* UMA SEMANA ANTES DA VIAGEM *

—  Ultimo dia de aula... Parece que foi ontem o meu primeiro dia. – Lyu suspirava tirando uma foto da gaveta – Júlia, quem diria heim? Logo no primeiro dia já te olhava diferente. Seu primeiro beijo foi maravilhoso, e eu te agradeço sempre por estar comigo até hoje. Dessa vez eu que vou te surpreender, vou te pedir em casamento na viagem. – Ele falava sozinho olhando para a foto de Júlia. Uma mulher de cabelos loiros enormes, uma pele branca e os olhos que brilhavam até na foto. Seu sorriso esbanjava luz e todos da faculdade babavam quando ela passava, mas ela se encantou pelo Lyu, um garoto simples e romântico, e foi justamente isso que fez a garota se apaixonar por ele. – Bem, vamos em frente. – Quando Lyu se virou foi surpreendido com um taco de sinuca que se chocou no rosto dele, caindo. Meio atordoado tentou levantar assustado, mas levou mais duas tacadas nas costas fazendo a visão dele começar a se escurecer, e se fixou na foto de Júlia que estava em suas mãos. — Jú.. Jú... — Seguido de mais um chute nas costelas. E apagou.

* DIA DA VIAGEM*

—Tchau Mãe! Tchau pai! — Eu acenava para minha família e amigos que faziam o mesmo. Quando olhei uma grande mancha vermelha no mar.

— Pessoal que vermelhão é aquele no mar? Parece sangue!

— Acertou Mizeravi, é sangue mesmo! – Henrique como sempre engraçadinho, rindo da situação.

— E como você sabe Henrique? – Erick olhava assustado, mas ainda dava pequenas risadas

— Estamos no mar gordão! Existem vários animais em baixo desse mar sabia? Por isso fica esperto, que o próximo alimento pode ser você, ai já sabe né? Teremos um novo mar vermelho! – Henrique gargalhava e eu não me contive e comecei a rir também (assim mesmo achando uma merda a piada).
O navio deu partida de vez e já não se enxergava mais nada além de água.  Todos estavam muito felizes e saltitantes, porém assim mesmo todos formados, maiores de idade, ainda tinha a tal da organização. Então o ‘’ chefão’’ da classe e também representante de sala colocou ordem na bagunça. O rapaz com cabelos longos meio castanho claro, pele clara e meio baixinho, usava um óculos escuro e uma regata do flash, pegou seu alto falante e subiu na mesa:

— Vamos acalmar os nervos quinta série B! A festa ainda nem começou e vocês parecem um bando de loucos fugindo do hospício! – A galera sempre respeitou o Vinicius, pois ele era o mais centrado da turma, mas também sempre teve um gênio forte. – Vamos lá então galera, eu também quero curtir muito essa viagem a gente merece! Vou fazer a chamada aqui, pra ver se todos estão presentes. Alex?

— Aqui professor. – Alex sempre foi meio estranho, mas era parceiro nas horas vagas. Ele é todo tatuado, cabelo preto e pele bem branca.

— Ana Beatriz – Martinato continuava.

— Oooi! -- Sempre alegre, Ana parecia que estava de bem com a vida toda hora. Ela usava uma roupa de Líder de torcida, e jogava seus cabelos loiros na cara das pessoas.
— Pra agilizar, vão levantando a mão só. Ok? – Martinato além de tudo, era bipolar.— Marcello o maior da turma levantava a mão. Grasi apenas fez uma expressão com o rosto, com cara de poucos amigos, ela era baixinha mas muito brava... – Depois de falar o nome de todos, percebeu que faltavam duas pessoas.— Pessoal, ninguém tem noticias do Lucas Lyu ? Ele já sumiu faz uma semana, e não compareceu na viagem dos sonhos. Júlia você é namorada dele, deveria saber algo né?

— Não gostaria de falar dele ok? Ele escreveu uma carta falando que me odeia, e que ia sumir pra sempre da minha vida. Fiquei mal a semana toda, liguei varias vezes pra ele e fiquei sem resposta. – Ela segurava o choro, mas foi forte e se calou.

— Estranho... Mas ok. – Martinato olhava ao redor do navio. – E o Saucedo? Ele também não está aqui e... – Um baixinho chegava correndo meio assustado e disfarçando. Saucedo além da pequena altura, é troncudinho, cabelos pretos e olhos arregalados, também tinha suas ‘’estranhezas’’.

— Opa! To aqui chefinho... Tava no banheiro. – Ele tava meio atordoado e olhava pra Júlia. – PRESENTE! – Ele se juntava a turma e dava pequenas risadas.

Eram três dias só pra chegar na ilha, já era noite e eu estava na sacada mais alta do navio olhando o mar. Sempre gostei da natureza então me sentia livre naquele lugar, gostava de ficar sozinho as vezes era meu momento de paz interior. Observava um rapaz de cabelos cacheados e uma mulher de cabelos castanhos ate o ombro, olhei bem e percebi que era mais um casal da nossa sala, Gabriel e Luana. Eles pareciam bem felizes e curtiam a lua. Mais pra baixo se formava um grupo tocando violão, bebendo e usando ervas. Era lá que eu ia me juntar em breve. A ilha era composta por uma grande parte de quartos e aldeias, então alem da minha turma, também tinha uns turistas no navio.O clima estava muito bom que até se tornava um ar meio suspeito, as vezes surgia na minha mente o Lucas Lyu, muito estranho ele ter sumido dessa forma, ele sempre foi tão carinhoso com a Julia que era mesmo de se estranhar ele escrever uma carta dispensando ela, e logo em seguida sumido. Eu tava disposto a ligar pra ele chegando no destino, já que no navio não tinha sinal.

— Posso ficar ai com você? – Uma voz feminina surgiu do nada. Olhei assustado pra trás e vi que era a Júlia.

— Oi! Claro!  Senta ai. – Era nítido que ela estava muito chateada, olhei pra ela e por dois segundos vi uma outra Júlia, com outros olhos. Mas no mesmo momento pensei no Lyu e voltei ao foco normal. – Não fica assim, quando chegarmos vamos ligar pra ele tá?

— Não. – O olhar dela mudou da água pro vinho. – Nunca mais quero olhar pra cara dele. Por mim espero que ele tenha morrido. – A frase me espantou, e logo em seguida ela também se espantou e começou a chorar. — O que ele escreveu pra mim, não tem perdão Rodrigo. – Ela chorava de soluçar.

— Desculpe me intrometer, mas o que de tão ruim ele escreveu? Poxa, ele sempre foi tão carinhoso contigo e do nada faz você ficar desse jeito? Eu não consigo entender isso Jú...

— Ele fugiu com outra mulher.  – Me interrompeu, e continuou. – Disse que nunca me amou, que só me usou esse tempo todo. Falou coisas horríveis de mim Rodrigo. Entendeu agora porque não quero falar dele nessa viagem? – Julia limpava as lagrimas tremendo. Eu fiquei completamente sem reação.

— Desculpe ter entrado nesse assunto... – Fiquei sem resposta

—Tudo bem, não se preocupa... Sinto-me mais aliviada agora, e te agradeço! Vamos curtir essa viagem. – Deu um sorriso e ficou olhando o mar. – As vezes tenho vontade de pular sabe? Parece que ela me chama.

— Não ouve ela não, também tenho as vezes mas te garanto que estamos bem aqui. – Dei uma risada mas fiquei preocupado.

Ficamos horas conversando sobre muitas coisas, em quatro anos de faculdade, nunca tinha conversado tanto com ela. Foi um momento bom e agradável , depois daquele assunto. Os dias foram passando e os funcionários do navio nos alertou que estávamos bem próximo do nosso local. A ilha dos nossos sonhos. Enfim de fato começava  nossa viagem.

— ATENÇÃO PESSOAL ESTAMOS A CINCO MINUTOS DA ILHA, SE ARRUMEM QUE JÁ VAMOS DESCER! – Martinato gritava no seu Alto falante. Ele estava tão distraído que não percebeu o vão que dava no mar, despencando lá de cima. Todos desesperados começaram a gritar o nome dele que simplesmente desapareceu, olhamos pra baixo e só avistava seu alto falante boiando. Mandamos o navio parar, a sorte que já estava meio devagar pois estava chegando.
Todos procuravam ele no mar, mas tinha sumido. De repente Saucedo se jogou la de cima, mergulhando na água

— Legal, agora são dois no alto mar. – Henrique pela primeira vez parecia preocupado e não fez piada.

Pensei em pular também, mas eu ia morrer primeiro que todo mundo, então fiquei apenas tentando não perder o Saucedo de vista que já nadava em alto mar.

— Achei! – O anão mergulhou e tudo ficou em silencio.

— Ele ta demorando muito pra voltar, cadê ele? – Mesquita começava entrar em desespero.

Pra piorar começou e dar uma neblina muito forte, a vista começou a piorar. Tentei  ir pra outro espaço do navio mas já não achava mais nada.

— Que bosta de neblina repentina é essa? – Comecei a andar praticamente nas cegas.  – Martinato!! Saucedo!! – Senti o motor ligando, e o navio começou a andar novamente.— Espera! Tem duas pessoas no mar porra, para essa merda!! – Eu me perdi de todo mundo, a neblina estava tão forte que tampou toda a visão, só conseguia ouvir ruídos. De repende o navio deu um tranco e tudo escureceu.

Acordei com uma faca na mão cheio de sangue, na minha frente estava o Lucas Lyu com o corpo todo sangrando.

—  Foi você! Você é o culpado de tudo isso! Assassino!! – Lyu começava gritar todo ensanguentado se arrastando até mim. Sai correndo assustado e vi o Martinato e o Saucedo com a pele roxa falando que a culpa era toda minha.

— RODRIGO!! – Julia gritava meu nome, junto com uma multidão de gente em volta de mim

— Lyu!!  - Acordei assustado.

— Julia – Ela dava uma risada de leve. – Fica calmo , você no desespero escorregou e bateu a cabeça. O Saucedo conseguiu salvar o Martinato no momento que pulou no mar. – Olhei pro lado e vi os dois sentados respirando, Martinato assustado e Saucedo com o ego no céu.

— E a neblina? Sumiu? – Ainda estava assustado com tudo que sonhei.

— Que neblina? – Erick se intrometeu no assunto.

— Ta um dia lindo Ro, como vai dar neblina? Para de usar Doce! – Henrique com suas piadas fez a energia do pânico virar comedia mais uma vez.

Apesar do susto tudo acabou bem no final. Na realidade o final de uma parte, porque a partir de agora estamos na tão sonhada Ilha.
Todos em fila com suas malas, eu ainda estava meio atordoado, bati a cabeça no ferro e tive que colocar uma faixa na testa.

Aquele pesadelo não saia da minha mente, a primeira coisa que ia fazer quando pisasse nessa ilha, era ligar para o Lucas Lyu.

‘’ SEJAM BEM VINDOS A ILHA DE Magdalen Islands’’

Uma placa enorme nos dava as boas vindas.  Porém em baixo dessa placa tinha uma carta. Martinato estava muito assustado ainda e não tomou a liderança pra ler a carta. Então o próprio saucedo fez isso.

‘’ Bem vindos ao jogo da vida de vocês, vejam essa ilha como um tabuleiro, e quero que vocês imaginem que são as peças. Bom... O jogo começou de vez agora’

Ass: ... (em breve) :)''