Rubisten escrita por Mayumi Sato


Capítulo 1
Rubisten


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por lerem esta fic! "ChiakiXNodame" é um de meus casais preferidos e fico realmente contente em ter escrito uma fic com o casal!Por favor, deixem comentários!

http://www.youtube.com/watch?v=RG83EmwJpo8&feature=related

Esta é a música tocada pela Nodame. Se possível, a ouçam enquanto leem a fic. Obrigada pela atenção!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/74516/chapter/1

Aquele estava sendo um mês dolorosamente frio. Uma pequena fumaça saía de nossas bocas, quando falávamos algo. O frio era uma sensação a qual eu estava acostumado, já que havia passado boa parte de minha infância na europa. Sim. Por isso, eu nunca achei que ele iria interferir tanto em minha vida.

Graças ao frio, graças aquela bendita neve, graças ao aquecimento global que mudou o ritmo natural das estações, nós estávamos presos naquele hotel. Eu e Nodame.

- Chiaki-senpai...As forças da natureza estão exigindo o nosso amor! É como se o frio estivesse exigindo que usemos nossos corpos para nos aquecer! É como a pré-história! Que nostálgico!

- Não fale de coisas tão doentes, como se fossem tão naturais! E como assim "que nostálgico"!?!

Talvez a situação aqui exposta não esteja sendo muito clara. Peço desculpas por isso. O que estava ocorrendo é que eu e Nodame estávamos na Suíça. Eu havia ido ao primeiro concerto dela, após sua apresentação com Stresemann. A música, como o esperado, havia sido extremamente agradável. Findado o concerto, achei que poderíamos voltar para casa, já que eu estava lotado de trabalhos a fazer, mas, infelizmente, descobri que não poderia realizar meus desejos com tanta urgência.

- Você não está sabendo, Shinichi? - perguntou a gerente do hotel em que estávamos hospedados, quando me viu sair com as malas - O tráfego aéreo foi interrompido. A tempestade de neve está bastante séria.

- Tudo bem, eu pego um trem e paro em...

- Shinichi, você não deve ter percebido, pois ficou trancado no quarto, estudando, após o concerto da senhorita Nodame, mas, veja...

A gerente tirou as cortinas da grande janela que havia no saguão e vi uma imensidão branca que parecia ter absolvido o céu, as nuvens e toda a terra.

-...a tempestade realmente piorou. Acho que, possivelmente, ninguém está saíndo de casa.

-...HUH!?!

- O que eu estou querendo dizer é que...bem...

Eu estava preso, lá. No mesmo hotel que a Nodame. Quando tudo que eu queria era evitá-la. O fato é que após ter visto a Nodame, naquele concerto, eu percebi que não poderia mais ignorar algumas coisas. E já que eu não podia ignorar essas coisas, eu queria tentar ignorar a própria Nodame. Naqueles dias, eu fiz todo o possível para manter-me distante dela. Pedi quartos separados. Passava o dia inteiro, ignorando os pedidos dela, para conhecermos a "cidade do chocolate". Somente conversávamos sobre música, mas...e agora?

- Love! Love! Love!

O que diabos eu faria!?!

____________________________________________________________________

 

- Por que diabos você está no meu quarto a essa hora? - perguntei a ela, irritado em ver que minhas premonições de que ela iria perseguir-me, haviam se concretizado.

- Bem, você sabe, senpai, quando você me convidou para a França que era a cidade do amor, você me deu seu precioso amor. Agora, que estamos na Suíça, eu estou esperando que você me dê chocolate, um relógio e dinheiro obtido em transações ilegais!

- Que tipo de imagem você tem da Suíça!?!- exclamei, lançando algumas partituras, na cabeça dela.

- Senpai... - ela colocou as mãos na cabeça, encarando-me como um gato ferido. Droga. Droga. Droga.

- Saia daqui, Nodame. Eu tenho que estudar. E o seu piano!?! Você deveria estar tão desocupada!?! Aproveite que estamos trancados aqui, para praticar! Como você espera manter sua fama, sem nenhuma preocupação...!?!

- Isso é injusto, Chiaki-senpai. - disse ela, com aquele jeito aborrecido, que eu havia presenciado inúmeras vezes, naqueles anos - Eu tenho praticado, mas também devemos arranjar um tempo para cultivar nosso amor!

- Quem consegue cultivar qualquer coisa, nessa neve!?! Se está tão confiante, do que toca, então me mostre!

Eu a coloquei na cadeira. Sim, eu estava sendo egoísta. Eu sempre a forçava para a música quando não queria encará-la. Eu a convidei para ir a Europa, por causa da música. Eu havia cuidado tanto dela, a fim de fazer com que ela conseguisse encarar seriamente o piano.

Ela começou a tocar. Era o número vinte e três do primeiro concerto para piano, de Tchaikovsky, cuja versão mais popular era tocada por Rubisten. Aquela não era uma peça simples. As notas eram rápidas, mas precisas. Ainda que elas parecessem apenas parte de uma infinidade musical, contida na composição, cada uma tinha sua relevância. Além das dificuldades técnicas, havia a dificuldade na imersão da música. O piano, nesta obra, é realmente intenso. Por isso, quando ouvi Nodame tocá-la, como se todo o acompanhamento estivesse com ela, eu quase chorei. A música era intensa, pura, forte. E cada crescendo causava uma sensação estranha...como se estívessemos subindo em uma escada, e nos apressando, nos últimos degraus, para alcançarmos o andar que queremos...Ela já havia chegado tão longe. Até quando eu poderia alcançá-la?

- ...Eu amo o seu piano. - declarei, quando ela terminou e encarou-me.

- Você o quê?

- Eu amo o seu piano.

Ela ficou calada, abaixou os olhos. Eu ignorei isso, achando que era apenas uma preparação para uma de suas reações estranhas. Todavia, ela saiu irritada, e não falou comigo, batendo a porta.

Somente entendi o que havia acontecido, quando percebi o silêncio, naquele quarto.

"...O que foi isso!?!"

Corri até o quarto dela, e tentei abrir a porta. Estava trancado. Eu tinha medo de diversas coisas. Dentre elas, que ela tentasse escapar pela janela, mesmo no meio daquela tempestade...Afinal, aquela era Nodame. Ela era naturalmente excêntrica. Ela já havia fugido de mim, muitas vezes, mas, daquela vez, eu não poderia permitir aquilo. Eu estava cansado de deixá-la partir.

- Nodame, abra. O que aconteceu com você? Vamos conversar.

- Eu não quero. - ela respondeu, mantendo a porta trancada.

- Vamos. Abra.

- Eu não quero!

Ela parecia séria, mas o mais surpreendente não foi isso. O mais surpreendente foi o tom ferido em sua voz.

- Nodame...?

- Senpai, quem você ama?

- Han?

- Às vezes, eu não sei se você está apaixonado por mim ou pela minha música...

Ela percebeu.

- Eu realmente aprecio que as pessoas amem a minha música...mas as duas coisas são diferentes. Eu sei o quanto o senpai gosta da minha música, mas não faço idéia do quanto você gosta de mim...

- Por que você ficou tão pertubada com isso, de repente? Não seja infantil. Saia, para podermos conversar.

- Porque...! - eu começava a ouvir soluços, na voz dolorida dela - Porque você foi facilmente capaz de dizer que amava meu piano, mesmo que nunca tenha dito que me ama...! Você parece tão próximo, quanto se trata de música, mesmo que esteja me evitando, nos últimos dias...!

Ah, então é isso.

Naquele momento, atrás daquela porta de madeira, preso em um hotel na Suíça, devido a uma tempestade de neve, lembrei das palavras de Stresemann. Eu falei que a música de Nodame e a própria Nodame eram assuntos diferentes. E ele me aconselhou a separá-los logo. Aquela era a primeira vez que eu havia entendido o que ele queria me dizer. Sim, eu alimentava Nodame, cuidava dela, mas toda vez que a aproximava, eu tentava me afastar. Eu usava a música como um modo seguro de encontrá-la. "É claro que eu namoro com a Nodame. Ela toca o piano magnificamente. Eu amo a música dela."...devia ser isso que estava escrito em meu rosto e em minhas ações. Na verdade, mesmo com todos os meus cuidados, o quanto eu consegui ser gentil com ela? Eu nunca a compreendia inteiramente e por diversas vezes, havia a machucado, mas ignorei isso, pois ela sempre vinha atrás de mim. Fiz, por vezes, a Nodame, coisas que eu não suportaria que ela me fizesse. Eu percebi naquela viagem insuportavelmente quente ao Brasil, que não queria mais fazer isso, pois estava completamente apavorado de perdê-la.

Eu estava com medo, naquele momento. Tinha mais medo ainda do que eu estava prestes a fazer. Droga. Eu ainda não estava completamente preparado. Eu queria ter voltado à França, primeiro...Argh. Que desculpas terríveis. Eu nunca estaria pronto. Eu sempre inventaria algo. Por isso, era melhor acabar com aquilo, de uma vez.

- Você acha que eu estou com você, por causa do seu piano...?

-...

- Nodame...

-...

- VOCÊ SE ACHA UMA PIANISTA TÃO BOA ASSIM!?!

- Mukya! - exclamou ela, no susto.

- Há várias pianistas tão boas ou até melhores do que você! Há outras pessoas com pianos únicos, no mundo...Se eu quisesse eu poderia conhecê-las e mesmo me envolver com elas! Não fique achando que eu lhe selecionei, devido à sua música! Você não toca piano tão bem a ponto de fazer com que alguém lhe sustente, cuide de você e aguente seus assédios sexuais! 

Ela abriu a porta, parecendo prestes a berrar alguma coisa em resposta, mas eu a abracei antes que ela pudesse fazer isso.

- Pare com isso, senpai, eu...!

- Eu amo o seu piano, pois ele possui cores tão vivas...e porque ele me transmite tantos sentimentos.  Eu amo o seu piano, pois quando o ouço é como se eu fosse absorvido por você...Eu o amo, pois eu sinto como se ele fosse uma conexão entre nós...

- Eu não quero que você ame o meu piano...- disse ela, chorosa. Que garota idiota.

- Eu sei, mas eu não posso evitar. Eu tentei distinguir as coisas, mas simplesmente não posso. Para mim, você e o piano são bastante similares...

- Se você apenas quer a minha música, compre um CD e...!

Eu a encostei contra a parede. Droga! Eu precisava ser tão direto!?! Certo! Eu seria!

- SUA IDIOTA!

- O qu...!?!

- Eu estou que dizendo que eu estou apaixonado por você!

Ela ficou calada novamente. Olhava para mim, como se tivesse acabado de pisar em falso em um degrau. Parecia completamente perdida. Eu sentia todo o meu rosto arder, como se uma febre o dominasse. Argh! Eu não era um adolescente! Por que tanta dificuldade em lidar com coisas tão simples!?!

- Eu te amo...- eu repeti, com dificuldade. - Eu fiz o possível para separar as coisas, e para amar somente o seu piano, mas eu não consigo. Desde que eu lhe ouvi tocar...Ah. Eu não estou falando da sua última apresentação. Estou falando daquela do concuso, no Japão, lembra? Você improvisou. Isso é intolerável em um concurso. Mesmo assim, naquele momento, eu percebi que não queria perder você. Como você sempre me amou, eu nunca achei que necessitaria provar o que sinto, mas agora, eu quero fazer isso. O motivo pelo qual eu amo o seu piano...você sabe...é porque ele é original, cheio de emoções e tem uma força incrível...Enfim, ele é muito parecido com você.

-...Senpai...

- O quê? - perguntei, constrangido e irritado com a falta de reação dela.

- Você é um daqueles pervertidos reservados, não é!?

Eu tive vontade de batê-la. Eu tive vontade de beijá-la. A segunda foi muito mais intensa.

Percebendo o movimento de meu rosto, Nodame deteve-me.

-...O que você disse é sincero ou você está apenas sendo gentil?

- Eu quero me casar com você. - declarei sinceramente a ela - Eu venho tentando lhe dizer isso, desde que fizemos as pazes, mas é terrívelmente constrangedor, então eu tenho lhe evitado. Gentil? Não brinque comigo. Eu não sei ser tão caridoso assim. Eu estou agindo assim por puro egoísmo. Se estive investindo tanto em você, durante todos esses anos, foi simplesmente pelo desejo de mantê-la comigo, mesmo sem saber se isso seria o melhor para você. Satisfeita, agora?

- Gyabo!

Encarei isso como um "sim" e finalmente pude beijá-la. Os lábios de Nodame eram macios, quentes e doces, diferentes da neve que caia constantemente. Quando finalmente nossos rostos separaram-se, fiz questão de dizer:

- Não, eu ainda não comprei uma aliança, me desculpe. Acho que isso vai ter que esperar um pouco...

- Não precisa se preocupar com uma aliança, mas eu queria outro presente...

- O quê?

- Chame aquela sua composição romântica de "Nodame Rapsody"!

- É lógico que não!

- Mukya! Por quê!?!

- Quem poderia dar um nome tão ridículo a uma composição!?!

- Ah. Então, um mangá de "Puri Gorota" estaria de bom tamanho!

- O nosso casamento vale tão pouco para você?! - perguntei, sentindo minhas forças sendo drenadas. Ela agarrou meu braço, sorridente.

- Na verdade, eu tenho uma grande preocupação...

Realmente não aparenta.

- Qual?

- Agora, que vamos nos casar, eu vou mudar meu sobrenome, certo?

- Sim. O que tem isso?

- Como eu vou poder manter meu apelido!?! Eu não vou ser mais a Nodame! Eu vou me tornar a Chiakime!

- É nisso que você está pensando!?!

Eu a envolvi pelos ombros, involuntariamente, e continuamos a conversar, enquanto a neve caía lá fora. Eu esperava, agora, que ela pudesse continuar mais um pouco. Mesmo porque era adorável ver a suave fumaça que saía dos lábios da Nodame, quando ela sorria. Afinal, ela era tão intensa quanto a peça tocada por Rubisten.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FIM


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por terem lido esta fic! Por favor, deixem comentários!