Seja a Minha Pessoa escrita por damascow


Capítulo 1
Capítulo 1: "Você floresce, você se deleita."




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Prólogo

“Rebecca estava arrumando a sua última mala de roupas que restava, mergulhada em seus pensamentos, que nem reparou que seu pai estava encostado no batente da porta, há alguns minutos, lhe observando calado. Quando terminou de fechar a mala e virou-se de costas para a cama, o encontrou, com uma expressão que Rebecca conhecia muito bem, preocupação.
— O que foi? – Perguntou ela, com desdém.
— Essa foi a última mala? – Perguntou seu pai, ainda sério.
— Sim. – Respondeu, e se sentou na cama, e começou a mexer no celular.
— Até quando você vai ficar com essa cara de poucos amigos para mim e fazer pouco caso de minha existência? –Disse sr. Mendes, com um longo suspiro ao final da frase.
— Até quando eu bem quiser. –Rebecca respondeu, sem nem levantar os olhos do celular.
— Tá bem, você que sabe. –Falou sr. Mendes, antes de se virar e sair do quarto, fechando a porta.
Assim que viu que seu pai não estava mais presente no mesmo ambiente que ela, Rebecca largou o celular e ficou olhando para a mala, quando percebeu, a porta tinha sido aberta novamente.

— Eu sinto muito que isso esteja acontecendo com você. Sinto mesmo. Mas eu não posso e nem quero recusar essa proposta de emprego. É o meu futuro em jogo, minha filha. – Falou sr. Mendes com pesar nos olhos. – Mas acredito que se for pra ser, que se ela realmente for o amor da sua vida, não será essa separação, que acabará com tal sentimento. – Finalizando sua fala. Saiu novamente do quarto, deixando Rebecca imersa em seus pensamentos e com o coração apertado.”

Capítulo 1 – “Você florece, você se deleita.”

17h17 – Sábado.

Sentada em frente ao computador, estudando algo sobre doenças degenerativas, Rebecca acabou se perdendo em seus pensamentos e se lembrou, sem saber exatamente o por quê, de algo que aconteceu há 10 anos atrás, de quando teve que se mudar de Los Angeles, onde morava com o pai, para Nova York, onde mora até hoje.
Após o divórcio escandaloso de seus pais, quando Rebecca tinha apenas 16 anos, ela escolheu que iria morar com o pai, pois na época estava com muita raiva de sua mãe. Para ela, sua mãe era a principal razão do divórcio, pois havia boatos na época que sua mãe traíra seu pai, com um médico atendente, do hospital onde ambos trabalhavam.
Rebecca fora morar com o pai em Los Angeles, onde ele teria conseguido uma tranferência para trabalhar em um dos maiores hospitais da região. Enquanto seus dois irmãos mais novos, Shawn e Lucas, continuaram a morar com a mãe em Nova York.
Rebecca lembrará o quão ficou arrasada quando descobriu que o pai iria aceitar a proposta de voltar a trabalhar no Ignácio Sánchez Hospital (ISH), um dos melhores e maiores hospitais particulares de Nova York. O motivo de Rebecca ficar triste por ir embora tinha longos cabelos castanhos e brilhosos, grandes olhos castanhos e um sorriso tímido, porém lindo, nos lábios. Helena. As duas meninas se conheceram logo na chegada de Rebecca em Los Angeles, e nunca mais se desgrudaram. Um dia antes da partida de Rebecca para Nova York, as duas meninas fizeram 2 anos de namoro, e comemoraram entre beijos, carinhos e lágrimas.
Rebecca foi disperta de seus pensamentos pelo irmão Shawn que estava a sua frente com uma cara de deboche.
— O que foi? – Perguntou ela.
— Eu estou há uns dois minutos chamando você, e você aí, viajando... – Falou o irmão, rindo.
— Estou ocupada Shawn, fala logo o que quer. – Falou Rebecca, com impaciência.
— Calma maninha. – Falou Shawn, em tom de defesa para a irmã. – Só queria saber se você não quer me acompanhar no bar do Marcus... mais tarde?
— Hoje não vai dar, preciso estudar tudo o que eu conseguir esse final de semana, esse ano quero pegar as melhores cirurgias e estar preparada para tudo o que vier. –Falou, olhando para o computador e fazendo algumas anotações no caderno. – O mesmo deveria fazer você... Primeiro ano como residente, precisa estar preparado. – Continuou Rebecca, ainda fazendo anotações.
— Eu sei, mas hoje não, hoje eu quero beber até esquecer qual é o meu nome. –Falou Shawn, já se virando para sair, quando ouviu seu nome sendo chamado pela irmã, virou-se.
— Se cuida, e não dirija! – Falou Rebecca em tom de autoridade. Shawn fez apenas um sinal de continência e saiu do escritório, onde a irmã continuou estudando até horas da madrugada.
Desde que sua mãe faleceu, há 7 anos atrás, vítima de um câncer agressivo, Rebecca sentiu mais que nunca, que precisaria cuidar dos dois irmãos mais novos. Na época Shawn tinha apenas 20 anos e Lucas 17, então o maior medo de Rebecca era que para suprir esse sofrimento de perda, eles acabassem fazendo amizades erradas e se metessem em problemas, o que não aconteceu, pois Rebecca fez o seu trabalho de irmã mais velha muito bem.

22h37 – Sábado.

Shawn estava rindo de alguma piada que os seus amigos muito bêbados estavam contando. Ele não estava para trás, porém ainda tinha consciência do que estava fazendo e falando. Após virar um shot de tequila, Shawn foi ao banheiro e ao voltar para a mesa onde se encontrava com os seus amigos, foi recebido com euforia por eles.
— Mendes, meu amigo, meu irmão... – Falava Patrick, todo enrolado por conta da quantidade de álcool em seu sangue. – Eu te pago 20 dólares se você conseguir uma gata para eu passar a noite de hoje.
— Você não consegue sozinho, Patrick? – Shawn falou em tom de deboche e todos os amigos riram e começaram a zoar o bêbado em questão.
— Conseguir eu consigo, porém eu estou tão bêbado, que eu não consigo distinguir o rosto de ninguém. – Falou Patrick gesticulando com as mãos. – Vai cara, me ajuda, vai. 20 dólares! – Falou quase implorando.
Todos os homens sentados naquela mesa começaram a pressionar Shawn e encorajá-lo a achar alguma “gata” para o amigo. Shawn estava achando aquela situação muito engraçada, pois ele estava bêbado, mas não o suficiente, então ver seus amigos pior que ele e falando bobagens, era muito melhor do que encher a cara e esquecer o que fez, ouviu ou falou.
Após muita insistência de Patrick, e muitos nãos que Shawn falou. David, outro amigo deles que estava sentado a mesa, se comprometeu a ajudar o amigo Patrick.
Quando Shawn viu o grande não que uma garota deu para o David, não se aguentou e começou a rir, e todos os caras a sua volta também. Após zoarem muito Patrick e David, Shawn resolveu que queria beber mais e com isso foi ao bar pedir mais bebidas.
Estava esperando as bebidas quando olhou para frente, onde atrás do balcão estava os atendentes de bar, e avistou um espelho. Começou arrumar o cabelo sem sucesso, que era curto, porém que dava trabalho para Shawn por possuir cachos. Quando viu que estava só piorando as coisas ouviu uma voz ao seu lado falar.
— Eu acho que o que for que você esteja tentando fazer, não está dando certo. – Falou a moça, com um arzinho de deboche.
— Sabe que eu também acho? – Falou Shawn, se virando para a moça bonita ao seu lado.
— Bom, você pode raspar, aí todos os seus problemas serão reduzidos 70%. – Falou, bebendo um gole da bebida que estava em sua mão.
— Você não iria iniciar uma conversa comigo se eu fosse careca, acredite. – Falou Shawn, com um sorriso de lado.
— Você tem razão, cabelo é tudo em uma pessoa. – Falou entrando na brincadeira de Shawn.
— Posso te pagar uma bebida? – Shawn falou, dando sua melhor voz galanteadora, o que funcionou.
— Pode. – Falou a menina, escondendo um sorriso nos lábios.
— Hey Marcus?! Duas vodkas tônicas com limão, por favor! – Pediu Shawn ao atendende e dono do bar. – É sua primeira vez aqui? Pois eu nunca te vi aqui, eu acho. Embora, que seu rosto me seja familiar. – Continuou.
— É sim. Me mudei essa semana para Nova York. – Falou a menina. – Mas sabe que você também não me parece um completo estranho?! – Falou, fingindo incrédulo.
— Talvez seja o destino. – Falou Shawn, bebendo um gole da bebida que acabara de receber de Marcus.
— Eu não acredito em destino. Pelo menos não mais. – Falou a menina, dando de ombros.
— Talvez devesse voltar a acreditar. – Shawn falou, apontando para si e depois para a menina, que riu desse ato do menino.
— Que tal nós curtirmos o momento? – Falou, imitando o ato que o menino recém tinha feito.
— Como você quiser... – Shawn falou, logo iniciando uma conversa sobre como os amigos sentados a mesa no meio do bar, estavam bêbados.
 

05h30 – Segunda-Feira.
 

Rebecca apertava o botão do elevador do hospital pela quinta vez já, estava com pressa, queria chegar antes dos outros residentes, para fazer as rondas, e se tivesse sorte, pegar os melhores casos. Estava pressentindo que seria uma boa semana.
Foi desperta de seus desvaneios, quando uma figura alta parou ao seu lado, com um perfume característico, que impreguinava nos narizes de quem estivesse a sua volta e com um sotaque britânico que derretia qualquer mulher, até mesmo Rebecca, que era lésbica.
— Bom dia Dra. Mendes. – Cumprimentou o homem. – Chegou cedo, o turno dos residentes que estavam de plantão essa noite passada ainda nem acabou.
— Bom dia Dr. Styles. – Disse Rebecca. – Eu gosto de chegar cedo. Quanto mais cedo eu chego, mais eu aprendo.
— Claro. Mas dormir horas suficientes para ter um bom descanso é essencial. – Disse Dr. Styles entrando no elevador que acabará de abrir as portas, seguido de Rebecca. – Não adianta chegar cedo, se no meio do dia, vai estar cansada a ponto de não conseguir render mais nada. – Completou o homem, parando e olhando as horas no relógio que estava no seu pulso esquerdo.
— Eu durmo horas suficientes, senhor. – Respondeu Rebecca,suspirando por fim e recebendo apenas um aceno com a cabeça de Dr. Styles. Odiava quando as pessoas, principalmente pessoas com quem ela não tinha intimidade, lhe questionavam suas atitudes.

Dr. Styles. Peter Styles. Era um médico atendente. O Cirurgião Geral do Hospital, um dos melhores Cirurgiões Gerais dos EUA. Dr. Styles trabalhava no ISH há 3 anos, ele e seu irmão mais novo Harry, que era colega de residência de Rebecca e seu melhor amigo.

Rebecca saiu do elevador, dando um último aceno de cabeça para Dr. Styles e se direcionou para o quarto dos residentes, para guardar suas coisas e colocar seu uniforme.
Por estar no seu último ano de residência, ela deveria escolher uma área para atuar. Cardiologia. Igual ao seu pai. Rebecca era apaixonada por essa área, e sempre que podia, entrava nos melhores casos e melhores cirurgias, para aprender mais. Ficava horas e horas assistindo vídeos antigos de seu pai fazendo cirurgias cárdiotoráxicas, e tentando absorver todo conhecimento que lhe era transmitido.
Pegou seu estetoscópio e se dirigiu para fazer suas rondas.
 

07h00 – Segunda-Feira.
 

Tom guardava alguns papéis em sua gaveta da escrivaninha que ficava numa sala no 7° andar, a sala do Cirurgião Chefe. Aquele dia era especial para ele, estava completando 5 anos que se tornara o chefe das cirurgias. Deu toda sua atenção, quando ouviu duas batidas na porta.
— Pode entrar. – Falou Tom, esperando que alguém entrasse.
— Licença, Chefe. – Falou uma senhora, baixinha e rechonchuda, vestida em um terno feminino. – Vim lhe entregar os documentos sobre a troca dos ar-condicionados no 4° andar. – Completou, entregando os documentos para Tom.
— Obrigada, Meredith. – Falou, já assinando os papéis e entregando de volta para a secretária. – Quando o meu paciente VIP chegar, me chame, por favor. – Completou Tom. Meredith concordou com um aceno de cabeça e deixou o escritório do Cirurgião Chefe.
Tom se sentou em sua cadeira giratória e se pôs a olhar o retrato que estava em cima da mesa ao lado esquerdo. Na foto, estavam seus três filhos e ele. A foto fora tirada no dia em que ele foi renomeado como Cirurgião Chefe do ISH. Há 5 anos atrás. Rebecca em seu 2° ano como interna, esboçava um sorriso gigante, mostrando o quanto estava orgulhosa de seu pai. Shawn, na época estava no seu último ano da faculdade de medicina, abraçava a irmã e o pai, com um sorriso que mostrava a arcada dentária inteira, ao seu lado, se encontrava Tom, que respectivamente ao seu lado esquerdo se encontrava o filho mais novo, Lucas, que na época, recém entrará para o curso de medicina. Tom sempre apoiou as escolhas dos filhos, mas quando soube que os 3 estavam decididos a cursar a carreira que o pai era mestre, tentou persuádi-los. Por mais que medicina fosse uma carreira extremamente linda e honrável, fora a mesma que destruiu seu casamento. Para ser um médico de Renome, você deveria se dedicar somente aos estudos, você não tem tempo para criar uma família e participar dela. Não tem como fazer as duas coisas ao mesmo tempo: ser um cirurgião talentoso e ser um marido e pai de família presente. Bom, pelo menos Tom não tinha conseguido.

07h30 – Segunda-Feira.

Shawn estava em seu armário, guardando suas coisas, quando sentiu que estava sendo observado. Assim que fechou a porta de seu armário, deu de cara com um rosto que achou que nunca mais veria.
— Você não me disse que trabalhava aqui. – Falou a moça, com um sorriso de lado.
— Você não me perguntou. – Falou Shawn, no mesmo tom que a moça.
— Você acabou de fazer eu quebrar a minha primeira regra de trabalho. – Falou a moça, passando ao seu lado e abrindo a porta do armário ao lado do de Shawn.
— Que seria? – Perguntou Shawn curioso.
— Não dormir com nenhum colega de trabalho. – Falou, olhando para ele e voltando a guardar suas coisas.
— Bom, tecnicamente, ontem não nos conhecíamos, ou seja, não éramos colegas de trabalho. –Falou Shawn rindo. – Sendo assim, você não quebrou regra alguma.
A garota apenas soltou uma risada nasalada e balançou a cabeça em negação.
— Mas, se você quiser me encontrar mais tarde no quarto dos plantonistas... – Continuou Shawn, colocando seu jaleco e com um sorriso provocativo nos lábios. – Podemos quebrar essa regra.
— Não, muito obrigada. – Falou a menina, negando com a cabeça novamente. – Pretendo manter dignidade nesse hospital. – Falou, fechando seu armário.
— Por que? – Quis saber Shawn. – Aprontou muito no antigo? – Falou, colocando seu crachá.
— Não... – Falou a moça, olhando para o crachá de Shawn e ficando séria. – Você é um Mendes? – Falou com um tom curioso.
— Shawn Mendes. Nós não chegamos a nos apresentar ontem... Estávamos muito ocupados nos conhecendo. – Falou Shawn, com um sorriso de lado.
— Você é filho do Chefe? – Perguntou a moça um pouco nervosa, ignorando as brincadeiras provocativas de Shawn. Que respondeu concordando com a cabeça.
— E você...? – Perguntou Shawn.
— Helena. Herrera. – Respondeu a menina, ainda surpresa.
— Prazer, Helena. Seja bem-vinda. – Falou Shawn estendendo a mão para um cumprimento que foi recíproco. – Olha só, eu vou fazer as rondas agora e depois ir para clínica. Quer vir junto? Assim já te apresento o hospital.
— Pode ir, eu preciso passar na sala do Chefe antes, para assinar uns últimos documentos. Eu te encontro lá – Mentiu Helena, colocando seu jaleco e tentando ainda digerir a informação que recém receberá.
— Beleza. – Falou Shawn, saindo.
Helena se sentou no banco que se encontrava em frente ao seu armário e ficou ali pensativa. Se Shawn Mendes, filho de Tom Mendes, trabalhava no ISH, será que ela também?
Helena nunca tinha se esquecido do seu primeiro amor. Quando recebeu a proposta de ser tranferida para o ISH, e descobriu que Tom Mendes era o Chefe Cirurgião, passou pela sua cabeça que talvez ela trabalhasse por lá, e agora que as chances eram muito altas, Helena ficará nervosa. Por que? Talvez porque a ideia de reencontrar a mulher que tanto amou quando mais jovem não lhe fosse tão atraente mais. Embora, tenha sonhado com esse dia desde que se separaram. Helena seguiu com sua vida, amou outras pessoas, viveu muitas coisas, não era mais a mesma menina de 17 anos, e com toda certeza, o mesmo teria acontecido com Rebecca. A ideia de ter que conhecer novamente aquela pessoa a qual ela conhecia mais que ninguém, era assustadora. Helena se recompôs e se dirigiu para clínica. Iria fazer todos os trajetos contrários aos de Shawn, pois sabia que se mantesse distância do garoto, manteria distância da irmã dele.
 

13h15 – Segunda-Feira

Após passar a manhã inteira se desencontrando, de propósito, de Shawn. Helena se sentou em uma das mesas do refeitório ao lado de alguns colegas de residência do primeiro ano, para almoçar.
— Eu estou muito decepcionada! – Falou Joanna Nelson, dando um suspiro. – Cara! Eu já sou uma residente, por que diabos os atendentes continuam nos tratando como internos?
— Calma Jô! Recém é nosso primeiro dia... eles se acostumam. – Falou Dennis, tentando acalmar a colega.
— Espero que se acostumem logo! Toda vez que eu chego perto de um atendente, sou olhada com aquele olhar que sempre recebemos no nosso primeiro dia como internos. – Falou a menina, dando uma mordida no seu sanduíche.
— Aquele olhar de desprezo e impaciência, porque sabe que terá que ensinar tudo novamente... - Completou Dennis, com um olhar vago direcionado a mesa.
— Exato... E você, Helena? Curtindo o primeiro dia aqui? – Perguntou Joanna, mostrando interesse.
— Na verdade sim, mas ainda estou bem perdida. Fiquei 20 minutos hoje procurando a sala dos plantonistas da ala norte. – Falou Helena rindo, sendo acompanhada dos demais.
— Você se acostuma. – Falou Dennis de boca cheia. – Até sexta-feira, você já vai saber onde fica tudinho.
Helena ia responder quando olhou para frente e viu Shawn passando na porta principal do refeitório acompanhado de algumas pessoas. Helena nem viu se Rebecca estava junto, apenas pegou sua bandeja, deu uma desculpa esfarrapada para os colegas e saiu daquele lugar antes que Shawn à avistasse.

15h03 – Segunda-Feira

Rebecca estava terminando de lavar as mãos depois de ter participado de uma cirurgia de 6 horas para a retirada de uma hérnia na região da coluna vertebral ao lado de Dra. Lee, quando foi chamada pelo seu pai, já sabendo sobre o que se tratava.
— Boa Tarde, Sr. Wellington. – Falou Rebecca, simpática.
— Nem tão boa tarde, Dra. Mendes. – Falou o líder do conselho, o tal paciênte VIP de Tom.
— O Sr. Wellington, pediu para que toda a sua passagem aqui no Hospital seja em total sigilo. – Explicou Tom para a filha.
— Tudo bem. Quais são seus sintomas Sr. Wellington? – Perguntou Rebecca, se surpreendendo com o ato do paciência em seguida.
Sr. Wellington simplesmente abaixou suas calças para que todos naquele quarto pudessem ver quais eram seus sintomas.
— Semana passada eu estava no Amazonas, e eu acho que eu peguei alguma bactéria... – Sugeriu o homem, envergonhado e logo levantando as calças novamente.
—Bom... a Dra. Gomez irá levá-lo para um raio-x. – Falou Rebecca, balançando a cabeça como se esse ato a fizesse esquecer o que acabara de ver. – Assim que tiver as imagens, me chama por favor. – Falou Rebecca se direcionando para a interna em questão.
— Eu não acredito que você me chamou para um casos desses! – Falou Rebecca, assim que saiu do quarto do paciênte acompanhada pelo pai.
— Você precisa participar de todas as áreas. Novas regras da residência. – Falou Tom, escrevendo algo no prontuário de seu paciente VIP.
— E eu estou! Se você quer que eu participe mais da Geral, Ok. Me mande fazer uma apendicectomia. Mas não me mande cuidar das bolas de um homem. – Falou Rebecca, indignada.
— Você é uma médica, filha. Médicos não devem escolher quais pacientes cuidar ou que doenças tratar. – Falou Tom, dando dois tapinhas no ombro de Rebecca e saindo.
— Devo escolher sim! – Gritou Rebecca para seu pai, que já estava entrando no elevador e apenas fez um sinal de “não” com o dedo indicativo.

16h18 – Segunda-Feira

Shawn estava passando na frente da sala de raio-x, quando avistou a irmã, Dra. Gomez e Dr. Styles.
— Parece um espermatozóide com esqueleto. – Escutou Dr. Gomez falar com um tom de incerteza.
— Definitivamente  isso possui um esqueleto. – Falou Dr. Styles, chegando perto da imagem de raio-x, para ter certeza do que estava vendo.
— Isso é escamas? – Falou Rebecca, apontando para imagem
Shawn, como sempre muito curioso, entrou na sala e começou a visualizar as imagens.
— Caramba! Não creio. – Falou de repente, chamando a atenção de todos.
— O quê, Dr. Mendes?- Perguntou Dr. Styles curioso.
— Você vai deixar eu participar dessa cirurgia, se eu disser o que é isso? – Perguntou Shawn, em tom travesso.
— Desembucha Shawn. – Falou Rebecca, impaciente.
— Vocês estão vendo isso aqui? – Apontou para as imagens. – Isso são espinhas. Esse é o peixe Candiru.

Os demais ficaram confusos por uns segundos, como se procurassem a fundo em suas memórias o significado do que Shawn acabara de falar.
— O peixe do pênis? – Perguntou Dra. Gomez, incrédula.
— Você está dizendo que o Líder do Conselho tem o peixe do pênis? – Perguntou Rebecca, procurando certeza nas palavras do irmão.
— Eu nunca tive tanta certeza na minha vida. Ele mesmo, presente, como todos vocês podem ver. – Falou Shawn, cruzando os braços. – Espera, você disse “Líder do Conselho?”- Perguntou Shawn para a irmã que afirmou lhe dando um sinal com a cabeça. – Oh Cara! Você precisa deixar eu participar dessa cirurgia. – Falou Shawn, se virando para Dr. Styles, que até então estava calado.
— Dr. Gomez, prepare Sr.Wellington para cirurgia. – Falou Dr. Styles para a interna. – Vocês dois, comigo. – Falou para Shawn e Rebecca.

21h57 – Segunda-Feira

Helena estava terminando de preencher o prontuário do último paciente que atenderá, quando ouviu a voz de Shawn ao seu lado.
— Se você estivesse comigo, poderia ter tido a chance de tirar um peixe do pênis de um homem. – Falou Shawn, dando um empurrãozinho leve com o ombro em Helena.
— Você disse “tirar um peixe do pênis de um homem”? – Perguntou Helena, curiosa. Shawn apenas concordou com a cabeça.
Helena queria saber mais detalhes dessa cirurgia, mas quando abriu a boca para perguntar, viu ninguém menos e ninguém mais que Rebecca Mendes, caminhando em direção ao irmão. Helena num ato rápido e automático, virou de costas para Shawn, e por sua sorte, sua colega Joanna estava ao seu lado e começou uma conversa aleatória.
 

21h59 –Segunda-Feira

— Você quer uma carona? – Rebecca chegou, perguntando ao irmão que estava encostado no balcão, escrevendo alguma coisa em algum prontuário.
— Quero sim. Mas antes eu preciso checar um paciente no 217. – Falou Shawn, entregando o prontuário o qual estava escrevendo para uma enfermeira.
— Beleza. Vou te esperar no estacionamento, então. – Falou Rebecca, passando pelo irmão. – Vê se não demora! – Falou se virando de costas para olhar o irmão, porém não foi Shawn quem Rebecca viu.
Câmera lenta. Foi exatamente assim que Rebecca se sentiu quando seus olhares se encontraram. Lá estava ela. Com o cabelo mais curto. Mais alta. Mais velha. Mais madura. Mais mulher. Porém o olhar era o mesmo. Doce, gentil, perspicaz, intimidador. Helena estava lá.


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