Já estava quase no horário do almoço quando Gaara resolveu levantar. Naquele dia ele só queria ficar enrolado nos lençois com Akame, mas tinha outras coisas para fazer. Como sempre.

Ele foi até o banheiro tomar um banho gelado, ainda lembrando das imagens da noite passada e da sensação extasiante que o sexo havia provocado nele. Aquilo tudo era tão novo e tão gostoso que não pode deixar conter e deixou escapar um sorriso bobo, enquanto se trocava.

Quando saiu do banheiro Akame já estava acordada, em pé vestindo apenas a calcinha e uma camiseta grande de uma banda da cidade, com o cabelo bagunçado. Ele se encostou no batente da porta do banheiro com os braços cruzados, olhando-a arrumar a cama, pensando que realmente a amava e que ela continuava linda como na noite anterior.

— Bom dia  - ele se aproximou por trás e abraçou dando um beijo no pescoço dela.

— Bom dia – Ela retribuiu o carinho. Depois se virou colocando os braços ao redor do pescoço dele – Você precisa mesmo ir? Fica aqui comigo.. – pediu fazendo um biquinho

— Adoraria ficar, mas eu tenho umas coisas para resolver...

—Ahh..- com um ar de decepcionada, apesar de entende-lo

— ... Eu volto mais tarde - depois de dizer isso ela sorriu e beijou-o se despedindo. Gaara saiu pela porta e correu até o quarto para trocar de roupa, afinal ainda usava as da festa, e pegar o casaco de Kage. Passou correndo pelos funcionários e todos viram que ele estava com um brilho diferente.

—Bom dia Kazekage Sama – uma das faxineiras estava passando pelo corredor

—Bom dia! – Sorriu. Realmente aquele seria um bom dia.

Depois de se arrumar rapidamente saiu do quarto e num ritmo mais lento do que antes porem não menos apressado se dirigiu a sua sala. Enquanto tentava abotoar o casaco, foi abordado por alguém que ele devia agradecer.

— Bom dia irmãozinho – kankuro passou a mão pelo pescoço dele e o acompanhou até a sala principal. – e ai, como foi ontem? Encontrou a “eleita” – disse em tom debochado

— Encontrei sim e foi melhor do que eu imaginava... – Kankuro ficou surpreso com a resposta, afinal seu onii-chan parecia tão desconfortável na Gala – ... Ah, e eu preciso te agradecer pelo preservativo. Você teria outros para me dar? - Kankuro não conteve a gargalhada, quem diria que seu irmãozinho mais novo estaria agradecendo a ele por aquilo.

— Eu sabia que esse seu sorriso era por causa de mulher – deu um leve soco no ombro do irmão – estou orgulhoso, agora você é um homem! – disse com satisfação e alto. Gaara revirou os olhos, ninguém precisava saber. – Mas então, quem é a moça? – Gaara o olhou, sorriu e continuou seu trajeto - Ahhhhhh não, você tem que me contar!!! Eu quero saber. Não me diga que é a Ak...

— Em breve você vai saber Kankuro – interrompeu - Agora vai logo buscar meus preservativos –  e entrou na sala rindo, deixando o irmão do lado de fora  ansioso. Aquela era a forma dele retribuir pelo sufoco na noite anterior.

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Gaara meio que se mudou para o quarto de Akame no mês seguinte e permaneceu assim por muito tempo. Ele amava tudo ali. O cheiro suave, as cores, a organização dos objetos, os CDs das bandas que os dois passaram a apreciar, as cantorias péssimas dela durante o banho, os chinelos que ele escondia de propósito para vê-la procurar só por que era extremamente engraçado ver alguém tão forte sendo enganada por um truque tão tosco, enfim, tudo lembrava ela, a sua garota. Aquele era o seu refúgio depois do dia intenso de trabalho. Não mudaria nada ali, se alguém perguntasse. Não se queixava nem mesmo quando ela lhe dava uma bronca por deixar as roupas jogadas no chão do banheiro, ou por bagunçar tudo no guarda roupas procurando alguma quando estava atrasado para o trabalho de manhã, ou por monopolizar o controle da tv. E também não achava ruim quando ela tomava mais da metade da cama dormindo ou comia sua comida. Ele estava feliz, de verdade.

Eles eram um casal normal, quando estavam sozinhos. Resolveram manter o namoro em sigilo, já que eles sabiam que os conselheiros não aprovariam. O único que sabia era Kankuro, que começou a chantagear Gaara com o fornecimento de preservativos caso ele não contasse quem era e mesmo assim prometeu não contar a ninguém.

Tudo transcorria com relativa tranquilidade, e aquilo era estranho devido às tensões do conselho com a “forasteira” e as constantes ameaças de Yoshi com seus bilhetinhos. Sim, Gaara já sabia disso e estava puto. Ia ter volta.

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— Akame? – Estava de manhã, aquele mês era o período de férias escolares e por misericórdia do universo, depois dele choramingar muito, o conselho concedeu a ele o mês de descanso. Ele estava deitado na cama, sem camisa, de shorts, desfrutando um dos dias de folga e lendo uma revista.

— Huuh? – Ela estava escovando os dentes

—Hoje é aniversário do meu irmão e ele nos convidou para irmos até as fontes para nos divertirmos. Temari vai trazer meu sobrinho, queria que você o conhecesse... – Disse enquanto folheava a revista. Depois de alguns segundos ela apareceu na porta do banheiro

—Sério? Que legal, eu não sabia. Mas, que fontes são essas?

—É um lugar lindo, você vai gostar. São lagos naturais próximos do deserto, com sombra e água cristalina. Chamamos de oásis. Minha família costuma ir lá em ocasiões especiais. Mas antes de irmos, temos que comprar um traje de banho para você!

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Chegando na loja, haviam outros clientes na frente para serem atendidos. Um clube foi aberto na cidade e os moradores ficaram muito animados e o resultado disso foi a fila imensa de atendimento na loja de roupas de banho. Akame ficou encantada com a infinidade de modelos, cores, estampas, tipos de corte. Se pudesse levaria todos até que finalmente avistou um que fosse para ela o the best.

 Enquanto ela escolhia o biquini, Gaara foi buscar um calção novo no outro corredor. Ao se aproximar ouviu dois homens conversando no setor de sungas.

— Ae parceiro, espero que tenham várias gatinhas lá no clube. Não to a fim de dormir sozinho hoje de novo.. – disse rindo e mostrando a língua como um cachorro malandro

— Você continua o mesmo tarado de sempre, mas eu confesso que também quero que tenha várias gatas lá no clube.

—Você fala assim de mim mas já tem uma namorada! Qual é o seu problema?

— Meu problema é que eu to a fim de dar uma renovada no meu repertório. – cutucou com o cotovelo o braço do amigo e soltou uma risadinha safada. Gaara entendeu que aquilo se tratava de adultério e ficou com dó da moça. Aquilo seria imperdoável, que traíra! Depois disso uma mulher loira se aproximou de um deles e o puxou até o provador para dar opinião sobre o modelo. Akame também estava lá.

Gaara já tinha pegado o calção que queria e se dirigiu ao provador para esperar pela namorada, o homem estava sentado no banco ao lado esperando a mulher se trocar quando Akame abriu a cortina vermelha do provador para que ele visse o modelo.

— Ficou lindo! – Gaara disse satisfeito

— Ficou mesmo! – Quando aquele traíra proferiu essas palavras Gaara virou a cabeça lentamente para ele, que estava quase babando como um cachorro de rua ao ver carne fresca, e o fuzilou com o olhar. Com certeza se o chakra dele fosse do tipo fogo, aquele homem teria virado torrada.

— Tá ótimo!! Agora se troque para irmos embora – disse enquanto empurrava Akame para dentro do provador, fechando a enorme cortina vermelha. Ele bufou, estava bravo. Morrendo de ciúmes.

O homem ficou parado uns segundos olhando para Gaara emburrado, medindo-o de cima a baixo até que o reconheceu e ficou boquiaberto.

— O que foi? Perdeu alguma coisa? – revirou os olhos.

—  ka-..ka-...kazekage sama, eu não tinha te reconhecido! Me perdoe pela indiscrição. – estava vermelho de vergonha.

Gaara se aproximou dele e sem olhá-lo disse num tom áspero que apenas o homem ouviria – Dá próxima vez, eu arranco seus olhos... – o homem engoliu em seco – ...E se eu souber que você traiu essa mulher eu te mato, entendeu? – o homem ficou paralisado no meio da loja, suando frio de medo. Akame se aproximou dos dois, já havia pagado o biquíni.

— Então vamos? – Estava alegre e nem percebeu o que tinha acontecido

— Vamos – Gaara deu passagem para ela e ao passar pelo homem olhou fundo nos olhos dele de uma maneira séria e assustadora. Ele tinha nojo de gente traíra.

~

No caminho para as fontes, eles passaram na doceria para comprar um bolo de aniversário, mesmo Kankuro tendo dito que não era necessário. Depois subiram na areia e Gaara os levou até lá. Todos já estavam na casa quando eles chegaram.

A casa era grande e aconchegante, feita de madeira no alto de uma montanha, no meio das árvores. As fontes não ficavam muito longe dalí e a vista era maravilhosa. Depois de cumprimentar à todos e deixar o bolo na cozinha, foram para a varanda enquanto esperavam pelo assado que Temari estava preparando para o almoço. Shikamaru, Shikadai e Kankuro estavam na sala jogando videogame que o menino tinha trazido.

— Aqui é muito bonito – Ela estava um pouco pensativa

— É sim, mas o melhor você ainda não viu – ele sorriu e percebeu que tinha alguma coisa incomodando  - Tem alguma coisa errada?

Ela o olhou um pouco surpresa com a pergunta, não queria ter deixado transparecer – Oh, não é nada de mais. É só que... bom, só a sua família está aqui hoje e eu tecnicamente não faço parte dela. Tem certeza que foi uma boa idéia me trazer junto?

Gaara a envolveu em um abraço, beijou sua testa e esclareceu – Tenho sim, foi uma ótima idéia. Até por que eles já sabem..

— COMO ASSIM? – Ela engoliu em seco e arregalou os olhos  – Eu pensei que só o kankuro soubesse!

— É, de início era mas há uns meses Temari acabou descobrindo pelo jeito que eu olho para você – sorriu amável. – por conseqüência o Shikamaru também soube. Inclusive o convite para você vir aqui hoje partiu da Temari... – ele afastou uma mecha do cabelo negro que cobria o rosto dela -... Não se preocupe você já é da família – e segurando o queixo a beijou.

Na Areia, alguém só era considerado membro da família após o noivado ou casamento. “Você já é da familia” foi bom de se ouvir, mas Akame achou aquilo um pouco estranho afinal apesar deles estarem  namorando há um bom tempo, ela não tinha nenhuma esperança de um noivado por enquanto. Tudo por conta do Conselho da Vila.

Os dois permaneceram ali olhando a vista, apoiados na grade que cercava a varanda, até que Akame encontrou no horizonte os resquícios do que antes era uma cidade.

— Olha ali – estava apontando – Que cidade era aquela?

— Ali era Zesta, a cidade próspera. Era a maior produtora de diamantes de todo o país do vento e depois de alguns conflitos internos a cidade toda foi devastada. Não sobrou quase nada em pé lá. Dizem que apenas um clã sustentava a riqueza do lugar com a habilidade dos seus ninjas, que eram tão fortes que usavam a energia do centro da terra para produzir seus minerais. Realmente, habilidades invejáveis... – olhou para Akame - ...mas claro, isso é só uma história. Nunca conheci ninguém que tivesse um doton tão poderoso...

De repente voltou sua atenção para dentro da casa, alguém os chamava

—O almoço está servido!! – Temari chamou da sala, o cheiro estava maravilhoso

Continua...