A descoberta de que David era real e não fruto da minha imaginação foi avassaladora. Tomei a resolução de não tomar mais remédios. Esperava ser capaz de vê-lo de novo ao meu lado. Ou pelo menos sentir sua presença. Toda a paixão refreada com habena medicamentosa foi liberada de chofre. Ele existia e me amava. Eu tinha uma alma gêmea.

A primeira coisa que fiz foi me preparar para a partida. Sim, pois meu amor havia sugerido o caminho mais fácil. Como ele não poderia viver novamente, então só me restava morrer. Escrevi carta de despedida. Vesti um belo vestido e fui a uma ponte  conhecida.

Subi na amurada e então … lembrei de minha família. Eles iriam sofrer muito. Resolvi desistir do suicídio e me virei. O movimento brusco me fez perder o equilíbrio e eu quase caí da ponte.

Mãos fortes me puxaram para cima e eu me agarrei a ele trêmula de medo e adrenalina. Olhei para meu salvador e comecei a chorar de emoção.

— Não devia fazer isso moça. A vida não é tão ruim assim. Sempre se pode dar um jeito nos problemas.

O homem que me salvara era a cópia perfeita do meu David.