Mu jazia quase inconsciente no chão rachado empoeirado e num último esforço de poder, comunicou-se telepaticamente: 

— Um homem entrou nas Doze Casas, ele é forte e me derrotou, fique atenta, não sei o que o trouxe aqui, mas sua energia não é como a nossa! 

Após essa mensagem, desmaiou, sem ferimentos fatais. Em outro lugar, numa luxuosa mansão, a receptora da mensagem estava sentada observando seus amigos mais próximos a se divertir, a receptora era Saori Kido, uma jovem moça de feições suaves, cabelos roxos e pele branca, comumente utilizando um vestido longo branco. Ela estava numa espécie de sala de jogos, com uma mesa de sinuca, uma de pebolim e alguns fliperamas. À sua esquerda estava seu serviçal, Tatsumi, um homem amorenado e envelhecido pelo longuíssimo tempo de trabalho. 

— Escutem, acabei de receber uma mensagem de Mu, tem alguém tentando atravessar as Doze Casas e já o derrotou! 

Um dos dois jovens que jogava sinuca se espantou: 

— Como é? Mais uma ameaça? A serviço de quem ele está? 

Saori sempre tinha sua pupila dilatada quando olhava para aquele adolescente de olhos castanhos, cabelos escuros curtos e volumosos, uma calça arroxeada e uma camiseta vermelha, após um instante que para ela pareceu uma eternidade, respondeu: 

— Mu não sabe ou não teve tempo de dizer, eu sei o que está pensando Seiya, não irá lutar agora! 

— Mas e se o inimigo for poderoso? 

Seu companheiro de jogo lhe deu um cascudo, este tinha volumosos cabelos azul escuro, grossas sobrancelhas de mesmo tom, camiseta azul e calça vermelha, além de uma face mal encarada e disse: 

— Você subestima os Dourados Seiya, eles podem se virar sozinhos! 

— Acho que é você que os menospreza, chamando de “dourados” onde está o respeito Ikki? 

Ikki apenas grunhiu e encaçapou a bola preta de número oito em branco, que destoava da mesa marrom e verde. 

— Eu acho que devíamos ir para lá agora! O que acham disso Hyoga e Shiryu? 

Ambos estavam jogando pebolim, Hyoga tinha uma aparência nórdica, vestia uma camiseta regata azul e calça preta enquanto Shiryu vestia um colan branco levemente arroxeado, longos cabelos pretos e olhos verdes que transpiravam tranquilidade. Shiryu se manteve calado enquanto armava um ataque na mesa e Hyoga falou com voz pouco focada no assunto: 

— Deixe que eles se virem, se a coisa ficar preocupante nós vamos! 

Ikki fitou Seiya vitorioso e se gabou: 

— Nem precisamos perguntar a Shun, a maioria decidiu ficar por aqui. Agora pare de fugir e dê sua tacada! 

Todos no salão riram e seguiram despreocupadamente. 

Na escadaria, próximo a Segunda Casa, Goku avistou-a e exclamou: 

— Mas não há nenhuma diferença? O mesmo material, o mesmo formato, é tudo igual! 

A Casa de Touro possuía uma pequena rampa na laje, que levava dos dois lados ao centro e na fachada jazia um grande emblema da cabeça de um touro na pedra perfeitamente talhada. Ao entrar na casa, novamente seu defensor o esperava de pé no meio dela. Este defensor era um homem alto, moreno e robusto, trajava uma armadura completa dourada, apenas a parte superior de suas coxas eram desprotegidas para auxiliar a movimentação. Nos cotovelos, joelhos e ombros se dispunha um chifre dourado, seu capacete lhe escondia os cabelos e ostentava dois grandes chifres dourados, além de alguns chifres menores em fileira pelo centro do capacete, acompanhando sua curvatura pelo couro cabeludo. O homem ergueu uma voz grossa: 

— Mu o deixou passar? 

— Não, eu o derrotei! 

— Então não pegarei leve! Não sei como conseguiu derrotar Áries, mas não passará por Aldebaran de Touro! 

Aldebaran cruzou os braços e ficou imóvel, Goku flexionou os joelhos e ergueu os punhos à frente do peito se preparando para a luta, mas logo exclamou surpreso: 

— Suas sobrancelhas são gigantes! Elas cresceram junto com o resto do corpo? 
Uma veia na testa de Aldebaran saltou e ele gritou: 

— Ataque-me logo! 
Goku deu um leve sorriso e avançou correndo, Aldebaran se manteve imóvel com seus braços cruzados à frente do peito, até que no último instante descruzou e cruzou os braços na velocidade da luz, gerando uma onda de choque que lançou Goku para trás. 

— O que achou disto? É o Grande Chifre! 
Goku se ergueu e partiu outra vez, mas desta foi se deslocando em ziguezague, no fim se postou atrás de Aldebaran, mas antes de atingi-lo recebeu mais um Grande Chifre. Aldebaran se virou e exclamou: 

— Nem tente fugir, não permitirei! 

— Eu quero te vencer, não passar pela casa. Fique tranquilo! 

Goku olhou firmemente para os braços cruzados de Aldebaran e sorriu, sorriu e correu para mais um choque. Aldebaran aguardou a aproximação de Goku e mesmo percebendo que ele pretendia parar o movimento, liberou sua técnica. A onda de choque atravessou o corpo que tremulou como uma imagem de televisão, Aldebaran arregalou os olhos sem entender e sentiu algo lhe atingir fortemente o rosto, o arremessando para a parede da Casa. O Touro se levantou e viu Goku com o braço esticado para frente dizer: 

— Zanzouken é o nome da técnica que usei, ela me permite criar uma imagem de mim mesmo enquanto acerto um ponto desprotegido do oponente pelo outro lado. Demorou para eu perceber que seu golpe depende dos seus braços estarem cruzados, daí o resto foi fácil, tem alguma outra técnica? Essa não vai funcionar de novo! 

— Desgraçado, pro seu azar eu tenho outro golpe! 

Aldebaran se levantou, e estendeu as mãos para Goku, liberando uma forte onda de choque contra ele. Goku ergueu os braços e bloqueou o golpe, Aldebaran repetiu, mais uma vez e mais outra, sendo todas bloqueadas facilmente por Goku, que um tanto quanto desanimado perguntou: 

— Não tem mais nada para usar? Isso está bem entediante. 

— Maldito seja, vou moer seus ossos! 

Aldebaran desferiu um soco que jogou Goku ao chão, em seguida saltou sobre ele com um pisão, mas Goku rolou para o lado, o cavaleiro tentou um pisão com a outra perna, mas Goku continuou a rolar e usou as mãos de apoio para se colocar de pé. Aldebaran aproveitou sua altura de mais de 2 metros para ampliar o alcance dos próprios braços e os usou como bate estacas em Goku, que segurou os braços pesados do Touro com a palma das mãos. O chão abaixo dos pés de Goku rachou e o mesmo empurrou os braços de Aldebaran para cima, na sequência, socou-o na face duas vezes, girou o corpo e aplicou-lhe um chute nas costelas, que o fez recuar alguns metros. 

— Seu infeliz, acha que pode zombar de mim desse jeito? Logo eu, detentor da maior força física entre os dourados! 

Sob o olhar curioso de Goku, Aldebaran flexionou as juntas e grunhiu, conforme grunhia uma aura dourada foi emanando de seu corpo, mas antes que o cobrisse por completo, foi atingido por um soco na barriga. Goku fez aquele gigante desabar ruidosamente, mas antes que perdesse a consciência, lhe explicou: 

— Sua guarda estava tão aberta que não pude resistir!