Omar havia saído do hospital há exatamente uma semana e durante esse período foi ao hospital São Rafael fazer acompanhamento com a psicóloga, a qual constatou que o homem só apresentava quem agredira-o era a única memória ausente, fato que fez a profissional dizer-lhe que seu cérebro estava reprimindo uma memória traumática. Era possível que Omar recuperasse-a, mas ela não saberia dizer quanto tempo levaria, nem se isso aconteceria.

Fátima reparou que seu marido resmungava ao sair do consultório da psicóloga e contou-lhe a novidade sobre a possibilidade de sua memória do acidente nunca mais voltar, mas que, pelo menos, a polícia investigava quem ferira-o e o roubara-o.

A mulher ouviu pacientemente, mas fora incapaz de conter um sorriso, pois fora não ter mais aquela memória ele encontrava-se bem, nem parecia ter estado em coma por noventa dias.

Ambos desceram do táxi uma quadra antes de chegarem ao restaurante e Fátima puxou-o para a sorveteria, que ficava na esquina, compraram duas casquinhas de sorvete de flocos e sentaram-se para tomarem o doce puxativo.

Sorriam cúmplice ao notarem que Samira estava com um repentino desejo desse mesmo doce e ela poderia estar grávida. Decidiram levar um pote de sorvete pros sobrinhos.