Nyah! No fim do mundo escrita por Kori Hime


Capítulo 1
O fim do mundo se aproxima


Notas iniciais do capítulo

Olá, o texto é uma comédia, por favor, não leve a sério as personalidades descritas nesse texto. Nós somos mais sérios do que isso hahahaha

Divirtam-se.

O texto não foi betado, sorry.
Boa leitura.



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A notícia de que o Planeta Terra corria perigo naquele sábado, dia vinte e três de setembro, não comprometeu o excelente trabalho da equipe do Nyah! Fanfiction. Muito pelo contrário, estavam todos em seus respectivos assentos, bem confortáveis, enquanto prestavam atenção no enorme painel preso na parede, ao qual Seiji havia importado fazia quase dois anos no AliExpress.

Quando o sistema foi devidamente instalado, o painel se iluminou e um som de satisfação preencheu a sala de comando da central de atendimento da corporação.

— Podemos monitorar diversas áreas, através desse único painel. — Seiji falou empolgado, observando a tela que ia do chão ao teto, e alcançava cada extremidade das paredes. — Também dá para deixar a janela do Netflix aberta. — Ele sorriu, satisfeito com seu trabalho.

— Eu estavam mesmo querendo terminar de ver a oitava temporada de RuPaul’s Drag Race. — Kori caiu sentada na cadeira giratória de Seiji e arrastou-se até o teclado do painel.

— Tem episódio novo de Teen Wolf, ainda não acabei. — Kaline protestou, esticando seu corpo por cima da cabeça de Kori, tentando alcançar o teclado.

— Só mais um episódio. — Kori resmungou, enquanto a cadeira era empurrada por Kaline para o outro lado da sala.

Seiji observava a disputa, sem se intrometer, era prudente da parte dele, deixa-las resolver as desavenças sozinhas.

— Vocês viram? — Anne entrou correndo pela sala de comando. Levou a mão ao peito, recuperando o fôlego, depois apontou para as janelas, que estavam com as cortinas fechadas.

Seiji abriu as cortinas.

Kori e Kaline interromperam a disputa, chocadas com o que viam. Os quatro levaram um susto quando a música do plantão da Globo começou a tocar e a imagem do jornalista de paletó e gravata tomou conta de toda a tela. As três moderadoras olharam para Seiji.

— Eu programei para o painel ignorar tudo quando o plantão da Globo fosse anunciado. — Ele cruzou os braços. — Eu gosto da música, tá?

— Então é verdade? — Kaline perguntou, levando a mão à boca, enquanto o repórter dava detalhes sobre o planeta Nibiru, que se aproximava da Terra. Ela se virou para a janela e olhou o próprio Nibiru destacado no céu.

— O que a gente vai fazer? — A voz de Kori era fina e deprimida. — Quanto tempo vai levar para ele se chocar com a Terra?

— Cientistas calculam que dentro de doze horas, o planeta Nibiru irá se chocar com a Terra. — O repórter noticiou e informou o que as autoridades recomendavam naquele momento.

Anne então desligou o painel.

Não era comum um longo momento de silêncio naquela sala, mas todos estavam ainda bastante abalados com a notícia. Seiji puxou sua poltrona e sentou diante da enorme mesa de controle.

— O que vai fazer? — Perguntou Kaline.

— Me despedir do pessoal. — Ele respondeu. — Talvez dizer algumas palavras reconfortantes.

— É, morrer lendo fanfics, quem nunca. — Kori apoiou os cotovelos na mesa.

— Ou a gente pode ir lá para cima, no telhado, e ver o Planeta se aproximando. — Anne deu a ideia.

— Pode ser, vou pegar meu ipod, a gente pode ouvir umas músicas. — Kaline caminhou pela sala, com o celular na mão. — O pessoal no grupo está desesperado, Seiji. Manda logo uma mensagem para eles.

— Vou buscar a cerveja e encontro com vocês lá no telhado. — Kori se ofereceu.

O cenário não poderia ser mais apocalíptico do que parecia naquele momento. As pessoas corriam, carregando bolsas e sacolas nas mãos. O trânsito era intenso, e os carros já não conseguiam mais andar um centímetro na rua, a maioria dos motoristas abandonaram seus veículos e fugiram a pé.

A pergunta era, para onde estavam fugindo?

Os especialistas afirmavam que o impacto seria devastador primeiro na América do Norte, em poucos minutos a América Central deixaria de existir e o Sul seria devastado por gigantescas ondas e terremotos que poderiam criar uma fenda no chão que partiria o Brasil ao meio.

No telhado do prédio do Nyah! Fanfiction, Kori e Kaline brindavam, cada uma com uma garrafa de cerveja na mão. Não havia muito o que fazer, senão comemorar a vida que levaram até aquele momento.

— Você se arrepende de alguma coisa, Kaline? — Kori bebeu a cerveja, enquanto checava as notificações do grupo, todo mundo fazendo textões de fim do mundo.

— Não, estou bem. — Kaline falou, mas depois pensou melhor. — Na verdade, eu poderia ter sido mais ousada com minhas histórias.

— Se o que você fazia não era ousadia, então não sei mais o que isso significa. — Anne comentou, completando a taça com o restante de vinho da garrafa. — Não sei se fico mais triste com o fim do vinho, ou não poder ir comprar mais no mercado do outro lado da rua.

Ela deu uma olhada para as portas do mercado arrombadas, com uma multidão causando mais confusão na tentativa de sair com várias caixas com produtos saqueados dentro.

— Onde está o Seiji? — Anne virou-se, ignorando os saqueadores na rua.

— Foi buscar algumas fotos antigas, já faz um tempinho. — Kori recordou. — Olha só, alguém fez uma fanfic do fim do mundo. — Ela ajeitou os óculos sobre o nariz e sentou-se corretamente na espreguiçadeira. — Como é que essa pessoa conseguiu digitar mais de dez mil palavras sobre o fim do mundo em tão pouco tempo?

— O mundo está acabando e a ideia de nunca ter conseguido publicar uma história antes de morrer causa esse desespero nas pessoas. — Kaline gargalhou.

— Estou sentindo que esse planeta está se aproximando de uma forma estranha. — O comentário de Anne foi interrompido com a chegada de Seiji.

— Encontrei algumas fotos daquela minha gatinha que desapareceu alguns anos atrás. — Ele sentou em uma das cadeiras, aceitando uma garrafa de cerveja, oferecida por Kaline.

— Deixa eu ver. — Kori pegou a fotografia, falando em um tom saudosista. — Ela era tão linda, olha esse pelo fofinho. Cara de quem quer dominar o mundo, amo gatinhos assim.

— O que aconteceu com ela mesmo? — Anne olhou em seguida para sua taça vazia, o mundo já poderia acabar ali.

— Sumiu no ano novo, depois dos fogos de artifício, até fizemos aqueles cartazes procurando por ela. — Seiji remexeu a caixa com fotografias, encontrando mais imagens da gatinha. — Misaki até foi tema de desafios no site, lembra?

— Claro, várias pessoas fizeram desenhos lindos dela. — Kaline murmurou, e para acabar com aquele clima depressivo, aumentou as caixas de som conectadas ao ipod. Ela pegou uma garrafa e fingiu ser seu microfone, subiu em cima da mesa para cantar o refrão de sua música favorita.

A bebida já estava no fim, e a playlist de fim do mundo não havia chego nem na metade.

Novamente, Anne observou o tal Planeta Nibiru, faltavam apenas seis horas para o impacto, mas o planeta parecia mais próximo do que os especialistas informavam.

— Tô com fome. — Kori reclamou, alisando a barriga que roncava. — O que tem na geladeira?

— Vocês já comeram tudo. — Seiji a olhou, balançando a cabeça.

— O mundo podia acabar agora. — Ela gritou.

            Kaline riu, mas depois também reclamou de fome.

            — Hey! Gente, aquele planeta está muito estranho. — Anne voltou a se preocupar. — Ele não está girando muito rápido?

Seiji ficou de pé, levando a mão até a cabeça para conseguir fazer sombra sobre os olhos e conseguir enxergar melhor.

— Tem razão, parece que está descontrolado, isso é normal? — Seiji pesquisou no Google sobre comportamento de planetas próximos a destruição de outro, mas o sinal da internet não funcionava mais. — A internet morreu, já pode acabar tudo.

— Olha! — Kaline apontou. — Desde quando planetas tem orelhas?

— Você bebeu demais, Karina. — Kori segurou-se nos ombros da amiga.

— Na verdade, a Kaline está certa. — Anne olhava para o alto. — São orelhas.

 O planeta começou a girar e fazer zigue-zagues pelo céu e rodopiar sem nenhum sentido. Quando estava bem próximo, era possível ver as longas orelhas de gato. Todos na rua gritavam desesperados.

Aquilo não era um planeta, mas uma nave espacial em forma de cabeça de gato. Uma grande porta se abriu, parecia a boca do gato e uma pequena nave saiu de lá. Do telhado da sede do Nyah! Fanfiction, a equipe estava boquiaberta com a aproximação da pequena nave que pousou alguns minutos depois no telhado.

— Eu sabia que os gatos iriam invadir e conquistar o planeta um dia. — Kori levou as mãos ao rosto, com os olhos brilhando de emoção.

Todos olhavam ansiosos para a nuvem de fumaça cor de rosa que saiu na parte de baixo da nave. Então ela se abriu.

Lá de dentro, uma jovem gatinha de cabelos rosados saltou, ela miou e caminhou em volta da nave, até que parou diante da equipe do Nyah! Fanfiction.

— É a Misaki! — Seiji exclamou, surpreso.

— Mas... a Misaki possuía com pernas e vestia saia? — Anne reparou, chegando a conclusão que a gata deveria ter passado por alguma experiência extraterrestre.

Miau. — Misaki lambeu a mão e passou nas orelhas de gato.

Andando devagar, para não assustar, Seiji se aproximou.

— Oi, Misaki. Lembra de mim? Sou eu, o Seiji.

A princípio, a gatinha-garota-experiência o ignorou, como qualquer gato faz com seu dono. E depois de fazer ele de bobo, pulou em seu colo.

A nave espacial Cabeça de Gato foi se afastando e deixou a Terra. Embora o caos estivesse se instalado no Planeta, Seiji estava contente em ter sua gatinha de volta, mesmo que agora ela estivesse um pouquinho diferente.

Algumas semanas depois.

— Nada da internet? — Kori perguntou para Anne, enquanto terminava de montar algumas camadas do sanduíche de queijo que havia conseguido no entulho do que restara do antigo mercado do outro lado da rua.

— Ainda não, mas eu encontrei esse rádio no porão, quem sabe a gente consegue se comunicar com outras pessoas. — Anne ligou o rádio, aguardando uma sintonia.

Misaki estava deitada sobre a mesa de controle, o que dificultava o trabalho de Seiji, mas ele não se incomodava, pois Misaki estava aprendendo aos poucos a ser meio humana, meio gata, precisava ter paciência com ela.

— Consegui. — Anne comemorou.

— Deixa comigo. — Kaline aproximou-se, segurando o comunicador. — Atenção, atenção a todos que estão aí fora se sentindo sozinhos, nós estamos aqui para te entreter. Vou ler uma das minhas fanfics para vocês. — Kaline pigarreou, e então começou a fazer uma voz suave, digna de locutora de rádio. — Essa aqui se chama, Deus das Travessura, categoria Avengers... Loki estava furioso. Não. O que ele sentia estava em um outro nivel. Tudo graças a Thor e sua maldita cabeça dura...

 

E assim nasceu a Rádio Nyah! Fanfiction.


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Notas finais do capítulo

É isso, feliz Fim do mundo pra todos :D