Creio termos passado pouco mais do que duas eternidades naquele barco. Sherlock estava de olhos fechados, as mãos unidas perto do nariz, e o vento nos balançando, como um berço aquático e desesperador.

Não é que eu tenha medo de água, mas é um pouco difícil dormir em dadas circunstâncias: estávamos num barco roubado da Marinha Britânica, à madrugada, sem luz alguma, exceto pela pequena lanterna acessa no bolso de minha camisa.

Tentei puxar assunto, e até mesmo casos e piadas. Mas nada arrancava o semblante sisudo de Sherlock Holmes. Em minha última tentativa, ele gritou:

— Cale a boca, John.