O seu coração estava quebrado como um vidro que cai ao chão e se torna um caco. Ela também tinha caído, empurrada pelo seu amado, voando e gritando...quebrara-se. Tentara voar como um pássaro, balançando-se, empurrando-se para cima, mas não era um falcão. Sempre fora uma truta de Correrrio. Um peixe havia ganhado uma asa, entretanto, não voava.

Uma lágrima escorreu de seu rosto enquanto o olhava à sua frente, intacto, observando a sua morte. Nunca recebera um sorriso de Mindinho. No entanto, Petyr Baelish sorria deslumbrante para a porta que lhe lançara, satisfeito com a visão que recebia.

Dói tanto, pensou, fechando a mão em punho e sentindo um filete de sangue escorrendo pelo seu dedo. Jon Arryn, meu cruel marido, Robert, meu querido Robin, pai, oh, Lorde Hoster! Ah, meu lindo Mindinho... O que fiz a vós para presentear-me com este destino terrível?

Fora vendida como uma mula de troca a um homem que possuía o hálito de um queijo podre porque não era virgem. Jon precisava de apoio para que ajudasse ao seu Robert e Ned em sua maldita rebelião contra uma dinastia antiga, então, casou-se com ela. Tinha uma semente fraca, uma voz mansa, uma boca que parecia com a de um verme, que pouco lhe dirigia uma palavra amorosa e que somente se interessava pela aliança com a Casa Tully.

A família a odiava, principalmente o pai, que fizera com que bebesse o Chá da Lua. Robert era a sua fortaleza. Era o que lhe dava força. Lysa se apoiou em seu Robin. Era o único que a achava perfeita. Era o único que preferia ela a irmã. Era o único que a amava. E fora o seu único bebê que sobrevivera a vida.

Catelyn... Sussurrou, sentindo que o negro tomava ao azul que preenchia o céu. Salve-me, salve-me, irmã!

Lysa idolatrara Catelyn em sua infância. Ela era bela, divertida e esperta. Estava prometida ao herdeiro de Winterfell, Brandon Stark, forte e jovem. Porém... Ah, sempre havia um porém em sua miserável vida. Hoster tinha a irmã como a favorita porque seguia fielmente ao seu lema: Família, Dever, Honra. Era a garotinha que lhe dava orgulho. Era a sua pequena Cat. Não havia espaço para a Lysa, a Atrapalhada.

A migalha de Catelyn sempre lhe pertencera. Não era tão bela, boa, inteligente e nem tinha a admiração de Mindinho. Ele lutara pela mão de Cat. Arriscara-se pela donzela. Quando a menina entregou a sua virgindade a ele, tão destruído quanto Lysa estava, Petyr sussurrara o nome de Cat em seu ápice. Ele a engravidou, e ele ainda sussurrava o nome de sua irmã.

Estava sendo sufocada. O ar ocupava o seu pulmão.

Eu sou um falcão, faça-me voar... Era uma prece. Estava em desespero. Não permita que eu morra, não permita. Faça-me voar sobre a montanha, alcançando o meu castelo e vivendo o meu sonho de donzela. Faça, faça! Robin necessita de meu afeto e Mindinho... Eu o amo, faça-me voar! Eu esperei tanto, faça, faça!

Mas quando estava perto de atingir a uma nuvem, aproximando-se de seu castelo feito sobre uma cadeira montanhosa, aventurando-se em sua fantasia de donzela, caiu ao chão, e o céu tornara-se escuro como à noite.

Ao final, Lysa Tully era como uma torre de vidro: quebrável e destruída.