Após a repreensão de Sterphanie, houve uma pausa na reunião, Celaena saiu com Samael para tentar acalma-lo, enquanto Chaol ficou com Dorian e os outros.

Estavam caminhando lado a lado para sair da Fortaleza, Samael continuava contrariado, mesmo com a vergonha momentânea, ele e Chaol voltaram a se confrontar.

— Samael, você não precisa disputar nada com o Chaol - começou Celaena, sem saber direito o que dizer - Sei que ele é um pouco difícil de lidar, mas vocês não precisam se atacar a cada coisa idiota que um disser …

— Ele é um pouco difícil de lidar? Ele é insuportável. Não tenho paciência com pessoas assim - Samael estava bravo, parecia perder todo o seu autocontrole - Você está apaixonada por ele, por isso não percebe o quão insuportável ele é...

— Eu? Apaixonada por ele? Samael acorde - disse Celaena, estava incrédula e perdendo a paciência - Quer saber, vocês são dois insuportáveis…

— É claro que está apaixonada por ele. Tudo o que você fala é Chaol isso, Chaol aquilo. Sempre está protegendo ele.

— Não estou protegendo ele, estou protegendo você - disse ela, estava a ponto de falar tudo o que pensava - Se ele fizer bobagem vão ficar contra ele, se você estiver no meio vai sobrar para você também. Então não entre nessa, não se deixe ser provocado.

— Você não está protegendo ele? Sério mesmo? Ou você está só fingindo não se importar?

— Samael, com quem eu estou agora? Se eu me importasse tanto assim com ele, provavelmente não estaria aqui com você.

Depois disso Samael ficou quieto, Celaena estava louca de fúria por ele ter dito todas aquelas coisas idiotas. Ela não estava preocupada, apaixonada, nem protegendo Chaol. É certo que gostava dele, mas no momento estava pouco se importando com ele, seu foco mesmo era em Samael, mas o burro nem percebia que ela se importava com ele, que ela o amava.

— Quer saber, só vou falar isso uma vez, é bom que preste bastante atenção e pare de chilique - disse ela, cedo ou tarde teria de assumir seus sentimentos - Samael eu… eu amo você, eu me preocupo com você e quero te proteger de tudo, mas não é fácil com você sendo provocado tão facilmente.

— Você disse que me ama? - perguntou ele, estava parecendo não acreditar no que ouvira.

— Acho que você não entendeu direito… sim, eu te amo, de verdade, amo mesmo…

— Eu… eu também amo você. Ah Celaena, você sabe o quanto eu te amo - disse ele abraçando-a.

— Vou deixar bem claro, não pretendo me envolver com ninguém enquanto estivermos prestes a lutar contra o rei - disse ela, retribuindo o abraço - Não posso deixar que saibam minha fraqueza…

— Tudo bem, eu entendo - disse ele, desencostou a cabeça do ombro de Celaena e olhou-a profundamente - Saber que você me ama… ah como isso me deixa feliz, me dá esperança… Talvez isso seja o suficiente, por enquanto.

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A reunião acabara de recomeçar, Dorian e Chaol juraram fazer tudo que estivesse ao alcance para ajudá-los. Com isso ficaram por dentro da maioria dos planos, primeiro iriam descobrir mais sobre as artimanhas do rei. Com Dorian, Chaol e Nehemia dentro do castelo tudo ficaria mais fácil.

— Como está tudo resolvido em relação aos planos, acho que devo fazer uma revelação a vocês - disse Celaena nervosamente, olhou de Nehemia a Samael e enfim tomou coragem - Vocês todos conhecem Terrasen certo?

— Sim, é uma terra muito boa, mas a herdeira do trono está desaparecida, talvez até mesmo morta - disse Dorian e todos assentiram em concordância.

— Ela não está morta, nem desaparecida - continuou Celaena, seus amigos, com exceção de Nehemia e Samael, estavam com uma expressão assustada - Eu escondi isso de vocês por muito tempo, na verdade eu mesma havia esquecido disso, não sou a pessoa que vocês acham, não sou Celaena Sardothien. Eu sou a princesa desaparecida, a única herdeira do trono de Terrasen, e por direito, a rainha daquele povo. Não sou Celaena, mas sim Aelin Ashryver Galathynius.

— Eu percebi a semelhança entre ela e Aedion, lembrei que você Dorian - disse Nehemia. Enquanto os outros aparentavam uma grande surpresa, ela aproveitou para compartilhar suas observações - Me contou que o lobo do norte era primo de Aelin e, na infância, ambos eram muito parecidos. Todos acreditavam que ela havia morrido naquela noite, mas aqui está a herdeira de Terrasen.

— Não consigo acreditar nisso - disse Dorian incrédulo - Como não reparei a semelhança. Como isso tudo aconteceu? Nos conte sua história.

— Todos sabem o começo dessa história, uma noite o rei de Adarlan foi jantar em nosso palácio… meus pais foram mortos naquela mesma noite, eu era apenas uma criança. Acordei assustada com os barulhos da tempestade e fui me deitar na cama deles, adormeci e acordei antes de amanhecer, com Marion, a mais fiel amiga de minha mãe me chamando, mais tarde eu soube, adormeci ao lado dos cadáveres deles. Fugi com Marion até a cozinha, mas a batalha já ocorria há tempos, não demorou muito para chegarem lá, corri pela porta que dava para o quintal e segui até o rio, assim como ela mandou. Eles me alcançaram logo e, sem pensar muito pulei no rio.Senti a água gelada demais me arrastando por um vasto caminho, havia água por toda parte, depois de um tempo, já estava entorpecida e acabei desmaiando. Acordei em Forte da Fenda, nos braços de Arrobyn Hamel, mais tarde ele me ofereceu três opções, eu poderia ficar ali e me tornar uma assassina, poderia me tornar uma das meninas de madame Clarisse, ou então, tentaria a sorte em outro lugar. Escolhi me tornar uma assassina, não revelei meu nome a ele e nem a mais ninguém, por isso ele me nomeou Celaena.

— Que horror, você passou por tantas dificuldades e era apenas uma criança - disse Lysandra, ela estava limpando as lágrimas e se apoiando em Dorian - Eu te julguei tanto quando éramos crianças, tornei sua vida ainda mais difícil…

— Lysandra, não se preocupe com isso, você também passou por muitas dificuldades - disse Celaena se aproximando da amiga - Eu também não facilitei as coisas para você, não chore, tudo isso já passou…

— Celaena… Aelin, me desculpe, ainda estou meio confuso - começou Chaol. No momento o capitão exibia uma expressão de dúvida, mas mesmo assim um sorriso começava a brotar em seu rosto - Há um grupo rebelde que aguarda por tempos a volta de sua rainha. Eles não deixaram de crer que você estava viva, estão a procura de qualquer informação sua, qualquer palavra que os de esperança. Posso entrar em contato e deixar algumas missões para eles.

— Seria uma ótima idéia - disse Sterphanie, a menina parecia avaliar tudo, não falara muito durante a reunião, mas parecia escolher a hora certa de falar - Isso daria esperança não só a eles, mas também ao povo de Terrasen, precisamos espalhar que Aelin está de volta e que está formando exércitos para acabar com a tirania e o mal que alguns homens empregam.

— Será que eles iriam me seguir? Me aceitar como sua rainha? Depois de todo esse tempo desaparecida. Há um tempo ouvi rumores de que Aelin estava se escondendo dos exércitos malignos, que deixara seu povo a mercê desses abutres.

— Depois de saberem que sua rainha está de volta suas esperanças serão renovadas - interveio Dorian - Nunca fiz nada de bom por Forte da Fenda, mas há muitos por aí que torcem para o rei morrer logo e eu assumir seu lugar. Mesmo sem nunca ter feito nada por eles, eles me apoiam mais do que apoiam meu pai. No futuro, depois de acabar com esses tiranos, quando eu for rei de Adarlan e você rainha de Terrasen, aí então poderemos fazer uma grande aliança e devolver a paz para esse povo.