My Name Is Luka. escrita por My Name Is Luka


Capítulo 5
O último dia de férias.


Notas iniciais do capítulo

"galeres" sinto muito, mas a partir de agora, só continuarei postando se houver ao menos um comentário, pois sinto que estou falando com as paredes hahahahaha
Leitores anônimos? cheguem mais ✨



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— Você estava querendo me foder, não é? - Eu dizia andando pelo quarto amarelo de um lado pro outro.
— Eu sei, eu sei! fui egoísta! mas como eu ia saber que você estava naquele quiosque fedorento me esperando? - Alex dizia deitada em minha cama de cabeça para baixo - Meu tio quase arrancou minhas vísceras! e tem mais! estou de castigo por duas semanas! DUAS!
— Eu sei, foi mal... mas, olha só! advinha quem voltou? - Alex dizia num tom de animação.
— Não tô nem aí. - Respondi com desdém, arrumando o guarda roupa.
— Começa com A e K. - Ela se virou pra mim.
— Você não fez isso, fez? - Um ar de revolta tomava conta de mim.
— Eu e Katie conversamos... resolvemos tudo e aparentemente estamos namorando de novo, não é loucura?
— Sim Alex! é loucura! ela foi uma idiota com você! te enganou e agora você se deixar levar nessa conversa outra vez?
— Eu sei! por isso eu disse que parecia loucura mas.. ela tá diferente, mais apaixonada, sei lá. Acho que agora estamos prontas.
— Vocês ou só você? porquê até onde sei, você sempre esteve preparada, ela quem nunca sabia oque queria, para mim, isso é cilada.
— CARALHO! tem como ficar feliz por mim? De sermões já bastam os do meu pai!
— Foda-se! só não quero que se machuque, mas se nem você se importa... - Me virei novamente para o guarda-roupa fingindo estar ocupada com a bagunça. Ouvi Alex levantar da cama.
— Olha, eu sei como se preocupam. Você e o otário do Samuel mas... eu sou quase adulta tá? eu amo vocês e só quero tentar isso de novo... se der merda, bem... só saberei se tentar. - Ela se encostava no guarda-roupa de braços cruzados, encarando o chão. - Só quero que estejam aqui por mim.
— Tá, só... faça oque tem que fazer, ok? só não deixe ela te sacanear... de novo. Quem ama não machuca, Alexia.
Tentei a convencer de que aquilo era loucura. Sem sucesso.
Mal sabia eu que todo aquele sermão serviria à mim mesma após algumas semanas.
— Luka, logo você amará alguém tanto... que arriscaria seu pescoço por ela. - Ela vestia seus jeans com um cigarro de maconha na boca.
— Isso é bobagem. Não arrisco nem meus cigarros por alguém...
— Sério? me conte mais sobre o coroa gostoso que te deu carona ontem.
— Cala a boca! ele poderia ter me sequestrado! E não fume isso aqui! - Aprontei para o cigarro.
— E você não ia gostar? - Ela dizia num tom de deboche - Brincadeira!
— Eu já o tinha visto no Bank's outro dia... ele é... interessante, tem uma cara de sério, todo cortês! mas confesso que fiquei com medo dele.
— Transaria com ele? -Alex perguntava sem restrição nenhuma.
— Cara, você é nojenta! tem certeza que é lésbica, sua tarada? - Eu ri lhe atirando uma almofada. - Bem... transaria.
— Eu sabia! é tão tarada quanto eu, mas eu curto outra coisa, bem mais interessante... - Ela abria a janela. - Tenho que ir, meu pai acha que eu dormi aqui, dá pra confirmar os fatos?
— Hum... e oque eu ganho com isso?
— Peço pra ele consertar sua bicicleta! ou se preferir, pode chamar o "Adam" pra consertar pra você!
— Fala baixo, porra! Hunter dorme aqui do lado!
— "Ah... Adam! conserte minha bicicleta!" - Ela dizia alto em meio aos gemidos forçados.
— CALA A BOCA, ALEXIA! - Pedi a empurrando pra fora, onde dava acesso ao nosso pequeno quintal.
— "acho que vai adorar dar um jeito em minhas rodinhas" - Ela ria incessantemente.
— Você é uma retardada, Alex. Sai daqui!
— Você sabe que no fundo quer! - ela descia a escadinha. - Te vejo, depois safadinha!
— Vai se foder! - fechei as janelas, segurando os risos, torcendo pra que ninguém tivesse escutado aquilo.
Eram 9h da manhã, estava pronta para meu último dia no Bank's e estaria livre daquele lugar sem graça, mas apesar de tudo, estava pensando em continuar lá por mais dois ou três meses, mas dependeria muito do meu chefe insuportável.
Desci as escadas, me dirigindo à cozinha. Encontrei meu tio Ben lendo um jornal e Fred fritando bacons.
— Boooom dia, família! - Gritei, assustando os dois.
— Garota, quer matar todo mundo?! - Ben, respondia num berro.
— Quanto exagero! bom dia, Luka... café? - Fred dizia amável.
— Pre-ci-so! - Peguei uma caneca grande.
— Nada disso! é muito nova pra se afundar nessa cafeína toda. - Tio Ben tomava a caneca de minhas mãos.
— Como assim "nova"? Preciso da minha cafeína pra me manter em pé naquele deserto do Bank's!
— Não precisa não, além do mais, hoje não é seu último dia? não devia estar comemorando? - Ben enchia a caneca com alguns dedos de café e me entregava.
— Bah! acho que tenho a alma de uma idosa, solteirona, dona de 27 gatos!
— Vocês dois são uma dupla de exagerados! - Fred, exclamava - onde já se viu uma garota que mal completa 16 anos estar tão enferrujada assim? qual a porcentagem de hoje, Luka? - Fred me perguntava com preocupação.
— 52% Fred... uma manhã indiferente.
— 52? e quanto estava ontem? - Tio Ben, mordia uma torrada.
— 82... farei ficar melhor hoje! Estou pensando em continuar no Bank's por mais um tempo, e descolar mais uma grana - Respondi otimista.
— Assim que se fala! - Fred, me entregava um lanche.
O lance da porcentagem pegou quando vim morar com meus tios. Eu tinha 7 anos de idade quando tudo mudou pra mim e pro Hunter.
Os psicólogos nos perguntavam em todas as sessões como nos sentíamos. Hunter se expressava bem, era hiperativo, contava seus pesadelos, como se sentia com relação as mudanças e o sumiço da mamãe.
Eu já não tinha esse dom. As coisas sempre eram esquisitas quando se tratavam de mim. Não sabia oque responder a eles, então a Sr. Angela desenvolveu uma técnica que me fazia dizer como eu me sentia naquele dia, através de desenhos e a porcentagem. Lembro-me bem de que eu não passavam de 30% naquela época. Até vir morar com tio Benjamin e Frederic, seu parceiro.
Na época foi um escândalo na cidade inteira e na nossa família. Descobrir que uma mãe abandonou os filhos naquela situação, porém a adoção de um casal gay parecia ser o mais monstruoso pra nossa família e pra cidade. Mas na noite do acontecimento ninguém foi nos buscar. Nenhum dos tios, nenhuma prima distante, nem nosso avós.
Apenas Ben e Fred. Que nunca precisaram nos explicar que na verdade eram um casal. Eles pareciam felizes juntos e cuidaram de nós dois como se fôssemos seus próprios filhos. Tio Ben era o irmão mais velho de nossa mãe, Anna. Ele costumava nos visitar quando éramos pequenos mas de repente se afastou de toda a família, "Ele nos envergonha!" era tudo oque mamãe dizia sobre ele, porém éramos pequenos demais pra entender.
— Já vou indo, não quero nenhum Bank's gritando comigo. - Abri a porta da frente.
— Se ele gritar me chame... darei uma lição nele. - Hunter dizia descendo as escadas sonolento.
— Pode deixar, Hunt, eu mesma farei isso. - Respondi saindo de pressa.
— Nada de violência garota! - Fred gritava de dentro da casa.
— Meu nome é Luka! - Gritei - E isso dependerá dele.
Caminhei até o ponto de ônibus, já que a bicicleta estava acidentada naquela manhã. Tudo parecia tão sereno e calmo, já estava pronta pra mais um ano letivo.
Peguei o ônibus que estava quase vazio.
E em menos de 5 minutos desembarquei em frente ao Bank's.
Tudo parecia bem, estava no horário certo, nada poderia dar errado.
— Lúcia Bennett! - Ouvi um berro.
— Caralho! - Pensei.
— Sr. Bank's? Bom dia! - Sorri forçadamente.
— Tá, tá! vista seu avental! Tá uma loucura isso aqui! quero 15 caixas de molho de tomate aqui, agora!
— Mas.. aí está cheio!
— Não me faça perguntas, Bennett! este senhor precisa de 27 caixas pra sua pizzaria, ande, vá pegar!
Um senhor barbudo e rechonchudo esperava na frente do balcão, parecia impaciente, logo atrás se encontrava uma fila enorme de mais gente impaciente.
— Tá, tá! vou pegar! - Subi as escadas de pressa onde levavam ao estoque do Bank's.
Peguei uma grande caixa com alguns molhos de tomate, porém não tinham o suficiente.
— Sr. Bank's, não temos o suficiente!
— Eu preciso de 27! - O cara barbudo dizia.
— Sinto muito senhor! nós iremos encontrar mais. - Bank's tentava acalma-lo, sem sucesso. - Suba lá e me traga 15 caixas agora, Lucia!
— Temos apenas 5 no estoque, não há nada que posso fazer, senhor!
— Suba lá e encontre! - Ele estava furioso.
— Eu preciso de exatamente 27! - O barbudo repetia.
— Tá, mas não temos 27! - Expliquei.
— Essa conversa vai demorar muito? estou com pressa! - Uma mulher gritou lá atrás, causando alvoroço entre os clientes.
— Lúcia, vá lá e encontre!
— Nós não temos mais, droga!
— Eu preciso de 27 se não tiverem, irei no Carl aqui na frente!
— Não será necessário, senhor! - Bank's ainda insistia.
— Eu quero ser atendida agora! - A mulher exigia
— Volte lá agora, Lúcia, como pode ser tão estúpida!
— Esqueçam, eu vou no Carl! - A mulher berrava.
— Vocês tem ou não tem o molho de tomate?
— LÚCIA, ANDE LOGO!
Minha cabeça pesava e não consegui conter.
— ESCUTE, PORQUÊ VOCÊ NÃO ENFIA O MOLHO DE TOMATE NO MEIO DO SEU..
Os segundos se passaram como horas naquele momento, não consegui acreditar que havia conseguido terminar aquela frase pra aquele homem, que saira do Bank's sem olhar pra trás.
— Mas oque... - Disse Sr. Bank's que estava vermelho de raiva. Também senti meu rosto queimar.
— Eu não vou ficar nessa porra de emprego! e você Bank's, VÁ SE FODER! - Peguei minha bolsa e larguei meu avental em cima do balcão com tanta agressividade que nem me reconheci.
— Lúcia.. LÚCIA VOLTE AQUI AGORA! - Ouvi ele gritar furioso, mal enxergava meu caminho por não saber discutir sem marejar os olhos.
— Me chame de Luka agora, não trabalho mais pra você!
Sai batendo a porta sem nem acreditar no que havia acontecido, só sabia tremer de ódio.
Andei algumas quadras até me dar conta de que estava chovendo novamente. Sem me importar, sentei em uma calçada qualquer e senti as lágrimas molharem mais o meu rosto.
Porquê nada dava certo? Estava até pretendendo continuar no Bank's por mais uns meses e parecia que tudo dava errado. Estava infeliz.
Oque diria aos meus tios? os anos passavam, já tinha 16 mas ainda não construira nada de útil para si.
Era uma fracassada.
Involuntáriamente as lembranças tomaram conta de minha mente.
Lembrei da noite em que minha mãe saiu pela porta dos fundos e nunca mais voltou.
Porquê ela tinha que ter fugido? porque não estava ali para consola-la naquele momento? Dizer que conseguiria sair daquela calçada e ir longe com suas canções. Canções que nunca foram ouvidas por ninguém.
Fiquei por alguns instantes ali, me sentia sem chão. Mas não era algo tão ruim assim, porque se sentia um lixo?
Devia estar aliviada por não trabalhar mais ali.
Como encararia aquelas pessoas novamente?
Mil perguntas surgiam e pairavam sobre minha cabeça.
Queria levantar, sair dali. Mostrar que era uma mulher, não mais a garotinha de 7 anos que se escondia no armárinho pra não ser encontrada pelo padrasto.
Porque estava pensando naquilo?
Sentia frio, sentia dor.
Depois de alguns momentos senti uma mão em meus ombros, e ouvi uma voz.
Uma mulher.
Dizia pra eu encara-la, mas não o fiz.
Continuei de cabeça baixa e sem me mover.
Até ela com suas próprias mãos erguer minha cabeça e me fazer fita-la.
— Não tem vergonha?
Ela dizia, mas não conseguia enxerga-la, minha visão estava embaçada demais.
— Você provocou tudo isso.
Num clarão, tudo simplesmente desapareceu.


Hospital Santa Clarita, Califórnia.

— Você sabia que Carla Bruni é a segunda mulher mais gostosa do mundo? - Ouvi alguém dizer, tudo estava embaçado e escuro.
— Péssimo assunto, Samuel. - Ouvi a voz da Alex, oque me confortou.
— Eu sei, eu sei... mas você acha mulheres atraentes, não é? não acha que ela não é tudo isso?
— Diferente de vocês homens, não vejo as mulheres apenas como um pedaço de carne, Samuel.
— E eu também não as vejo como um pedaço de carne, só... acho que não foi merecido.
Houve um silêncio momentâneo no lugar.
— Bem... pra quê isso, não é? você não teria chances com ela, Alex.. ela gosta de homens.
—... E provavelmente nem você, cabeção. - Minha voz surgiu fraca.
— Luka! - Os vi correrem até minha cama.
— Até que enfim! quase matou a gente de susto! - Alex dizia agarrando minha mão.
— Oque estava pensando, Luka? seus tios quase piraram! - Sam me encarava.
— Que lugar é este? - perguntei.
— Hospital Santa Clarita... te encontraram desmaiada na calçada e na chuva!
— É, pensaram que cê tava morta!
— SAM! não seja tão insensível. - Alex dava um soco no ombro de Sam.
— Mas foi você que a largou na chuva ontem, lembra?
— Da pra calarem a boca um minuto?! - Eles me olharam.
— Onde estão meus tios?
— Estão resolvendo a papelada. Você está bem? o médico disse que você estava com início de pneumonia.
— A mulher que me encontrou... quem era ela? -perguntei.
— Que mulher, Luka? - Sam me olhava confuso.
— A que estava comigo na calçada, ela que me encontrou não é?
— Não, quem te encontrou foi o Billy, o carteiro!
— Por sorte, te encontraram à tempo, se não poderia estar pior.
— Eu já tô legal! - Me levantei devagar.
— Nem pensar, Lúcia! tem que se deitar! - Um médico japonês aparecera no quarto bem na hora.
— Deixe-me checar sua temperatura. - Ele retirou o termômetro que estava no meu braço e eu nem havia percebido e o observou por alguns instantes.
— Bem... sem febre! já é um bom começo! vou chamar seus tios, fique deitadinha aí.
O vi sair do quarto e fechar a porta, me sentei novamente.
— Viu só? estou bem!
— É, mas nada de esforço por enquanto - Alex tinha um olhar triste.
— O que foi? - Perguntei.
— Bem, a culpa é toda minha né? se eu tivesse te procurado ontem, você não teria voltado pra casa na chuva.
— E oque isso tem a ver? - perguntei - Não foi sua culpa, eu estava bem hoje cedo, além do mais eu...
— Ah, graças a Deus! - Tio Fred entrava desenfreado pela porta - Como está se sentindo?
— Bem Fred! estou bem! nada que...
— Lúcia! que susto foi esse? - Tio Ben entrava logo após.
— Quase nos matou, sabe que não deve ficar andando por ai, Lúcia, não se deve...
— Tio, só "Luka", está bem? - Ele sabia que eu detestava meu nome, suportava ouvir-lo apenas por desconhecidos.
— Eu vou matar você, pirralha! - Ele me lançou uma abraço que quase quebrou meu maxilar.
— Tudo bem, Tio Ben.. já estou melhor.
Fizeram mais alguns exames e de fato não havia nada de errado comigo, apenas uma "quase pneumonia" que já não dava mais sinais.
Fomos pra casa. Meus tios deixaram Sam e Alex em casa e tudo parecia bem.
— Está bem pra começar as aulas amanhã? - Fred me perguntava pela Milésima vez desde que saímos do hospital. - Porque se não estiver, tudo bem, a gente...
— Estou bem Frederic!
— "Frederic"?
— Lhe chamarei assim quando estiver sendo teimoso! Já disse que estou como nova.
— Só precisava dar um susto em nós, não é mesmo?
— Amanhã, será melhor...- Respondi.
— 100%?
— 100%! - Afirmei.

 


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Notas finais do capítulo

Tive que me conter pra não ficar gigante! mas e aí? O que acharam? me digam! ✨



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