Num apartamento em cima da funerária, o pai e os dois filhos estavam jantando quando de repente Nico soltou o talher ruidosamente sobre o prato. Hades olha para seu filho, preocupado.

— Nico, meu filho, o que foi?

— Uma dor – disse ele ofegante. – Meu coração doeu.

Bianca olha para o irmão que começa a chorar.

— Nico, o que está acontecendo? – ela pergunta preocupada. – Eu vou chamar Will.

— Não! – gritou o rapaz. – Essa dor não é física, vem da alma.

— Do que está falando Nico? – pergunta o pai de cenho franzido.

— Pai, aconteceu alguma coisa com o Percy – disse ele chorando. – Uma coisa ruim.

— Nico – disse o pai já sabendo onde isso ia dar. – Filho, o Percy é casado pare com isso.

— Eu sei pai, mas alguma coisa aconteceu, eu tenho certeza – disse o rapaz insistente.

Hades suspira.

Ele sempre soube do interesse do filho por Percy, mas sempre o alertava para ter cuidado para que ninguém percebesse. Nico sempre foi discreto, nunca deixou transparecer seu interesse, assim, podia conservar a amizade com o mesmo.

— Como pode ter certeza disso? – ele pergunta – O Percy deve está em casa e ....

Nesse momento o telefone toca.

— Deixa que eu atendo – disse Bianca se levantando.

Nico fica na expectativa e então Bianca olha para o irmão.

— Pai é pra você, é o Xerife.

Hades se levanta e vai atender.

— Pois não Xerife.

— Hades, venha para a casa dos Jackson. Aconteceu uma tragédia.

— Uma tragédia? – ele pergunta olhando para o filho.

— Sim. O Percy... ele morreu.

— Está bem, eu já estou indo – ele desliga o telefone e se aproxima do filho. – Você tinha razão. O Percy está....

Então, Nico chora pra valer. O pai o abraça e deixa que ele chore à vontade.

— Ah irmão – diz Bianca com pena.

— Nico, preciso ir. Por favor, filho.

Ele assente ainda chorando.

— Bianca ligue para o Solace, mande-o para lá – diz Hades. – Fique aqui, está bem? – ele diz para o filho. - Posso precisar de você.

Ele assente novamente.

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Enquanto isso na casa dos Jackson, o Xerife conversava com o doutor Grace.

— Eu não consigo entender, o Percy era tão saudável – disse incrédulo. – Como ele pôde morrer de um ataque cardíaco?

— Tem certas doenças que fica anos estagnada, esperando o momento certo para agir – disse Jason preenchendo a papelada. – Doenças do coração não escolhem idade. Pelo menos ele não sofreu, foi fulminante.

— Ainda não consigo acreditar – disse Quiron meneando a cabeça.

— Eu sinto muito Xerife, sei que ele era como um filho para o senhor – disse Jason.

— Obrigado, doutor Grace.

Annabeth estava quieta num canto observando o movimento. Ela desvia os olhos quando Hades e Will colocam o corpo de Percy no saco e o levam embora.

— Já terminamos aqui Xerife.

— Obrigado por vir, Hades.

Hades assente e se retira. O Xerife se dirige a Annabeth.

— Eu sinto muito querida – disse Quiron se aproximando.

Seu sapato bate no frasco de veneno que estava no chão. Annabeth olha disfarçadamente para o chão e fica tensa.

— Se precisar de algo é só chamar.

— Obrigada Quiron.

Jason notando sua tensão olha para o chão e arregala os olhos.

— Não se preocupe com nada, cuidaremos do enterro – disse Quiron.

Lá fora a cadela não parava de latir irritando Annabeth.

— Essa cadela não para de latir, façam ela parar.

— Ela está sentindo falta dele – disse o Xerife. – Se quiser eu posso levá-la para casa.

— Por favor – ela disse aliviada.

— Fique bem.

— Obrigada.

Quando o Xerife se afasta Annabeth discute com Jason.

— Você disse que seria rápido, mas ele custou a morrer. Foi horrível!

— O Percy era muito saudável. Por isso, ele custou a morrer – disse ele tentando acalmá-la. – Mas agora acabou, você está livre pra fazer o que quiser.

Ela suspira.

— Vai dar tudo certo – disse ele pegando a sua maleta. – Nos veremos amanhã no enterro.

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Na sala do legista, o doutor Solace instruía um aprendiz.

— Então, pra começar cortamos o peito, assim – ele passa o bisturi no peito de Percy e o rapaz não aguenta e desmaia. – Que ótimo. Não se faz mais aprendizes como antes.

— Ei Solace, esse aí tem que ser enterrado logo, não dá pra esperar – disse Hades.

— Droga! – praguejou o legista. – Vou costurá-lo, depois você o leva.

— Ok.

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Na funerária, o corpo de Percy era vestido por um Nico que não parava de chorar. Hades deixou o filho a sós com o corpo por insistência deste. Ele resolveu que era melhor o filho se despedir do rapaz antes que ele fizesse um escândalo durante o enterro.

Enquanto ajeitava Percy no caixão, Nico olhava com ternura o rosto pálido e sem vida. Mesmo na morte, Percy era bonito e só de pensar que nunca mais veria o brilho dos seus olhos verdes, o enchia de tristeza.

— Ah Percy, se você soubesse o quanto eu te amo – ele disse acariciando seus cabelos. – Eu nunca vou deixar de te amar. Sei que não pode me ouvir, mas eu quero que saiba que você foi o grande amor da minha vida. Adeus meu querido – ele se inclina e lhe dá um beijo nos lábios frios de Percy e fecha o caixão.

Nico volta para o escritório do pai e diz que Percy está pronto.

— Agora suba e lave seu rosto. Deixei um calmante pra você, preciso que esteja focado, entendeu?

Nico assente.

— Depois vá direto para o cemitério.

— Tá – ele disse se retirando.

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Durante o enterro, o clima era de tristeza. Todos os amigos de Percy estavam presentes, dentre eles, o Xerife e sua esposa que estava sentada ao lado de Annabeth que fingia chorar. Até a Senhora O´Leary estava presente, pois ela estava inquieta e Quiron achou melhor levá-la junto. Ficou todo tempo ao lado dele quietinha.

Jason também estava presente, olhava para tudo com um sorriso de satisfação, ele estava em pé atrás de Annabeth.

Quando o padre para de falar, Annabeth se aproxima do caixão e deixa uma flor em cima da tampa. A cadela começa a latir e é acalmada por Quiron e fica quieta. Os amigos fazem a mesma coisa e se retiram.

Depois disso, Nico e Hades abaixam o caixão pra dentro do buraco. Nico pega sua pá enterra aquele que um dia foi seu grande amor.

Todos retornam para suas vidas. Annabeth volta para casa e respira aliviada. Não aguentava mais fingir, finalmente estava livre.