Marlene sempre esteve disponível para ele, seria tolice dizer que se fez de difícil, porque não fez. Mas estava colocando fim naquilo, não podia admitir que um homem achava que podia encontrá-la onde quisesse, quando quisesse e como quisesse sem lhe dar nenhuma satisfação. Por isso, naquela manhã ao encontrar a cama vazia e se observar com a maquiagem borrada, Marlene tomou uma decisão: Novas Regras.

Queimou as fotos, limpou o apartamento, jogou fora as camisas esquecidas no armário e cortou o cabelo que ele sempre disse gostar comprido.

Ela gostava dele curto. E isso era o que importava.

Agora tinha fotos da família no porta retrato da sala, as almofadas e travesseiros agora tinham o cheiro característico de amaciante de lavanda — seu favorito e o que ele mais odiava — e seus vestidos estavam distribuídos em espaços iguais.

Novas regras. Parecia libertador. Porque não experimentou antes?

Primeiro: Ele não a ama, disse a si mesma quando queimou a foto do passeio no parque em 7 de abril. Segundo: Não atenda o telefone, você sabe que ele ligou porque está bêbado e só. Terceiro: Não existe amizade alguma para vocês. Um amigo de verdade não a trataria como um objetivo descartável. Seja forte, ordenou a si mesma.

Nunca mais iria chorar por ser deixada durante a madrugada, nunca mais se perguntaria onde errou e nunca mais sequer cogitaria trocar de roupa por não agradá-lo.

Os olhos da Sra. Florwes a acompanharam com descrença quando Marlene jogou fora o gigantesco urso de pelúcia — que ganhou sobre duras cobranças — e quando colocou para fora as centenas de flores que faziam seu nariz arder — porque ele nem sabia que ela era alérgica a girassóis. 

Flores baratas e mentirosas.

Tentou seguir em frente diversas vezes, mas as recaídas eram constantes como as de um viciado. Mas isso era o fim. Estava dando um fim ao seu sofrimento e se presenteando com uma dose gigantesca e infalível de amor próprio.

Novas regras para si mesma.

Ele não gostava de suas roupas, não gostava do seu cabelo despenteado ou do seu bom vermelho, mas Lene se sentia livre agora, tinha novas regras.

E nunca achou que ter regras fosse tão satisfatório.

Sirius Black nunca mais voltaria a abusar de seu amor. Não importa o quão bem ele a fizesse sentir por algumas horas, depois sempre a fazia sentir-se mal.

Não valia a pena, considerou.

— Ele não a ama. Não o atenda. Não seja amiga dele. — Repetiu para si mesma em frente ao espelho. Os cabelos na altura dos ombros balançou quando assentiu. — Novas regras.