Autistic Love escrita por Claraneko


Capítulo 22
Como os Outros Pensam


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, pessoal... Perdão, este capítulo que estou postando agora deveria estar entre o capítulo 12 "Medo" e o capítulo 13 "Raio verde", mas de alguma forma au acabei não percebendo que não havia postado. Talvez vocês tenham percebido esse lapso e sinto muito por isso.
Como não encontrei no site uma forma de colocar esse capítulo no lugar dele, estou colocando agora depois do episódio final mesmo (ahhh, isso me dá um toc...)
:) Boa leitura



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Ele estava na sua frente novamente. A bola acompanhava-o pelo percurso e o rosto estava marcado com um atípico sorriso que dava ao prateado uma impressão muito ruim.

Junto com a defesa, Suzuno preparou-se  para bloqueá-lo, mas ao fazê-lo sentiu uma pontada no seu joelho e arquejou. Temeu que seus companheiros tiverem percebido esse fraquejo e desejou imensamente que não.

Os outros três defensores correram até o atacante, porém, logo foram driblados e Suzuno se viu mais uma vez em frente do monstro vermelho. Colocou o peso do seu corpo na perna esquerda antes de começar a correr para tentar roubar a bola, sem sucesso. Fuusuke não conseguia acompanhar o movimento da bola com a perna naquele estado. Detestava perder e tampouco suportava o fracasso, contudo, começava a ficar frustrado e desanimado. Por fim, Usagi jogou a bola para cima, observou-a taciturno antes de chutá-la com toda sua força em direção ao menor.

— Arg. - Suzuno caiu no chão e cobriu a barriga que latejava fortemente. Não conseguiu mais segurar algumas lágrimas solitárias vindas da dor e da vergonha que sentia por estar passando por aquela situação.

O sinal do fim do primeiro tempo soou, com o apito do juiz, e os jogadores da Seishou foram rápidos em deixar o campo.

Os defensores foram os primeiros a ir até Suzuno, que mal conseguia se mover, e o ajudaram a andar para fora do campo, onde uma ajudante começou a cuidar do seu joelho.

— Foi de propósito. - Um defensor disse, opinião que foi seguida com murmúrios de afirmação.

— Foi sim, com certeza - o goleiro do time disse com os braços cruzados. - Deu para ver de onde eu estava.

— Eles devem estar relaxados já que estão com um ponto a frente de nós. - Disse um meio campista que parecia irritado, já que fuzilava o time adversário com o canto dos olhos.

Midorikawa suspirou e olhou para Fuusuke, que estava sentado no gramado com os braços envolvendo a cabeça, suas mexas brancas escondiam os olhos. Ele parecia distante, afundando-se nos próprios pensamentos. Em seguida, o esverdeado passou o olhar para Haruya e suspirou outra vez. Nagumo parecia irritado, frustrado com alguma coisa, seu olhar lançava-se contra o capitão da Seishou. Ryuuji perguntou-se se tinham chance de vencer daquele jeito, no momento estavam perdendo de dois a um e, aqueles em que acreditava serem os mais fortes do time, estavam se afundando em desdobramentos psicológicos ruins. Era impossível tentar conversar com os dois do jeito que estavam.

...

— Suzuno.

Fuusuke levantou o olhar para ver o treinador Kimo sentar-se ao seu lado. Seu semblante estava pesado, por isso, imaginou o que ele estava prestes a dizer: para desistir da partida. Ele certamente tinha notado, na  verdade, provavelmente todos tinham.

— Eu vou continuar. - Falou para ele, não queria sair da partida naquele momento e daquela maneira.

O treinador o encarou.

— Como sempre, percebe as coisas rápido. Mas sério, não posso deixar que continue, parece que aquele jogador marcou você como um alvo.

— Eu sei.

Kimo o olhou surpreso.

— Então por que continuar? Como um treinador, não posso permitir que um dos meus alunos se machuque. Não posso colocar sua segurança em risco.

Suzuno abaixou o olhar novamente.

— Eu... Não posso parar agora... - Fuusuke perdeu-se a olhar para cada um dos jogadores do time, estavam todos preocupados com a partida, pareciam estavam irritados e ansiosos. Todos buscavam e queriam a mesma coisa: vencer a Seishou; Suzuno identificou-se com isso e sentiu uma incomum ligação com seus colegas. Nesse momento, pôs-se a pensar em algo que nunca tinha reparado. Não, algo que nunca quis reparar: cada um deles tinha seus problemas. Sentiu-se como um ignorante por sempre pensar em suas próprias dificuldades em negligência das demais. Apesar de ser difícil pensar na fraqueza dos outros, quando a sua própria era tão sufocante, queria imensamente ter feito um esforço maior para superar esses limites tão incômodos; limites esses que nunca o tinham permitido fazer amizades. Talvez sua diferença das outras pessoas fosse apenas que eles eram mais fortes em certo sentido, em certas situações. Naquele momento, naquela situação, seria ele forte o suficiente para levar seus companheiros à vitória? - Eu não quero perder esse jogo. - Suzuno se vestiu de um olhar decidido e sentiu, de alguma forma, um pouco mais forte.

O treinador Timo percebeu o ar em volta daquele garoto mudar, mas mesmo assim, o hematoma em seu joelho não era normal.

— Mas seu machucado...

— Tudo bem - Suzuno sorriu, o que fez o treinador arregalar os olhos por nunca tê-lo visto sorrir antes. - Isso não é nada.

— ... - O treinador observou o sinal do juiz, o segundo tempo estava prestes a começar e seus jogadores já se dirigiam ao campo. Suspirou pesadamente para a insistência daquele garoto. - Está bem, vai lá, mas não exagere.

— Obrigado, treinador. - Disse levantando-se enquanto Timo se dirigia a outro ponto, mas quando o fez, sentiu seu joelho e cambaleou ligeiramente para trás. Sentiu-samparado por braços fortes. Suzuno reconheceu o calor daqueles braços e olhou para cima, para aqueles olhos amarelos e aflitos.

— Está pensando em ir? - Nagumo lhe dirigiu um olhar penetrante.

Fuusuke desviou daquele olhar e acenou com a cabeça, afirmando.

Nagumo apertou os olhos.

— Não vou deixar.

— O treinador permitiu. - Suzuno rebateu.

— Não posso ver aquele idiota te machucando mais, senão... Não sei o que posso fazer.

O prateado encarou aquelas orbes vibrantes por um instante. Nos últimos minutos do primeiro tempo, o avermelhado estava lento e desajeitado, muito diferente de quando treinaram juntos. Suzuno não sabia o por quê, mas duvidava que era somente raiva por Usagi, já que Nagumo carregava um semblante duro e irritado quando errava.

— Nagumo... - Suzuno soltou-se das mãos alheias e equilibrou-se sozinho, ficando de frente para ele. - Se não ganharmos o torneio, eu nunca vou poder te mostrar aquele meu desenho, não é? - Perguntou, sorrindo ao ver a expressão surpresa do maior. - Eu quero mostrar ele para você... Quero vencer essa partida e chegar até o final desse torneio. Você disse que conseguiríamos não é mesmo? Que se eles eram fortes, era só ficarmos mais fortes que eles. Eu queria muito acreditar que isso era possível mas, sabe... É tão difícil... Por favor Nagumo, me deixe tentar, sinto vontade de ver até onde consigo chegar... Com minhas próprias pernas. - Sussurrou a última parte, incerto sobre o que dizia, era impossível ganhar aquele torneio. - Se... Se com essa pouca coragem que eu consegui reunir... Me fizer um pouco mais parecido com você, talvez eu consiga jogar com todos vocês no campo... Como um time.

Suzuno calou-se. O que raios estava dizendo? Seu coração palpitava fortemente a ponto de não conseguir controlá-lo e seu rosto esquentou. Que vergonha, não queria olhar para Nagumo nos olhos, o que ele devia estar pensando?

— Entendo... - Ouviu-o dizer, depois de uma congelante pausa que mais pareceram séculos. - Então quero os mostre do que é capaz, quero muito que todos vejam... O gênio que você é... Mas não quero que você seja parecido comigo, você é forte, que vê-lo jogar como você é.

Suzuno olhou para o avermelhado, surpreso, e foi recebido por um rosto sorridente e ansioso. A raiva antes presente e conflitante nas emoções dele pareciam ter desaparecido.

Nagumo sorria enquanto ajudava Suzuno a tomar sua posição, na verdade, o prateado insistiu em ir sozinho, então acompanhava-o. O avermelhado sentiu um peso sair de seus ombros, apesar de ainda querer socar o capitão da Seishou. Sabia que agora Suzuno estava mais motivado, mas ainda estava machucado e, por alguma razão, aquele atacante estava avançando contra ele. Nagumo não queria deixar que ele fizesse mal à Suzuno, mas sempre que o atacante da Seishou passava por si, não conseguia mais alcançá-lo. Não conseguia protegê-lo, estando ele tão distante na defesa.

— Não se preocupe comigo, Nagumo. Concentre-se em vencer essa partida. - Suzuno disse, como se lesse seus pensamentos, antes de se separarem.

O juiz apitou, revelando o início do segundo tempo.


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