Solta o som - Rota Lysandre escrita por xHamiko


Capítulo 1
O projeto da escola




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Nathaniel bateu as baquetas quatro vezes e mandou ver na bateria.

Castiel e Iris tocaram os primeiros acordes de guitarra.

E Lysandre marcava o tempo com o pé direito antes de soltar a voz.

Nós, da platéia, vibrávamos com o show particular no porão. Especialmente Priya, Alexy e eu. Nathaniel se soltava na percussão, e tanto Castiel quando Íris arrasavam nas cordas. Mas quem me interessava mesmo era Lysandre. Não só porque é meu namorado, mas também porque a voz dele é tão apaixonante quanto a música em si.

Viaje nos meus pensamentos

E curta a vista

Há várias versões de você

Delicie o meu sofrimento

Busque a ironia

Do motivo que me dá prazer

 Ambre se empolgava ao admirar Castiel em voz alta atrás de mim. E não era a única a se deixar levar. Tive medo que Melody fosse desmaiar a qualquer momento de tanta emoção. Foi muito bom participar do ensaio naquele dia. Certamente a Sweetie Amoris estava muito bem representada no concurso de bandas.

Nina teria gostado de ver esse espetáculo. Eu me pergunto como ela está.

No fim, todo mundo aplaudiu e Patrick caminhou até os integrantes juntamente com o professor Bóris e a diretora.

— Magnífico! Incrível! - O professor de educação física falava efusivamente - Eu não sei se vamos ganhar, mas vamos deixar marcas!

— É por isso que temos que liberá-los de participar do nosso mais novo projeto. - A diretora falou sorrindo para todos nós. E ela nem parecia aborrecida com o fato de Peggy ter veiculado a notícia hoje de manhã. - Como vocês sabem, a escola está preparando um teatro musical. Será um evento muito mais grandioso do que a peça da escola.

Eu vi Castiel revirando os olhos enquanto guardava a guitarra.

— Vamos escolher o musical? - Melody parecia encantada - Que tal Anastásia? Eu acho tão romântico...

Lysandre franziu o cenho. Eu conseguia até imaginá-lo dizendo que Anastásia era um insulto histórico e artístico em todos os sentidos.

— Anastásia não é teatro musical. - Kentin interveio - Se pelo menos escolhessem Gatos ou…

— Ou Estranho Mundo de Jack! - Armin abria um largo sorriso - Seria muito louco!

— Eu estava pensando em algum clássico.

Kim virou-se para Viollete:

— Eu prefiro uma coisa da Disney. Pelo menos vai ter músicas que eu canto no chuveiro.

— Nesse caso faremos Frozen! - Ambre jogou os cabelos para trás - Eu sempre quis interpretar a Elsa.

— Espero que não, Barbie. Eu gosto dessa personagem e não to querendo que isso mude.

— SILÊNCIO! - A diretora gritou tão repentinamente que todo mundo se calou assustado. Depois ela mostrou aquele sorriso medonho - Nós já escolhemos qual obra será usada. Vocês irão encenar Wicked.

Metade dos presentes olharam impressionados e a outra metade estava com um grande ponto de interrogação acima da cabeça.

Íris olhou vermelha para Priya:

— Eu não faço ideia do que seja isso.

— É a história de amizade entre as duas bruxas de O Mágico de Oz. - Ela respondeu gentilmente - Glinda, a bruxa boa do Sul, e Elphaba, a bruxa má do Oeste.

— Ah… A bruxa má não era aquela toda verde que queria matar a Dorothy?

— É sim, mas em Wicked ela não era uma bruxa má, nem queria matar a Dorothy. Ela só queria os sapatinhos de rubi porque eram uma lembrança da irmã dela.

A diretora continuou falando da audição, que seria acompanhada pelos professores. Pelo visto um contato do Patrick seria responsável por nos manter afinados.

Eu estava ansiosa para conhecer tudo isso.

— Essa será a música que usaremos nas audições. - Bóris falava distribuindo uma folha para cada aluno - Assim poderemos medir o timbre de vocês e escolher o melhor papel. Para evitar constrangimentos, o professor Savin preferiu fazer a audição em grupos pequenos. A sala de música estará acessível a todos durante esse período, mas tentem não atrapalhar o ensaio dos outros.

— Quem são as personagens? - Peggy me perguntou bastante interessada.

— Bem… - Respondi - Os principais são Boq, Nessarose, o Mágico de Oz, Madame Morrible, Doutor Dillamond, as bruxas Glinda e Elphaba e o príncipe Fiyero.

O professor Bóris nos interrompeu ao me entregar um folha:

— Muito bem, minha cara! Mas já temos o nosso Fiyero! Meu sobrinho, Dakota, se ofereceu para nos ajudar e encantou os professores nos testes!

— Dake?!

Nem consegui disfarçar a careta. Dake sabe cantar? Eu nem consigo imaginá-lo cantarolando “parabéns pra você”!

Peguei uma das folhas e vi que a música da audição era Hallelujah. Uma versão mais sintetizada, na verdade. Os professores devem ter achado que ela seria boa pra identificar os nossos tipos de voz.

— Quem vai cuidar do figurino? - Alexy perguntou usando o seu melhor sorriso.

Mas a diretora fez uma careta:

— Certamente não serão você e a senhorita Rosalya! Acertamos tudo na última reunião de pais e professores. Todos concordaram que a escola arcará com metade das custas e os atores com a outra metade. A parceria será feita com o estilista Leigh, cujo trabalho foi apreciado por muitos.

Olhei para Rosalya e pude ver que os olhos dela brilhavam como dois faróis ligados no máximo.

O resto do dia passou correndo, poucos estavam concentrados na aula de ciências depois dessa notícia. Quando tudo acabou, eu fui para o pátio e fiquei esperando Lysandre aparecer.

“Hei, amiga!” a voz de Alexy soou no meio da correria da saída. Ele estava acompanhado de Kentin, que caminhava mais devagar que ele.

— Oi, rapazes. O Armin não está com vocês?

— Não. Ele está numa discussão muito barulhenta sobre o universo Marvel com o Nath - Kentin revirou os olhos - Saímos antes que alguma cadeira voasse em nossa direção.

— É. Os dois levam isso muito a sério. - Alexy lamentava - Então? Vai querer ter um papel importante na peça?

— Vou tentar. - Respondi otimista - E vocês? Ficaram interessados?

— Tá brincando? Eu já não tava querendo atuar na peça da escola, quanto mais CANTAR num teatro musical.

— Não temos muita escolha - Kentin sorriu para mim - Sabe… Vamos ensaiar amanhã. Quer vir conosco?

Eu sorri sem querer. Era tão bom saber que a fase ruim do Kentin tinha passado.

— A ideia é ótima! Eu topo!

— Eu espero que você consiga se destacar. Seria uma Glinda muito bonita.

— Er… - Eu enrolei uma mecha de cabelos com o dedo enquanto Alexy olhava estranho para ele - Não sei. Eu precisaria de uma peruca, mas eu iria adorar ganhar esse papel.

— Temos primeiro que aprender a cantar direito. Hn?

Kentin viu Lysandre chegando ao longe, acompanhado de Castiel, e voltou a olhar para mim e Alexy:

— Bem, eu vou nessa. Até amanhã.

— Tchau, rapazes.

Os dois foram embora juntos.

Eu sorri para Lysandre quando ele se aproximou e abracei-lhe. Fiquei na ponta dos pés e o senti acariciar meu rosto.

— Vocês não vão se beijar aqui, não é? - Castiel resmungou com os braços cruzados e a cara fechada. Bom, mais do que de costume.

Olha só, não era ele que me disse que o amigo era discreto demais?

— É sempre um prazer vê-lo, Castiel. - Brinquei.

— Sei que no fundo você está dizendo a verdade, garotinha.

Lysandre franziu o cenho e pareceu aborrecido com a reação do amigo, mas não falou nada.

— Bem, eu não vou ficar aqui segurando vela. Tchau, vocês dois.

Castiel foi embora e, assim que ele o fez, eu fitei meu namorado:

— As vezes me pergunto que bicho mordeu ele.

— Eu tenho uma teoria, mas… É melhor deixar pra lá.

— Que teoria?

— Esqueça. Foi um pensamento infeliz. Não é bom tirar conclusões precipitadas sobre as pessoas.

— Então por que você me falou da existência de uma teoria?

Ele me olhou de uma forma entretida:

— Eu apenas pensei alto. As vezes esqueço que estou namorando a pessoa que se escondeu num armário para ver como era minha tatuagem.

— Er… B-bem… Eu estaria mentindo se dissesse que me arrependo.

— Imaginei.

Ele se inclinou e me beijou com carinho.

O resto do dia se passou com uma porção de tarefas pra eu fazer durante a noite. O ritmo das aulas estava corrido e eu precisava adiantar minhas lições se não quisesse que meus pais implicassem com o meu namoro. Naquela mesma noite, sonhei que eu tentava cantar no meio de uma multidão, mas Ambre me empurrava do palco e cantava no meu lugar. Foi o bastante para eu acordar perturbada. Era só o que me faltava, essa peste invadir meus sonhos.

No dia seguinte tomei um café da manhã reforçado e ao chegar à escola comecei uma nova maratona pelos corredores da Sweetie Amoris à procura dos gêmeos ou de Kentin para ensaiarmos.

Foi nessa correria que acabei esbarrando fortemente em alguém enquanto dobrava um corredor.

— Urgh!

Quase cai no chão se essa mesma pessoa não tivesse me abraçado instintivamente, me impedindo de ir para trás. Senti um corpo macio me tomar nos braços e quando olhei para cima percebi que era o Lysandre. Fiquei vermelha com a situação, mas meu corpo pareceu mais relaxado.

— Você é tão desastrada quanto eu sou distraído.

— Formamos o par perfeito, você não acha? - Passei os meus braços por baixo dos dele para abraçar seu torso. Sem que eu esperasse, ele se curvou e beijou meus lábios.

— O que minha curiosa favorita está fazendo?

— Apenas procurando os gêmeos e Kentin pra ensaiar. Você os viu?

— Não. Mas se eu lhe conheço bem, você já perdeu tanto tempo aqui que já deve ter dado tempo deles irem para a sala de música.

— Ahah. Boa teoria.

Sem que nos afastássemos, ele desviou o olhar um tanto inseguro com o que ia dizer:

— Eu não quero parecer invasivo nem me meter no seu ensaio, mas… Se precisar de ajuda com algumas técnicas de respiração, pode me chamar. Eu conheço alguns exercícios.

— Claro! Você está livre depois das aulas?

— Sim, Nathaniel vai se ocupar com as tarefas do grêmio hoje e não poderá ensaiar.

— Então usaremos esse tempo. Só é uma pena que você não vai participar. Tenho quase certeza que o papel principal seria seu.

Ele reprimiu um riso:

— Você diz isso porque eu sei cantar, mas encarnar um personagem é mais difícil. Não me vejo como o príncipe Fiyero, por exemplo.

— Oh, bem, tem um pouco de verdade nisso. Eu não consigo ver um Lysandre mimado e fútil. A imagem simplesmente não entra. Se pelo menos estivéssemos encenando o Fantasma da Ópera...

— Acha que eu seria um bom Erick?

— Não exatamente, mas você ficaria irresistível naquela roupa, além de ser muito simbólico pra mim. Um fantasma cantor.

Lysandre ficou visivelmente mais corado:

— Eu gosto da sua imaginação.

Era difícil dizer o que eu gostava mais nele.

Nos despedimos e dessa vez eu decidi ir diretamente para a sala de música, no segundo andar. Quando cheguei la, fiquei impressionada. Era ampla, cheia de instrumentos e com algumas cabines separadas para quem quisesse ensaiar mais reservadamente.

De fato Kentin e os gêmeos já estavam lá. Armin foi o primeiro a fazer um comentário quando me juntei a eles:

— Com tantos instrumentos aqui dá até vontade de tocar alguma coisa que não sejam os controles de Guitar Hero!

— Eu estou surpreso que você não tenha deixado pra última hora, Armin. - Kentin comentou.

— Não dá! Eu tenho que aprender a cantar se não quiser levar minha performance ruim pro meu leito de morte! Então? Vamos pra um local mais reservado?

Nós três assentimos e entramos em uma das cabines. Assim que o fizemos, começamos a olhar uns para os outros um pouco desconsertados.

Eu mordi o lábio inferior:

— Então… Quem começa?

— Quem conseguir cantar melhor o “atirei o pau no gato”. - Armin sorriu.

— Deviam usar isso nas audições. - Alexy concordou.

Para a nossa surpresa, Kentin se ofereceu:

— E-eu começo.

Na verdade ficamos tão perplexos que nem conseguimos responder. Ele limpou a garganta, fechou os olhos e começou a cantar com a voz trêmula e nervosa, mas surpreendentemente afinada.

I've heard there was a secret chord

That David played and it pleased the lord

But you don't really care for music, do you?

It goes like this: the fourth, the fifth

The minor fall, the major lift

The baffled king composing Hallelujah

Hallelujah

Hallelujah

Hallelujah

Hallelujah

Quando Kentin abriu os olhos e viu nossas caras, parou imediatamente de cantar:

— Q-que foi?!

Os gêmeos e eu nos entreolhamos, até que Alexy deixou escapar um suspiro de admiração:

— Bem… Eu acho que estamos impressionados! Você tem talento, Kentinho!

— V-você acha?

— Claro! Pode até pegar um dos papéis principais!

— Bem… Uma pena que o Fiyero já tem ator.

Minha mente ainda não se acostumou com a ideia do Dake participando de um teatro musical.

— É, mas devem ter outros papéis legais. - Alexy continuava exaltando-o - E com o Lysandre fora da jogada, suas chances aumentam.

— Você não tem ideia da história, não é? Fiyero é o único personagem masculino que vale a pena atuar.

— Não é verdade. - Discordei - Boq é um bom personagem e o Dr. Dillamond também.

— Não. São deprimentes. - Kentin rebateu com tom amigável - Mas eu fico contente em saber que você conhece bem.

Armin revirou os olhos:

— Alô! Vocês dois estão falando grego!

— Eu posso contar a história se quiser. - Eu me ofereci.

— Bom, eu não ligo pra história, mas já que é você que vai contar, eu faço questão de ouvir.

— Hei! - Kentin interviu - Ela tem namorado!

— E até onde eu sei não é você!

Gente… O clima ficou tenso.

Eu tossi:

— Er… Bem, a peça tem dois atos. No primeiro ato, Elphaba é uma bruxa adolescente rejeitada por todos porque a pele verde a deixa com aspecto monstruoso. Por isso todos os mimos são dados à sua irmã Nessarose, que é muito bonita, mas vive numa cadeira de rodas. Elphaba se sente sempre no dever de cuidar da irmã. Um dia ela descobre que é colega de quarto de Galinda, a garota mais popular do colégio de feitiços. As duas se odeiam, mas depois que Galinda lhe dá um chapéu horrível de presente e consegue um parceiro de baile para a irmã dela, Elphaba acaba dando uma chance.

— Ela dá um chapéu feio e já é amiga? Sério mesmo?

— Não foi só um chapéu, irmão. - Alexy abria um sorrisão - Ela arrumou um boy pra irmã dela. Se alguém fizesse isso por mim eu mandaria você se tornar o melhor amigo desse cupido!

— Alexy... - Kentin se segurava pra não rir - O parceiro que ela arranjou pra Nessarose foi uma farsa. Boq era afim de Galinda, mas Galinda queria se livrar dele pra ficar com Fiyero no baile. Então ela pediu pro Boq convidar Nessarose, e como Boq faz tudo por Galinda, ele aceitou.

— Você conhece bem a obra, heim!

Ele voltou a ficar constrangido:

— É… E-eu… Já vi algumas vezes.

— Ou seja, a Fiona se vendeu por um chapéu cafona e um cunhado de mentira! - Armin parecia contrariado.

— Elphaba, Amin. Elphaba. - Corrigi - É que ela nunca tinha recebido um presente, por pior que seja. Por isso que ela ficou agradecida. Só que a sinceridade da Elphaba comoveu Galinda, que decidiu ajudá-la a se entrosar. Com o tempo, Fiyero começou a gostar de Elphaba.

 O sinal tocou e todos nós demos um pulo. A aula de história ia começar, mas pela cara dos gêmeos parecia que era a aula de ciências.

— Que injusto… - Alexy fez beicinho - Eu queria saber o resto.

— Eu lhe conto depois. - Kentin passou por nós - Mas temos que ir.

Pior que ficamos tão absortos na história e no desempenho de Kentin que eu nem pude ensaiar. Bom, ao menos isso seria um motivo a mais para encontrar o Lysandre, ele disse que me ajudaria a me aperfeiçoar.

A aula foi como sempre. Monótona e entediante. E olha que eu me esforçava pra absorver o máximo de informações possíveis, não queria levar bomba nos exames. Quando ela terminou, esperei todos os alunos saírem para ver se Lysandre vinha falar comigo. Afinal ele poderia ter esquecido do nosso compromisso.

Porém, ele veio até mim:

— Oi. Está livre agora?

— Na verdade, não. Um músico vitoriano muito atraente disse que me ajudaria a ensaiar. Estou vendo se tenho alguma chance com ele.

Ele ergueu as sobrancelhas e piscou várias vezes, como se quisesse processar a mensagem. Ficava tão fofo...

— ...Oh. Se for quem eu estou pensando, acho melhor você  esquecê-lo. - Ele me sorriu - A namorada dele é a garota mais encantadora do colégio.

Minhas bochechas esquentaram e eu acabei me atirando nos braços dele.

— Você não existe, Lys. Vamos pra sala de música?

 ~o~ 

A sala de música estava praticamente vazia, muito diferente de quando fui ensaiar com os rapazes. Lysandre e eu entramos numa das cabines e assim que ele fechou a porta, tirou o celular do bolso interno do casaco.

— Eu gravei a versão karaokê no celular. Vai lhe ajudar.

— Você pensa em tudo mesmo, heim?

— Minhas distrações me transformaram numa pessoa prevenida. - Ele me entregou o celular - Quer cantar pra mim?

— Er… Claro… Ahn… Não ria, ok?

Lysandre assentiu e se afastou um pouco. Em seguida, eu cliquei no botão play e começou a tocar as primeiras notas. Um pouco nervosa, comecei a cantar.

No começo a minha voz tremeu em razão do olhar desestabilizante do meu namorado, mas a medida que os versos passavam fui ficando mais confiante. Nos final eu já estava cantando com total segurança.

Well, maybe there's a God above

But all I've ever learned from love

Was how to shoot somebody who outdrew ya

And it's not a cry that you hear at night

It's not somebody who's seen the light

It's a cold and it's a broken Hallelujah

Hallelujah…

Hallelujah...

Hallelujah…

Hallelujah...

 Quando terminei, Lysandre não proferiu uma palavra.

Minha família diz que eu tenho uma voz bonita e eu até concordo. Cheguei a fazer parte do coral da minha antiga escola, mas talvez meu namorado esteja muito acostumado a níveis mais altos.

— Lysandre?

Ele piscou várias vezes, como se tivesse saído do transe:

— Sua voz… Você canta tão bem quanto atua.

Tenho certeza que eu corei:

— O-obrigada, mas… Você não é objetivo.

— Tenho certeza que não estou enganado. Vai ser mais fácil do que eu pensava. Você só precisa dominar as técnicas de respiração e controle de voz. Em algumas passagens ela perde a potência e fica anasalada porque sua garganta não aguenta. Vamos melhorar isso.

"Legal, quando vamos nos casar?" Minha mente alucinada ecoava essas palavras de jerico enquanto eu o olhava de forma contemplativa.

~o ~

 Os dias se passaram. Lysandre havia ensinado uma técnica de respiração, não apenas para mim, mas também para Kentin. Foi surpreendente ver que Kentin realmente levou as aulas a sério e parecia tão dedicado quanto eu. Talvez porque os dois se davam bem no fim das contas, mesmo com o que aconteceu no passado e mesmo não sendo grandes amigos.

Quando o dia da audição finalmente chegou, eu estava mais uma vez perambulando pelos corredores procurando os rapazes. Entrar e sair das salas a passos corriqueiros havia virado uma marca registrada minha.

Infelizmente foi só entrar no corredor principal que a Ambre me interceptou.

— Olha só quem está sozinha. Achei que agora você só ia andar acompanhada pra evitar passar vexame.

E eu que estava sentindo uma paz tão grande durante todos esses dias em que ela ignorou minha existência...

— Desista, você não vai tirar meu lugar dessa vez. - Ela jogava os cabelos para trás - Você não tem ideia do quanto eu canto bem. Fiz canto coral desde criança, era o meu talento nos concursos de beleza.

— Eu acredito em você de olhos fechados.

— Pode disfarçar sua inveja à vontade. Com alguma sorte você ficará no coral, junto com os demais.

Ela foi embora. Incrível como eu cheguei ao ponto de ficar cansada com a simples presença daquela criatura.

Kentin e Alexy se aproximaram de mim, ambos olhando para Ambre de cara feia.

— Ela está lhe perturbando? - Kentin perguntou.

— Não, não. Está como sempre foi.

— Ou seja, ta lhe perturbando. - Alexy brincou.

— É, basicamente.

— Armin já entrou. É a nossa vez. Vamos?

— Ok.

Nós entramos juntos pra fazermos os testes. Dentro da sala, além dos professores estava uma mulher que nunca vi antes. Tinha pele negra, cabelos prateados cacheados e uma postura elegante. Ela deve ser a tal professora de música.

Enfim começaríamos a cantar.

E o resultado seria surpreendente.

 

Continua

 


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Notas finais do capítulo

Alô, povo. Resolvi escrever esse episódio enquanto os oficiais não saem. Planejo escrever uns 4 capítulos, e a atualização em no máximo 15 dias. Talvez possa fazer ela na rota do Nathaniel e do Armin, quem sabe

Bem, espero que gostem.

Abraços!



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