— Para a próxima aula, quero um resumo dos três períodos da revolução francesa. Além de um comentário sobre o governo dos 100 dias de Napoleão Bonaparte. Por hoje é isso pessoal! Bom final de semana!

Laura sentou-se aliviada. Dar seis aulas por dia não era a tarefa mais fácil que existia. Contudo, ela adorava lecionar. Estar em contato com esses jovens era muito estimulante. Além de poder afastar alguns problemas que lhe atormentavam, nem que fosse por algum tempo. Seu namoro de cinco anos com Eduardo estava por um fio. Desentendimentos e visões de mundo completamente diferentes dificultavam a relação. Laura o amava demais e tentava a todo custo acender novamente o fogo que existia no início, porém, sentia que ele não estava interessado em fazer o mesmo. Tenho que por um fim nisso! Não posso ficar com esse sentimento me atormentando e me machucando! E será hoje!

Ao terminar de arrumar sua sala, Laura viu Edgar encostado na porta da sala a observando. Ela sorriu e perguntou:

— O que faz aqui cunhado?

— Já que hoje é sexta, os professores combinaram de ir até o bar do Tito para dar uma relaxada. Aí eles estão perguntando se você vai.

— Eu não sei. Tenho que resolver uns problemas antes. Talvez eu vá.

Edgar puxou uma cadeira que estava perto da porta e após sentar-se perguntou:

— Problemas com meu irmão?

— Tá tão na cara assim? – Retrucou Laura tristonha.

— Somos amigos há muito tempo! Sei quando você está com problemas! Além de conhecer bem o meu irmão. — Respondeu Edgar. — Pense bem no que for fazer. Vocês se gostam! Não deixe que alguns dissentimentos por bobagens atrapalhem essa relação.

Laura aproximou-se de Edgar e lhe abraçou. Ele sorriu e perguntou:

— Vai ficar bem mesmo?

— Vou sim! Obrigada!

Edgar despediu-se e saiu. A professora de história adorava conversar com seu cunhado. Ele era calmo, sensato e tranquilo. Características comportamentais completamente diferentes do irmão. Por mais que tivesse ouvido os conselhos de Edgar, já estava descida. Vou cortar os problemas pela raiz! Ela fechou a sala e foi embora do colégio.

A noite estava linda e tranquila. Céu completo de estrelas, auxiliando a lua cheia a iluminar toda a cidade. Uma brisa leve e gostosa contornava todo o ambiente, refrescando e deixando o clima mais ameno. Laura parou de andar ao ver um vulto emergir nas sombras. Um homem alto de aproximadamente vinte e seis anos se aproximava. Tinha cabelos e olhos bem claros. Usava uma roupa social bem ajeitada. Terno, gravata, sapato, tudo no lugar. Laura suspirou e perguntou:

— O que faz aqui?

— Queria falar com você. Tinha até ido à escola, mas, me falaram que você tinha acabado de sair. Aí corri para te alcançar e felizmente consegui.

— Foi até bom te encontrar Eduardo. Eu também gostaria de falar com você. — Disse Laura apreensiva. — Eu quero terminar a nossa relação!

— Era sobre esse tema que queria falar mesmo com você. — Disse Eduardo se aproximando e pegando a mão da menina. — Sei que nossa relação mudou muito com o passar dos anos... Mas eu continuo te amando! Sei também que por causa de empresa não estou tendo muito tempo para gente. Eu prometo mudar! Eu juro mudar!

— Já faz tempo que ouvi essas palavras da sua boca.

— Dessa vez é pra valer!

— Minha decisão já é definitiva! Não temos mais nenhum futuro juntos! — Exclamou Laura afastando-se subitamente.

— Eu não aceito que a nossa relação acabe! — Afirmou Eduardo acariciando a face da namorada. — Vamos pelo menos dar um tempo. Olha, vou viajar amanhã. Essa distância vai ser boa para pensarmos sobre nossa relação. E se mesmo assim, você quiser terminar... Por mais que isso me fira... Não vou te obrigar a ficar comigo. Prefiro te ver feliz sozinha a triste ao meu lado.

— Não, e é...

— Por favor... Só mais uma chance!

— Está bem.

— Se puder despedir-se de mim amanhã cedo.

— Acho melhor não.

— Então, a gente se vê daqui uma semana.

— Boa viagem!

Eduardo beijou delicadamente os lábios finos de Laura e foi embora. A garota sentiu lágrimas percorrem o contorno do seu rosto. Aquela situação era difícil demais. Ao ver seu grande amor na sua frente, uma vontade louca de beija-lo, abraça-lo e sentir o corpo quente dele veio em sua mente. Talvez ele esteja certo. Quem sabe dar um tempo é realmente o que a nossa relação precise.

Laura voltou a andar e foi direto para casa. Precisava de um lugar tranquilo para por as ideias em ordem. Trancou a porta e sentou-se no sofá. Olhou para o criado mudo e assustou-se. A rosa que Eduardo lhe dera estava morta. Ela sentiu uma sensação ruim no peito. O que será isso?