Human escrita por Woodsday
— Olhe para mim! — Gritei para ele sentindo as lágrimas quentes escorrerem dos meus olhos, mas Jonas não me lançou um único olhar. — Jonas! Olhe para mim! Por favor! — Pedi em um tom mais contido.
— Não pode me obrigar, Nessie. — Ele levou as mãos aos cabelos negros, quase arrancando os fios com puxões revoltos. Quando os olhos azuis me alcançaram, eu quis gemer, quis morrer, derreter e escorrer pelo ralo daquele banheiro minusculo. — Não posso olhar para você sem sentir que estou perdendo uma parte de mim. Não pode me pedir para te olhar sabendo que está partindo.
— Jonas, me perdoe...
Ele ergueu a mão, parando-me. — Não me peça perdão. Porque me fez amá-la se não pode me amar de volta?
— Jonas, eu não sabia. — Gemi caindo de joelhos no piso do chão imundo daquele banheiro. — Não sabia que...
— Que poderia me amar?
— Que iria querer te amar.
Meus olhos alcançaram a dor nos olhos azuis de Jonas e eu odiei a maldição de Jacob Black, a maldição que me prendia a ele, me fazia ser a companheira dele e não daquele humano frágil e gentil a minha frente.
Jonas Hardy havia sido minha tábua de salvação por muito tempo, parecia injusto que agora eu o retribuísse sendo seu inferno na terra.
— Me perdoe, Jonas. — Eu murmurei outra vez, tão baixo que o vi apertar os olhos para me ouvir. Manias humanas, Jonas era tão humano e me fazia tão humana também que eu me esqueci que não era uma. Me envolvi na ideia tola de que poderia estar na faculdade, ser normal, me apaixonar e namorar um humano. Contar para ele quem eu era, me envolver, criar um mundo ao redor dele. Eu havia cometido tantos erros que nem sabia pelo que pedir perdão a ele. Eu não deveria ter feito nada disso. — Eu fui humana demais.
— Dizem que errar é humano. — Ele sussurrou perto demais do meu rosto. O hálito de menta fez um carinho em meu nariz e meu estômago se remexeu em ansiedade, meu coração meio humano acelerou com o toque suave em meus dedos e meus lábios se entreabriram quando os dele se aproximaram, com um toque simples e suave.
— Você me faz humana demais para o nosso bem. — Jonas sorriu de canto, os cachos caindo ao redor dos óculos, eu puxei a ponta dos fios, jogando-os para o lado.
— Venha ser humana comigo, Renesmee.
Balancei a cabeça. — Não posso, Jonas. Um dia você vai morrer e eu... Eu não.
— Eu não me importo. — Ele parecia obstinado.
— Mas eu sim! — Quase gritei levantando-me em um átimo. Minha vista embaçada pelas lágrimas presas. — Eu morreria por dentro de vê-lo partindo e continuar aqui. E isso é horrível... — Gesticulei para mim mesma, apertando meu peito como se pudesse arrancar fora aquele sentimento — Eu sinto meu coração se quebrando nesse momento porque fui destinada a uma vida que não é minha e a amar alguém que não é meu.
— Mas eu sou seu! — Ele se aproximou outra vez e eu toquei seu rosto, sentindo o sangue quente de suas bochechas.
— Oh querido, você nunca será meu. — A frase soou infeliz demais até para meus ouvidos experientes. Me aproximei tocando seus lábios com os meus. Um beijo rápido e singelo. — Mas eu sempre serei sua.
Parti, deixando para trás Jonas, meu coração e minha humanidade.
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