Após Naruto derrotar Gaara, Sasuke foi diretamente até onde havia deixado Sakura aos cuidados de Pakun e retorceu o rosto em uma careta ao saber que a garota ainda não havia despertado. Não pensou duas vezes antes de pegá-la em seus braços, aconchegando-a da maneira mais confortável possível a fim de de levá-la às pressas até o Hospital de Konoha.

A garota de cabelos rosa permaneceu inconsciente por todo o trajeto, provavelmente por conta de uma forte pancada na cabeça contra o tronco rígido da árvore onde fora presa pela areia do gennin de Suna.

Inconscientemente, o Uchiha a analisou em todos os pontos, procurando por qualquer ferida mais grave que pudesse encontrar, mas o corpo delicado e curvilíneo denunciava somente alguns machucados e arranhões superficiais.

Porém, Sasuke não pôde deixar de se sentir incomodado com o fato da companheira permanecer desmaiada após tanto tempo e os orbes verdes se manterem fechados daquela maneira. Pela primeira vez desde que a conhecera, desejou poder observar aqueles grandes olhos abertos e direcionados para si, do jeito que somente Sakura era capaz.

Por um segundo, mesmo que não admitisse em voz alta, temeu nunca mais ver a íris esverdeadas. Aquelas que o intimidavam hora ou outra, por parecerem capazes de ler sua alma de uma maneira tão clara.

Sakura, apesar do jeito arrogante e egoísta do Uchiha, não negava seu amor pelo mesmo. E ainda que na maioria das vezes esse excesso de sentimento o incomodasse, Sasuke já havia aceitado que uma parte dele gostava de saber que a garota nutria um afeto tão profundo por si. Era, de certa forma, reconfortante.

Fitou sem querer os lábios entreabertos e rosados e engoliu seco sem saber ao certo o porquê. Perguntou-se internamente qual seria seu gosto ou se eram tão macios quanto aparentavam.

Sem se dar conta e já sentindo-se hipnotizado pela garota em seus braços, Sasuke diminuiu o ritmo de sua corrida apenas para observá-la mais de perto e juntá-la mais contra seu corpo, sentindo a temperatura febril e viciante de sua pele em contato direto com a sua.

— TEME, O QUE ESTÁ FAZENDO? - Naruto gritou se aproximando. - TEMOS QUE LEVAR A SAKURA-CHAN AO HOSPITAL RÁPIDO! SE ESTÁ CANSADO, ENTÃO DEIXA QUE EU A LEVO! - brigou emparelhando-se ao moreno, fazendo-o estalar a língua.

— Não enche, Dobe. Vamos logo - rosnou sentindo-se incomodado e até mesmo constrangido por quase ser pego no flagra em um momento de fraqueza ou loucura, ele não sabia ao certo como definir.

Sasuke abaixou mais uma vez os orbes ônix até a garota desacordada novamente por não conseguir se manter focado no caminho, atormentado com aquela reflexão. Ele notou o quão frágil ela parecia naquele momento e também o quão desalinhado estava o seu cabelo róseo.

A lembrança de como a encontrou na Floresta da Morte o assolou, trazendo junto de si a ira que sentiu quando a viu tão machucada e o sentimento de vingança consequente que veio logo em seguida àquela visão.

Ele sabia que Sakura tinha deixado de ser apenas sua companheira irritante de time quando se arriscou sozinha para proteger a ele e Naruto. Mesmo que não confessasse, tinha um sentimento protetivo e orgulhoso sobre ela, afinal, a garota tinha um controle impecável de chakra e saber que ela se livrara do cabelo longo – e de toda futilidade que ele representava - para poder intervir em uma situação de risco em que os amigos se encontravam era admirável.

Era exatamente o que Kakashi os ensinou no primeiro dia como o Time 7. 

Via Sakura com outros olhos agora. A reconhecia como sua companheira de verdade e como a garota corajosa que era.

Acelerou os passos tentando ignorar o coração que pulsava mais rápido e evitou olhá-la novamente. Se sentia um idiota. O que diabos estava pensando? Era apenas Sakura. A irritante companheira de time que não o deixava em paz. A garota boba e infantil que ainda não conhecia a face ruim da vida.

Mas, desde quando ela havia ficado tão atraente aos seus olhos?

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Quando finalmente chegaram ao hospital de Konoha, Naruto abriu a porta da entrada para que o Uchiha passasse com Sakura por ela. Logo uma enfermeira morena os interceptou, perguntando sobre o estado em que a garota se encontrava e como ocorreu o incidente.

O moreno deu as respostas que a moça precisava de forma rápida e direta, enquanto Naruto complementou sua fala com o máximo de informações possíveis ao passo que mais enfermeiros se aproximavam com uma maca.

Sasuke se retesou quando percebeu o intuito deles de leva-la para algum lugar longe de si, apertando ainda mais o corpo dela ao seu de modo ressabiado. Não queria se afastar da garota, porém, no segundo seguinte, percebeu como sua atitude era ridícula. Estava num hospital afinal, ela seria tratada e curada por eles e a última coisa que ele deveria fazer era atrapalha-los.

— Nós vamos cuidar da sua amiga. – a enfermeira falou gentil – Não se preocupem. – colocaram a garota na maca e correram para a área restrita.

“Amiga”. Era isso que Sakura era para si? Uma amiga? Franziu as sobrancelhas com o autoquestionamento e sentou-se na recepção a fim de encontrar uma resposta em seu interior.

Meditou sobre com tanto afinco que até se esqueceu do amigo barulhento ao lado, ou quase, Naruto também estava machucado e se queixava de dores a cada vez que se mexia, o que provocou a volta da enfermeira morena pedindo que ele também passasse por uma consulta médica, deixando o Uchiha para trás, olhando para a porta branca que se fechava e aguardando notícias com certa ansiedade que não era capaz de transparecer.

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Perdeu a conta de quantas horas esteve sentado naquela mesma cadeira. A coluna doía pela posição desconfortável, enquanto que o resto do corpo clamava por descanso. Havia treinado arduamente nas últimas semanas para vencer Gaara no exame chunin, mas nunca poderia imaginar a proporção que aquela luta acarretaria.

Muito menos que Sakura sairia machucada daquilo tudo. Se culpava por isso. Se não estivesse tão obstinado pela vitória e esperado que Kakashi ou outro jounin fosse atrás do ruivo, talvez ela estivesse sã e salva nesse momento.

Mas não, ele precisou se mostrar mais uma vez. Provar, para todos e para ele mesmo, que ele era capaz. Foi pretensioso, um verdadeiro tolo. Não era capaz nem mesmo de proteger aqueles com quem se importava. Se não fosse por Naruto, ele e Sakura poderiam até mesmo terem perdido suas vidas.

E agora, lá estava ele, não havia vencido a luta, muito menos derrotado a besta de uma cauda. Não, Naruto recebeu o título de herói naquele dia e isso só aumentava o ódio crescente em si.

Sentia-se fraco, insuficiente. Um inútil que não fora capaz de salvar a companheira de time e que precisou da ajuda daquele que era considerado um fracote. Porém, foi o fracote que salvou o dia, enquanto ele não pôde fazer nada para ajudar.

Como Sakura era capaz sentir qualquer coisa por um perdedor como ele? Alguém quebrado e oco por dentro. Alguém que não era capaz nem mesmo de salvá-la em um momento de risco. Ela só poderia estar louca, completamente fora de si.

Ele jamais iria merece-la.

Cerrou os punhos e trincou a mandíbula. Estava com raiva de tudo, da situação e principalmente de si mesmo. Treinara tanto nos últimos tempos, mas seu esforço não servira de nada.

Como ele poderia esperar matar Itachi se era tão... insignificante? Tão fraco, ridiculamente fraco...

Sentiu vontade de socar algo, quebrar qualquer coisa que aparecesse em sua frente. Precisava extravasar todo aquele sentimento que dominava seu corpo e mente. De repente, uma mão pousou em seu ombro e tudo o que Sasuke pôde fazer fora virar o rosto para fitar o homem de cabelos grisalhos e olhar sereno.

— Kakashi. – disse baixinho.

— Você está horrível, garoto. Vá para casa e descanse. A enfermeira me disse que Sakura ainda está desacordada, mas fora de perigo. Ela ficará bem, mas só terá alta amanhã. – informou.

O Uchiha assentiu, em um alívio mudo pelas boas notícias.

— Naruto? – perguntou e logo viu o loiro surgir ao lado de Kakashi, implorando eufórico para que o sensei o levasse para comer um lámen.

E apesar do Uzumaki insistir para que o moreno os acompanhasse até o Ichiraku, o mesmo preferiu ir para casa. De fato, se sentia péssimo e só desejava um bom banho e uma noite de sono. Se é que conseguiria dormir após aquele dia caótico. Mas precisaria tentar, pois manter-se acordado às vezes era como um pesadelo, principalmente quando sua mente trazia à tona as cenas de seus pais mortos e as palavras frias do irmão mais velho.

E mesmo com muita dificuldade, o cansaço o venceu e em poucas horas o novo dia já chegava e Sasuke tinha um lugar para estar.

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Na manhã seguinte, Sasuke acordou revitalizado, disposto para mais um dia de treinos em sua casa. Porém, durante uma série de golpes, percebeu-se distraído, na verdade, preocupado com Sakura, Kakashi havia lhe dito que ela receberia alta, mas não especificou o horário em que isso ocorreria, deixando-o ansioso, afinal, se ela não corria risco, por que ficou internalizada?

A fim de finalizar aquela preocupação e obsessão momentânea pela companheira, o jovem Uchiha decidiu que, talvez, pudesse passar pelo hospital e perguntar à recepcionista sobre o estado dela.

Deixou o jardim de sua residência e se pôs a caminhar até o centro da Vila. Ao longo do caminho se perguntava o motivo de estar indo buscar informações acerca da companheira e se iludia pensando que era porque ela faria o mesmo por ele se fosse o caso, então era – no mínimo – sua obrigação estar lá por alguém que estaria por si.

A lógica fazia sentido em sua cabeça infantil.

De frente para entrada do hospital sua angústia estava ainda pior. Franziu o cenho irritado consigo mesmo. Já havia sido um incompetente no dia anterior por não ter conseguido derrotar Gaara e agora estava agoniado apenas para perguntar uma informação a uma desconhecida?

Estalou a língua irritado, e quando estava prestes a dar um passo, observou a garota de cabelos róseos passar pela recepção cumprimentando a todos que via com um sorriso. Ela ainda não o havia visto, mas Sasuke a observava bem pelas portas transparentes da instituição.

Apesar do olhar cansado, o sorriso dela era leve, verdadeiro. Sasuke diria que ela estava até animada por perambular em um hospital, e sabia que isso seria algo típico dela. Sakura tinha uma ótima índole, se não trabalhasse salvando vidas no futuro, pelo menos faria algum trabalho social para diminuir o sofrimento dos internos.

Devoção e zelo eram outras duas características que pertenciam à personalidade amável de Sakura.

Era mais um requisito que ele poderia apreciar e reconhecer quando estivesse sozinho, como naquele momento em que se apoiava no muro em frente ao hospital esperando pela saída dela.

Quando os orbes verdes e alegres cruzaram com os seus, Sasuke sentiu o coração acelerar sem entender exatamente o motivo. Franziu o cenho estranhando aquela sensação que sentia no peito, enquanto ainda aguardava Sakura ir até seu encontro.

Não conseguia deixar de observar minuciosamente o sorriso largo que ela disparava sobre si, a feição feliz e cheia de expectativas que o deixavam nervoso por dentro, tensionando todos os seus músculos a cada passo mais perto que ela dava em sua direção, até que estivessem finalmente frente a frente.

— Sasuke-kun, o que faz aqui? Veio me ver? – questionou animada oferecendo-lhe um sorriso gentil.

Deveria dizer que estava preocupado com ela? Que fora até lá para conferir seu bem-estar? Não, não queria admitir aquilo para Sakura e dá-la, de alguma forma, esperanças que ela não deveria ter. Não com ele pelo menos. Pois em sua mente conturbada, ele não seria a pessoa certa e muito menos suficiente para todo aquele amor que ela insistia em lhe oferecer.

Amor, em sua visão, era um sentimento inútil, existente apenas para fazer com que se apegasse a alguém e a perdesse em algum momento, sobrando-lhe somente a dor e solidão.

— Estava só de passagem até o campo de treinamento. – mentiu, dando de ombros como se não se importasse com nada ou ninguém.

O sorriso da garota murchou instantaneamente e por um mísero segundo, Sasuke se arrependeu e cogitou voltar atrás.

— Entendo. – ela murmurou fitando o chão. – Bom treino, então. Até depois, Sasuke-kun. – virou-se para seguir seu caminho, mas ainda sentia o corpo fraco e um de seus tornozelos a traiu pisando em falso em um pequeno relevo de terra e grama, fazendo-a perder o equilíbrio e cair em direção ao chão.

Porém, o Uchiha foi mais rápido e segurou-a, trazendo o corpo frágil para perto de si, apoiando-a sobre seu tronco e dando a sustentação que a mesma precisava.

E aquela singela e inesperada aproximação, o olhar penetrante que lhe dava tão próximo a si, e o calor de sua pele em contato direto com a sua foi o suficiente para que ele percebesse que não adiantava mais mentir para si mesmo.

Sakura era muito mais significativa do que ele achava, muito mais relevante em sua vida do que ele próprio aceitava.

— Sasuke-kun? – ela perguntou naquele tom suave tão característico enquanto o olhava fixamente nos olhos.

Sasuke não lhe respondeu, tampouco desviou sua íris das dela. Sentia como se estivesse sendo lido completamente pela companheira e, incrivelmente, não ligava para isso. Parecia ser uma característica intrínseca de Sakura olhá-lo com tanta devoção e ao mesmo tempo reconhecer nele seu interesse.

— Cuidado onde pisa – disse baixo, mas a vermelhidão no rosto dela denunciou que fora ouvido.

— C-Claro! – gaguejou surpresa – Obrigada, Sasuke-kun! Eu sou muito distraída às vezes... – deu um riso nervoso pela vergonha, tentando se firmar ao chão novamente e dar um passo sozinha, mas o agarre dele permanecia firme sobre si.

Sasuke havia segurado o pulso da garota quando a viu tropeçar, mas nenhum dos dois saberia dizer o exato momento em que sua mão escorregou para a dela e seus dedos foram entrelaçados.

Sakura se enrijeceu ao sentir-se presa, franziu o cenho e olhou confusa para seus dedos junto aos do Uchiha como se fosse algo tão familiar entre eles.

Sentiu o coração disparar e a respiração acelerar no mesmo segundo, não sabia o porquê dele ainda segurá-la, mas realmente não importava, todo o seu interior já gritava de felicidade por aquele gesto inesperado.

Sasuke olhou para a própria mão também. Não sentia como se estivesse sendo inconveniente ou intruso de alguma maneira. Na verdade, tinha plena consciência de que ela estava adorando o contato entre eles.

O mais chocante para si era saber que também apreciava o toque firme e delicado que compartilhavam e que a palma de sua mão formigava por estar encostada diretamente na pele macia de Sakura.

Ainda imerso em seus pensamentos desordenados, ele voltou a fitá-la nos olhos e a encontrou observando todos seus movimentos, sorrindo timidamente em sua direção. As bochechas coradas e os lábios rosados entreabertos o fizeram engolir seco e retomar a consciência. 

— Hum, vou te levar para casa – virou o rosto, escondendo o provável rubor que atingia sua face, impossibilitando que ela o visse tão desconcertado quanto ela mesma se encontrava.

Sakura respirou profundamente, mal acreditando que Sasuke realmente estava propondo acompanhá-la, ainda mais daquele jeito tão íntimo.

Assentiu com a cabeça, sem perder o sorriso no rosto, e logo começou a andar ao lado do moreno, apertando sua mão na dele o máximo que conseguia, aproveitando cada segundo daquela sensação inebriante que era estar junto do Uchiha.

E a cada passo que davam juntos com os dedos entrelaçados, era como se ela sentisse os próprios sentimentos se reafirmando. Ela o amava, o amava incondicionalmente. Era inegável, todo o seu ser pertencia a Sasuke e somente Sasuke. Naquele mundo, não havia ninguém mais para ela além do Uchiha.

Caminharam em um silêncio confortável, ambos presos em seus pensamentos e ignorando completamente os olhares curiosos dos moradores da vila que os observavam aos cochichos.

Em poucos minutos alcançaram a residência de Sakura e o sorriso da mesma murchou no instante em que percebeu que aquele sonho chegaria ao fim. Sasuke provavelmente se despediria com um manear de cabeça e sumiria entre as ruas de Konoha, como se nada tivesse acontecido ou ao menos importando, deixando-a ali, sozinha e já com abstinência de sua presença.

Mas, para a sua surpresa, o moreno permaneceu estático ao seu lado, sem dizer nada ou mover um centímetro sequer denunciando sua vontade de partir. E isso se dava pelo simples fato de que Sasuke Uchiha realmente não desejava seguir seu caminho sozinho.

Ao lado de Sakura sentia-se menos solitário e o coração que sempre considerava frio e calculista, se sentia aquecido sem o seu consentimento. Era uma sensação boa e natural da qual não desejava se despedir naquele instante.

Porém, sabendo que o silêncio começara a se transformar em algo extremamente constrangedor, Sasuke virou-se para a garota.

— Se sente bem? - perguntou sem saber ao certo como começar uma conversa espontânea.

— Ha-hai. - ela respondeu rapidamente. - E... você vai treinar com o Kakashi-sensei hoje? - tentou estender o assunto, desejando que dessa forma eles estendessem juntos aquele momento raro e pessoal que dividiam.

O Uchiha concordou com um breve movimento de cabeça e Sakura mordiscou o lábio inferior. Sentia-se um grande nervosismo e ansiedade tomarem conta de si. Não sabia ao certo como agir ou o que dizer. Seus olhos passearam pelo redor deles, até que mais uma vez pararam em suas mãos, ainda juntas. Inspirou fundo e reuniu toda a coragem contida em si.

Não sabia ao certo de como foram parar naquela posição ou se pensavam a mesma coisa. Provavelmente não. Mas Sakura sentia que não poderia perder essa chance, principalmente por perceber o moreno mais à vontade com sua presença.

— Sasuke-kun... - sussurrou aproximando seu rosto ao dele. - eu quero muito.. - comprimiu os lábios tentando segurar as palavras que desejava dizer.

Queria beijá-lo, queria pertencer a ele por completo. Mas certas coisas não são ditas e sim feitas, por isso, não se refreou ao diminuir a distância entre eles, mesmo com seu coração descompassado quase pulando de seu peito ou a respiração pesada que percebia tanto em si quanto no moreno.

Sasuke soube, no exato momento em que sua companheira de time se aproximou, o que ela queria. Mas não foi capaz de raciocinar a tempo se ele também desejava beija-la. Sempre reconheceu internamente que a menina era bonita, porém, realmente trocar uma experiência como aquela era algo significativo, aliás, muito significativo para Sakura.

Ele não queria iludi-la, contudo, sua respiração quente batendo em sua bochecha e seu aproximar lento deixava uma atmosfera muito alucinante que absorvia completamente o jovem Uchiha. E por estar tão envolvido com a kunoichi à sua frente, ele estava disposto a se deixar levar pelo que viria a acontecer em seguida.

— Sakura... – sussurrou ao apertar sua mão na da menina e se inclinar em direção a boca dela.

— Sasuke-kun... – a menina ciciou, sentindo levemente os lábios dos dois se tocarem.

No entanto, o som da porta da casa dela fora ouvido, cortando instantaneamente o clima favorável entre os dois. Sasuke se afastou bruscamente sentindo as bochechas corarem levemente, enquanto Sakura ficava completamente vermelha da cabeça aos pés.

As mãos instantaneamente se separaram e cada um deu um passo para trás, extirpando qualquer pensamento dela de voltar ao clima estabelecido. Irritado, sem saber o motivo, o Uchiha olhou para a porta da casa da Haruno, encontrando a figura do pai da menina ali com um sorriso despretensioso e os olhos surpresos.

— Querida, por que voltou sozinha do hospital? Eu estava indo te buscar! – ele disse com um tom ameno olhando para ela, mas não demorou a perceber a presença do garoto emburrado em frente à sua casa.

— E-eu, eu... – ela gaguejou nervosa, evitando olhar Kizashi de toda maneira – ..hã, o Sasuke-kun me trouxe. – e novamente a vermelhidão em seu rosto se fizera presente.

Kizashi fulminou o jovem Uchiha com o olhar, mas Sasuke fez sua eterna expressão apática e colocou a mão nos bolsos, dando de ombros em seguida como se não fosse um grande feito ele acompanhar Sakura pela vila.

— Podia ao menos ter nos avisado que ia busca-la, garoto. – Kizashi falou enciumado. – Aliás, por que você foi até lá? – enfatizou o “você” no questionamento.

Não gostava nenhum pouco daquele fedelho rondando sua preciosa cerejinha.

Sasuke se sentiu constrangido, mas logo recuperou a ordem dos seus pensamentos e respondeu aquilo que anteriormente havia dito a Sakura.

— Não foi programado.. eu estava apenas de passagem para o campo de treinamento – explicou em sua mentira deslavada olhou de esguelha para a companheira que fitava o chão envergonhada.

— Então vá treinar, oras. – Kizashi mandou – Como pode ver, minha garotinha está muito bem e agora cuidaremos dela. – ele abraçou Sakura puxando-a para dentro da casa.

— Papai! – reclamou, não queria que Sasuke pensasse que era indesejado, sua mãe mesmo o adorava e com certeza o chamaria para um chá se o visse.

— Como disse, estava de passagem. – o menino não deixaria seu orgulho ferido, e mesmo que incomodado, se virou para ir embora.

— Sasuke-kun! – Sakura chamou assim que ele dera os primeiros passos – Obrigada, por tudo. – falou acanhada, oferecendo um sorriso tímido e gentil.

Ele a olhou por sobre o ombro e sorriu de lado, mas ao olhar novamente para o pai dela, franziu o cenho incomodado com a forma em que ele o fitava. Sabia bem o que teria acontecido se o homem não os tivesse interrompido, só não sabia se o agradecia ou o xingava.

Afinal, naquele dia descobrira que Sakura Haruno era muito mais importante para si do que ele esperava. E isso o assustava completamente.