− Você estava usando essa roupa quando te conheci? – Não que fosse um crime de moda para ela, não se importava com essas coisas.

− Até onde sei fantasmas não trocam de roupa. – Ele respondeu.

− Ela parece... Inadequada. – Ela disse espontaneamente, mas ao perceber a feição de Bernardo tratou de se explicar. – Digo... Antiga, sabe? Quando foi que você...

− Morri?

Ela não disse nada, não queria parecer indelicada, embora já tivesse sido diversas vezes, engoliu e esperou que ele falasse.

− Por que quer saber, curiosidade?

− Um pouco, já que está assombrando minha atual casa, talvez possamos nos ajudar.

− Já disse que essas coisas não são assim...

− Se me explicar, posso te ajudar.

− Só quer se livrar de um incômodo.

− Está errado, bem, não em tudo, mas você é como o lixo que a gente coloca para fora de casa, o que quero dizer é que... Podemos tentar encontrar uma solução.

− A solução é que se mude. – Ele parecia irredutível.

− E se eu não aceitar, o que vai fazer, me excruciar?

− Não brinque com coisas mortas garota, pode apostar que sim. – Ele a alertou, neste momento Bernardo pareceu bastante assustador.