Autumn Leaves escrita por mrsprongs


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo



As postagens serão semanais, com um capítulo por semana, provavelmente todos os sábados ou domingos, por ser os dias em que eu não tenho escola nem trabalho. Beijos



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Sirius Black observou a movimentação com um aperto no peito, desejando mais do que tudo ter a capacidade de ler mentes. Seria tão mais fácil saber o que as pessoas estavam pensando sobre suas obras se lesse as mentes delas, ao invés de ficar horas tentando decifrar as expressões que se formavam em seus rostos.

Ele estava nervoso, era óbvio. Poucos não ficariam nervosos tendo a sua frente todas as pinturas e fotografias as quais se dedicou anos de vida sendo avaliadas e julgadas mentalmente por olhos desconhecidos enquanto tudo o que ele mais queria era enfiar - se debaixo da mesa do buffet com uma bandeja de marisco e não dá as caras até o final da exposição. Mas por uma infelicidade do destino, Sirius tinha como melhor amigo James Potter, e no pacote de "amigo do Potter" vinha automaticamente incluso a recém nomeada noiva do mesmo, Lily Evans, que não deixaria Sirius fugir nem mesmo em seus melhores sonhos.

Maldita hora que James inventou de pedir a ruiva em casamento, ele praguejou mentalmente, enquanto esquadrinhava o quadro a sua frente, querendo mais do que tudo queima - lo ali mesmo diante todos aqueles olhares.

Sirius tinha uma mania incomoda que ver defeito nas coisas depois que elas estavam feitas, sendo subjugadas pelos olhares críticos dos outros, o que o fez pensar em desistir muitas vezes da carreira artística, mas seu amor pelos traços feitos a lápis e pela tinta molhando a tela eram suficientemente grandes para manter o sonho vivo.

Ele só esperava que o sonho não fosse massacrado na primeira noite de exposição em Galway, na Irlanda.

— Você está verde e suando. – James riu, passando uma mão pelos cabelos naturalmente bagunçados. Sirius riu nervoso, decidindo concentrar seu nervosismo em James, de modo que julgasse silenciosamente todas as características do Potter.

James Potter era alto, esguio, de pele morena e cabelos ainda mais escuros e rebeldes, o tipo que parecia nunca acalmar, olhos castanhos geralmente cercados pelos aros grossos do óculos quadrado que ele usava para sua miopia. Haviam poucas características nele, fora o sorriso sarcástico e o maldito cabelo, que incomodavam Sirius.

— Eu sei. Estou me concentrando para não virar o Hulk a qualquer momento. – ele brincou, fazendo com que James se engasgasse com a bebida. Tornou a observar o movimento, atras do restante do grupo, mas não conseguiu identificar o corpo atarracado de Peter ou a figura polida de Remus. – Onde estão os meninos?

— Parece que Pete derrubou champanhe em uma senhora e Remus o levou lá para fora. – James deu de ombros, também correndo os olhos pelo salão, provavelmente atras da namorada.

— E onde está a insuportável da sua noiva? – ele riu, recebendo uma cotovelada do amigo. Se havia algo sagrado para James, esse algo era Lily Evans. – Ei, não leve a sério. Sabe que eu amo a Lily, só acho ela muito...

— Politicamente correta. – James revirou os olhos, em uma imitação que Sirius considerou bastante tosca de si mesmo. Bebericou seu uísque, antes de virar parcialmente para o Black - Eu sei disso porque você falou a mesma coisa quando Lily e eu começamos a sair, e depois disse a mesma coisa quando começamos a namorar e também disse isso quando anunciamos que estávamos noivos.

— Só foram três vezes, quatro com essa. – Sirius desenhou nos lábios um sorriso irônico, refrescando - se com a própria mentira. Sabia que deviam ter sido mais vezes do que isso. – E nunca em público.

— Você postou na minha página do Facebook "estou feliz por vocês, amostrado e politicamente correta". Cinco vezes, em cinco fotos diferentes. – James ironizou, fazendo com que a risada de Sirius ficasse um pouco mais alta, atraindo olhares que o fizeram ruborizar.

Não era uma boa impressão para se passar na primeira exibição de suas obras em uma das cidades mais importantes para a arte europeia. Não, ele precisava se controlar.

Graças a todos os deuses, quando ele se recuperou da vergonha, Lily já havia voltado, segurando um copo do que Sirius pensou ser uísque. Ele surpreendeu - se, pois era raro ver a mulher de cabelos ruivos bebendo qualquer coisa que não fosse natural.

— Droga, Lily! – ele fez uma expressão decepcionada, apontando para o copo na mão magrela da mulher. – Você está fudendo com o meu argumento para você ser tão chata.

Lily revirou os olhos verdes, dando um tapa no braço de Sirius de forma discreta. Evans não gostava de chamar atenção, apesar disso acontecer de forma natural; ela era uma mulher esguias, de longos cabelos ruivos e olhos em um tom de verde exótico e hipnótico, que, Sirius odiava admitia, prendia até mesmo a atenção do Black. Era difícil não botar Evans, inclusive naquela noite, quando ela trajava um vestido azul de tecido semelhante à veludo que destacava sua pele branca e salpicada por sardas.

— Poderia se comportar ao menos no dia mais importante da sua vida? É a estreia da sua turnê de exibição Sirius! É uma chance entre um milhão, não estrague isso. – Evans censurou, em seu tom de voz rígido e materno. Ela tinha a mania irritante de tratar a todos como se fossem seus filhos.

— E ela voltou. – ele inclinou - se para falar no ouvido de James, que tentou disfarçar o riso, pondo um braço envolta da cintura da namorada.

A atenção do Black voltou para as pessoas concentradas na exposição, e suspirou em sinal de exasperação. A noite ia ser longa, e tudo o que ele mais queria era partir para o primeiro bar que visse pela frente.

[...]

Sirius mal acreditou quando enfim fecharam o salão de exposição, finalmente descendo a rua da galeria de Arte onde as obras de Sirius estavam sendo expostas. Já deveria ter passado das onze horas da noite, pela quietude que Galway estava, apesar de ser palco de grandes apresentações musicais e uma cidade bastante animada, mas Sirius pouco se importava se os moradores estavam ou não acordados, tudo o que ele queria fazer era comemorar sua noite gloriosa.

Lembrou com um sorriso no rosto de todos os elogios a ele direcionado, de todas as propostas de compras, de todos os comentários positivos e gratificações. Estava tão orgulho de si mesmo, sentindo finalmente uma sensação que valeria mais do que qualquer palavra poderia explicar, algo que beirava a insanidade do orgulho. Ele havia passado tanto tempo pintando, fotografando, fazendo esboços e tendo ideias loucas, desenhando e apagando até que a folha rasgasse, editando e excluindo milhares de rostos de sua câmera, e de repente tudo havia válido mais a pena do que ele jamais poderia querer.

Sentia que precisava comemorar.

— Tem um bar perto do hotel. O que acha de ligarmos para os meninos e nos encontrarmos lá para comemorar? – ele perguntou, enquanto descia a rua ladrilhada em uma distância considerável do casal mais à frente.

Lily olhou por cima do ombro, com um sorriso disse:

— Vamos lá, Black. Você merece uma recompensa pelo trabalho pesado!

[...]

O bar estava um caos, ele admitia. Pessoas bêbadas, música alta, mais pessoas bêbadas e muita confusão, mas, apesar de não ser o tipo de cara que apreciava ambientes barulhentos, tinha que admitir que era bem confortável está ali, virando alguns copos da bebida mais barata do local junto de seus quatro melhores amigos de infância, pondo de lado todas as inseguranças relacionadas a seu trabalho para curtir um momento de pais.

— A Sirius Black e sua inutilidade tremenda, que finalmente resultou em alguma coisa! – Remus Lupin ergueu o copo que transbordava o conteúdo que tomava, brindando com os outros quatro.

— Eu sei, eu sei. Sou incrível! – Sirius gabou - se, fazendo os amigos revirarem os olhos e rirem.

— Oh sim, claro. – Peter Pettigrew disse em tom de zombaria, desviando o olhar para a bartender de pele morena, fazendo sinal para que ela mandasse mais bebidas para a mesa. – Alguém sabe que música horrível é essa?

— Não faço a mínima ideia, mas não é horrível Peter. – Lily sorriu de canto, virando o conteúdo do copo.

— Prefiro os Beatles. – o outro retrucou, fazendo com que os demais sentando na mesa revirassem os olhos. Peter vivia em função de propagar a palavra dos Beatles para o mundo.

Os olhos de Sirius percorreram toda a área do pequeno bar, analisando milimetricamente os rostos das pessoas, atras de algo que pudesse lhe inspirar e lhe permitisse sair do que imaginou ser uma discursão tediosa entre Lily e Peter.

A música então parou, o distraindo de seus pensamentos.

— Olha, uma banda! – James exclamou, como se fosse uma coisa inédita, apontando para o palco onde um grupo musical se preparava para começar sua apresentação.

Eles tocavam bem, mas quem roubou a atenção de Sirius foi a vocalista, uma garota de cabelos loiros e medianos, que não chegavam nem a metade de suas costas, os olhos desmarcados por uma maquiagem escura e os lábios pintados de batom vermelho. Ele ficou impressionado com a forma que ela conduzia a música, fazendo com que Sweet Child O' Mine tivesse uma entonação ainda melhor, e se admirando ainda mais com a forma que ela embalava o público.

Então seu olhar cruzou com o dela, e ambos abriram sorrisos simultâneos um para o outro.

 


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