Durante esse período de 20 dias, fiquei na minha antiga casa sob os olhos vigilantes da governanta do meu pai, e ficaria ali pelos próximos 11 dias. Como eu quase nunca estava em casa, sempre na escola, estudando de manhã e fazendo alguma atividade extracurricular de tarde, não sentia sua presença de maneira tão impactante. Além disso, eu mesma fazia as tarefas de casa e cozinhava. Ia a pé a todo lugar que fosse, sem precisar da carona dela. Não precisava dela.

Nunca dei a ela e ao que fazia a devida importância, até ouvir meu nome sendo dito por ela quando estava atravessando o corredor da frente do seu quarto. Ela, falando sobre mim? Muito puxativo.

Espiei o interior do quarto. A governanta conversava via Skype com meu pai. “Você acha que a Analu está com depressão?” perguntou ele.

“É o que me parece. Ela está triste o tempo todo, deprimida.” Faz apenas 20 dias que perdi a minha mãe.

“Você é mais inteligente que isso, Marta! Ela acabou de perder a mãe!” Obrigada, pai.

“Estou te falando, César, é mais que isso. Isso é genético. Você sabe, a mãe dela tinha depressão e ansiedade.”