Silêncio. O absoluto e aterrorizador silêncio da escuridão e solidão, então Charlie abriu a porta num empurrão. Os dois se encararam e seguiram em direção a saída e ninguém os impediu. Alívio e alegria.

Precisaram fechar e esconder os olhos pela intensa luz do Sol. Caminharam por horas no calor e sem uma palavra desde da briga que os separou, um para as lições e outra para o alimento.

— Pensei que fariam trepanação comigo. - Comentou o menino na tentativa de quebrar o inquebrável, não recebendo respostas. - A comida estava boa? - Nada mais uma vez. - Olívia, ainda está chateada comigo?

Ela desviou o rosto e avistou o mesmo jeque de semanas atrás, então andaram até lá e continuaram passando pelos trilhos de trem no meio do deserto de areia e capim.

— Sério que vai ficar sem falar comigo? - Enfureceu e estalou a língua, ansioso para chegar em casa.

— Sim, Charlie.

Ele parou em frente da porta de casa, revirou os olhos, pegou a bicicleta estirada na calçada e saiu pedalando.

Ela tentou entrar, mas estava tudo trancado, bateu inúmeras vezes até encontrar com os pais chegando de carro. Fizeram careta e destrancaram sem trocar palavra alguma.