Sailor Moon: Feitiços escrita por Andras


Capítulo 3
03 - Sweet Pretender




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03 – Sweet Pretender

 

Finalmente estava de volta à praia. Seu coração disparava com excitação após a conversa com Melinda, como se aquela impiedosa conversa com Mamoru jamais tivesse acontecido. Ela é recebida por Usagi, Makoto e o restante, e, a partir daquele momento, a soldado de cabelos azuis prometia a si mesma que não deixaria mais nada lhe incomodar ou distrair da diversão que a viagem lhe prometia.

Era mais fácil falar do que fazer, aparentemente, eis que Ami atravessa a areia da praia evitando qualquer olhar mais suspeito. Afinal, era evidente que ela esteve chorando, e, naquele momento, sentia tremenda vergonha por deixar lágrimas rolarem por algo tão bobo. Talvez Mamoru estivesse apenas lhe protegendo, talvez ele apenas tenha dito aquelas coisas sem pensar, mas ele estava certo em uma coisa: ela deveria aproveitar aqueles momentos junto de seu namorado.

Ela larga sua bolsa, e logo remove a camisa que cobria sua roupa de banho, mergulhando na água sem hesitar. Era como se lavasse suas preocupações. Ela fica um longo período debaixo d’água até voltar à superfície, sem fôlego. Àquela altura, todos já tinha mudado o foco de suas atenções. Ela suspira, tentando se sentir melhor, mas não tinha sucesso. Aquelas palavras realmente magoaram a Sailor Guerreira.

Ami sobressalta-se em um susto quando um par de braços a envolvem. A voz que dizia seu nome em um estranho ritmo denunciava Andrus. Provavelmente era um hábito decorrente de seu sotaque, já que viveu parte de sua infância no Japão, e outra parte no Brasil. “Ami-chan!” Ele diz, suavemente. “Está tudo bem?”

A jovem segura em seus braços, sorrindo gentilmente enquanto escorava sua cabeça contra o ombro do rapaz. “Por que pergunta, Andrus?”

“Você demorou um pouco para voltar, e largou tudo no caminho para entrar na água com uma certa pressa.” Ele parecia preocupado, ela pensava. Ele se importava com ela tanto quanto ela por ele. O coração dela disparava, como se aquilo fosse uma confirmação de que os sentimentos dos dois estavam em sintonia fina. “Tem algo te preocupando?”

“Não é nada!” Ela dá com os ombros, sabendo que não teria forças para fazer aquelas palavras soarem confiantes ou acreditáveis. Não havia voltado seu rosto em direção ao dele sequer uma vez. “Eu estou bem feliz de que você está aqui com a gente!”

“Eu também!” Ele dá um selinho em sua bochecha, soltando-a. Ami podia ver conflito em seus olhos, mas sabia que ele negaria se ela o confrontasse quanto a isso. Ele via preocupação nos olhos dela, mas imaginava se podia fazer algo para lhe ajudar. “Quer apostar uma corrida até a areia?”

“Não é uma boa ideia!” Ela ri. Ele provavelmente nem percebia o quão infantil soava naquele momento. Talvez ele nem se importasse. “Eu sou a Sailor Guerreira da água, afinal de contas!”

“Mostre-me, então!” Com um suspiro conformado, ela aceita o desafio. Ele se prepara, esperando por seu sinal. Ela se coloca ao lado dele, contendo o sorriso fraco que tomava conta de seu rosto quase sem que ela percebesse.

“Já!” Com o grito daquela pequena japonesa, ambos nadavam com toda sua força. “Ele é rápido!” Ela pensa, impressionada. De todo modo, ela era a Sailor Guerreira da água e não daria a ele uma vitória fácil.

“Ela é incrível!” Ele não conseguia conter seu sorriso mesmo após ela o ultrapassar com facilidade. Ambos eram bons nadadores, mas Ami praticava constantemente enquanto Andrus era um mero entusiasta.

Chibiusa observava o casal rindo enquanto Ami ajudava Andrus a se levantar. O rapaz fingia estar ofendido por ter sido derrotado. Ela suspirava, imaginando o que era aquela estranha atmosfera envolvendo o grupo. Pensava no diário e imaginava se tinha cometido um terrível engano ao voltar no tempo.

Andrus e Ami caminham até o grupo, e a garota se junta a suas amigas. O ruivo ainda estava preocupado com o que poderia ter acontecido para deixar sua namorada tão triste. Lembrando no momento em que ela tinha partido, a única coisa de diferente foi Mamoru se juntando a ela. Andrus não o conhecia tão bem, e tudo que sabia foram as informações que juntara durante a situação com os Ceifadores de Sonhos.

Mamoru era o namorado de Usagi, e também era o Tuxedo Mask. Parecia ser um grande sujeito, e Ami sempre falava bem dele quando tinha a chance, mas Andrus tinha interagido pouco com ele para decidir o que achava do rapaz. Talvez fosse hora de mudar isso.

“Andrus,” Era Makoto quem falava com ele. Tinha ido para seu lado quando viu o grupo distraído em suas conversas. “Ami-chan está bem?”

“Então você também percebeu, né?” Ele responde, cruzando os braços. “Acha que Chiba-san poderia ter dito algo que a aborrecesse?”

“Quê?” Ela engasga, surpresa. “De forma alguma! Não é do feitio dele!”

“Vai que ele só estaria sendo protetor?” De certo modo, Makoto estava satisfeita com aquelas palavras. Sabia que Andrus e Ami estavam se dando bem, mas lhe agradava que ele buscaria por ajuda ao perceber que algo estava de errado com sua namorada.

“Eu ainda acho que não...” Andrus ouvia aquelas palavras, mas não estava nem um pouco convencido. Algo estava errado. Ele tinha que saber o quê para o bem de sua namorada. Enquanto pensava, seus olhos vislumbram uma rede de vôlei na areia, ao que é acometido por uma ideia.

“Me ajuda a provar?” Ele diz, com um sorriso fraco em rosto.

“Claro, se isso for te deixar mais tranquilo.” Ela pensava se aquela seria a decisão mais sábia. Em seu íntimo estava cada vez mais incerta sobre o que poderia acontecer, mas eventualmente se convence de que talvez houvesse alguma possibilidade de Andrus estar certo. Que mal faria em lhe ajudar, afinal?

“Okay!” Ele sorri. “Siga minha deixa!” Ele se agacha e abre sua bolsa, retirando uma bola de vôlei. Makoto abre um sorrisinho, imaginando o quê seu amigo planejava. “Makoto!” Ele grita. “Chegou a hora de acertarmos as contas de uma vez por todas!” O rapaz fazia uma pose dramática enquanto apontava para ela. Todos os olhos voltavam-se à dupla.

“Ah, essa vai ser boa!” A garota ria, cruzando os braços em uma pose confiante. “Os perdedores então vão ter que comprar lanches para todo o grupo! Eu escolho Minako como minha parceira!” A loira com laço vermelho adornando seus cabelos escuta seu nome e levanta-se num átimo, embora ainda um pouco incerta do que estava acontecendo.

“Deixa comigo, Mako-chan!” Minako diz, confiante. “Eu não vou deixar passar uma chance dessas!”

“Cacete!” Andrus diz em português e sorri, observando o grupo e vendo suas opções, mesmo que já estivesse decidido. “Mamoru, eu já perdi muito dinheiro ontem comprando bolo e sorvete pra essas garotas, me dá uma força?”

“Quê?” Mamoru ria, ainda sem entender ao certo o que estava acontecendo. Ainda assim, as palavras de Ami sobre como ele deveria tentar conhecer Andrus melhor ressoava em sua cabeça, e aquela parecia uma boa chance. Ele se levanta, tímido no começo, ficando ao lado de Andrus em um dos extremos da rede. “Okay, então...”

“Vamos nessa!” Andrus corre com a bola na mão e, num salto, dá um tapa nela com toda sua força para o outro lado da rede. Nem Minako, tampouco Makoto, fizeram qualquer movimento, percebendo que o ataque pouco gracioso sairia dos limites da quadra.

“O primeiro a fazer 21 pontos ganha, certo?” Minako provoca, alcançando a bola. “A gente pega leve com vocês!” Em um pulo, ela dá um toque na bola que faz com que ela atravesse a rede com precisão. O alvo era Mamoru, que num voleio levanta a bola. Andrus vinha logo atrás, e, com um pulo, ele dá um corte poderoso.

“Estamos empatados agora, garotas!” Ele diz, dando um toque no ombro de Mamoru e piscando para ele. O rapaz sorri, contente que sua assistência trouxe resultados. “Não precisam pegar leve com a gente!”

O jogo continua. A cada jogada, Mamoru e Andrus ficavam mais entrosados, conseguindo trazer o desafio à altura da incrível combinação que Minako e Makoto estavam provando ser. Minako jogava em um nível completamente diferente do restante, e Makoto sempre foi bastante atlética por natureza, o que as tornavam uma dupla difícil de vencer.

O placar estava apertado. 20 para as garotas, enquanto que os rapazes conseguiram marcar 19 pontos. Se Andrus e Mamoru conseguissem mais um ponto eles ainda teriam uma chance. Se Minako e Makoto marcassem uma vez mais, estaria tudo acabado. Com a partida chegando aquele ponto, já havia conseguido a atenção do restante das garotas. Ami, Rei, Usagi e Chibiusa observavam atentamente, eis que a partida chegava a seu clímax.

“Você não devia torcer por ele?” Chibiusa pergunta para Ami, tentando soar o mais gentil possível. Podia ver que Ami estava distraída, mas não sabia o porquê. A Sailor Guerreira da sabedoria imaginava o que Andrus estava tentando alcançar com aquela partida, sabendo que dificilmente seria uma coincidência ele ter chamado Mamoru para jogar com ele.

A bola decisiva voava pelo ar. Mamoru faz o saque com um efeito giratório, curvando perigosamente próximo à rede. Minako salva a bola em um mergulho para alcançá-la. Makoto, por sua vez, já estava preparada para um corte com violência.

Mamoru a acerta com gentileza, preparando para Andrus que vinha correndo para saltar. Em vez de atingir a bola, Andrus atua como uma distração passando a bola novamente para Mamoru, que tenta um toque com pouca velocidade, sem usar toda sua força numa tentativa de tirar a bola do alcance das meninas.

A distração não funciona. Makoto alcança a bola e a mantém em jogo. Ami sorria ao que finalmente havia chegado numa conclusão: isso era obviamente do feitio deles. Era ingênuo da parte do yankee e da garota com brinco em formato de rosas, mas era sua maneira de tentar fazer com que se sentisse melhor. E estava funcionando, por mais bobo que fossem.

Ami pega um longo fôlego, gritando a plenos pulmões. “Andrus! Mamoru! Vocês conseguem!” Andrus é tomado com surpresa e era incapaz de não olhar para ela. Ele sorri, confiante. Ela sorri de volta, embora um pouco tímida. Ele não desistiria agora. Ele não poderia desistir agora. Ele usaria aquelas palavras para se abastecer com determinação.

E então ele é atingido.

Minkao corta a bola num movimento desesperado, temendo não ser capaz de alcançar a bola que Makoto havia jogado em sua direção. Ela sequer havia mirado, mas era o destino daquela bola atingir aquela cabeça ruiva e o derrubar para trás. Mamoru também estava surpreso, sendo que não havia nenhuma forma dele reagir àquela bola. O silêncio reina absoluto pelo que parece uma eternidade, até que a risada generalizada toma conta do grupo.

“Isso foi vacilo, Minako!” Andrus senta, batendo a areia do rosto. A loira não conseguia parar de rir, curvando-se com as mãos no estômago. Uma mão se estende ao antigo delinquente, e, em seu extremo, Mamoru sorria gentil ao rapaz.

“Foi uma boa partida, Homura-san!” Ele ajuda Andrus a se levantar, e os dois riem. Se havia qualquer tensão entre os dois, ela parecia desaparecer naquele momento. “Desculpe, mas parece que perdemos a aposta!”

“Culpa minha, Chiba!” Ele caminha até os quiosques, já se dispondo a comprar os lanches. “Essa amizade com vocês vai me levar à falência!” Ele troca olhares com Ami, e pisca sutilmente em sua direção ao que se distanciava.

“Que garoto bobo...” Ami pensava ao ver Andrus e Mamoru se dirigindo aos quiosques.

“Andrus.” Mamoru diz num tom sério enquanto caminhavam. “Acho que eu tenho que me desculpar com você.”

“Que quer dizer?” O yankee já suspeitava de algo, mas achava melhor deixar Mamoru desabafar. Parecia que o homem realmente precisava disso, vendo o quão envergonhado e abatido ele parecia ao falar com Andrus.

“Eu posso ter dito algumas coisas dolorosas sobre você para Ami.” Andrus cerra sua mão em um punho. Em sua mente ele lembrava da imagem da garota desolada, e os olhos inchados de quem havia chorado. Era difícil segurar sua ira, mas ele o faria por Ami e Usagi. “E sobre seu relacionamento. O estranho...” A voz de Mamoru estava cheia de remorso, o que não passa despercebido por Andrus. “É que eu não tenho a menor ideia do porquê eu ter dito aquelas coisas.”

“Olha, Mamoru,” Andrus bufava, ainda irritado. “Não esquenta com isso. Eu sei que vocês todos são muito protetivos com Ami. Eu entendo! Talvez eu ainda seja um pouco assustador para algumas pessoas. Só saiba que eu estou fazendo meu melhor por Ami-chan!”

“Eu notei!” O homem sorri, estendendo sua mão uma vez mais para aquele que Ami gostava de chamar de ‘bola de fogo’. Mamoru sabia que, bem no fundo, ele acreditava nas coisas que havia dito à Ami sobre o rapaz, mas também que nunca se atreveria a dizê-las, já que sabia também não ter o direito de fazê-lo.

Tanto pior, ele tinha uma boa impressão de Andrus do tempo que enfrentaram Sine, o que o fez se envergonhar ainda mais de toda aquela situação. Os pensamentos de Mamoru assim que deixou Ami na pousada eram confusos, sem saber porquê havia se metido nos assuntos dela.

Tudo aquilo o incomodava profundamente, e o pior era aquela incerteza que o deixava cada vez mais agitado. “E eu vejo o quão feliz ela parece ao seu lado.” Ele acrescenta, achando que ainda não era o suficiente para reparar o dano causado. “Estarei torcendo por você, meu amigo.”

Andrus sorri ao apertar a mão estendida pelo namorado de Usagi. Ser chamado de amigo era algo que o antigo delinquente apreciava. Sentia que havia conquistado a confiança de Mamoru. Sentia como se estivesse sendo aceito, o que era algo que o jovem Homura sempre buscou. “Obrigado, Mamoru. Mas você deveria se desculpar é com a Ami, não comigo!”

“Eu vou!” Mamoru respira fundo, ao que Andrus é capaz de ver o conflito em seu olhar. Ele deveria estar realmente dizendo a verdade sobre não saber o porquê dele ter aborrecido Ami. Andrus queria perguntar a Mamoru o que exatamente ele havia dito, mas hesitava. Não tinha a menor confiança de que seria capaz de manter sua calma se ouvisse o que havia deixado Ami tão triste.

 

Enquanto Ami esperava pelos dois homens que buscavam os lanches, ela troca um olhar incisivo com Makoto, que apenas sorri ao perceber que o plano dela e de Andrus foi descoberto pela Sailor Guerreira do conhecimento. Ami ri, de forma a agradecer a sua amiga, ignorando a surpresa no olhar de Makoto. Um par de braços envolve Ami, que ruboriza e suspira, imaginando ser seu namorado que retornava.

“Você é rápido mesmo, ‘bola de fogo’, mas o quê nós combinamos sobre você me abraçar o tempo todo?” Ela apoia sua mão em um dos braços, imaginando o porquê dele estar mais suave do que antes, quando estavam na água.

“Eu não saberia dizer.” Não era a voz de Andrus. O tom da fala era mais profundo, enquanto o de Andrus, estranhamente, era de uma intonação mais alta do que a da mulher de cabelos dourados que abraçava Ami. “Não sabia que você já tinha alguém para lhe abraçar o tempo todo, minha gatinha estudiosa!”

“Ha-Haruka?!” Ami é pega de surpresa, ruborizando ainda mais. “O quê? Por quê?” Ela sequer conseguia formar uma frase, dado o choque. Vendo Michiru e Usagi rindo com aquela cena, Ami entende que sua amiga com penteado peculiar tinha algo a ver com a situação. “Usagi que te falou pra fazer isso, não é?” Haruka ri suave e elegante, da forma que era seu comum.

“Ela apenas me falou para te abraçar e que eu teria uma surpresa.” Haruka Tenoh era algo que Ami chamava de Cool Beauty, uma bela dama inabalável. Num olhar desatento, a mulher de curtos cabelos dourados poderia ser confundida com um homem de traços suaves, mas, após conhecê-la por mais tempo, Ami via o quão feminina Haruka era a seu próprio modo. De certa forma, Ami admirava bastante aquela Sailor Guerreira por quão confiante e segura de si mesma ela era. “Me conte mais sobre essa ‘bola de fogo’ sua!”

“Eu...quer dizer...” Aquele sentimento, uma vez mais, Ami pensava. Imaginava se Haruka desdenharia de Andrus ao conhecê-lo. Imaginava se a incrível Sailor Uranus validaria seu namoro ou não. Achava bobo pensar nessas coisas. Sabia que não devia, mas também não conseguia evitar.

“Ami-chan!” Era a voz dele, dessa vez. O tempo parece se interromper por um momento enquanto o trio trocava olhares. Ami percebe que Haruka ainda não havia lhe largado, justo no momento em que Andrus chegava, imaginando como ele reagiria. Ela sabia bem demais que ele costumava ter problemas controlando sua raiva, mas, também, jamais pensaria que ele seria ciumento ou reagiria agressivamente nesse tipo de situação. “Quem é esse cara?” Seu tom era calmo, como de costume, ao que Ami parecia relaxar.

“Eu sou Haruka Tenoh!” A mulher diz com um sorriso confiante em seu rosto. Michiru entendia na hora o que sua parceira tinha em mente. “E você é o namorado dessa gatinha, não é? Pode me considerar seu novo rival!”

“Perdão?” Com aquelas palavras, Ami entra em pânico, imediatamente olhando para Andurs, que parecia, pelo menos de início, inalterado. “Ami-chan...” Andrus põe os lanches que carregava numa cadeira próxima, com um olhar misterioso em face. “Esse cara...” Ele hesitava, fechando a mão em um punho. Ami tenta se soltar do abraço de Harua, desesperada para conter o ruivo. Haruka, por outro lado, a abraça com mais força, imaginando se o rapaz era assim tão facilmente provocável. “Como esse cara é assim tão arrojado?”

“Quê?” Ami diz, cessando seus esforços para se soltar.

“Arrojado?” Haruka também estava surpresa.

“Haruka-san!” Andrus se curva. “Por favor, me ensine a ser legal assim que nem você!”

“Você é surdo?” Haruka diz, confusa. “Eu acabei de dizer que vou tentar roubar Ami-chan de você!”

“E quem pode te culpar?” Andrus sorri, com seus olhos flamejantes encontrando os calmos olhos de Ami. “É só olhar pra ela: Linda! Inteligente!” Ami não consegue conter um sorriso bobo enquanto seu rosto combinava com a cor dos cabelos de seu namorado, tão encabulada estava com os elogios dele. “É por isso que preciso que me ensine, Haruka! Eu preciso de alguma vantagem aqui!”

Haruka ria alto, incapaz de acreditar no que estava acontecendo. Poderia o rapaz ter sacado que ela estava apenas tentando provocá-lo para descobrir que tipo de pessoa ele era? Se fosse verdade, seu teste era inútil. Se não fosse, pelo menos ela conseguiu uma boa impressão daquele bobo rapaz que a lembrava de uma certa garota amigável, com seus cabelos amarrados em coques que pareciam odandos.

“Vamos parar de provocar as crianças agora, Haruka?” Michiru diz com uma voz suave, ao que ficava ao lado da mulher de cabelos dourados. Andrus pensava no quanto as duas pessoas que via pareciam ter saído de um quadro clássico, com sua postura graciosa e suas aparências sofisticadas. Elas acenam e partem, prometendo retornar mais tarde para encontrar o restante do grupo.

“Você...” Andrus diz receoso, em voz baixa, para Ami. “Você ouviu algo parecido com um coro suave enquanto eles partiam?”

“Com sinos e badalos?” Ela diz num tom similar.

“Exato!” Ele estala os dedos, intrigado.

“Não. Nunca!” Andrus olha para sua namorada, que tinha um raro olhar arteiro em seu rosto.

“Então...” Ele se espreguiçava de maneira preguiçosa, se recobrando do tanto de excitação para um único dia. “Ele vai me ensinar a ser arrojado que nem ele ou não?”

“Andrus...Haruka é uma garota!” Assim que ouve aquelas palavras, Andrus fitava Ami com um olhar preocupado. Ela dá um passo para trás, desconcertada com a expressão no rosto dele.

“Ah...” O rapaz parecia admirado, como se tentasse lidar com aquela nova informação. “Então você quer dizer que eu tenho que virar uma garota para ser assim tão legal!” Ami sorri, contendo sua risada já que o rapaz falava com tremenda seriedade. “Um novo desafio para eu superar!”

 

Chibiusa seguia Haruka e Michiru desde que elas haviam deixado o grupo após provocar Ami e Andrus. A garota imaginava o porquê delas estarem ali. No diário não havia nenhuma menção delas, o que a fez suspeitar da presença delas na praia. Espionando de longe, a dupla parecia agir como de costume. Conversavam e riam, parecendo estar se divertindo, embora a garota de cabelos rosas não conseguisse entender o que diziam.

Sendo o mais sorrateira possível, ela tenta se aproximar do casal. Assim que elas param numa barraca para pedir comida, Chibiusa vê aquela como a oportunidade perfeita para escutar a conversa, escondendo-se ao lado da barraca.

“Estamos andando por um tempo.” Haruka diz. O tom em sua voz preocupava a criança, já que parecia envolvida por uma profunda inquietação. “Mas não há sinal nenhum dos perigos que você previu, Michiru!” Elas pedem uma porção de dorayaki, uma panqueca recheada com pasta de feijão azuki.

“Ainda assim, não deve ser coincidência elas estarem aqui também.” Michiru diz, sabendo exatamente onde Haruka queria chegar com a conversa. “Então não podemos descartar qualquer possibilidade ainda.” A comida chega, sendo colocada em frente a dupla, com o delicioso cheiro enfeitiçando a pequena garota, que não teve chance de comer pois havia partido quase no mesmo momento que Andrus e Mamoru retornavam com os lanches. Seu estômago rosnava, causando-lhe vergonha.

“Sim, está certa. Temos que manter nossos olhos abertos.” Haruka sorri, inclinando-se para o lado com o prato de doces em mãos, surpreendendo Chibiusa. “Seria bom o bastante para você, pequenina?” Ela diz, oferecendo os doces.

Ela pega um dos dorayaki, comendo com um sorriso crescente em seu rosto. “Maldita fome que herdei de Usagi por me entregar!” Haruka e Michiru riem, ao que a garota deixa seu esconderijo.

“Ah, nós já havíamos te percebido desde que começou a nos seguir.” Michiru diz em uma voz alegre, oferecendo um banco ao lado dela e de Haruka. “Então, você sabe mais do porquê estarmos aqui do que nós mesmas, eu suponho.”

“Bem...” Ela hesitava, olhando para o chão de forma a evitar os olhares de Sailor Urano e Sailor Netuno. Chibiusa suspira, sabendo que seria incapaz de esconder seu segredo por muito mais tempo. “Eu fui atacada por bruxas ontem.”

“Bruxas?” A criança sentia a fúria na voz de Haruka, o que já era esperado. “Que nem as que o Douto Tomoe criou?”

“Não!” Chibiusa se apressa em responder à fúria da loira. “Digo, eu acho que não.” A criança estava bastante incerta sobre o que tudo aquilo significava. “Elas não pareciam em nada com as 5 bruxas dos Death Busters.

“E o que elas queriam de você, Chibiusa?” Michiru, mais calma que sua parceira, pergunta, ainda denotando sua preocupação.

“Uma delas disse que estavam caçando as Sailor Guerreiras.” O casal escutava atentamente às palavras da criança. Trocavam um olhar preocupado que Chibiusa não repara. “Mas, ao contrário da outra bruxa, ela não parecia ter tanta vontade em fazer isso.”

“É mesmo?” Haruka não estava tão surpresa. A habilidade de ver o bom em qualquer um era algo mais que a criança havia herdado de sua mãe, além de sua famosa fome.

“Sim.” Ela dá outra mordida no doce, sem perceber que era a única que comia. “A loira sim era bem assustadora!”

“É mesmo?” Michiru tinha um tom de voz que parecia aborrecer Haruka. “Eu certamente posso traçar um paralelo com outra guerreira de cabelos loiros!”

“Vocês também acham que Vênus pode ser bem assustadora quando ela quer?!” Uma excitada Chibiusa pega as duas Guerreiras de surpresa, que riam da insinuação da garota. Era especialmente engraçado para elas considerando que Minako era uma das pessoas mais gentis que conheciam, talvez atrás apenas de sua Princesa, Usagi. “Q-quê?”

“Nada, criança.” Urano afagava os cabelos de Chibiusa. “E alguma pista de onde poderemos encontrar essas bruxas?”

 

“Ah, te encontrei!” Era Atropos, ou Melinda, como Merel havia lhe apresentado. Havia finalmente encontrado Ami e seu grupo na praia. Havia levado um tempo para encontrar as pessoas com quem Ami estava acompanhada, mas, naquele momento, tempo não era algo na mente da bruxa. Ela é recebida com entusiasmo por Ami que acena a ela no mesmo momento em que a bruxa via que estava acompanhada de outras seis pessoas. Era intimidador para a garota.

“Melinda!” Ami saudava a garota com chapéu de palha. “Que bom que veio! Deixa eu te apresentar para meus amigos!” Ela apresenta cada um deles, dizendo que Melinda também estaria na mesma pousada que eles. Ami também os informa de que a garota era estudante de Juuban, se transferindo recentemente. Ele eram gentis, Atropos pensava. Havia levado tempo, mas ela eventualmente havia se acalmado, sentindo-se mais calma na presença daquelas garotas. Ainda assim, mantinha a guarda levantada por precaução.

“Então, Melinda.” Era a garota loira com dois coques em seus cabelos que falava. “Está gostando do colégio de Juuban?” Usagi era seu nome, Atropos tentava lembrar enquanto recebia um copo com bebida dela. “Espero que sua recepção tenha sido melhor que a de Andrus!”

“Que quer dizer?” Melinda diz, cruzando os braços. Havia sido surpreendida pelo interesse repentino de Usagi. Estava intrigada, afinal.

“Sabe, Juuban tem um histórico de eventos sobrenaturais! No primeiro dia dele, Andrus foi atacado por monstros!” Atropos, Ami e Andrus quase engasgam simultaneamente com suas bebidas. Ami e Andrus não conseguia imaginar o que Usagia pretendia falando daquilo tão abertamente.

“S...Sério?” A jovem diz, encabulada. “O que quer dizer com isso?”

“Foi estranho, e a gente nunca mais ouviu sobre esse o que aconteceu depois.” Usagi diz de forma mais casual possível. “Tudo que sabemos é que Sailor Moon e suas amigas salvaram o dia!”

“Sailor Moon, huh?” A bruxa estava incomodada com aquela conversa, já que era sua missão destruir ‘Sailor Moon e suas amigas’. Imaginava se elas a considerariam um monstro também se soubessem de sua missão.

“Ah, minha favorita é Sailor Júpiter!” Makoto junta-se à conversa, com um tom de voz jovial e um pouco bobo. “Ela é tão forte! Imagino se eu conseguiria enfrentá-la numa partida de pro-wrestling.”

“Isso parece ter vindo do nada!” Atropos não conseguia conter seu sorriso vendo a energia da jovem de brincos em forma de rosa. “E tão específico!”

“Eu gosto mais é da Sailor Mercúrio!” Andrus continua, percebendo o que estava acontecendo. “Alguém tão inteligente e de tão bom gosto só pode ser uma boa pessoa!” Ami escondia seu rosto, como se incomodada com as palavras do namorado, ao que Atropos via como desrespeitoso da parte dele, até entender que isso era parte da dinâmica dos dois. Ele sempre a provocaria, de forma até infantil.

“Eu gostaria de cantar junto da Sailor Venus!” Minako ria, suspirando em admiração. “Imagino se nossas vozes harmonizariam bem!”

“Minha favorita,” Rei esperava sua vez, surpreendendo Usagi com sua resposta. “Só pode ser a Sailor Moon!”

“Sério, Rei-chan?!” Usagi segura as mãos da amiga, feliz ao ouvir aquelas palavras.

“É claro!” Rei ria uma risada suspeita, ao que as outras se preparavam para o que viria. “Alguém tão boba e incompetente tem que ser bem corajosa para continuar lutando, não acha?!

“Ah, é?!” A resposta de Usagi tinha que estar à altura da provocação da sacerdotisa. “Minha favorita, na verdade, é a Sailor Marte, que tem o poder de ficar nervosa sem qualquer motivo, e provocar os outros por diversão!”

“Eu...” Atropos, ou melhor, Melinda, interrompe a discussão. “Me desculpe!” Ela estava claramente confusa. “O que vocês estão fazendo?”

“Estão sendo bobos de propósito.” Mamoru diz, triste por não ter tido a chance de dizer que seu favorito era o Tuxedo Mask. “Para tentar te fazer baixar a guarda e ficar um pouco menos séria!”

“Elas fizeram o mesmo comigo, em certo ponto.” Andrus diz, sentando-se ao lado de Mamoru e Usagi, com Ami seguindo logo após. “E parece estar funcionando.”

“Você está sorrindo,” Ami diz, ao que Atropos percebe que ela estava certa. Não conseguia lembrar da última vez que havia sorrido daquela forma. “Embora um pouco tímido, fica muito bem em você!”

“O...Obrigada!” Era estranho. Ela tinha acabado de escutar aquele grupo elogiar suas inimigas juradas, as Sailor Guerreiras, e, mesmo assim, sentia-se bem ao redor delas. Seria isso que Merel queria quando a ajudou a se aproximar de Ami? Merel havia lido alguns dos segredos e Atropos, isso era certo, já que sabia que desejava ter amigos, algo de precioso para a jovem bruxa, algo que lhe foi negado em uma idade tenra.

 

“Você acha que aquela garota pode ser uma das bruxas?” Sailor Urano pergunta à Chibi Moon. O trio, completo por Sailor Netuno, espreitava o grupo de longe, evitando qualquer atenção enquanto observavam suas amigas. Estava procurando por um bom tempo, apenas se detendo quando Chibusa percebeu alguém de novo no grupo.

“Bem, ela não está em lugar algum do meu diário, pelo que pude procurar.” A garota mostra o caderno detonado, provando que não era uma fonte das mais confiáveis, mas ainda a única que possuía. “E ele também não mencionava vocês...”

“Então você acha que ela pode ser o ponto de convergência.” Sailor Netuno completa, percebendo o que a garota tentava explicar. “Ainda é pouco, mas deveríamos manter atenção em...” Michiru não é capaz de completar sua linha de pensamento, esquivando de uma orbe verde que explode diante de seus olhos.

“Vocês deveriam manter a atenção em mim, querida!” A mulher vestida em um uniforme que parecia a mescla do traje de batalha das Sailor Guerreiras e antigas armaduras espartanas se revela. O vestido verde era coberto por um capuz escuro. A mulher ainda carregava um cajado em mão, não deixando dúvidas quanto a sua identidade na mente das guerreiras.

“A bruxa!” Michiru diz em uma voz irritada. Não era alguém que se intimidaria, mesmo percebendo o quão perigosa aquela mulher parecia ser.

“Ouvi dizer que estavam procurando por mim!” A bruxa de cabelos verdes tinha uma voz empolgada e contagiosa, com todos os seus movimentos denotando o quão excitada estava. “Meu nome é Merel, a bruxa leitora de mentes! E quem seriam vocês?”

 

Próximo: Easy Livin’

 


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