Death Defying Acts escrita por havilliard


Capítulo 1
Os Senhores da Morte


Notas iniciais do capítulo

Heey, como vão?
Venho aqui após um ímpeto criativo em relação aos irmãos Peverell, que eu simplesmente não pude deixar passar! Raramente, de fato quase nunca, vejo material em relação aos irmãos... Considerando que eu enxergo o conto dos três como uma estória muito promissora, venho aqui com minha primeira fanfic, nada digna de uma J.K, mas espero que gostem! ♥ ♥ ♥
PS: deixei os nomes no original por motivos de... classe



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A mãe dos três peculiares irmãos dizia-lhes eventualmente: “Não há piedade na Floresta do Lobisomem. Somente tolos arriscam imprudentemente seus pescoços diante da impulsividade juvenil… Querendo se aventurar, querendo provar algo promíscuo a si mesmos… Estupidez e insanidade, é isso que digo! De tolos aventureiros restam somente os ossos, e isso em dias fortunosos. Vocês são tolos, rapazes?”

 

Não, senhora” Antioch respondia obedientemente, indisposto demais para contrariar as duvidosas certezas de uma mente velha, ao que acrescentava secretamente em seus pensamentos: “mas somos aventureiros, certamente.

 

— Estamos prestes a morrer, e o inútil do nosso irmão continua a fazer o de sempre… Para quem ele tanto escreve, afinal? — o desprezo provindo de Ignotus não era genuíno, Antioch bem sabia, tanto quanto sabia que o medo da morte iminente inegavelmente o era.

 

Antioch observou o irmão do meio, Cadmus, prostrado às margens de um rio duvidosamente negro. Cadmus tinha o costume incomum de agarrar-se ferozmente à sua pena, como se ela o conferisse magia superior à de sua própria varinha. Antioch tinha algumas ideias sobre a quem se destinava a escrita frenética de Cadmus, mas de que valiam suas ideias dentro da obscura Floresta do Lobisomem?

 

— Deixe-o encontrar conforto, Ignotus — respondeu com melancolia.

 

— Estamos perdidos e famintos, que ajuda as palavras de Cadmus nos trará? Exceto… exceto que você já tenha desistido, irmão. Está realmente convencido de que iremos morrer?

 

A realização na voz de Ignotus era torturante, portanto evitou seus olhos. Os olhos de Ignotus sempre foram muito avaliadores e intensos, como ele. Antioch se recusava terminantemente a sentir neles a recusa e o ressentimento, e pior ainda, o julgamento.

 

Falhei com meu papel, pensou miseravelmente. Trouxe deliberadamente meus dois irmãos mais jovens para a morte, orgulhosos como somos.

 

— Nós achávamos que podíamos enfrentar a floresta, os primeiros dentre todos os bruxos, mas estávamos enganados. A senhora nossa mãe não mentiu sobre os tolos aventureiros. Há situações em que a união entre irmãos, mesmo uma tão forte quanto a nossa, não basta.

 

— Somos bruxos excepcionais, todos sempre disseram isso — todos em uma vila medíocre, Antioch simplesmente pensou, cansado demais para contradizer o irmão — e me recuso a ser morto em uma caçada de lobisomens. Será que me ouviu? Eu me recuso!

 

— Estupefaça!

 

O feitiço passou por um triz diante do nariz de Antioch, acertando em cheio um lobisomem que estivera a um pulo de o estraçalhar.

 

— Temos companhia — Cadmus anunciou desnecessariamente.

 

Dezenas de olhos amarelos brilhavam na escuridão da floresta, feito lanternas, aos poucos se revelando em mais e mais quantidade. Não se intimidavam, aparentemente, pelo corpo caído de um dos seus. O cheiro de carne fresca e a vantagem numérica deviam ser suficientes para incentivá-los a prosseguir em sua caçada brutal.

 

Enquanto Antioch não sabia se decidir entre mover-se com cautela ou se desesperar, Cadmus gritou sem delongas:

— Eu fico na retaguarda! Corram seus imbecis!

 

Num movimento reflexo ambos Ignotus e Antioch apalparam as vestes em busca de suas respectivas varinhas, ainda incrédulos de que pudessem tê-las perdido tentando sobreviver à enormes filhotes de acromântula.

 

Correram aleatoriamente guiados somente pelas luzes dispersas dos feitiços que Cadmus disparava, preocupados demais em saltar por troncos e desviar de enormes plantas carnívoras para terem tempo de se preocupar com seu próprio pavor.

 

Ignotus olhou para sua direita, e então sua esquerda. Garras e presas o recepcionavam de ambos os lados, cada vez mais próximos de obterem sucesso em devorá-lo, apesar dos admiráveis esforços de Cadmus.

 

Então Antioch urrou, não de dor como Ignotus e Cadmus a princípio temeram, mas de felicidade. Ao longe, mas tentadoramente perto para que seus corações acelerassem de excitação, havia a distinguível luz do começo da manhã. Tão fraca que mal adentrava a densa floresta, mas forte o suficiente para impulsioná-los tal como uma poção jamais faria.

 

Seremos os primeiros malditos bruxos tolos a vencer a Floresta do Lobisomem, e eu me recuso a morrer! Me recuso a morrer! Ignotus repetia o mantra enquanto as lágrimas de esperança lavavam a sujeira de seu rosto.

 

Então, tão rapidamente quanto avistaram a luz do dia, Cadmus foi agarrado por uma das enormes plantas carnívoras. Seus gritos ressoaram pela floresta, mais altos que os grunhidos lupinos.

 

— Rápido, Antioch! Pegue a varinha de Cadmus e retarde as malditas bestas.

 

Ignotus agarrou o irmão pelo tronco, puxando-o tão forte quanto podia. Suas pernas ameaçavam ceder diante da força da planta e do próprio peso do irmão, mas o caçula sempre fora o mais teimoso. Sairiam juntos, ou não sairiam de maneira alguma, decidiu naquele momento.

 

Ouviu Antioch gritar “Reducto!”, mas o grito parecia demasiadamente distante. Tudo o que conseguia focar no momento era Cadmus, e o sangue jorrando de suas pernas, ao mesmo tempo em que seu peso aumentava, o que significava que o irmão não estava mais resistindo… estava partindo…

 

Caiu para trás com um baque, o corpo suado de Cadmus contra o seu, e Antioch os ajudando a se levantar. Atrás dos três irmãos os lobisomens estavam caídos, seus sentidos desnorteados.

 

— O feitiço não vai retardá-los por muito tempo — Antioch avisou.

 

As pernas de Cadmus estavam com ferimentos horríveis, mas ainda estavam coladas ao corpo, Ignotus constatou com alívio.

 

— Ajude-me com ele — Antioch pediu arfando. Teriam de carregar o irmão moribundo se quisessem usar a varinha para se defender.

 

— Deixem-me ver a luz do sol uma última vez! Não quero morrer! — Cadmus delirava.

 

— Você não vai morrer, Cadmus. É uma promessa!

 

— Quero sentir a luz do sol uma última vez!

 

— Você vai senti-la até cansar, Cadmus! Algum Peverell já quebrou uma promessa, hein? — Ignotus insistia.

Os lobisomens já se reerguiam, dessa vez mais ferozes e selvagens, rasgando a si próprios na pressa de encurtar a distância entre suas presas escorregadias. Antioch e Ignotus moviam-se tão depressa quanto podiam, Cadmus agora murmurava incansavelmente o nome Drusilla, e a luz da manhã jorrava cada vez mais próxima.

 

Foi com um estrondo que um lobisomem pulou diante dos três irmãos. Suas costas estavam encurvadas, mas diferente dos outros lobisomens, não parecia confortável com a posição. Encarou-os individualmente, e então exibiu suas garras. Seu focinho comprido escancarou, cada presa afiada visível para os aterrorizados irmãos, exceto por Cadmus que lamentava cada vez mais alto o nome Drusilla.

 

Antioch abraçou os irmãos, determinado a morrer primeiro, mas tão rápido quanto o lobisomem saltou diante dos Peverell, voltou a saltar, desta vez formando um arco acima de suas cabeças… Com suas horripilantes garras e presas, atacou impiedosamente os lobisomens que continuava a os perseguir, ganindo quando era mordido de volta, mas sem abandonar a intricada batalha.

 

Sem tempo para refletir sobre o acontecido, Antioch e Ignotus voltaram a envolver Cadmus e correram, correram, correram… Até que pararam abruptamente, a luz do sol tocando suas faces, Cadmus sorrindo debilmente, e seus corpos cambaleando, tentando não desmoronar penhasco abaixo. Havia um rio, perceberam, mas a queda seria o suficiente para matá-los de imediato.

 

— Faça alguma coisa, Antioch!

 

— O que quer que eu faça? — o mais velho perguntou em desespero.

 

— Qualquer porcaria serve, merda! Você é o mais talentoso em feitiços!

 

A mão em que Antioch segurava a varinha de Cadmus tremia compulsivamente, enquanto seu próprio dono parecia retomar a plena consciência. Ao observar as enormes raízes das árvores surgiu-lhe uma ideia. Uma ideia duvidosa, de fato, mas era tudo de que dispunha.

 

Com um aceno caprichoso enfeitiçou as raízes e as intrincou para além de onde se mantinham durante décadas, até que formassem uma ponte firme.

 

Os Peverell atravessaram ansiosamente, Cadmus tropeçando em seus próprios pés, até que na metade da travessia uma figura encapuzada se projetou, bloqueando o caminho.

 

Naquele momento souberam, sem nenhum motivo além do conhecimento empírico, que a Morte se dirigia à eles:

 

— Três vidas foram-me roubadas esta manhã! — sua voz rascante ressoou, furiosa — Mas sou clemente, e sei demonstrar admiração, quando merecida. Os três irmãos foram suficientemente astutos para me escaparem, e à própria Floresta do Lobisomem. Concedo à cada um o presente que desejaram.

 

A Morte curvou-se perante os irmãos Peverell, de má vontade.

 

Antioch, receoso, aproximou-se da figura encapuzada. Imaginou que fosse sentir o cheiro pútrido de cadáveres, mas sentia somente o cheiro de flores, apesar de uma frieza ter-lhe acometido. Percebendo que a Morte não o tomaria em seus braços, estufou o peito e e exigiu o que seu coração ardia em desejo:

 

— Quero a varinha mais poderosa de todo o mundo! Uma varinha digna de um bruxo capaz de vencer a Morte, de poder indubitável e portadora de vitórias!

 

A exigência soava também como uma dúvida. Seria tal varinha existente? Mas se fosse, mal podia sonhar com os feitos que realizaria.

 

A Morte voltou a se curvar, desgostosa, e das margens do rio fabricou uma varinha feita de sabugueiro. Flexível, porém firme. Intricada em detalhes e tão poderosa em sua essência que o simples toque fez com que Antioch se sentisse invencível. A Morte lhe concedeu passagem.

 

Cadmus, que nesse ponto já despertara por completo de alguma forma, talvez por misericórdia da Morte, decidiu testá-la ainda mais:

 

— Eu desejo o poder de restituir a vida aos que por você já tiverem sido levados — exigiu com arrogância.

 

Pela terceira vez naquela manhã, a Morte se curvou. Da margem do rio apanhou uma pedra negra  e lustrosa, afirmando ao segundo irmão que três voltas bastavam para ressuscitar os mortos. Concedeu-lhe a passagem, e Cadmus atravessou mancando.

 

— O que o mais jovem dos irmãos deseja? — a Morte perguntou, pois Ignotus a observava pensativo e desconfiado.

 

— Eu gostaria de algo que me permita partir sem ser seguido por você — disse por fim.

 

A Morte, surpresa e rancorosa, o entregou sua própria Capa da Invisibilidade.

 

Concedeu passagem ao último dos irmãos Peverell, mesmo após ter sido humilhada e explorada por cada um deles, e os observou partir, antes de desvanecer.

 

Ignotus virou-se uma última vez e não pôde deixar de notar, momentaneamente, um brilho avermelhado perpassar a Morte, enquanto esta desaparecia.

 

Soube, sem saber como, que os presentes eram amaldiçoados. Perguntou-se então o que ele e os irmãos seriam capazes de realizar antes que fossem novamente de encontro ao antigo portador dos presentes.

 

Envolveu a capa primeiro em seus ombros, observando embasbacado o corpo sumir, e então cobriu também a cabeça, seguindo fielmente os irmãos mais velhos.

 

Na margem do rio a Morte se contorcia furiosa, incapaz, mesmo com seu terceiro olho mágico, de avistar Ignotus Peverell.

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero de todo coração que tenham gostado!
Já aviso de imediato que, como espero que tenham percebido, essa é uma estória que vai demandar tempo, e eu quero que todos os capítulos sejam de tamanhos consideráveis! Portanto só vou seguir em frente caso realmente tenha incentivo (e então será um prazer enorme manter a fanfic viva, para um leitor que seja!), senão... famosa vida que segue...
Beijos de luz ♥ ♥ ♥



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