Treze dias escrita por Lili


Capítulo 3
Capitulo 3


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, mais um capitulo para vocês curtirem. Espero que gostem e não esqueçam de deixar comentários. Beijos



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Dor… era a única palavra que eu conseguia pensar naquele momento. Aos poucos fui lembrando de tudo que aconteceu, Rony Weasley, as meninas, o empresário, o avião, a fenda, a loira sendo arremessada para fora… Ai meu Deus, eu estou viva!

Com muita dificuldade abri meus olhos, estava escuro e eu sentia muito frio. Vi destroços do avião espalhados por todo lugar, havia muitas árvores ao redor e a mata parecia ser bem fechada. Eu estava cheia de arranhões, e cortes nas mãos, braços e pernas. Passei a mão atrás da minha cabeça e senti molhado, era sangue, ali era exatamente a concentração maior da minha dor.

Ao meu lado estava Rony, desacordado, ele tinha um corte muito feio na testa e o sangue escorria incessantemente pelo seu rosto. Coloquei meu dedo indicador e médio em seu pescoço e senti sua pulsação. Ele também estava vivo. Não sei como aconteceu, mas ainda estávamos sentados nas poltronas, a alguns metros de onde se concentrava a maior parte dos destroços do avião, incluindo a cabine do piloto. A impressão que dá é que a parte onde eu e Rony estávamos se soltou da parte da frente, como se o avião tivesse se partido ao meio.

Fiquei alguns segundos analisando o cenário, era terrível, queria chorar, queria gritar, mas eu estava em um estado de choque tão grande que não conseguia esboçar nenhuma reação. Não sabia o que fazer. Eu estava com medo.

Olhei para o Rony novamente e me dei conta que se continuasse sangrando daquela forma ele poderia morrer, então me desprendi do cinto, em seguida desprendi o Rony e com dificuldade coloquei - o deitado no chão. Peguei o lenço do meu pescoço e amarrei em sua testa, precisava estancar aquele sangue.

Em seguida me levantei, ainda meio zonza e fui até os destroços do avião, se nós sobrevivemos, talvez mais alguém tenha sobrevivido. A responsabilidade de ser comissária de bordo pesou em mim naquele momento.

Fui me aproximando dos destroços, chamando o mais alto que pude. Alguém… se tiver alguém vivo ai, me responda… Alguém… alguém vivo? e nada, nenhuma resposta. Andei mais um pouco dando a volta pelos destroços e nada, nenhum som de sobrevivente. Talvez eu tenha que me arriscar em cima dos destroços, talvez tenha alguém preso ali dentro em meio às ferragens, ou talvez estejam todos mortos, o empresário, a loira, a morena, a negra, o piloto e o co piloto. Todos mortos.   

De repente escutei alguém tossir, meu coração acelerou, rapidamente segui o barulho, era Rony, ele estava acordando.

—Não, não se levanta, fica onde está - Disse enquanto me aproximava.

—O que aconteceu? - Perguntou ele desorientado já sentado.

—Caímos, o avião caiu - Respondi ajoelhando ao seu lado e continuei - Fica deitado, você está com um corte muito feio na testa.

—Não, tudo bem, eu estou bem, você sabe onde estamos? - Perguntou olhando ao redor

—Não exatamente, mas calculo que em algum lugar na Floresta Amazônica. 

—Mais alguém sobreviveu? - Perguntou preocupado

—Não sei te dizer, acordei a pouco também, já gritei, chamei, mas ninguém respondeu - Estremeci quando terminei a frase, será que realmente ninguém mais sobreviveu?

—Temos que sair daqui, procurar por ajuda - Disse Rony se levantando.

—Não vamos a lugar nenhum, temos que ficar aqui. Com certeza perdemos contato com a torre antes da queda, não há sinal do avião em nenhum dos radares. O resgate chegará logo.

—Temos que procurar ajuda, sair daqui, de repente agente está próximo de alguma rodovia, ou tenha alguma cidade próxima aqui perto, não sei, mas temos que sair daqui. - Disse ele me contradizendo

—Rodovia? Cidade? Rony, você acha que estamos aonde? se eu estiver certa estamos na Floresta Amazônica, olha ao seu redor, olha pra essa mata, isso aqui não é nenhum parque não, isso aqui é uma mata fechada, se entrarmos nela, podemos nos perder e talvez nunca ser encontrados. Sem contar que não sabemos o que tem aí dentro, os bichos que podemos encontrar, os riscos que corremos saindo por aí sem direção. Temos que ficar aqui.

Era nítido que ele não gostava de seguir ordens, mas eu sei que essa era a melhor coisa a fazer.

—Você acha mesmo que eu vou ficar aqui parado sem fazer nada? Disse Rony nervoso.

—Faz o seguinte Rony, vai, entra lá - Disse irritada apontando para a mata - Mas você vai sozinho, eu vou ficar aqui e ver se mais alguém sobreviveu.

Voltei para os destroços e comecei a procurar, não demorou muito até Rony perceber o quanto estava sendo idiota e me ajudar na busca por sobrevivente. Afastamos tudo que podíamos para abrir caminho, havia muitas poltronas soltas, muito ferro retorcido, estava ficando difícil de procurar.

—Rony, me ajuda a tirar isso aqui. - Pedi apontando para um monte de entulho que estava bloqueando o caminho.

Começamos a tirar e quando finalmente conseguimos, nos deparamos com uma cena de verdadeiro terror. Havia muito sangue. Impossível alguém ter sobrevivido alí. Meu estômago deu voltas, fiquei parada por alguns segundos em choque. Enquanto Rony simplesmente deu as costas sem esboçar nenhuma reação.

—Aonde você vai? - Perguntei confusa.

—Não há nada o que eu possa fazer aqui. - Respondeu seco e foi embora.

Fiquei surpresa com sua atitude, afinal todas aquelas pessoas estavam com ele, como pode ser tão frio assim? Que tipo de pessoa é esse cara, que não se abalou em ver seus amigos mortos?

Mesmo sozinha continuei o caminho até a porta da cabine do piloto, estava travada, tentei acionar o telefone de comunicação à cabine e obviamente não estava funcionando. Bati, gritei, chamei por eles mas sem resposta. Sim eles estavam mortos. Os únicos sobreviventes do voo 734 era Rony e eu.


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