POV POSEIDON

Nos sentamos informalmente perto da lareira na Casa-Grande, local agradável apesar de muito seco, não me levem a mal. Zeus está um porre! Com todo esse desaparecimento envolvendo a filha de Hades e os acontecimentos estranhos ocorrentes tanto no Olimpo quanto aqui o deixaram nos nervos.

—Precisamos proteger o Olimpo! –ele rugiu.

—E os nossos filhos? –perguntou Hermes.

—Eles terão que nos ajudar. –insistia Atena. –não há outra maneira de conseguirmos vencer seja lá qual for esse mal.

—O que você acha Poseidon? –Afrodite se dirigiu a mim. Não costumo participar muito das reuniões pois normalmente são assuntos fúteis e sempre dá discussão.

—Concordo com Atena. Precisamos da ajuda dos semideuses mas também precisamos protegê-los e cuidar do Olimpo. –Atena bufou.

—Disse o óbvio.

—Não foi você que pediu minha opinião. –retruquei a fazendo irritar-se.

—Parem vocês dois! Parecem crianças. Precisamos convocar os melhores semideuses para achar o culpado por todos esses problemas! –Ártemis encerrou a discussão iminente. Todos concordaram.

—Acho mais do que justo que minha filha participe disso, afinal, ela precisa achar a irmã. –Hades se levantou expondo sua ideia.

—Por que ele está aqui mesmo? –Ares sussurrou para mim. Dei de ombros.

—Deve ser porque uma das filhas está desaparecida. –respondi. Atena possivelmente ouviu a conversa –pra variar –e revirou os olhos fazendo leitura labial e dizendo “óbvio”.

—Então está decidido! Cada semideus de um dos 12 chalés será enviado nessa missão em busca do culpado! –trovejou Zeus.

—E da minha filha! –disse Hades.

—Tanto faz! –reclamou Ares.

Mais uma discussão estava para começar mas Atena os parou com um sermão do tamanho do mundo! Exagerado, eu? Depois da concordância de todos os deuses ficou decidido que Apolo, Héstia, Hefesto, Dionísio, Hermes e Afrodite ficariam no acampamento. Os demais iriam para o Olimpo para protege-lo e eu ficaria nos oceanos para vigiá-los, aquele incidente na praia fora causado pela mesma pessoa que quebrou estátuas de Hera no Olimpo e causou baderna no submundo. Além de possíveis ataques à órgãos públicos dos mortais, que estavam deixando-os bastante consternados.

Fomos para perto da fogueira onde os semideuses se divertiam, Zeus anunciou nossa estratégia de defesa e de manhã iríamos fazer as seleções para os semideuses encarregados de ir atrás do culpado. Nos sentamos em tronos improvisados e ficamos observando a balbúrdia dos semideuses. Do outro lado da fogueira podia ver meus dois filhos conversando com um grupo de semideuses, eles pareciam populares. O pouco que sabia dos meus filhos era que, eram populares, poderosos, gênio forte e lindos como o pai! Tudo bem, tudo bem, admito... eles não eram tão bonitos quanto eu!

Eles pareciam felizes. Eu não me considerava o melhor pai do ano, existia piores do que eu. Um bom exemplo é meu irmão Zeus, ele nem cumprimentou seus filhos, os tratou como se fossem duas coisas insignificantes, isso eu não acho certo. Arthur, meu filho mais velho, é muito leal e prestativo, o pouco tempo que passo com ele no mar sempre são descontraídos e alegres. Já Mareena por outro lado, bem, ela puxou o gênio da mãe. Não consigo me aproximar dela, acho que parte disso é culpa minha. Sempre que a vejo ou converso com ela, uma sensação de culpa me invade, pois querendo ou não, a culpa foi minha que a mãe deles tenha morrido. Melly era uma mulher encantadora, morreu para salvar os filhos enquanto os ajudava a vir para o Acampamento, eu não fiz nada, só soube do ocorrido quando este já havia acontecido.

Mareena não é fácil, seu pavio curto é perceptível. Mas por trás daquela máscara durona existe uma garota gentil, corajosa, esperta e muito poderosa. Por mais que eu não seja tão presente, quero poder vê-la crescer, ter uma vida feliz e plena, mesmo que isso signifique não fazer parte dela. Enquanto a observava pensava em tudo o que a faz parecida com a mãe. Além da personalidade, os cabelos vivos e vibrantes, os traços delicados porém firmes do rosto, sua paixão por leitura, a necessidade de estar sempre a frente de tudo. Quando todos se retiraram, eu ainda estava lá, pensando em Mellyssa. “você não morreu em vão Melly, vou cuidar do nossos filhos”, pensei, querendo poder dizer-lhe estas palavras, querendo que chegassem até o Elísio.

Depois disso fui para a praia esperar o sol nascer, um grande dia estava por vir.

POV BIA

Eu saí de perto da fogueira e fui andar pra esfriar a cabeça, eu ia dar um ataque se eu continuasse ali sentada perto do meu pai. Eu tinha vontade de chorar, chorar de raiva por todo que aconteceu hoje de manhã até agora. Ele nem olhou para mim, nenhum um mísero aceno ele me concedeu. Hoje a noite estava ventando, e o vento batia nos meus cabelos fazendo eles voarem, o céu estava estrelado fazendo com que ele ficasse mais bonito que o normal. Eu segui a direção do meu chalé queria voltar pra lá pra não ver a cara do meu pai, fui andando calma até ouvir meu nome sendo chamado por uma voz melódica e que fazia eu me arrepiar:

 – Bia espera! – me virei pra ver quem me chamou e vi Max correr até mim, eu ignorei e continuei andando como se eu não ouvisse nada – Beatriz! – ele me alcançou e parou na minha frente segurando meus ombros e me obrigando a olhar para aquela  cara, aquele rosto tãoo lindo!

— O que você quer? – perguntei sendo grosseira, ele não respondeu e abaixou o rosto – Se você não tem nada pra falar some da minha frente que e não quero te ver! – falei friamente de novo, a discussão mais cedo ainda pairava em meus pensamentos, tirei as mãos dele dos meus ombros e comecei a andar novamente, dessa vez mais rápido.

— Calma! Eu quero falar! – ele segurou meu braço e eu me virei pra ele já impaciente.

— Fala logo então! – falei cruzando os braços, pronta para sair de novo.

 – Bia eu... me desculpa! Eu não queria fazer você chorar, não queria te magoar... eu sou um babaca me perdoa! – eu o olhava diferente não sabia o que dizer, ninguém costumava ser tão direto comigo assim, só abaixei a cabeça e lembrei do que ele me faz sentir quando fala ou ri, quando me toca.

 – Pois é! Você me fez chorar, me magoou! Falou que eu era só mais uma pra você e me tratou como se eu fosse um objeto! – um raio ribombou do céu fazendo um clarão – E você quer que eu te perdoe por me fazer de boba?!

 – Beatriz você ainda não percebeu?! Eu me apaixonei! Eu me apaixonei por você! – eu arregalei os olhos e dei um meio sorriso constrangido, era difícil acreditar – Garota você mexeu comigo desde a hora em que eu pisei aqui! Isso é tão difícil de perceber?!

— Isso não muda o fato de você ter feito aquilo comigo! –rebati, torcendo com todas as minhas forças para não sorrir e esconder a felicidade por saber que ele também gostava de mim.

— Pelos deuses garota! Para de ser difícil eu sei que você também sente o mesmo! – ele sorriu e eu corei instantaneamente, pra alguém tímido ele era bem direto.

— Não viaja ok?! Eu não sinto nada por você! – falei cruzando os braços como se esse ato fosse me vestir de imparcialidade e escondesse meus sentimentos. Nessa hora agradeci a Ártemis por ser lua nova, o escuro não deixava que ele pudesse me ver completamente e perceber o quanto estava corada.

— Se não sente nada porque você estava sorrindo – ele deu um sorriso brincalhão, ai, essa me pegou!

— Eu não estav... – eu ia começar a discutir quando Max me interrompe com um beijo ardente e inesperado.

Tentei me livrar dos seus braços a princípio mas não consegui por ele ser forte, resisti no começo mas me deixei levar pelo beijo, eu abracei seu pescoço e ele passou suas mãos para minha cintura me segurando forte. Seu beijo era melhor do que de todos os outros, no beijo tinha amor, um sentimento que eu só senti uma vez por um outro garoto. Nos separamos pela falta de ar e ele colou nossas testas, não pude evitar o sorriso.

— Você me perdoa? Eu nunca mais vou te magoar... –suas palavras carregavam tanta sinceridade que era impossível resistir.

— Eu te perdoo sim – dei um sorriso e vi que ele sorriu também, ele se distanciou um pouco ainda segurando minha cintura e me girou, comecei a rir.

Ele juntou nossos corpos novamente e me beijou com mais vontade, minhas mãos passeavam pelos seus cabelos loiros enquanto eu beijava o garoto que despertou o amor que um dia eu senti. Estávamos nos beijando quando ouvimos uma tosse forçada, me separei meio bruscamente de Max e vi Jake parado tentando esconder o riso.

— Bia seu irmão me pediu pra te procurar, mas eu acho que eu interrompi alguma coisa, vou avisar pro Jay... –ele sorria com a perspectiva de me dedurar pro meu irmão. Idiota! Mas é cada amigo que eu arranjo.

 – Não! Você não me interrompeu eu já estava indo – comecei a andar na direção de Jake, quando cheguei nele e falei em seu ouvido – fica caladinho viu? Senão quem vai se ferrar depois é você – passei a mão por seu ombro dando um leve choque para enfatizar minha ordem. Olhei pra trás e dei um tchauzinho pra Max, então comecei a andar em direção ao meu chalé. Ainda parecia um sonho o que havia acabado de acontecer, mas era muito mais do que isso.

Tinha um sorriso bobo no rosto, e tenho certeza de que ele não vai sair tão cedo.

POV MAX

Enquanto Bia voltava andava de volta pra fogueira pra conversar com o irmão, Jake veio até mim e parou do meu lado também olhando Beatriz voltar.

 – Se deu bem Solace – ele me deu um cutucão com o cotovelo – faz tempo que os garotos do acampamento não recebem tanta atenção da princesa dos raios! – ele sorriu maliciosamente.

— Idiota! – ri olhando pra ele – Faz tempo que os garotos daqui não recebem atenção dela, mas como assim?

— Ninguém te contou? – neguei com a cabeça confuso, não fazia a menor ideia do que ele estava falando, ele suspirou alto e começou a falar – Quando a gente era mais novo, mais ou menos com uns 14 anos, eu apresentei um dos meus irmãos pra ela, o Rafael, que na época tinha 16 anos. Ele vinha me falando que estava interessado na Bia, e como eu sou amigo dela, ele me pediu pra falar com ela. Eles ficaram namorando por 1 ano, só que ele se envolveu  com uma filha de Afrodite e traiu ela, depois disso eles brigaram e terminaram, só que aí ele foi embora. Ninguém sabe pra onde, e ele nem fez contato com o acampamento, Quíron fez tropas pra procurar ele, mas não achamos um sinal dele. Já faz 2 anos que ele desapareceu, e ninguém se preocupa com ele, nem eu, que era mais próximo dele do que meus outros irmãos me preocupo em saber dele. Beatriz ficou muito abalada com tudo isso, eu vi ela sofrer de perto... – ele abaixou a cabeça, provavelmente se lembrando dela – Depois da traição, ela nunca mais se apaixonou de novo. Depois disso tudo ela ficou com uns 6 garotos no máximo, você meu amigo, é sortudo! Tá bem na cara que ela gosta de você! – ele sorriu com a cara mais feliz – Eu fico feliz em saber que ela se apaixonou de novo. Mas cara, não magoa ela, ela é menina pra casar – nessa última parte ele fez voz de menina e eu ri.

— Eu não vou fazer ela sofrer que nem esse babaca!

— Bom mesmo! – a gente riu.

— Mas cara, eu não sabia que vocês eram tão próximos assim.

— É... – ele sorriu – a gente já foi muito próximos, nós ainda somos, mas não como antes. Eu também já a magoei. Fui um completo babaca – eu ri.

— JAKE! CADÊ VOCÊ?! – ouvimos uma voz de menina – JAK... – uma garota loira nos viu e parou de gritar.

— Sofie aqui! – Jake acenou e Sofie veio até nós.

 – Ah... oi – eu disse

— Oi – ela disse envergonhada – Sofie, filha de Atena. –ela me cumprimentou.

— Max, filho de Apolo.

— Prazer – ela estendeu a mão e eu apertei – Eu estava procurando vocês, os deuses vão fazer um último pronunciamento.

— Ok, então vamos – Jake disse e nós três corremos até a fogueira.