Voltei a olhar para a tela vazia. O tom alabastro parecia fazê-la cintilar como se zombasse da minha falta de inspiração.  

“Michaelis, olhar feio não vai fazê-la se pintar sozinha. Então que tal não pintarmos ela fazendo algo mais divertido?” 

Falou balançando o controle do videogame na minha frente. Se eu não sabia dizer não nem para coisas das quais não gosto imagina para as que gosto. Deixei meu problema criativo de lado na hora e fui jogar com ele. 

Algumas horas depois conseguimos levar o protagonista da aventura até o casamento do irmão e fizemos nosso toque especial em comemoração. A inspiração me atingiu sem avisos.

O quadro que entreguei era um caminho cujas laterais eram feitas por imagens. A primeira: uma mão infantil estendida para uma criança caída no chão. A segunda: um adolescente sorrindo enquanto faz um toque com outro. A terceira: um jovem de costas trajando terno e sua noiva caminhando até ele enquanto outro rapaz lhe dá tapinhas nas costas. A quarta: dois idosos sorrindo e batendo os copos de cerveja cercados por suas famílias. 

Tudo isso guiando a um túmulo onde um senhor solitário risca com uma pedra as letras E.P.M.