O nadador e o assistente escrita por phmmoura


Capítulo 39
Capítulo 39




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— Aqui, Cris — gritou e acenou Mari ao ver o primo.

O assistente viu e caminhou até ela, passando pelos amigos e família dos nadadores que vieram ver a competição. Ele chegou ao lado de Mari com certa dificuldade.

— Falou com ele? — perguntou ela sem nem esperar que ele recuperasse o fôlego.

— Sim…

Mari esperou que ele continuasse, mas Cris ficou quieto.

— E aí…? Como ele está? — perguntou ela quando ficou impaciente demais. — O que ele disse depois que você contou sobre o contrato e o outro nadador?

Cris soltou um suspiro preocupado.

— Do mesmo jeito… Digo, quando contei, ele pareceu um pouco chocado, mas não parece que vai afetá-lo hoje… Ele sabe o que precisa fazer…

— Esperemos que sim — disse Mari, bebendo seu refrigerante sem tirar os olhos do primo. Então ela estreitou o olhar. — Rolou mais o quê?

— Hã? — Cris olhou para ela, resistindo a vontade de desviar o olhar. Mas ele soube que não funcionou quando as maçãs do rosto ficaram quentes.

— Dá pra saber que rolou algo entre vocês dois. Vamos, priminho, desembucha.

Cris riu e mostrou um sorriso enquanto desviava o olhar.

— Nada demais… só nos beijamos um pouco…

E foi um baita beijo, pensou o assistente, esperando poder guardar aquilo para si por mais um tempo. Aquele momento pertence só a nós dois…

Mari sorriu e assentiu enquanto fechava os olhos.

— E você quis que tivesse sido mais que um beijo. Entendo, priminho. Entendo muito bem. Mas, sério, fica com essa saia fechada aí, por favor. Ao menos até poderem ficar sozinhos num quarto.

— Se tiver o que celebrar depois da competição — disse o assistente e voz baixa antes que pudesse impedir.

— Ah, qual é, Cris. Não vai ficando todo deprimido por causa do que o Marco disse — disse ela, olhando nos olhos do primo. — O Nelson só precisa mostrar que ainda tem potencial pra nadar em um nível melhor.

— Eu sei…

— Não tem confiança nele? — perguntou Mari, a voz baixa e séria.

Cris mordeu os lábios.

Ele acreditava em Nelson. A confiança que o nadador demonstrou não era só da boca para fora. Mas parte do assistente não podia deixar de lado o medo do pior se concretizar.

— Confio sim… mas e se algo ruim acontecer? — disse, sem olhar nos olhos de Mari. — As coisas não vão sempre do jeito que a gente quer… Aquele cara que o Marco veio conferir… pode acabar vencendo. Sei lá…

— Cris — disse Mari e ficou quieta enquanto esperava que o primo olhasse para ela.

Demorou um pouco, mas o assistente finalmente se virou na direção da prima.

— Você está sendo pessimista demais. Não fique só pensando no pior cenário possível. Você esteve ao lado do Nelson mais do que qualquer um. Me contou que embora ele não chegue aos pés do que era, ele tá ficando melhor e mais rápido.

— Tá, mas e se…

— E se tiver alguém mais rápido? Pode até ter. Mesmo em um torneio municipal. Mas, em vez de se preocupar com algo que não dá pra mudar, pense no que você pode fazer — disse ela, interrompendo-o.

— Tipo o quê?

— Tipo torcer por ele. É a única coisa que você pode fazer agora.

Cris abriu a boca para responder. Mas, em vez de saírem palavras, ele soltou um grande suspiro.

— Você tá certa…

— Eu sei. E não me canso de ouvir que estou, pode acreditar — disse, mostrando um sorriso convencido.

Um pequeno sorriso surgiu no rosto de Cris.

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, as pessoas em volta dos dois fizeram mais barulho.

— Olha, estão vindo. — Mari apontou e fez Cris olhar para a piscina.

Os nadadores saíam do vestiário, do outro lado da piscina, um a um.

— Olhe pra eles. Estão surpresos com a multidão — disse a prima, sem esconder a alegria.

— Parece que nunca viram tantas pessoas interessadas em natação — comentou Cris enquanto tentava achar o namorado.

— Aposto todo meu dinheiro que a multidão está aqui pelo Nelson.

Cris não podia discordar. Mas estava ansioso demais para dizer qualquer coisa.

Cadê ele?

E então o namorado finalmente apareceu.

Nelson foi o último a sair do vestiário masculino.

No momento em que ele surgiu na área da piscina, a multidão torceu mais alto.

Ele, como os outros nadadores, parecia surpreso pelo tanto de espectadores.

Mas, no instante a seguir, a surpresa deu espaço para um sorriso enquanto ele acenava para a multidão, dando motivo para ficarem mais barulhentos.

— O esperado de um nadador profissional. Ele sabe agradar os fãs. — Mari riu da cena.

Cris soltou uma risadinha, mas, quando Nelson olhou na sua direção e sorriu, ele corou.

— Haha, que menininha apaixonada temos aqui. — Mari zombou ele, cutucando a bochecha do assistente.

— Cala boca — disse ele, mas não desgostava daquilo.

— Ainda assim, melhor fazer todo mundo saber que ele é seu — disse Mari, indicando algo com seu queixo.

Cris olhou naquela direção.

Três garotas quase da idade dele torciam mais alto que o resto da multidão. E, graças aos cartazes vermelhos cheios de corações que erguiam, não era difícil saber para quem torciam.

— Olha, priminho. Aquela garota no meio escreveu “Eu te amo, Nelson” — disse Mari, em voz baixa, olhando para ele pelo canto do olho. — Vai deixar ela dizer isso pro seu homem?

— Por que está me provocando pra cima dela?

— Porque seria divertido — disse ela com um rosto sério.

— Não vou fazer barraco nem comprar briga com ela. Não sou esse tipo de namorado — disse, virando-se contra a prima e as meninas.

— Ah, jura? Isso é engraçado vindo do cara que entrou de penetra numa festa de casamento só pra ficar com o namorado e se certificar de que ninguém daria em cima dele — disse Mari com o rosto sério.

— Isso foi… eu era uma criança…

— E é a mesma criança que descreveu o gosto do pinto do namorado porque ouviu uma menina da sala falar como achava ele bonito?

Cris corou e desviou o olhar. Mas não foi rápido o bastante para esconder o sorriso culpado da prima.

— Não sou o mesmo cara…

— O mesmo cara que…

— Tá! Quer que eu faça o que, hein? — surtou Cris, mas ainda com a voz baixa. — Causar um escândalo aqui? Não acho que o Nelson está pronto para que as pessoas descubram que ele namora um homem.

— É. Ele pode não está pronto — disse Mari, com o sorriso ficando malicioso. — Mas você está vestido de garota hoje.

Cris pressionou os lábios.

— Você é como um demônio no meu ombro que fica me dizendo pra aceitar o lado escuro — murmurou o assistente.

— Sou sim. Agora vai lá. Manda ver. Ninguém jamais vai saber — sussurrou ela, inclinando-se para perto da orelha dele.

Com o rosto vermelho, Cris virou na direção do namorado.

— Vai, Nelson! Vença essa por mim! — gritou ele, acima do barulho da multidão.

As pessoas em volta dele notaram e olharam para o rapaz. Porém, o resto continuou torcendo do mesmo jeito, como se nada tivesse acontecido.

Mas Nelson escutou. Ele acenou, desconfortável e de rosto vermelho, para o namorado.

Então seguiu os demais nadadores e começou as formalidades do torneio.

Cris virou-se para a prima com as bochechas queimando.

— Feliz agora? — perguntou com uma voz baixa e embaraçada.

Mari, por outro lado, não pareceu incomodada pelos olhares que eles recebiam.

Ela apenas riu.

— Claro. Especialmente por causa daquilo — disse, virando-se para as garotas com as placas.

Elas encaram Cris com olhares de raiva. Sussurraram algo entre si e caminharam para o outro lado.

— Viu o rosto delas? Não teve preço!

— Que bom que apreciou o mico que acabei de pagar — murmurou Cris, ainda tentando ignorar os olhares. Eu gosto de deixar o Nelson com vergonha, não a mim mesmo…

— Sempre às ordens, priminho — disse, dando tapinhas nas costas dele.

Cris desistiu e olhou para a piscina.

Os nadadores já estavam em cima dos pontos de partida.

Está na hora, pensou o assistente, segurando o fôlego.

Cris acabou lembrando de tudo que ele e Nelson passaram.

Do momento em que se conheceram até se tornarem mais do que amigos.

Por favor, deixe ele ganhar, rezou mentalmente. Por favor, deixe que ele nade o melhor que pode hoje…

Não ligo para nossa celebração mais tarde… Só quero que ele dê tudo de si para que possamos continuar como nadador e assistente…

Cris só tinha olhos para Nelson agora.

Com o coração batendo forte, o assistente assistiu enquanto o apito soava e os nadadores pularam na água.


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