Menimienai escrita por Deusa Pudim


Capítulo 1
– 目に見えない – Invisível


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira fic com personagens de Naruto. Espero que gostem, boa leitura.



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Menimienai  – 目に見えない – Invisível

 

 

A gente se conheceu na primavera do ano passado. Sasuke surgiu quando eu estava chorando encostada em uma cerejeira, ele não devia ser tão mais velho que eu. Tudo o que fez foi sentar ao meu lado enquanto eu chorava e me estender uma flor que havia caído em meu cabelo.

— Vocês tem a mesma cor. - foi o que seus lábios disseram sem som.

Ele foi o primeiro a não me chatear pela cor do meu cabelo. Ele foi o primeiro a se aproximar de mim sem tirar proveito disso.
Sasuke passou a me esperar debaixo daquela cerejeira todos os dias durante a primavera. Me ouvia contar dos problemas na escola e em casa e reclamar que não tinhas amigos, por que todos riam dos meus cabelos rosados.
As vezes eu o pegava me olhando de canto e sorria pra ele, mas tudo o que eu ganhava era um desviar de olhar e suas bochechas coradas.

Com o passar do tempo Sasuke aparecia pelo meu bairro. Lhe perguntei várias vezes onde morava e ele apontava por além da rua, nessas poucas vezes descobri que era tão ou mais solitário que eu.

Em uma das nossas, minhas, horas conversando lhe perguntei sua idade e não fiquei surpresa quando desenhou na terra do meu quintal o número treze, minha idade. Mesmo ele não falando muito nós nos comunicávamos, ele por escrita ou gestos e eu por palavras.

Passamos meses assim. Algumas crianças passavam pela gente e riam, não era novidade pra mim, mas Sasuke sempre se sentia irritado quando isso acontecia.

— Eu já me acostumei com isso, eles riem do meu cabelo sempre.- falei uma das vezes que isso aconteceu.

Quando finalmente tínhamos nos tornado “amigos de verdade” o levei a minha casa. Nas poucas vezes que meus pais estavam em casa eu lhes contava sobre Sasuke e nossa amizade, minha mãe sempre pedia pra levar meu tão famoso amigo em casa então decidi levá-lo.

Tinha o encontrado como de costume me esperando na entrada do meu bairro, seus cabelos revoltos brincado com o vento enquanto me esperava em uma sombra. O levei a minha casa naquele dia, o apresentei a minha mãe e nos divertimos naquela tarde em Konoha. Repetimos esse ritual todos os dias que se seguiram durante um ano, aproveitei desse tempo para guardas recordações nossas, tirei fotos nossas e guardei cartas/bilhetes que deixamos uma para o outro. Nossa amizade era minha base, nesse ano que se passou meus pais passaram a brigar mais e quase não via os dois juntos ao mesmo tempo em casa, então Sasuke era aquele que estava presente em minha vida sempre.

 

Nunca entendi o motivo da briga deles, mas sempre terminava com a minha mãe dormindo comigo depois de chorar.

 

Comprei sua fantasia querida. - minha mãe trouxe uma sacola com vários acessórios e deixou em cima da minha cama. Esse seria meu primeiro halloween com um amigo, mas antes disso meu pai me levou ao médico amigo dele dizendo que era pra ter certeza que eu poderia comer doces, achei normal, só estranhei o pedido de não contar a minha mãe e as perguntas que o doutor fazia não era relacionado a doces e sim ao meu amigo.

 

Lembro que coloquei a roupa branca com detalhes vermelhos e peguei a máscara de *Kitsune nas mesmas cores. Me senti bonita naquela noite. Assim que fiquei pronta corri para o lado de fora encontrado Sasuke vestido de *Oni vermelho, tínhamos combinado de ir com as mesmas cores e com personagens mitológicos, precisei fazer uma pesquisa antes de escolher quem eu seria nessa festa.

 

Feliz halloween Sasuke-kun. - lhe sorri o puxando para um abraço.

 

Querida me deixe tirar uma foto. - soltei Sasuke e fiz uma pose feliz apontando para a câmera enquanto ele me olhava de lado.

 

Saímos pelas ruas em busca de doces, mesmo Sasuke odiando ele fazia isso para passar seu tempo comigo. Passamos em diversas casas e sempre era apenas eu a ganhar doces, Sasuke parecia não se importar em ser ignorado. Andamos pelo meu bairro todo passando de casa em casa, por outras crianças que corriam enquanto eu comia alguns doces. As vezes algumas crianças riam de nós dois quando eu lhe oferecia um doce e o mesmo negava.

 

Sentamos no ponto de ônibus e tiramos nossas máscaras para dividi meus doces, se bem que eram poucos os que ele gostava que em sua grande maioria eram os azedos. Ri de suas caretas ao comer alguns dos meus favoritos, trocamos de máscaras e pela primeira vez depois que o conheci senti meu coração bater mais forte como se um sentimento forte demais estivesse nascendo. Sasuke fazia eu me sentir única, ele era a pessoa que estava comigo sempre que precisei, meu melhor amigo. O único que alcançou meu coração.

 

[…]

 

 

Depois daquele dia Sasuke se tornou mais presente em minha casa, passou a almoçar comigo o que fazia o sentimento que foi cultivado crescer mais ainda. Em uma dessas tardes em que passávamos no meu quarto conversando, meu pai chegou com seu amigo médico que me atendeu, escutei eles falarem algo com minha mãe e logo depois ela me chamar. Não sabia que minha vida desmontaria naquele momento, tudo que levei um ano para conseguir iria ser destruído.

 

Sakura o que temos a te dizer é algo importante. - começou meu pai assim que eu cheguei a sala.

Ficamos felizes que você tenha arrumado um….amigo. - continuou mamãe olhando para o amigo do papai. – Mas querida...

Queremos dizer que é totalmente normal o que está acontecendo com você mas você não está mais na idade pra isso… - começou o doutor olhando pra mim como se eu fosse estranha.

Se for pelos meus cabelos, eu não me importo mais. O Sasuke-kun gosta de mim mesmo tendo cabelos rosa. - falei passado as mãos pelos mesmos, eu os tinha deixado solto nesse dia, tinha passado a gostar deles dessa forma.

Não querida, seus cabelos são lindos e o… Sasuke… ele tem razão em gostar de você. - minhã mãe me olhava com os olhos cheios de lágrimas.

 

Então eu não entendo… Eu posso voltar a brincar com o Sasuke-kun? - perguntei a minha mãe que começou a limpas as lágrimas que escorriam por seu belo rosto, nunca gostei de a ver chorando.

O Sasuke não existe. - me assustei com o grito que meu pai deu, ele nunca tinha gritado comigo e isso me assustou me fazendo encolher no sofá. – Isso não passa da sua imaginação filha, esse garoto NUNCA existiu. Ele só existe na sua cabeça.

 

Lembro que fiquei olhando meus pais sem entender, minha mãe vendo que eu não estava entendendo nada se levantou e pegou algumas fotos que tiramos, nelas eu aparecia sorrindo apontando para um lugar vazio ou abraçando o nada… Todas elas eram pra ter o Sasuke ao meu lado, mas em nenhuma ele aparecia.

 

Onde ele está? O que fizeram com minhas fotos?- gritei jogando as fotos para longe e correndo em busca de Sasuke que estava em meu quarto, mas estava vazio. – Sasuke-kun? Cadê você? Por favor aparece…

 

Procurei em todos os lugares da casa e fora dela com meus pais atrás de mim junto do médico. Minhas lágrimas pareciam facas sendo cravadas em meu coração, o menino que havia se tornado meu amigo não estava em lugar algum. Vi minha mãe chorar me olhando desesperada, vi arrependimento nos olhos do meu pai enquanto eu gritava por Sasuke no meio da rua. Ele havia sumido. Mas existia, disso eu tinha certeza.

 

Passei dias dentro de casa, não conseguia sair do quarto. Tudo que tocava ou olhava me fazia lembrar dos momentos de alegria que vivemos, as vezes que ficava deitada na minha cama cantando músicas aleatórias e ele me acompanhava, ou quando minha mãe preparava o lanche da tarde e eu trazia pra dentro do quarto enquanto jogávamos xadrez.
Quando estava perto de completar uma semana trancada, ele apareceu na minha janela. A roupa costumeira tinha sumido dando lugar a um conjunto de moletom cinza, os cabelos pela primeira vez desde que eu o vi estavam devidamente penteados e um sorriso sem graça dançava por seus lábios.

 

Precisamos falar. - vi seus lábios formarem essas palavras e não pude conter o instinto de abrir a janela e pulei para seu lado. Sem pensar duas vezes o abracei com toda minha força, precisava sentir que não era uma ilusão, que eu não era louca.

Por que sumiu? - sussurrei ainda o abraçando, senti suas mãos deslizarem por meu cabelo da mesma forma que fazia quando me via chorando. Sem me responder guiou-me pela rua naquela noite fria. Não me importei com o vento frio e nem com o escuro que nos cercava, apenas segui ao seu lado segurando sua mão.

 

 

Lembro que quando dei por mim estávamos dentro do cemitério da cidade. O lugar era assustador, algumas sepulturas tinham flores e velas outras apenas mato em volta. Alguns postes iluminavam os corredores do lugar, mas isso não deixava de tornar o lugar menos sinistro.

 

Sasuke-kun… o que estamos fazendo aqui? Precisamos voltar. - parei de andar e o puxei para parar junto a mim.

Tudo o que ele fez foi apontar um túmulo em especial no fim da fileira central, me puxando paramos em frente dele. Um vento mais forte bateu nos fazendo soltar nossas mãos, nesse meio tempo um sussurro brincou em minha volta e um “Sakura-chan….” me fez olhar em volta e perceber que estava sozinha.

Sasuke-kun! Sasukeee!

Olhei em volta e nada de encontrar o menino dos cabelos negros. Precisava sair do cemitério, mas antes de ir embora olhei o túmulo que estava a minha frente e não contive o grito angustiado que escorregou da minha garganta, nele estava escrito “Sasuke Uchiha, filho e irmão amado. 2002 a 2015.” e em cima a foto do mesmo garoto de cabelos negros que havia se tornado meu melhor amigo no último ano. O mesmo menino que me levou até ali, o mesmo que me acompanhou no halloween e comeu doces comigo, o meu Sasuke. Em um ato desesperado sai correndo daquele lugar sem olhar pra trás.

Voltei pra casa naquela noite mais assustada do que no dia que meu pai falou que meu melhor amigo não existia. Entrei pela mesma janela que sai e me escondi debaixo da minha coberta, chorei assustada depois de encarar a escuridão que me encarava em meu quarto, parecia que seus olhas estavam ali me observando enquanto esperava acordar daquele pesadelo. Meu melhor amigo não existia, na verdade ele existiu só não estava mais vivo.
Nos dias que se seguiram, pesadelos invadiam meus sonhos e um Sasuke morto aparecia. Quando tinha esses sonhos acordava chorando sendo abraçada pela minha mãe que me ouvia gritar e vinha ao meu socorro, eu sabia que ela culpava meu pai pela minha situação, conseguia ouvir as discussões quando achavam que eu esta dormindo. Meu pai não buscou contato comigo depois do ocorrido. Mas eu não culpava ninguém. O doutor as vezes vinha ao meu quarto me fazer perguntas do tipo “como você se sente?” ou “Por que não sai do quarto?” ou a que me fazia jogar meu travesseiro sobre minha cabeça até ele se retirar “Você precisa esquecer seu amigo imaginário querida”. Não consegui falar com ninguém sobre o cemitério, na verdade eu não conseguia falar direito com ninguém.

 

Eu não sentia falta de ir a escola, todos naquele lugar me odiavam só ia pra lá para depois encontrar com Sasuke depois. Sasuke Uchiha. Agora ele tinha um sobrenome também, mas não estava presente comigo.

Em uma manhã naquele mesmo mês minha mãe me fez voltar a frequentar a escola. Já tinha perdido mais de quinze dias de aula, na volta pra casa sempre passava em frente ao cemitério e ficava parada na entrada por algum tempo e depois ia embora, mas um dia as crianças foram mais cruéis que antes e eu me vi andando para perto do seu túmulo e sentando na frente pra conversar com meu amigo. Pela primeira vez olhei de verdade para ele, havia flores velhas e o mato começava a crescer em volta, mas parecia que alguém sempre ia cuidar pra que nada estragasse o lugar. Nesse dia conheci Mikoto Uchiha, mãe de Sasuke, que foi levar flores para seu filho caçula e me encontrou sentada conversando com ele.

Você se parece com o meu Sasuke. - me assustei com a voz da mulher atrás de mim segurando alguns lírios brancos. – Acho que ele ia gostar de você, como eu disse, vocês se parecem.

 

Permaneci em silêncio a vendo trocar as flores e fazer um carinho na foto.

 

Ele era tão bom, mas as outras crianças não viam isso. Sasuke nunca teve muitos amigos, na verdade nunca teve um amigo de verdade. - ouvi seus pequenos soluços seguidos de uma fungada fraca. – Meu menino se foi tão cedo, era pra ele ter ido pra casa assim que saiu da escola… Não sei o que aconteceu que o fez mudar o caminho naquele dia, mas ele foi por um caminho perigoso… Eu sempre falei para não passar por ali mas esse dia ele passou. Meu menino levou em tiro. Uma bala perdida. Se ele tivesse ido pelo cominho de sempre…

 

Ouvi a mulher se lamentar enquanto olhava a foto do filho. Pensei em todas as vezes que mudei o caminho por que algumas das crianças mais chatas me seguia até em casa me torturando com ofensas ou me batendo. Sasuke poderia ter passado por aquilo também, se fosse verdade a mãe dele tinha razão, eramos bem parecidos.

Ele seria um bom amigo, na verdade ele foi meu primeiro amigo.

 

 

[…] Alguns anos depois […]

 

 

 

Sasuke não corre dentro de casa! - vi meu filho de nove anos parar de correr e se sentar a mesa para comer seus tomates.

 

Ele se parecia tanto com o menino que foi meu amigo. Os mesmos cabelos negros rebeldes, o mesmo gosto pra comida principalmente a rejeição por doces e o mesmo jeito calado. Era tanta semelhança que quando o vi em meus braços ao nascer o nome Sasuke foi o único a me aparecer em mente. Apenas os olhos eram iguais aos meus, mas isso não tirava a semelhança deles.

 

Mãe, a senhora tá bem? Tá com aquele olhar de novo. - Sasuke me tirou das lembranças de uma infância difícil que foi preenchida por um outro Sasuke que me fez crescer em tão pouco tempo. Um amor por outro.

 

A mamãe só tava lembrando de umas coisas. - o servi com mais tomates e o observei comendo suas frutas favoritas com gosto. – Quero que você seja feliz meu amor.

 

Você me faz feliz mãe. Sempre.

 


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Notas finais do capítulo

Para Aqueles Que Não Conhecem...

*Oni: Oni (鬼) são criaturas da mitologia japonesa. O termo Oni é equivalente ao termo “demônio” ou "ogro", porque tais podem descrever uma variedade grande das entidades. Em sua grande maioria são criaturas malignas mas sua máscara espanta maus espíritos.

* Kitsune: Kitsune (狐kits…?ne) é a palavra japonesa para raposa. Raposas são um assunto comum no Folclore Japonês. Kitsune refere-se geralmente neste contexto. Histórias as descrevem como seres inteligentes e com capacidades mágicas que aumentam com a sua idade e sabedoria. Entre estes poderes mágicos, tem a habilidade de assumir a forma humana ??” normalmente aparecem na forma de uma mulher bonita, uma jovem ou uma velha. Enquanto algumas histórias falam que as kitsunes usam essa habilidade apenas para enganar as pessoas ??” como muitas vezes fazem em folclores ??” outras histórias as retratam como guardiãs fiéis, amigas, amantes e esposas. Além da habilidade de assumir a forma humana, elas possuem os poderes de possessão, conseguem gerar fogo das suas caudas e da sua boca, o poder de aparecer nos sonhos e o de criar ilusões.


Obrigada por terem lido minha história. Um beijo da sua Deusa Pudim.



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