A semana começou novamente. Laura tomou um banho frio para pensar. Tinha que voltar a sua rotina. Afinal, não podia deixar que seus problemas interferissem no seu trabalho. Secou seus cabelos e passou protetor em sua pele pálida e delicada. Vestiu sua roupa já separada e pegou os textos que iria trabalhar em sala de aula.

O calor das últimas semanas tinha dado uma acalmada. O céu estava meio nublado, com sinal que uma garoa estava por vir. A ruiva foi para a sala dos professores onde foi bem recebida. Laura sentiu-se muito acolhida. Como é bom ter amigos! Ela sentou-se ao lado de Renata, professora de geografia e sua melhor amiga, e disse:

— Muito legal o que vocês estão fazendo por mim!

— Gostamos muito de você! E sabemos a barra que você está passando! Relaxa que vai dar tudo certo! — Exclamou Renata sorrindo. — Aliás, ficou sabendo?

— Sabendo de quê?

— Um novo professor de matemática foi contratado.

— E daí?

— Estão falando que ele é lindo e gostoso!

— Vinte e seis anos nas contas... Mas quando o assunto é homem age como adolescente.

— Eu só estou comentando! Além de eu estar solteira... Ter uma companhia sempre é bom!

Renata era negra de cabelos encaracolados. Seios fartos e um corpo perfeitamente desenhado. Era cortejada por muitos, mas nunca sentiu atraída por nenhum. Sonhava em ter um amor perfeito. Nem que para isso tivesse que buscar eternamente pela pessoa amada. Todos pararam quando um homem entrou na sala. Ele tinha um e oitenta de altura. Cabelos e olhos bem negros. Pele levemente bronzeada e traços bem fortes. Usava uma camisa preta que realçava seus músculos bem definidos. Enquanto todas as professoras olhavam admiradas, Laura tinha uma cara fechada. Não pode ser! Aquele babaca do parque!

O homem se aproximou e se apresentou:

— Meu nome é Marcelo. Sou o novo professor de matemática!

— Seja bem vendo! — Disse Renata pegando no braço do professor novato.  —Vou te apresentar todo o colégio.

Edgar se sentou ao lado de Laura e comentou:

— Parece que temos um novo galã no colégio.

— Ele é um babaca!

— Já o conhece?

 —Ele foi responsável por esses hematomas que você está vendo.

 —Estão doendo muito ainda?

— Sim! Só de lembrar daquele dia... Vontade de estrangular ele!

As seis aulas passaram voando. Edgar guardou seus textos e correu para a sala de Laura. É hoje! A professora de história tirava as últimas dúvidas dos alunos. Ao ver seu ex-cunhado na porta, deixou que ele entrasse. Edgar entrou, fechou a porta e disse:

— Queria conversar com você!

— Fale!

— Eu sei que está cedo... Mas... Preciso falar uma coisa para você!

 — Está me deixando preocupada. Fala logo!

Edgar agarrou Laura e a beijou. A garota afastou-se e ainda assustada perguntou:

— Tá maluco?

— Eu sempre te amei! Desde que te vi!                                   

— Para com isso! Para!

— Fique comigo! Posso fazer você esquecer o Eduardo!

— Eu não sinto nada por você! E nem quero esquecer o Edu!

— Não fale isso pra mim! – Ordenou Edgar pegando o braço de Laura com força.

— Me solta Edgar! Estou mandando!

A porta da sala abriu repentinamente. Marcelo olhou para os dois e perguntou:

— Algum problema?

— Nenhum. Já estava de saída mesmo. — Disse Edgar.

Marcelo aproximou-se de Laura e perguntou:

— Tudo bem?

— Sim.

— Que roxo é esse no seu braço?

— Nada que te interessa!

 —Já é a segunda vez que tento te ajudar e que recebo uma patada!

— E já é a segunda vez que você se mete na minha vida sem eu mandar!

 — Má educada!

— Intrometido!

Marcelo saiu da sala irritado. Que mulher mais marrenta e prepotente! Mereço um aumento por causa disso! Ele percorreu a cidade até uma casa simples na periferia. Entrou e uma mulher loira estava a sua espera:

— Como foi dar um de babá?

— Os alunos foram tranquilos. O problema mesmo são os adultos.

— Como assim?

— Uma mulher ficou no meu pé a tarde toda. Além de encarar outra professora super problemática.

— E o nosso suspeito?

— Aprontou hoje. Vi ele agarrar a força uma professora.

— Uma ruiva?

 —Sim! Como sabe?

— Era a namorada do Eduardo.

— Você está pensando a mesma coisa que eu?

— Que ele assassinou o irmão para ficar com a ruiva? Exatamente!

— Como provar isso?

— Temos que ficar de olho! Aliás, você tem que se aproximar de Laura.

— Não mesmo! Aquela mulher é super grossa e sem educação! Brigamos feio hoje!

— Você é idiota mesmo em Miguel? Sabe que deve ser neutro numa missão!

— Eu não sabia que aquela doida era namorada da vítima!  Além de eu não ser obrigado a levar desaforo!

— Foda-se! Arranja um jeito de ficar amiguinho dela. Isso será crucial para o sucesso dessa missão.

— Não consigo ficar no mesmo lugar que essa Laura! Ela é irritante demais!

— Não! Você que é implicante demais! E cuidado para não estragar o disfarce!

— Vamos voltar é deixar esse caso para outros agentes!

— Não! Já estamos aqui! Além de temos que investigar ainda se esse Edgar muito mais do que matar o irmão, ele também pode ser um membro da TCO! Não esqueça que achamos aquele desenho do relógio.

— É bom que além de um aumentão, seu pai me de um ano de férias!

Catarina olhou para seu parceiro indignada. Como aguenta-lo?

 Miguel acordou cedo. Olhou no espelho e suspirou. Hora do Marcelo novamente! Ele vestiu uma camisa azul mais folgada e penteou seus cabelos. Andou alguns minutos e ao ver Laura segurar alguns papeis com dificuldade foi ajudar.

— Assim nunca vai chegar na hora ao colégio!

 — Tá me perseguindo Marcelo?

— Olha, sei que começamos de maneira errada. Mas, se vamos ser colegas... É preciso que a gente se dê bem.

— O prepotente realmente está dando o braço a torcer?

— Sempre tão implicante assim, moça? — Perguntou Miguel sorrindo.

— Digamos que esses dias não estão sendo muito fáceis para mim.

— Fiquei sabendo do ocorrido. Sei como se sente. Também perdi um amor. Doí demais!

— Exatamente! – Concordou Laura surpresa. — Parece que temos alguma coisa em comum no final das contas.

— Estamos na paz então?

— Vou pensar no seu caso, novato.

Os dois sorriram é foram em direção ao colégio.

Edgar não gostou nada de ver os dois juntos. Além de atrapalhar o meu momento ontem... Tem a audácia de rouba-la de mim! Isso não vai ficar assim! Não mesmo!