Cambridge – Massachusetts EUA (2020)

As luzes se chocavam contra a cortina iluminando o quarto. Amy levantou se calma e devagar em direção ao banheiro. Sentia – se exausta devido à noite anterior, acabou dormindo pouco por causa das crianças, elas acordavam muitas vezes, felizmente a frequência disso tem diminuído nos últimos dias, sinal de que estavam melhorando da gripe.

Após se arrumar para o trabalho desceu para preparar o café da manhã, como os pequenos acabaram de completar um ano decidiu que era hora de inserir papinhas em suas refeições, achava que não conseguiria, mas deu um ano inteiro de leite materno para os dois, foi difícil e ainda é. Mas sabe que vale a pena, seus pequenos macaquinhos estão crescendo fortes e saudáveis. Isso a deixava tão feliz. A única doença dos pequenos ao longo desse tempo foi apenas essa última gripe que o pediatra dissera ser completamente normal.

Não demorou muito para escutar o choro de ambos através do rádio, com a doença tornaram se muito mais manhosos, queriam o tempo todo atenção dela e o carinho. Sentia se mal por deixá-los, mas era sua única saída como mãe solteira.

‘’ Meus pequenos pintinhos, mamãe esta aqui’’ Ela sorriu entrando no quarto dos pequenos, sua decoração era toda de animaizinhos e a parede pintada de nuvens trazendo um ar acolhedor e doce. ‘’ Não precisa chorar Marie e Ethan, estou aqui’’ Amy pegou cada um em um braço, ambos se acolheram no colo da mãe enquanto soluçavam por causa do choro.

Ao descer, os colocou cada um em sua cadeira de frente para ela, o choro sessou rapidamente quando cada um pegou seu pratinho e começou a bater contra a cadeira. Ela adorava os observar enquanto terminava as papinhas, o jeito como olhavam curiosos e riam de suas novas descobertas. Era fantástico.

A maneira como mexiam as pequenas mãos e olhar inocente do descobrimento. Aqueles olhinhos azuis e verdes penetrantes a estremeciam, o detalhe das bochechas, covinhas e sorrisos lembravam a ele... Sheldon. Seu coração disparava só em pensar em seu nome, porém havia prometido a si mesma no último dia em que o viu que em seu passado ele ficaria.  

Pasadena – Califórnia EUA (2020)

Sheldon habitualmente comia seus cereais olhando Doctor Who na segunda feira, o sol iluminava seu apartamento inteiro e trazia o som dos pássaros que chegavam junto com a primavera, era alto extremamente irritante no seu ponto de vista. ‘’ Esses malditos pássaros não calam a boca’’ sussurrou pra si mesmo. Depois que ele concordou em trocar de apartamento com Penny para assim dar espaço para ela, Leonard e a pequena Sophia, Sheldon aprendera a se virar sozinho. Por mais que Leonard ainda o levasse para o trabalho sempre, não ter mais a companhia dele era algo desconfortante, afinal havia tantos anos se acostumado com ele.

‘’ Olá amigo’’ Disse Leonard ao encontrar Sheldon no corredor minutos depois. Estava visivelmente cansado, a pequena Sophia tinha apenas cinco meses e ainda não tinha horários completamente definidos.

‘’ Bom dia Leonard, você parece ter sido atropelado por um caminhão’’ Comentou Sheldon descendo as escadas.

‘’ Não foi um caminhão, Sophia não parou de chorar a noite inteira e Penny dormiu igual a uma pedra’’

‘’ Ainda bem que não tenho filhos, eles só servem para fazer coco e chorar’’ Sheldon sentiu se aliviado, enquanto Leonard parou com suas pesquisas ele havia decolado na matéria escura, finalmente ele havia encontrado o que queria e sabia que logo estaria a um passo de um Nobel.

 Aquele dia transcorreu normalmente para Sheldon, focava inteiramente em suas pesquisas e seus cálculos era a melhor forma de passar o dia em sua opinião.  A noite comeu comida Tailandesa com os meninos no apartamento de Leonard e Penny, a pequena Halley de quase quatro anos brincava com seu irmãozinho Jacob de dois anos e meio no chão enquanto eles conversavam sobre suas respectivas vidas cotidianas e trabalho.

‘’ Ooohh não’’ gritou Sheldon quando Jacob derramou suco de caixinha no seu sapato.

‘’Meu Deus, desculpa Sheldon’’ gritou Bernie pegando ele no colo.

Sheldon ficou furioso, quando criança na idade dele estaria vendo algo para aumentar seu conhecimento como Doctor Who. Porém só via as crianças de Howard e Bernadette correr iguais baratas tontas pelo apartamento.

Ao deitar em sua cama sentiu um grande alívio finalmente aquele dia estava terminando. Olhando para o calendário ao lado da cama não pode deixar de notar algo, o aniversário de namoro estava chegando. Sentiu-se estremecer com o pensamento. Ela havia partido. Apesar dos 18 meses de sua ausência ele ainda podia contar os dias... 542 ao total. Sua memória eidética o fazia lembrar-se de cada detalhe dos momentos juntos e daquele último dia. Virando se paro o lado, ele fechou os olhos e junto com as lágrimas seu último pensamento antes de adormecer foi o sorriso de Amy.