O lobo atacara Jensen sem pensar duas vezes, fazendo o rapaz se retirar em desespero com o voraz animal. Não, era uma criatura, um lobisomem. A lua cheia permitia que eu visse a monstruosidade dele em perfeitas condições.

Sua boca estava manchada de sangue fresco. O sangue de Jensen, e aqueles olhos ainda sedentos me encaravam, e a luz âmbar que proliferava deles era a única coisa que me prendia nesse mundo.

Um longo excruciar que durou apenas poucos segundos. Meu coração batia forte, mas eu mal respirava. Me obrigava a me manter ali porque sabia que não podia fugir.

Confusão, dor, arrependimento e a insana vontade de causar-lhe mal. Aqueles não eram sentimentos meus e ainda assim eu os sentia olhando para o lobisomem.

Era tão óbvio...

— Michael...

Em meu âmago, sorri. Era ele. Michael atacara o próprio irmão para me defender. Eu sabia que ele estava consciente disso. Sentia isso.

Enchi-me com sentimentos bons, confiando na besta à minha frente. Estendi o braço. Há algum tempo eu suspeitava, Michael viera para confirmar.

Os temíveis olhos âmbares na escuridão eram minha maior proteção. Eu conseguia reconfortá-lo. Minha rara habilidade me permitia controlar seus sentimentos e fazê-lo se sentir melhor.