A raiz estava preta, precisando de um retoque. A camisa xadrez, amarrada em sua cintura, era tão verde quanto. A blusa e a calça skinny eram rosas. Apenas o all star era branco, mas havia algumas palavras rabiscadas nele com canetinha verde.

Quando sentiu os olhos em cima de si, Magnus sentiu suas bochechas ficarem levemente coradas. Não soube dizer o porquê. Colocou as mãos nos bolsos, esperando ela dizer algo (tinha quase certeza de que seus pronomes eram femininos, mas não queria tirar conclusões precipitadas).

Eles ficaram alguns segundos se encarando, até que Magnus falou novamente.

— Você quer... Entrar?

Ela estremeceu, mas não disse nada. Estava sentada há quase uma hora em um banco que ficava em frente à casa, olhando na direção da porta de minuto em minuto, Magnus a esteve observando pela janela por vários minutos antes de finalmente tomar a atitude.

Havia uma mochila em suas costas, mas parecia meio vazia. Talvez tivesse saído as pressas de casa. Normalmente é assim.

Sentou ao seu lado. Ela pareceu levemente apreensiva, mas manteve o olhar fixo nos próprios pés. Magnus se perguntou se ela esteve chorando, porque seus olhos pareciam vermelhos.

Fale alguma coisa útil, seu idiota.

— Qual é o seu nome?

Ela demorou alguns segundos para responder, provavelmente pensando se deveria ou não responder.

Finalmente, levantou o rosto e o encarou. Magnus teve a sensação de que, se pudesse, ela teria se transformado em um leão e pulado em cima dele, mas, mesmo assim, a jovem respondeu:

— Alex.

— Sou Magnus. — disse, mesmo que não tivesse perguntado.

Uma sombra de reconhecimento passou pelo seu rosto. Havia uma página na internet explicando sobre o projeto. O nome de Magnus estava lá. Talvez ela tenha visto.

— Você está bem? — se sentiu na obrigação de perguntar. — Precisa ir para o hospital? Ou talvez a polícia... ?

— O quê? — ela o olhou como se ele fosse louco, então negou com a cabeça. — Não. Não, eu estou bem.

— Apenas checando.

Alex se calou. Colocou a mão direita no joelho e respirou fundo. Magnus se perguntou o que passava em sua mente.

— Quais são seus pronomes?

— Meus... O que?

Alex o encarou. Dessa vez, não apenas como se Magnus fosse louco, mas como se ele fosse um alienígena que tivesse acabado de descer na terra com um bacalhau na cabeça e cantando cantigas infantis do século XX.

— Seus pronomes.

Alex pareceu mais confusa ainda. Ela (ou ele?) mordeu o lábio inferior.

— Ninguém nunca me pediu isso antes. — confessou.

— Desculpe. Minha mãe sempre diz que é melhor perguntar do que...

— Não, não. Tudo bem. — ela pigarreou. — Meus pronomes agora são ela e dela. — respondeu.

Primeiro ele pensou pontos pra mim, eu acertei e então se deu conta de que havia um agora na frase. Não o surpreendeu, mas aquela coisa toda ainda era um pouco confusa para ele. Magnus podia ser bem lerdo as vezes, mas fazia o que podia.

— Então... Você quer entrar? Está aqui há bastante tempo.

Alex pareceu ficar na defensiva de repente. Ela analisou Magnus.

— Como é que isso funciona? Eu não preciso pagar nada? Porque não tenho nada de dinheiro.

— Você não deve nada. É só entrar e escolher um dos quartos disponíveis, se precisar passar a noite. Mamãe pode fazer algo pra você comer. Tem um pequeno questionário pra você responder, mas pode fazer isso amanhã. Tem um psicólogo que você pode conversar toda terça e quinta, se quiser.

— Eu não quero conversar com ninguém.

— Tudo bem, não precisa. Mas é bom, as vezes.

— Não quero ninguém na minha cabeça.

— Hã, não sei se é bem assim que funciona.

— E que tipo de questionário?

— Coisa tipo: Você foi vítima de algum crime? Sente que isso pode acontecer de novo? Quer ajuda para ir à polícia e/ ou hospital? Precisa de moradia permanente? Etc.

— Ah... Parece sensato.

Alex baixou o rosto.

Magnus se perguntou se não teria sido melhor sua mãe estar ali.

A garota passou a mão pelos fios verdes do cabelo. Parecia carregar todo o peso do mundo em suas costas. Era uma cena dolorosa de se ver. O pior era lembrar quantos adolescentes passavam o mesmo. Não havia nada de novo ou de surpreendente naquilo, mas Magnus ficava com ódio toda vez. Ele era tão privilegiado por ter uma família que o apoiou desde o inicio quando passou a se entender como pansexual, por que é que todos não tinham o mesmo?

— Eu acho que... — Alex disse. — Meu braço... — ela engoliu em seco. Só então Magnus se deu conta de que seu braço direito esteve todo o tempo colado no corpo, como se tentasse o proteger. — Eu caí da escada.

Poderia apostar que ela não caiu sozinha, mas que alguém a empurrou, mas decidiu não dizer nada quanto a isso.

As vezes ficar em silêncio é a melhor alternativa.

— Está doendo? — ele perguntou.

Alex fechou os olhos.

— Um pouco.

Não acreditou muito na resposta.

Magnus imaginou que, se não fosse a situação, ela provavelmente não diria nada. Alex não parecia o tipo de pessoa que falava as coisas com facilidade, mas ela estava sozinha e aparentemente perdida e quando se está nessas situações você não pensa muito.

— Talvez esteja quebrado. — Magnus opinou. — Você quer entrar? Minha mãe pode te ajudar. Ela sempre sabe o que fazer.

Ele tinha aprendido a usar frases como se fossem sugestões, não ordens. Era sempre melhor assim.

A garota assentiu, apertando o maxilar.

Magnus sentiu uma imensa vontade de abraça-la, mas se manteve firme enquanto se levantava e caminhava ao seu lado até a porta da residência.

As vezes o mundo é muito cruel.


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Notas finais do capítulo

me perdoem se tiver confuso ou meio ruim :/ ninguém betou pra mim iasjdifasd me avisem qualquer erro, por favor. Deixem comentários, eu adoraria saber a opinião de vocês, sério. Mas muito obrigado por ler ♥

abraços ♥



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