Mais cedo naquele dia, reencontraram a antiga colega de time, e o que deveria ter sido apenas uma conversa entre amigos, se tornou algo muito maior, já que, parafraseando os resmungos de Naruto:

“Havia demonstrado muita empolgação e o interrompido quando tencionara dizer que estavam juntos.”

Admitia que trocara amenidades com Sakura, algo pouco convencional de sua parte, mas os anos submerso em ódio e solidão o faziam valorizar um pouco esta calmaria, o que de forma alguma sugeria algum interesse de sua parte.

— Naruto, abre a porta. - pede um pouco irritado.

— Vai embora.. - ouve de forma abafada do outro lado da porta.

Ir embora de sua própria casa, ele era realmente era hilario.

Respirando fundo, aperta o dorso do nariz, implorando a qualquer divindade por paciência, antes de voltar a bater na porta.

— Se você não abrir, eu vou derrubar!

— A porta é sua, faça o que quiser.

Pelo jeito era verdade o que diziam sobre os casais espelharem o comportamento um do outro, ao menos por parte do loiro, ainda não mudara sua opinião sobre se vestir de laranja e querer ser hokage.

— Eu sei que ainda esta com raiva.. - diz se abaixando na frente da fechadura.

— E?

— E eu espero que veja o quanto isso tudo é sem cabimento. - retruca começando a mexer na fechadura.

— Sem cabimento?!

Naruto grita perdendo a compostura, atitude com a qual Sasuke contava, não era exatamente um perito em abrir portas de uma forma delicada e um Naruto perdido em sua própria paranoia lhe dava tempo, não iria estragar a porta de sua própria casa por causa de uma discussão idiota.

— Você acha que eu sou idiota, Teme?! Você e a Sakura-chan…

E mais uma série de absurdidades deixam os lábios do Uzumaki, Sasuke consegue destrancar a porta, mas repensa sobre entrar quando a conversa vai por um caminho mais sórdido.

— Eu deveria é ter ouvido o tio do lámen, quando eu era criança ele me disse..

“Haja paciência, como se acalma uma raposa irritada?” pensa deslizando devagar pela porta, encontrando Naruto andando de um lado para o outro, submerso demais no próprio falatório para prestar atenção ao seu redor.

Apesar da raiva, ver o namorado caminhando de um lado para o outro com uma touca preta com olhinhos, camiseta branca estampada e samba-canção era uma visão cômica demais para ser levada a sério.

— Você esta rindo?!

Em um rompante de fúria Naruto se volta para a porta, levando alguns segundos para assimilar a presença do moreno, ao que Sasuke se aproxima, rapidamente encerrando a distancia entre os dois.

— Vai embora.. - diz sentindo um par de braços o envolverem e o corpo se aquecer com a aproximação.

— Usuratonkachi, isso é ridículo.. - sussurra contra a pele morena do loiro que se remexe desconfortavelmente.

Naruto suspira, por um momento olhando para si, tornando-se consciente demais sobre o quanto parecia ridículo, mesmo que não conseguisse evitar o incomodo.

— Você deixou ela te tocar. - sibila irritado.

Não era possível que Sasuke não havia sentido aquela mão cheia de dedos passeando por seu braço.

— Naruto, ela é médica. - diz se afastando um pouco, o encarando.

— Me diga algo que eu não saiba! - resmunga perdendo a paciência mais uma vez.

— Eu me machuquei na ultima missão e a Sakura me ajudou.

Naruto se sobressalta, o encarando de forma preocupada.

— Você não falou nada. - diz abaixando um pouco a guarda.

— Eu não queria te preocupar, não foi nada de qualquer forma.

Naruto tenta se afastar mas Sasuke permanece firme, envolvendo-o com um pouco mais de força.

— Dobe..

— Esse é o tipo de coisa que eu deveria saber, Teme.

O corpo de Naruto torna-se mais tenso em seus braços, ao que afrouxa o toque.

— Eu estou bem.

— É o tipo de coisa que um namorado deveria saber. Eu quero estar lá para você, como posso fazer qualquer coisa se você não me inclui? – questiona em um sussurro.

— Eu sinto muito. 

Sentindo-se muito exposto, Naruto desvia os olhos, os fechando quando Sasuke segura delicadamente o seu queixo, não resistindo quando ele levanta sua face, beijando gentilmente o canto de seus lábios.

— Eu não vou deixar que durma com raiva de mim. - sussurra sentindo o loiro estremecer.

— Tudo bem, eu não vou dormir. - responde sem abrir os olhos.

Sasuke repuxa os lábios em um quase sorriso diante da atitude infantil, deslizando as mãos pela face do loiro, trazendo-o mais para si.

— Naruto, olhe para mim. - pede acariciando sua face.

Naruto recua por um instante, não conseguindo resistir ao carinho por muito tempo, por fim cedendo. Ao entreabrir os olhos, suspende a respiração ao se deparar com a carga de sentimento expresso no olhar intenso, contrastando com a face sem expressão.

— Koishiteru. - sussurra Sasuke, encerrando a distância entre os dois.

Aquele beijo era diferente dos que trocavam habitualmente, Sasuke o beijava com uma gentileza que beirava a devoção, suas mãos passeavam por suas costas de forma quase casta, o deixando desnorteado demais para entender com plenitude a complexidade da declaração.

Das poucas lembranças que possuía com os seus falecidos pais, Sasuke se recordava de uma em especial, não importava o que acontecesse, o seu pai nunca permitira que sua mãe dormisse com raiva e eles eram um dos casais mais unidos que já conhecera. Uma característica que herdara, tanto de Fugaku quanto de Mikoto, era o total despreparo para demonstrações de afeto em publico, nunca havia visto os pais se beijarem, no máximo trocarem palavras um pouco mais intimas de afeto, todavia, não tinha duvida da força do amor que os unia.

“O ódio míngua o amor aos poucos.”

Nunca se esqueceria desta frase.

— Você disse… - sussurra o loiro, escondendo a face no peito do namorado.

Não esperava ouvir uma declaração tão cedo, não era tolo, imaginava que Sasuke possuía sentimentos com relação a ele, no entanto, não esperava algo desta proporção tão cedo.

Sentia o coração de Sasuke martelar contra a sua face em sincronia com o seu, era um pouco assustador, mas sabia o que sentia, mesmo que no momento não se sentisse preparado para pensar tão profundamente no significado de tudo.

— Koishiteimasu.

Aquela era a vocalização do anseio de se tornarem o lar um do outro, de construírem uma vida, se casarem, ver os seus filhos crescerem e no fim envelhecerem juntos.

— Depois de anos me perseguindo, é meio obvio. - diz convencido, não tentando refrear o sorriso que se forma em seus lábios.

— Seu idiota! - retruca sentindo sua face queimar.

Sasuke segura sua face, aproximando-se mais uma vez.

— Eu sou o seu idiota.

A caixa de alianças sobre a cabeceira em breve consolidaria o amor dos dois, ou quem sabe, o presente ainda não descoberto fixado ao ventre do Uzumaki.