Quando vi o estado em que se encontrava, senti os impactos das palavras de Lily. Ela estava nos seus últimos dias de vida.

“Por que essa cara de assombro, Lu? Tá me olhando como se eu tivesse acabado de fazer uma trepanação.” Ela começou a rir, mas logo seu riso se transformou em uma tosse forte.

“Você faz piada até com o que não deve, Lily.”

“Se eu não fizer piadas a tristeza vai me consumir.”

Passamos a tarde inteira vendo filmes de comédia romântica e falando mal dos idiotas da nossa escola. Pode parecer algo bem infantil, falta de maturidade e do que fazer, mas, na verdade, foi libertador voltar a ser adolescente.

Quando começou a anoitecer, me despedi e fui para casa.

Quando eu estava quase dormindo, eram onze horas da noite, recebi uma mensagem da mãe da Lily.

“Ela não suportou a dor. Desligou sozinha os aparelhos logo depois que a enfermeira fez o checkout noturno. A Lily deixou uma carta de despedida. Na carta, ela disse que você era ‘a única que poderia entender as escolhas o que eu fez. A única que olhou para além do meu sorriso e enxergou a minha dor’.”