O Ritual da Sétima Lua escrita por MB Sousa


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Apesar de querer que fosse verdade, eu mesmo não achei os registros sobre Fred e sua noiva. É apenas ficção, o que não quer dizer que não possa ter fatos nesta história, basta saber procurá-los ;)



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"Todos os registros dos acontecimento foram encontrados 8 anos depois do ocorrido. Foram encontrados por mim em uma visita à Casa Psiquiátrica São Marcos, conhecida por não ser um lugar hospitaleiro e até mesmo com fama de "mal assombrado". Agora a construção encontra-se deserta e decompondo-se, mas o que achei lá vai muito além disso; uma câmera antiga cheia de vídeos, notas e fiz muita pesquisa. Com isso, proponho-me à contar a história macabra de Fred Almeida e sua noiva."

 

09/08/2005 – 23:53

 

Meu nome é Frederico "Fred" Almeida, tenho 30 anos e esse é o primeiro registro da transgressão que estou prestes a fazer à Casa Psiquiátrica São Marcos, porque não aguento mais essa agonia dentro de mim, esse silêncio que me apavora desde que não tive de minha noiva, Maria Tereza Braga, internada lá há cerca de um mês por apresentar comportamento anormal.

Não sei como as coisas começaram, nós éramos um simples casal feliz do interior do Rio Grande do Sul, vivíamos nossa vida pacata em Maçambará, com uma população que não chega nem à cinco mil habitantes, havia me apaixonado por essa garota do campo e troquei a vida em Passo Fundo para casar com ela.

Ela é tão linda e perfeita de todas as maneiras, é gentil sem ser cruel, na verdade, isso é uma noção que Mari simplesmente não tem, ela é tão inocente e tão pura.

Seus pais são católicos extremistas e não aceitaram de maneira alguma minha união com sua filha por nossa diferença de cinco anos de idade, mas depois de um tempo fui mostrando que era um bom homem. Já havia sido professor de história na capital, depois a vida agitada da cidade me venceu e passei a lecionar em Passo Fundo e depois, bom, esperei que houvesse alguma escola nessa cidade para que eu pudesse arranjar um emprego.

Tudo estava perfeito pois estávamos noivos há seis meses, depois de três anos juntos, eu sabia que ela era a mulher da minha vida, mas esperamos até o consentimento de seus pais, que ainda permaneciam rígidos sobretudo à virgindade de Maria, que também seguia fielmente as palavras dos pais e de Deus, segundo eles. Sou um pouco cético sobre essas questões religiosas, mas achei ridículo essa coisa toda, ainda assim, respeitei suas crenças e esperei como poucos homens fariam e agora estávamos tão próximos do nosso casamento, do nosso "Felizes para sempre!, mas então Maria mudou, algo inexplicável aconteceu com ela.

Agora que analiso as coisas de uma maneira mais ampla depois do tempo passado, percebo que as mudanças não aconteceram de repente, primeiro era o sonambulismo. Estava vivendo na casa dos Braga enquanto conseguia dinheiro para o casamento e para nossa própria moradia depois dele e certa noite acordei e Maria não estava do meu lado da cama, fui atrás afim de encontrá-la e a achei sob a luz pálida da lua, de frente para a janela, murmurava coisas que eu não conseguia ouvir, não conseguia distinguir, mas seus olhos estavam arregalados o tempo todo desde que a toquei a guiei-a de volta à cama, ao deitar, sei que os gemidos e burburinhos pararam, mas não tenho certeza se seus olhos abertos se fecharam-se, os meus não pregaram por um só minuto aquela noite.

Maria nunca tivera histórico algum de sonambulismo, nem ninguém da família, não ficamos preocupados no início mas cada vez foi se tornando mais recorrente e estranho, até mesmo violento.

Ela era encontrada nos lugares mais inusitados sempre cochichando, como se estivesse falando com alguém, e em certa vez pulou em cima de mim gritando, completamente fora de si, depois de ter interrompido sua conversa sonâmbula, Maria tentou pegar uma faca e me ferir, foi quando Juarez — seu pai — chegou e conseguiu detê-la com minha ajuda, no outro dia ela assustou-se com o que relatamos, dizendo não ter lembrança nenhuma do que aconteceu.

Quando estes episódios começaram a se tornarem menos corriqueiros, Maria começou à ouvir vozes. Como ecos em sua cabeça e às vezes como se alguém falasse com ela, isso a assustava como nada e me assustava por não saber o que fazer, ninguém mais ouvia as tais vozes, que falavam coisas em algo que entendi como latim, mas não consegui traduzir nada do que ela me disse, mas coisas pareciam ser demoníacas e nada boas, então vieram os vultos e aparições, que causavam gritos nela e até um episódio em que atirou diversos livros em uma suposta mulher de preto que a perseguia, apesar de ninguém mais no local ter visto algo além de Maria gritando e atirando os livros no ar falando sozinha, ela estava se tornando a louca da cidade.

Depois as coisas só foram piorando, além dos pesadelos que acordava gritando quando não perambulava sonâmbula, começou a enfraquecer, perdendo peso, recusando-se a comer e depois até mesmo para levantar-se da cama. Tive medo de que minha noiva estivesse com uma profunda depressão, mas não conseguia imaginar qual causa poderia de haver para tal problema. Seus pais já pregavam espantados que um demônio deve ter apossando-se do corpo de sua filha ou que um espírito maligno a perseguia, o que achava ridículo, mas antes que eu pudesse fazer alguma coisa sobre, a melhor opção para eles além de um exorcismo era tentar o tal centro psiquiátrico isolado da cidade para que Maria recebesse alguma assistência médica, não achava que isso fosse o correto, também, pois não achava que minha esposa era louca, não sei para ser sincero, as coisas que aconteceram infelizmente fizeram me duvidar de sua sanidade mental e quando Mari chegou lá, ela pareceu sentir-se mais feliz, até abriu um pequeno sorriso para mim e disse que isso faria bem à ela, nunca em sua vida tinha mentido para mim, mas naquele momento não senti nenhuma veracidade em suas palavras, porém, me obstinei e deixei que a internassem no manicômio — palavra que odeio usar — e quando a visitei, o lugar não parecia ser um inferno como dos filmes de terror mas ainda assim não era um lugar aconchegante, apesar de Maria apresentar um melhor estado de saúde, o que me animava, meu maior desejo era tê-la de volta comigo, fora dali.

Nos vimos nas duas semanas que tivemos de visita e depois simplesmente perdi contato com o hospital e não aguento mais, parece que Marisa e Juarez não se importam com a falta de notícias da filha, por isso que decidi que irei invadir este lugar, pois estou na frente dos portões principais, não há ninguém para me atender nele e nem quando grito.

Com apenas minha câmera filmadora e minha bolsa com um bloco de anotações e meu celular, pulo o muro e adentro o desconhecido apavorado com o que possa ter acontecido com minha noiva. Mas não há retorno a partir daqui.


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Notas finais do capítulo

O primeiro capítulo sai ainda hoje, um pouquinho mais tarde, mas por favor, deixem suas opiniões aqui embaixo e espero que tenham gostado ♥



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