O olhar castanho brilhou tal qual uma besante, iluminado pelas chamas das velas nas candeias sobre os móveis do quarto.

Dorian ainda segurava os braços do pistoleiro como se a qualquer momento ele fosse desaparecer. Havia uma tensão palpável no ar. As respirações eram ruidosas e a falta de diálogo era expectante.

— Você perdeu o juízo… — Ash rompeu o silêncio e levou as mãos ao rosto do ruivo. Os polegares deslizaram pelas sardas nas bochechas.

— Se amá-lo é dar voz a minha falta de juízo, sim, sou um completo desajuizado. — Dorian sorriu, embora a preocupação e medo pelo futuro, pairasse em cada gesto.

— Dorian…

— Não serei feliz ao lado dela. — Os lábios se tornaram uma linha fina e os dedos subiram para segurá-lo no rosto em uma carícia desesperada. — É a nossa chance.

— É arriscado.

— Mas não é você quem vive de riscos? — O tom agora era provocador e as mãos afundaram nos cabelos bagunçados e escuros de Ash.

— Sempre soube que era um rebelde. — O ar jovial que havia conquistado o rapaz de boa família, retornou a expressão antes endurecida. — Agora descubro que é um aventureiro.

— Teremos todo o tempo para que descubra muitas outras coisas a meu respeito.