Sem Limites escrita por Débora Ribeiro


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores!
Sinto muito pela demora, mas aqui está mais um capítulo da minha nova história!
Espero que gostem e façam boa leitura.
Beijos :*



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Capítulo 4

Bianca

 

Foi apenas uma garrafa de vinho, eu juro, mas eu estava morrendo com uma maldita ressaca. Lavínia e Maria, provavelmente estavam rindo de mim e da minha situação, antes de sair do nosso apartamento, eu simplesmente vomitei por longos cinco minutos.

Não, não foi apenas o vinho.

Era meu famoso ataque de pânico e ansiedade, eu andava tendo vários frequentemente nos últimos dias. E agora seria o momento da verdade, e eu me sentia uma merda.

 Já estávamos na hora do almoço e Ryan não tinha aparecido na revista ainda. Luiz, vendo meu desespero, explicou que possivelmente ele estava na gráfica e que assim que as colunas eram escritas eram preparadas para serem imprensas, por isso ele não havia chegado ainda. Beth e Alice pegaram no meu pé por toda manhã, queriam por que queriam ler minhas matérias, mas claro eu me recusava. Elas só leriam se minhas matérias se fossem aceitas por Ryan e publicadas na revista.

A porta da frente se abre e Ryan entra com um enorme sorriso de tirar o fôlego, pelo menos ele estava com o humor de um ‘’panda’’ ao que parecia, nem tudo estava arruinado afinal.

Cumprimentando todos, ele caminha até minha mesa, meu pé direito balançava tão fortemente que eu corria o risco de descolar um osso.

— Bianca – Ele fala com a voz calma e suave como uma pluma.

Merda, merda, merda...

— Oi, chefe. – Falo batendo as unhas sobre a mesa.

— Você parece nervosa. – Aponta com um sorriso.

Não me diga, Sherlock!

— Ah sim, claro, não é todo dia que sou aceita em uma alta revista e fico louca com medo das minhas humildes matérias não serem aceitas. – Falo baixo, quase num resmungo.

— Entendo, mas você já pode parar de abalar as estruturas do prédio com os pés. – Ele diz em tom malicioso, cruzando os braços sobre o peito.

Eu tenho que dar duro para não levantar e chutar sua canela. O maldito arrogante!

— Ah! Desculpe, sabe como é ansiedade... – Digo pigarreando alto.

Ele se abaixa até ficar na minha altura e sussurra no meu ouvido.

— Suas matérias estavam boas, tenho certeza que ficaram melhores com o tempo. Parabéns.

Sorrio e bato palmas alegremente, Ryan faz seu caminho de volta, rindo, certamente às minhas custas, mas eu não me importava. Antes de air pelas portas duplas ele fala:

— A revista sai amanhã às 9 horas.

Abraço todos meus colegas e saio com eles para o almoço, eu não poderia estar mais feliz. 

                                                 *

Entramos na sala tropeçando e rindo, Gabriel fazia cocegas em Alice, que ria histericamente. Eu tinha descoberto a poucos instantes que os dois namoravam há dois anos e que começaram a sair desde o dia em que ela começou a trabalhar na revista, o que achei meigo. Eles ficavam bem juntos.

Ben deixou bem claro que eu não tinha qualquer chance com ele, que ele era 100% gay, fiz beicinho para ele e ele fingiu me esnobar o que fez todos rir ainda mais.

Levo um susto quando vejo dois buquês de flores na minha mesa, um de narcisos brancos com um leve toque de rosa perfeitamente aliados e um de rosas vermelhas.

— Uau! Estou com inveja, não fui tão bem recebida assim quando entrei. – Fala Beth.

Eu sabia que os narcisos eram de Lavínia e Maria, elas sabiam que eram minhas flores preferidas, as rosas que me intrigavam, então peguei primeiro o cartão delas.

 “Seja bem-vinda à Belle Époque. Ainda pensando na nossa dança. R.”

Eu pude sentir quando todo sangue escorreu do meu rosto e fiquei branca como papel.

— Quem mandou ein, sua danada? – Questiona Alice tentando ler o cartão.

— Minhas amigas que mandaram. – Falo sem olhar para meus curiosos colegas de trabalham, que ainda estavam atrás de mim. - Estão felizes pela minha primeira coluna.

 A porta se abre novamente e meus pensamentos são interrompidos quando uma linda mulher de vestido florido entra segurando a mão de uma menininha de uns três anos.

Ambas loiras de olhos azuis.

— Daphne, é bom vê-la querida. – Fala Beth indo abraçar a mulher e felizmente a atenção não está mais sobre mim.

— Oh meu Deus! Quem e você? – Luiz pergunta a garotinha que o olhava com interesse genuíno.

— Sou eu, Lu! – A garotinha responde com a voz mais doce do mundo.

Porém nem mesmo uma criança tão adorável podia me tirar do meu transe, era como se meus tivessem criado raízes no chão.

— Você não é minha pequena Melissa! – Luiz finge horror. – Melissa não é tão grande como você que parece um gigante!

— Lu, eu cresci, mamãe disse que já sou uma mocinha. – Melissa, a doce garotinha, fala orgulhosa.

— Bem, bem, se você é minha Melissa, sabe do que o tio Luiz aqui gosta.

Melissa não espera e joga seus curtos braços em Luiz, se agarrando a ele como uma pequena preguiça. Daphne, que cheguei na conclusão de ser mãe de Melissa, sorri para meus colegas e eu odiei que ela era uma mulher tão linda.

— E quem é você, querida? – Pergunta para mim.

— Ela é Bianca, nova na revista, o primeiro arquivo dela será publicado amanhã na coluna Amor & Sexo. – Explica Ben, e eu me sinto imensamente grata, pois sentia que não seria capaz falar nada naquele momento. Meus olhos ainda estavam em Melissa, que brincava sem qualquer preocupação com Luiz.

— Oh sim, Ryan mencionou algo sobre você. – Daphne diz com um sorriso carinhoso.

— Ryan não está aqui ainda, Srta. Martins. Sente-se, ele não deve demorar muito. – Alice se apressa em dizer, que com certeza notou meu desconforto e minha falta de cor no rosto.

— Me deem licença. – Peço e saio apressadamente da sala.

Havia sido rude, Daphne poderia ser alguém muito importante para Ryan, até poderia ser sua esposa, não que eu acreditasse nisto contanto que um homem casado não deveria dar em cima de outras mulheres tão na cara. Mas naquele momento eu não ligava para nada, eu me sentia mal.

Eu me sentia péssima.

E depois de entrar no banheiro e me trancar em um dos compartilhamentos, senti as lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto memória que eu não queria, tomavam meus pensamentos...

 

... Dor. Muita dor.

Eles podiam parar de me pedir para respirar fundo, eu estava tentando será que eles não viam?

Meus pais. Apenas meus pais. Não Cristian, Cristian não.

Eu grito, grito alto dentro do carro.

Nada estava certo. Tudo estava errado.

Eu estava perdendo meu bebê.

Meu bebê, meu filho, meu pequeno que havia sido recusado pelo pai. Como alguém podia ser tão horrível ao ponto de não se importar com um bebê que ainda não havia chegado ao mundo?

A dor é tão forte que eu desmaio, quando acordo estou em um quarto com paredes de cor azul bebê. Eu odeio este quarto, e odeio ainda mais a expressão triste nos rostos dos meus pais quando eles me dizem que eu perdi meu filho.

A culpa era minha, e eu sabia.

 

Me curvo na frente da privada e vômito com força, esvaziando completamente meu estômago. Tinha sido seis anos desde que perdi meu bebê, mas a simples lembrança ainda me machucava de uma forma incurável. Era uma ferida que nunca iria cicatrizar, assim como o espaço em meu peito nunca seria preenchido.

Saio do banheiro sentindo-me fraca por um momento. Jogo água em meu rosto e suspiro quando toda a maquiagem vai embora. Odiava me sentir fraca. Simplesmente odiava.

— Bianca? - Me viro encontrando o olhar preocupado de Beth. – Você está bem? Está no banheiro há um bom tempo.

— Estou bem. – Respondo com um sorriso forçado. – Acho que o almoço não caiu bem, você pode pegar minha bolsa para mim?

Beth me olha por alguns segundos antes de apertar os lábios e acenar. Eu era uma péssima mentirosa e é claro que ela percebeu isto facilmente.

Apoio minhas mãos no granito frio e me encaro no espelho, estremecendo com minha própria visão. Era normal estar mais pálida que o habitual depois de ter vomitado até a perder o sentido, mas meu reflexo não estava agradável.

— Obrigado, Beth, eu estou parecendo uma maldita alma penada... – Digo quando a porta se abre.

— Para mim, você está linda.

Eu salto, colocando a mão contra o coração quando me viro e dou de cara com Ryan, me observando com cuidado.

— Ryan, o que você está fazendo aqui? – Pergunto quase engasgando com as palavras.

— Bem, deixe-me ver, eu trabalho aqui. – Um meio sorriso aparece em seu rosto. – Elizabeth disse que você não está se sentindo bem, então vim pessoalmente descobrir o que está acontecendo.

— Eu já disse a ela que é apenas um mal-estar causado por algo que comi. – Falo tensa. – Posso ter minha bolsa?

— Você está mentindo. – Ele simplesmente diz, deixando minha bolsa sobre granito. – Então por que apenas não me conta o que está acontecendo, querida?

— Minhas sinceras desculpas, mas tenho certeza que isto não é da sua conta, chefe. – Digo rispidamente enquanto abro minha bolsa. – Sei que sou nova aqui, mas realmente não quero falar sobre minha vida pessoal, nem mesmo quando meu chefe quem pergunta.

  Não olho para ele para ver sua reação, eu não poderia. Nunca tive controle sobre minha própria língua, principalmente quando estou nervosa. É tanto um defeito como uma qualidade, na minha humilde opinião.

— Tudo bem, Senhorita Lins, se é o que você quer. – A voz dele soa dura e insensível, mas naquele momento eu realmente não me importava. – Volte logo para o seu trabalho, tenho certeza que a muitos esboços para serem escritos.

Ryan se afasta e eu respiro fundo antes de falar.

— Sim senhor e agradeço pelas rosas. – Falo quase terminando de passar a maquiagem.

— Não é nada importante, não se sinta especial. – Ele rebate e eu reviro os olhos.

Com aquele bilhete, talvez seja melhor você se esforçar em dizer isto para si mesmo querido, quem sabe não se torne realidade... Penso comigo mesma.

Guardo todas as minhas coisas e saio, voltando para minha mesa a tempo de ouvir um pouco da conversa de Daphne.

— Por que você ainda, mantêm contato com este filho da mãe? – Ryan pergunta soando muito irritado.

Me sento ignorando todos os olhares dos meus colegas e volto a digitar em meu computador, mas ainda estando atenta na conversa logo atrás de mim.

— Ryan, você é meu irmão e eu te amo, mas ele é o pai de Melissa! – Daphne responde amargamente. – É sensato manter contato com ele, mesmo que ele seja um desgraçado!

— Bem, se esta não é a coisa mais sensata que você disse hoje! – Ryan meio que grita, mas minha atenção está no fato de que os dois são irmãos.

Interessante.

— Por que você está tão nervoso? Falar sobre as visitas de Melissa a casa de seu pai nunca te deixou tão irado. – Da para ouvir a curiosidade em sua voz, e como ferrões gigantes em minha nuca, sinto os olhares em mim.

Claro que olhariam para mim desde que o idiota do meu chefe esteve comigo no banheiro poucos minutos atrás e fato de Ryan não ter respondido, apenas intensificou a gravidade da situação.

Simplesmente maravilhoso!

— Vamos conversar em minha sala. – Ryan resmunga baixo como se tivesse acabado de perceber que estava gritando na frente de todos seus funcionários.

— Só um segundo. – Daphne diz e eu conto até dez quando literalmente a sinto vindo em minha direção. – Está tudo bem, querida?

Ergo meu olhar e forço mais um sorriso.

— Sim, está tudo bem. – Falo com calma. – Estava me sentindo mal, mas já estou melhor, sinto muito ter sido tão rude.

— Não se preocupe, apenas queria me certificar que está melhor porque meu irmão tem a cabeça enfiada na bunda e não é capaz de ver o que está acontecendo a menos que a situação seja esfregada em seu rostinho perfeito. – Eu sufoco uma risada e assim fazem meus colegas.

— Daphne! – Ryan rosna e eu mordo meu lábio. – Quando foi que eu perdi o controle da minha própria empresa?

— Chefe, acho que você nunca o teve. – Ben fala e acaba recebendo um olhar afiado de Ryan. – Quer dizer, dos três você é o mais adorável.

Eu não me controlo, eu simplesmente explodo em uma gargalhada e Daphne me olha cheia de humor.

— Oh Deus, eu sinto muito! – Digo ainda rindo sentindo o olhar de Ryan queimar sobre mim. – Vocês são hilários!

— Você vai se acostumar com está bagunça. – Daphne se abaixa e me abraça. – Seja bem-vinda, espero que possamos conversar mais futuramente.

— Sim, claro, eu adoraria. – Falo me sentindo melhor.

— Bem, acho melhor eu salvar Luiz antes que Melissa o quebre. – Daphne pega o braço de Ryan e o puxa para a saída.

— Vocês – Ryan ruge ainda me olhando. – Ao trabalho!

Até que deu a hora de ir embora, ninguém disse mais nenhum sequer palavra.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem!



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