Riddle simplesmente não podia acreditar no que seus olhos estavam vendo.

 Thatcher estava no meio da floresta proibida com um centauro e não apenas isso, eles estavam conversando.

 Quando ele planejou toda aquela emboscada não imaginou que a garota teria mesmo coragem de adentrar a floresta, a maioria dos estudantes adoravam brincar na orla, mas possuíam medo de encarar a escuridão cheia de criaturas que as árvores abrigavam, mas Thatcher não, ela entrara com confiança, como se já tivesse feito isso antes e não tivesse medo.

 É claro que ele também cogitara isso, não seria o líder que era se não pensasse em várias possibilidades, entretanto ele imaginara que as criaturas seriam o suficiente para afugentá-la e se não, ela seria atacada.

 Mas alguma coisa estava errada, odiava admitir, porém ele estava deixando passar alguma coisa, uma informação crucial sobre Hermione Thatcher, se ele ao menos pudesse ouvir o assunto da conversa…

 As criaturas da Floresta Proibida eram conhecidas por atacar e em nenhum momento perguntar, aquele era o território deles e a maioria não eram receptiva aos estranhos, Riddle e sua turma só não eram atacados porque agora sabiam que aquilo não acabaria bem para eles.

 Mas Thatcher parecia muito familiarizada com tudo, até mesmo com a criatura que alguns considerariam assustadora, como se já se conhecessem.

 Riddle estreitou os olhos, será que era isso que Thatcher fazia quando era encontrada vagando pelos corredores de Hogwarts? Saia para os terrenos e adentrava a floresta para confraternizar com aquelas criaturas nojentas? O que ela ganharia com isso?

 Era certo que os centauros eram conhecidos por profecias feitas de acordo com as estrelas, mas existiam muitos bruxos que possuíam a mesma habilidade o que fazia se sujeitar a essa situação uma coisa completamente desnecessária, principalmente a Thatcher que já deixara claro em determinados momentos qual sua opinião sobre trouxas e criaturas com pouca inteligência. 

 Hermione Thatcher estava se transformando cada vez mais em alguém que ele não compreendia e se tinha coisa que Riddle não gostava era não saber das coisas.

 Era por isso que ele iria descobrir cada pequeno segredo que Thatcher estivesse pensando em guardar.

 Mas não naquele momento, porque se Riddle tinha qualquer intenção de se aproximar ou usar algum feitiço para descobrir os planos de Hermione ele foi cortado por um feitiço silencioso que veio do outro lado da floresta.

 Não tinha dúvidas, Druella havia encontrado ela.

 Hermione não tinha mais tempo, assim como imaginara Riddle e seus seguidores tinham vindo atrás dela em uma armadilha.

 O feitiço lançado da escuridão quase a atingiu, mas seus reflexos foram rápidos, precisavam ser rápidos, e ela retaliou, virou-se para dizer para o centauro que ele deveria ir, que não era mais seguro, principalmente porque não sabia quantas pessoas estavam ali e o que tinham visto, entretanto ele não estava mais lá.

 Bem, pelo menos essa era uma preocupação a menos que ela deveria ter, com sorte a presença dele teria passado despercebida, mas ela ainda não conseguia ver quem a estava atacando, não sabia se era uma pessoa ou várias delas, ela só se defendia como podia o que a deixava em uma situação muito mais vulnerável do que gostaria.

 Aqueles bruxos tinham muito conhecimento das Artes das Trevas, era para isso que se encontravam tantas vezes, mas Hermione também sabia, tivera anos para estudar os feitiços dos comensais da morte, ela sabia o que eles usavam e ela, diferente daqueles ali, já havia estado em uma batalha, sabia exatamente como se comportar em situações extremas como aquela e isso era uma vantagem que ela agradecia agora. E Hermione era inteligente, mesmo sendo vários contra apenas uma, ela sabia que daria conta, precisava dar conta.

 Outro feitiço quase a atingiu por pouco, mas acabou destruindo uma árvore às suas costas, a escuridão da floresta parecendo se aprofundar agora que os bruxos tinham decidido mostrar seu poder.

 Será que Riddle estava ali? Será que era ele que a atacava consecutivamente?

 Não, ela podia não conhecer Riddle muito bem, mas conhecia o que ele se tornara com o passar dos anos, ela conhecia Voldemort e sabia que embora ele estivesse desconfiado dela ainda não a considerava uma verdadeira inimiga então não perderia seu tempo a atacando assim, daria esse prazer aos seus aliados.

 E eles eram bons, muito bons, e estavam chegando cada vez mais para participar da festa, os feitiços vinham de todos os lados agora e finalmente um deles despontou na pouca claridade e Hermione pôde distinguir Druella com um sorriso maldoso no rosto.

 Era claro que a garota ia aproveitar aquele momento que não existiam regras para partir para sua vingança contra Hermione, ela não tinha escrúpulos e só sabia jogar sujo e era por isso que o pior de todos era ela, com toda certeza, os comensais tinham maldade no sangue, mas Druella também tinha raiva, ela não gostava nenhum pouco de Hermione por conta daquele episódio no Expresso de Hogwarts, a menina não aceitava ser tratada como uma qualquer, não quando cresceu aproveitando os privilégios que seu sobrenome trazia.

 Para ela, Hermione ia contra tudo o que sabia e por isso deveria pagar.

 Ficou mais do que óbvio suas intenções quando ela começou a atacar Hermione com mais fervor, os ataques dos outros não era nada se comparado com o de Druella.

 Hermione escapou de um Crucio por pouco, Druella estava usando tudo o que podia e Hermione resolveu ser mais agressiva também, já tinha passado do seu limite quando decidiu fazer de tudo para derrotar Riddle mesmo que isso comprometesse sua integridade, ela não tinha mais medo.

 Agora só as duas duelavam, talvez porque os outros tenham percebido que aquilo era mais do que imaginavam ou talvez por uma ordem silenciosa de Riddle. De qualquer forma, as varinhas de Druella e Hermione eram as únicas ainda sendo brandidas de forma incessante enquanto ambas tentavam se proteger dos feitiços que ricocheteavam.

 Druella sabia que estava perdendo, todos conseguiam ver isso, Thatcher demonstrava muita habilidade com sua varinha e reflexos perfeitos, foi por isso e como uma última tentativa, mesmo sabendo que Riddle não gostaria nada daquilo, que ela gritou:

— Avada Kedavra!

— Protego! Sectumsempra!

 Druella não soube o que era aquilo, nunca ouvira aquele feitiço antes, mas era como se milhões de facas cortassem o corpo dela no mesmo instante.

 Caiu no chão, a varinha escapando por entre os dedos, o ar fugindo dos pulmões. Não soube se pediu ajuda, não se lembrava de mais nada além da dor excruciante, da sensação quente do sangue brotando na pele e então, a escuridão.