Eles parecem perdidos em uma ilha de chumbo.

Braços, os lábios, o silêncio, até mesmo o ar, tudo parece terrivelmente plúmbeo e rígido.

E Lavínia continua se perguntando o que está acontecendo. Será que ele percebeu que havia sido... Assim? Talvez a voz ou a silhueta a tivessem denunciado... É a única explicação, não é? Ou aquelas meninas, aquelas meninas cheias de si, que ela via nos filmes, também passavam por isso? A ideia lhe parece absurda.

Por fim, Rael suspira.

— Então... – ele diz, com uma espécie de meio sorriso escapando dos seus lábios – Eu achei que você não ia aparecer.

Aliviada por ele ter quebrado o silêncio, ela também suspira.

— E eu estava com medo de você ser um idiota tentando me passar um trote.

As sobrancelhas dele se levantam. A ideia parece diverti-lo.

— E quem disse que eu não sou?

Lavínia sorri.

— Você não parece ser desse tipo.

Rael reage de forma exageradamente ofendida.

— Então, o que eu pareço?

— Você parece um nerd!

— E por que você acha isso? Por causa das minhas meias?

Lavínia olha para as meias dele. Estampa dos X-Men.

Mas, por algum motivo, ela gosta.

Definitivamente, ele é um nerd.

Definitivamente, não um idiota.