Sea You escrita por Bird
Notas iniciais do capítulo
Demorei, não nego. A crise criativa batia forte, junto com indisposição e falta de tempo.
Espero que gostem
O carregamento do navio estava quase concluído, e a âncora quase totalmente erguida. As velas eram castigadas pelos ventos ansiosos e a tripulação se mobilizava no convés com os últimos preparativos para embarcar. O capitão, com Thalia e Luke em seu encalço, subiu no deque superior para todos terem sua visão.
— Ratos imundos. — Todos sorriram, ele nunca perdia essa arrogância disfarçada e o sorriso sarcástico, igualzinho o de sua irmã. — Hoje, vamos em busca da princesa Annabeth Chase, que após embarcar em Neptuno, mostrou a mulher forte que a realeza não permitia que fosse. Muito mais que resgatar uma pirata, vamos resgatar uma amiga.
Os veteranos, que chegaram a conhecer a loira, uivaram em aprovação, enquanto os poucos novatos os seguiam. Travis e Connor içaram a vela principal, Thalia puxou a âncora e Beckendor guardou as redes de pesca limpas. O espírito viajante que abandonou a tripulação durante a estadia na ilha era clandestino, até aquele momento.
Os piratas, mais do que nunca, estavam adorando suas cabines com suas redes e barris de rum. Thalia e Luke, que agora dividiam o mesmo aposento no deque, estavam empolgados com o retorno de suas rotinas marítimas. E finalmente, Percy Jackson, que mais uma vez pensava sobre a devolução do saque.
Devolveriam o dinheiro à burguesia, ato que ele não se orgulhava nem um pouco de cometer. Mas havia conversado sobre isso com Luke, se devolvessem o dinheiro apenas aos pobres, a circulação da moeda não ocorreria devidamente. Precisavam dar mais aos ricos para os pobres não morrerem na fome, e isso o irritava.
A viagem foi objetiva como nenhum dos piratas estava acostumado que fosse, fizeram poucas paradas, graças a toda comida estocada da ilha. Os ventos os levavam incansavelmente até o litoral nortenho, onde apenas Thalia desembarcou em uma canoa, deixando com Percy a promessa de que tomaria cuidado, e com Luke, um beijo casto de despedida.
No castelo, Annabeth vestia roupas leves e o cabelo, sempre tão contido, estava solto em loiras cascatas cacheadas. Ela estava em seu quarto, com o olhar ansioso e pernas inquietas. O sorriso, pela primeira vez em mais de um mês desde que voltou para casa, aberto verdadeiramente.
Finalmente, Merion adentra seu quarto, com um semblante não tão feliz e esperançoso quanto o da princesa, fazendo o rosto da mesma adquirir a expressão.
— Desculpe Annabeth... Rainha Atena não permitiu que saísse do palácio para ir até a praia. — A mulher abaixou a cabeça, enquanto a loira levantou furiosa.
— Eu não consigo entender. Leve os guardas, vá na carruagem, será observada o tempo todo. — Annie imitou a voz fria de sua mãe. — Ela me apresentou condições e concordei com tudo, Merion, não aguento mais essas paredes!
— Ela informou que iria com seu pai em uma curta viagem até a capital comercial para declarar as intervenções do governo para a crise.
Uma pequena viagem, a princesa repetiu as palavras mentalmente. Não seria fácil, mas ela estava no limite. Durante aquela tarde, foi até o jardim do castelo acompanhando sua família até a carruagem real, com um plano martelando sua mente.
— Tchau, pai. — Ela chamou atenção de Frederick, antes que entrasse no veículo. A última conversa deles não tinha sido das melhores, mas ela ainda amava seu pai.
— Tchau filha. — Ele soltou um sorriso para ela, e ofereceu apoio a esposa, que não olhou nos olhos da princesa momento algum.
Annabeth esperou que ela se despedisse, que mostrasse que se importava com a própria filha. Que ainda valia a pena conservar a relação delas.
— Pode começar a andar, não estamos esperando nada. — A poeira que as rodas levantaram enquanto o olhar choroso de Annabeth se formava não ajudava muito. A loira se recompôs e voltou a adentrar o palácio, mais decidida que nunca a não permanecer mais uma noite sequer ali.
Thalia andava pelas ruas tortuosas da capital, muito mais sujas e descuidadas do que a última vez que esteve lá. Observava de perto todas as consequências do roubo que Luke listou de perto, sentindo a bolsa de moedas pesar mais em sua mochila aos poucos. Procurou a casa minúscula que a acolheria até conseguir executar o plano que combinou com Percy.
Infiltrar-se no castelo, chamar atenção da princesa e fugir. Silenciosamente e discretamente, um trabalho para uma pessoa só, que somente a experiência de Thalia oferecia. Além dos contatos que apenas ela tinha na cidade nortenha. Finalmente, avistou a pequena entrada da casa, que guardava muito mais do que sua fachada.
Ela bateu na porta, ansiosa. A moça que viu quando a madeira foi deslocada, era Zoe Nightshade, amiga e parceira de Thalia nos "trabalhos" que a pirata arranjava em terra firme. Sob o longo histórico amigável das duas, elas se abraçaram sorridentes. Com a vida de ladra que levavam, uma em terra e outra no mar, ao se encontrarem livres e vivas, era motivo de festa.
— Eu estava com saudades de você, Grace. — Ela tinha longos cabelos pretos trançados e olhos castanhos escuros. Elas até se pareciam fisicamente, mas ao contrário de Thalia, Zoe era bem mais cautelosa. — Novamente em terra, as coisas estão difíceis no mar?
Ela convidou a pirata para entrar, e assim o fez, vendo a fachada pequena se transformar numa espaçosa sala de estar. A dentro, quartos, banheiro, cozinha, e finalmente, o cofre Nitghshade, que abrigava boa parte da moeda nortenha.
— Na realidade, vim em regaste. — Zoe sentou-se, querendo ouvir mais sobre a missão e Thalia a contou. — Sei que vai demorar alguns dias para conseguir o emprego no palácio e o contato com Merion, então vim pedir abrigo.
— Jackson está escondido no porto de Hefesto, imagino. — Thalia confirmou. — É um bom plano, devo admitir, a rainha e o rei não estão na cidade, talvez não demore tantos dias para conseguir falar com Annabeth.
A pirata sorriu aliviada.
— E mais do que um abrigo, eu quero ajudá-la na missão.
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