O quadro continuou lindamente pendurado na parede do quarto e Trev se desculpou horrores, só que começou a passar todos os finais de semana treinando na praia. No início eu ia junto, fazia desenhos em meu caderno enquanto olhava o pontinho plúmbeo que sua embarcação virava no mar, mas quando o bloqueio criativo veio acabei parando.

 Ao receber uma mensagem dele em uma sexta-feira, não acreditei na barbaridade de seu pedido: "preciso de ajuda. Encontre-me amanhã às 5:30 na praia." Queria dizer que foi preciso muito para me convencer, porém não foi. Eu nunca fui bom em dizer não.

Chegando na praia, em modo zumbi, descobri algo pior do que estar acordado naquele horário: faríamos uma trilha. Eu odeio trilhas. Mesmo assim não tive força de espírito para ir contra a ideia. Era cedo demais para pensar em qualquer coisa.

Andamos por mais de uma hora, suei tudo que tinha para suar, fui café da manhã dos mosquitos, só queria deitar ali mesmo, dormir e acordar na minha cama, mas segui firme.

Naquela hora eu só torcia para que Trevor me guiasse até um corpo que precisava ser escondido, qualquer outro motivo não parecia válido o suficiente em minha mente. 

"Art, feche os olhos."